O funeral de João Paulo II e o boicote aos anglicanos

É de conhecimento de todo católico que o Papa Leão XIII declarou nulas as ordens dos anglicanos. Entretanto, isso não impediu que Paulo VI, em 1966, desse ao então ‘arcebispo’ de Canterbury, Michael Ramsey, um anel episcopal. A exemplo de seu predecessor, João Paulo II deu ao atual ‘arcebispo’, Dr. Rowan Williams, uma cruz peitoral.

Não se tem conhecimento de casos anteriores de leigos recebendo, por parte de autoridades Católicas, objetos destinados apenas a bispos.

Entretanto, curiosamente é dito num artigo que trata da atual divisão existente dentro da própria ‘Igreja’ Anglicana:

Eu me lembro de estar na abertura das cerimônicas do Grande Jubileu do ano 200 em Roma, quando o Papa João Paulo II abriu a Santa Porta na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Ele convidou o então arcebispo de Canterbury, Dr. George Carey, e o arcebispo Ortodoxo para abrirem a porta juntos dele, os três lado a lado em unidade.

Por volta da época morte de João Paulo II em 2005 as coisas se deterioraram significantemente. O rascunho original de seu funeral chamava o Arcebispo de Canterbury e o Patriarca Ortodoxo de Constantinopla para oferecerem orações conjuntas na conclusção da missa do funeral, mas isso nunca aconteceu. Na época se achava mais duvidável, acima de tudo aos olhos dos Ortodoxos, que a Comunhão Anglicana estava ainda na tradição histórica da fé apostólica.

Quem seria o responsável por essa afronta ao “procurar aquilo que nos une”? Teria Bento XVI, na época Cardeal apenas, alguma responsabilidade nisso?

É de conhecimento público o interesse do Papa no retorno dos tido como “radicais” da Comunhão Anglicana, tanto que ele entregou a matéria nas mãos da Congregação para a Doutrina da Fé e não para os responsáveis pelo ecumenismo.

Na foto, João Paulo II beijando a mão do leigo supostamente arcebispo de Canterbury. Ao fundo, o Cardeal Murphy O’Connor sorri. O mesmo sorriso que ele não fez questão de apresentar na Missa do Cardeal Castrillon Hoyos em Westminster.

Há 20 anos…

Dois heróis transmitiam aquilo que receberam.

“Terminarei por meu testamento. Gostaria que ele fosse um eco do testamento de Nosso Senhor: um Testamento Novo e Eterno … a herança que Jesus Cristo nos deu, Seu Sacrifício, Seu Sangue, Sua Cruz. Eu direi o mesmo a vocês: para a glória da Santíssima Trindade, pelo amor da Igreja, para a salvação do mundo: mantenham o Santo Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo! Mantenham a Missa sempre!”

Monsenhor Marcel Lefebvre, 23 de setembro de 1979

Pe. Zuhlsdorf: Dom Fellay busca evitar divisão interna

Na mesma linha de pensamento apresentada há muito tempo pelo Pe. de Tanouarn, o Padre John Zuhlsdorf analisa o posicionamento de dom Fellay e sua entrevista a uma rádio. Vale a pena conferir o artigo publicado em seu blog. De antemão informamos que não endossamos todas as posições do Pe. Zuhlsdorf, entretanto, essa análise nos parece muito adequada.

Pe. Zuhlsdorf diz, primeiramente, que nos últimos dias, vários expoentes da mídia apresentaram as declarações mais exaltadas de Dom Fellay em seu sermão de Winona, MN, EUA, em que afirmou que o Papa é um perfeito liberal, e também outras declarações de Dom Willimson e de Dom Galarreta (especialmente o sermão das ordenações em Ecône, ontem).

O Padre diz, então, que houve um certo mal entendido por parte da imprensa sobre essas declarações, especialmente à de Dom Fellay nos EUA, que não contraria diretamente às condições propostas pela Santa Sé para um início de acordo.

O fato, continua o Padre em sua análise, é que dom Fellay se vê pressionado pelos linhas-duras da SSPX e pelos benfeitores. E normalmente, como dizia Pe. de Tanouarn, adota um estilo para cada platéia que o ouve. Ao falar com os que procuram um acordo, é mais amistoso e aberto para com Roma. Aos linhas-duras — muito fortes nos EUA —  utiliza uma linguagem própria e agradável a seus ouvidos. Isso que é inculturação!

Por outro lado, ele encontra o Santo Padre e o Cardeal Castrillon Hoyos com quem não deseja romper definitivamente.

Ou seja, Dom Fellay se vê num jogo em que, logo logo, terá de optar, pois essa situação um dia se tornará insustentável. É o que já indica o suposto “ultimatum” dado pela Santa Sé: decida-se!

Continua o Pe. Zuhlsdorf comentando que acredita que a SSPX não aceitará que está fazendo qualquer coisa errada, mas que ainda querem diálogo. É a síntese, em nossa modestao opinião, entre a posição extrema que não quer nenhum acordo e aquela que deseja uma aproximação. Evidentemente nascida para não dividir a SSPX internamente.

Para finalizar, o Padre crê que, por conta desse medo de divisão interna, a SSPX não assine as condições dadas pelo Vaticano, mas que daqui para frente — e essa é apenas uma possibilidade que ele assume, realmente, como mera especulação — mude o tom em suas críticas diretas à pessoa do Papa.

Em sua entrevista à rádio, dom Fellay afirmou:

“Talvez seja falso dizer diretamente que nós rejeitamos, que eu fiz uma completa recusa. Isso não é verdade. Melhor, eu vejo nesse ultimato algo muito vago e confuso.”

Questionado se essa não era a última chance de uma união com Roma, dom Fellay respondeu que o ultimato não faz sentido e que o diálogo existe, mesmo que lento. Entretanto, Roma quer acelerá-lo. O que não é, ao menos publicamente, o desejo da SSPX.

Dom Fellay ainda diz que mais e mais pessoas estão indo para SSPX, sem desejo de separar-se da Igreja. Que essas pessoas desejam ser aceitas na Igreja e fazer o bem pela Igreja.

Por enquanto, nos resta aguardar a publicação — se é que ela virá — da carta de Dom Fellay e algum pronunciamento da Santa Sé.

Uma dupla homenagem: Corção e Santa Maria das Vitórias

Nosso humilde blog tem a honra de apresentar o artigo do Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa homenageando o grande Gustavo Corção, que tanta falta nos faz hoje e que com muita alegria, certamente, teria visto a honra da Santa Missa Gregoriana recobrada pelo Santo Padre em seu Motu Proprio.

Parabenizamos o Pe. João Batista pela inauguração no próximo dia 29, festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, da Capela Santa Maria das Vitórias. Quisera outros padres espalhados por nosso Brasil tivessem o mesmo ímpeto e zelo apostólico desse sacerdote e seus fiéis de Anápolis.

Por questão de justiça — como lembrou-me Dom Lourenço — faz-se necessário citar o site da obra de Gustavo Corção: www.permanencia.org.br, por sinal já indicado em nossa lista de sites católicos.

Anápolis, 2 de abril de 2008

Saudades de Gustavo Corção

Este ano comemoramos o trigésimo aniversário da morte de Gustavo Corção, ocorrida aos 6 de julho de 1978.

Não me proponho analisar aqui o pensamento filosófico de Gustavo Corção nem sua evolução ao longo dos anos, impulsionada pela sua reflexão perspicaz sobre o crescimento da crise da Igreja e do mundo moderno, bem como por sua honestidade intelectual e humildade em reconhecer seus equívocos na apreciação das coisas e dos homens. Proponho-me simplesmente dar meu depoimento sobre a influência benéfica de um grande escritor católico sobre uma ampla parcela da sociedade brasileira.

Posso dizer que ouvi falar de Gustavo Corção desde pequeno. Nascido numa pequena cidade do interior do Estado de São Paulo, meu pai, meu avô e meus tios assinavam um grande diário da capital que publicava os seus artigos, lidos e comentados pelos meus parentes mais vGustavo Corçãoelhos, a quem ouvia às vezes falar de política com alguma referência às idéias de Corção. Meu avô e meus tios não eram católicos praticantes, mas eram homens de um grande bom senso e demonstravam sempre um grande respeito pela ordem natural das coisas, não se deixando arrastar pela onda revolucionária que devasta a sociedade contemporânea. Estou convencido de que Corção os ajudou muito a ver as questões mais graves com maior acuidade, impedindo que se contaminassem com a demagogia da esquerda católica, sobretudo após a Revolução de 31 de março de 1964. A esquerda católica fez de tudo para confundir a opinião pública negando a necessidade de combater a subversão, sempre sob o pretexto de defesa dos direitos humanos e da justiça social. Corção foi de uma felicidade única na tarefa de desmascarar os falsos profetas do progressismo dito católico. Suas vergastadas contra esses homens que traíram sua missão de defender ou esclarecer (pense-se em Alceu Amoroso Lima, por exemplo) os católicos acerca do perigo comunista, a corrupção doutrinária e outros problemas, são inesquecíveis. Lembro-me perfeitamente, e com saudade, dos comentários dos meus parentes mais velhos aos artigos de Corção. Que bênção!

Em 1968, após uma dolorosa agonia do Centro Dom Vital, corroído pelo câncer da heresia modernista e do progressismo, Corção funda o Grupo Permanência no Rio de Janeiro e lança uma revista com o mesmo nome, com o apoio de um grupo de intelectuais católicos, alguns monges beneditinos; entre estes Dom Lourenço de Almeida Prado OSB, que fez grande divulgação da referida revista em Jahu. O sucesso do apostolado desenvolvido pelo grupo Permanência foi enorme, apesar do boicote imposto pela maioria da hierarquia eclesiástica. O próprio Corção chegou a escrever que choveram assinaturas do Brasil inteiro.

Foi assim que começamos a receber Permanência: minha avó e minhas tias, logo que tomaram conhecimento da publicação pelos artigos de Corção, fizeram sua subscrição. E posso dizer que o efeito benéfico foi considerável. À primeira vista, poderia ser tentado pelo desânimo vendo hoje o estado das coisas, o desastre geral em todos os setores da sociedade. Mas se não fosse a Permanência muita coisa boa não teria acontecido. Com licença. Explico-me.

Logo após o Vaticano II a corrupção doutrinária acelerou-se à proporção que se degradava a liturgia, como todos sabem. Aos domingos todos os católicos eram bombardeados, envenenados por verdadeiras monstruosidades exaradas pelos famigerados folhetinhos litúrgicos que ocuparam o lugar dos veneráveis missais quotidianos de Dom Gaspar Lefebvre. Infelizmente, a maioria dos católicos, apáticos, inertes, dopados, não soube reagir. Engoliu goela baixo o veneno, como os jovens de classe média hoje ingerem em suas baladas de fins de semana o ecstaze.

Pois bem, foi justamente aí que a Permanência atuou como uma espécie de antídoto. Os católicos (aí compreendida minha família), por força do hábito ou por questão de consciência, continuaram freqüentando a missa dominical, não obstante a agressão moral e verbal que sofriam periodicamente. Mas muitos tinham a graça de ter em casa, em compensação, uma fonte de doutrina católica pura, autêntica, que os consolava, fortalecia, preparava para uma reação, uma resposta.

Ainda bem pequeno, certamente graças à contribuição de Permanência, pude ver, a partir da minha pequena cidade interiorana, que havia algo errado na Igreja. De repente, os cônegos premonstratenses fecham seu antigo colégio São Norberto; as irmãs de São José de Chamberry fecham igualmente seu colégio cheio de alunas católicas, tendo a madre reitora a petulância de responder a meu pai que manifestava sua inconformidade e tristeza: “Não vamos trabalhar mais para a burguesia”. Também os padres consolatas fecham seu seminário. Todas essas congregações dilapidam de forma irresponsável e criminosa (o mínimo que se pode dizer) o seu valioso patrimônio, construído com a ajuda e o esforço da comunidade católica e do poder público (não se esqueça o prestígio de que então gozava a Igreja junto ao poder público que ainda reconhecia a sua contribuição para o bem comum).

Os anos se passaram. O menino nascido no seio de uma família católica que via aturdido tudo aquilo quis ser padre. Para a escolha de um seminário a revista Permanência e a obra de Gustavo Corção foram de uma particular importância. De fato, a leitura mensal da Permanência ajudou-me a entrar em contato com autores católicos de grande valor. A leitura de Dois Amores Duas Cidades e do Século do Nada, que reputo os melhores livros de Corção auxiliou-me não só a ter uma visão da gravidade do processo de decomposição da cristandade e da crise da Igreja decorrente do Vaticano II, mas também a despertar o desejo de ler Carlos de Laet, Eduardo Prado, Jackson de Figueiredo, Leonel Franca, Galvão de Sousa, entre os autores brasileiros. A leitura de Corção avivou-me ainda o interesse por Eça de Queirós, Machado de Assis, Dostoievski e Paul Bourget. Quanto a este último, devo dizer que considero injusto o que diz Corção a seu respeito em A descoberta do Outro, qualificando como detestável sua obra por ser “ esmiuçadora de alcovas” como a de Montherlant. Aqui laborou em erro grave Corção, não reconhecendo o valor da obra de Bourget que desenvolve em seus romances de tese uma argumentação sólida em defesa dos princípios e fundamentos da ordem social cristã, combatendo o divórcio e o igualitarismo. Os romances de Paul Bourget L’Étape, L’Emigré, Un divorce são ainda hoje leituras recomendáveis e proveitosas para a formação de uma sã mentalidade católica.

Fazendo uma síntese da leitura desses autores sugeridos por Corção, na hora de escolher um seminário para ser padre, com o propósito de lutar contra a decomposição da sociedade tradicional e defender a Igreja contra o ataque de seus inimigos infiltrados até na sua medula, minha escolha só podia recair sobre um seminário que se orientasse conforme o magistério perene dos papas e preservasse a liturgia romana tradicional, o que na época só existia nos seminários da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por Mons. Lefèbvre.

Lembro-me de uma polêmica que explodiu pouco antes de ingressar no seminário. O grupo Permanência saiu em defesa dos padres da Diocese de Campos que, em torno do grande bispo Dom Antonio de Castro Mayer, preservavam a liturgia tradicional e combatiam o progressismo. Houve um sujeito descarado que não teve pejo de escrever a um jornal de São Paulo que Corção, no fim da vida, havia aceitado plenamente as reformas mais desastrosas feitas em nome do Vaticano II. Esse sujeito foi desancado e saiu desmoralizado da polêmica, que propiciou um retorno aos melhores artigos de Corção sobre a crise da Igreja. Hoje parece que ocorre algo semelhante com a obra de Romano Amério, autor do monumental Iota unum – studio delle variazioni della Chiesa Cattolica nel secolo XX. É lamentável que haja católicos que, para agradar a autoridades religiosas, cheguem a ter a desfaçatez de querer falsificar o pensamento de grandes autores que tiveram o mérito de agradar antes a Deus que aos homens e com valentia combateram a heresia onde quer que ela se econtrasse.

Passados trinta anos da morte de Corção e mais de dez anos da minha ordenação sacerdotal, vendo os últimos desdobramentos da crise na Igreja e no mundo, aprendendo a conhecer a grandeza e a malícia dos homens, aprecio hoje com mais proveito não só a beleza de estilo da obra de Corção mas sua grandeza moral. O drama que vive hoje a Igreja resulta em grande medida da covardia dos homens que perderam o amor à verdade. Em nome de arranjos, combinações, enfim, em nome da prudência da carne, não se quer mais defender a verdade.

Corção não teve essa pequenez moral. Amicus Plato, sed magis amica veritas. Corção viveu plenamente essa frase atribuída a Aristóteles. No fim de sua vida, quando já via com clareza as causas e conseqüências da crise da Igreja, não teve medo nem vergonha de combater e denunciar o erro com uma autoridade, uma convicção que só se podia explicar por uma graça especial de Deus concedida a ele para cumprir uma missão. Seu estilo literário apurou-se, ganhou mais brilho e vigor. Mas muitos o abandonaram ou não o entendiam mais. Morreu praticamente isolado, sem apoio da hierarquia eclesiástica.

Creio que sua obra deve ser lida e interpretada à luz dos princípios da escatologia. Representa uma graça especial concedida pela Divina Providência para os últimos tempos, a fim de que os eleitos tivessem uma orientação segura em dias de borrasca e trevas, onde parece que tudo naufraga na apostasia e no naturalismo.

Creio também que o que há de mais admirável, perene e importante na sua obra não é tanto sua Capela Santa Maria das Vitórias - Anapolis (GO)reflexão sobre as causas históricas da crise que vivemos, como, por exemplo, seu minucioso estudo do affaire Dreyfus e da condenação da Ação Francesa de Maurras ou dos graves erros da filosofia política de Maritain, ou ainda dos problemas do Vaticano II, mas sim sua meditação sobre a condição do homem na terra, as causas da sua angústia, do seu desespero ou de sua felicidade e esperança. Corção refletiu sobre tudo isso de uma forma admirável, em um estilo literário de beleza ímpar, analisando páginas de grandes escritores em seu livro O Desconcerto do Mundo (1965). Nele, Corção faz ver a inconsistência do humanismo e do naturalismo sem Deus e sem esperança. Aí Corção faz ver que o homem não foi feito para o mundo e que todas as tentativas de acomodar o homem ao mundo, em vez de lhe mitigarem o sofrimento, só deformam e desumanizam o homem. Assim ele explica o famoso pessimismo de Machado de Assis, como o de alguém que compreende que o destino do homem na terra é realmente a frustração porque o homem não encontra aqui o seu lugar, mas como lhe falta a fé, Machado de Assis não sabe remediar tal situação angustiosa. É um livro que se lê com grande proveito e prazer.

De maneira que, aplicando ao problema da história e da política essas reflexões sobre o homem, Corção foi capaz de desmascarar as utopias socialistas e o democratismo cristão. Diz ele, com efeito, na citada obra: “o socialismo é uma filosofia de vida que pretende adaptar o homem ao mundo, e cingir a sorte do homem aos horizontes terrestres. Cada vez que isto for tentado, não é somente a felicidade do céu que se perde, é inicialmente a felicidade da terra.” (o. c. p. 36).

Foi também, justamente, essa sabedoria de Corção que lhe permitiu travar tão rígido combate doutrinário e assistir à agonia da Igreja e da civilização sem assumir um caráter rancoroso ou desesperado. Pelo contrário, nele tudo era serenidade e confiança. Nelson Rodrigues, seu grande amigo, dizia em Corção tudo é amor. (cf. Permanência, 1971).

Oxalá essa efeméride propicie um retorno à obra de Corção, a fim de que ela lance uma luz sobre o caminho trilhado pela Igreja esses últimos anos e assim se possa fazer uma reflexão, corrigir tantos erros e distinguir o joio do trigo.

Pelo grande bem que fez, rendo hoje, através do site Santa Maria das Vitórias, à memória de Gustavo Corção minha humilde homenagem de gratidão.


Teremos oportunidade de publicar em nosso site os melhores artigos de Corção sobre a crise da Igreja.

Novamente dom Williamson

Em seu blog, Dom Richard Williamson dá seu parecer sobre o termo inicial de acordo proposto pela Santa Sé. Indico a leitura para que conheçam o teor do que pensa Sua Excelência, me reservando no direito de ressaltar apenas um ponto:

Em 5 de maio de 1988 em particular, Arcebispo Lefebvre foi o mais longe que a Fé o permitiria, e até um pouco além, para chegar a termos com as autoridades da Igreja…

Dom Lefebvre ultrapassou os limites da Fé para fazer acordos com Roma?

Logo após, Dom Williamson fala sobre uma possível declaração de cisma formal emitida pela Santa Sé contra a Fraternidade, dizendo que os católicos devem se rejubilar com esse tipo de atitude.

Conhecendo o Papa Bento XVI e todas as surpresas que ele vem nos brindando em seu pontificado, seria demais pensar no Papa usando paramentos de São Pio X, na bancada da basílica de São Pedro, restaurando o rito de excomunhão com um pontifical do século XV?

PS.: Dom Galarreta se pronunciou na homilia das ordenações sacerdotais em Ecône. Aguardemos o posicionamento oficial de Dom Fellay.

Padre Laguerie e a decisão da FSSPX

O blog do IBP de Santiago, Chile, publica a tradução do artigo escrito pelo Padre Philippe Laguerie, superior geral do Instituto, acerca da resposta da FSSPX à proposta Romana de um acordo. Os destaques são do original:

Muy queridos amigos,

No respondo hoy a ninguna cuestión: vengo a pedirles oraciones por mis amigos, mis hermanos, de la Fraternidad San Pío X. A la víspera del “ultimatum ” romano, que veíamos venir desde hace años, el Padre Héry, el Padre de Tanoüarn, el Padre Aulagnier, algunos otros y yo, nos embarga una profunda tristeza, casi mortal. Salvo un milagro, que sólo de montañas de oraciones podría arrancar del cielo, conocemos suficientemente a nuestros antiguos colegas y siempre amigos para saber que su decisión colectiva de los próximos días debería enviar la propuesta romana a las calendas griegas. ¡Desgraciadamente!

¡Qué desperdicio inconmensurable para la Iglesia ! Todo en su actitud desde hace años (y mucho antes de nuestras dificultades con ellos) demuestra un sistema de pensamiento y de relaciones con las autoridades que induce la conclusión hacia la cual se encamina hoy, de un rechazo práctico de toda autoridad en la Iglesia. No pienso sólo a la conferencia escandalosa de Monseñor Tissier que he, el único, estigmatizado como se debe en este blog; pienso en las contradicciones reivindicadas de Monseñor Fellay que oscila desde años entre dos posiciones contradictorias : acuerdos doctrinales en primer lugar y solución practican más tarde (y en consecuencia nunca) o acuerdos prácticos posibles y varias generaciones para expurgar los contenciosos doctrinales. Sus pedidos de debates doctrinales y, cuando se los propone, su negativa a asistir. Sus orgullos amarillos no solamente de no responder a los correos de sus Eminencias romanas. Los panfletos, insignificantes en sí mismos pero insultando a pesar de todo, de jóvenes sacerdotes de 25 años que ensucian a Roma y a su obispo sin nunca ninguna puesta a punto ni reprobación de sus superiores…

Monseñor Lefebvre no usaba absolutamente de este modo. Su respeto de la Autoridad romana era legendario hasta el punto que el único reproche serio que alguna vez se le pudo hacer fue de orden canónico: consagraciones sin mandato pontificio. Sus ataques eran virulentos, cierto, pero siempre exclusivamente doctrinales: no comprendemos, no podemos aceptar; es contrario al catecismo, al magisterio de la Iglesia, a la enseñanza de mis maestros… Todo excepto ser un juez de Roma; frente a la crisis, un simple cristiano de una rara humildad que hace saber, como los otros, que no comprende más. Es con las lágrimas en los ojos que hablaba de Roma y con la voz acongojada que evocaba a los papas Pablo VI y Juan Pablo II. ¿Alguna ves se le oyó, siquiera sólo una, llamar al uno Montini y al otro Wojtila? ¿Olvidaron que expulsó de la FSSPX todos los que se negaban a reconocer estos papas y a nombrarlos al canon? Soy testigo personal que, joven subdiácono en 1978, en el momento en que Monseñor comienza a plantearse seriamente la cuestión de las consagraciones, preguntado sobre el personaje de Pablo VI y sus equívocos, él se limita a soplar profundamente y de elevar los ojos hacia el cielo… se piensa obviamente en el rey David que se negó siempre a levantar las manos, e inclusive su juicio, sobre el ungido del Señor (por este solo motivo) e hizo perecer sistemáticamente a todos los que se arriesgaron a esto.

Las cinco condiciones romanas para un acuerdo posible entre Roma y Ecône son estupefacientes, aturdidoras: ¡conciernen todas, no a la posición de un obispo en la Iglesia, sino a la de un simple cristiano! ¿Se debe aún tener respeto por el Romano Pontífice? ¿Es necesario respetar su persona? ¿Se puede prevalerse de un Magisterio que supera el suyo? Es absolutamente seguro que el día en que la conferencia de Monseñor Tissier llegó al escritorio del papa, lo que pasa hoy era ineludible y se puede simplemente agradecer a Dios que el “dulce Cristo en la tierra”, como lo llamaba santa Catalina de Siena (¡que sin embargo apenas lo trataba con miramiento!) haya soportado por tanto tiempo estas injurias, mucho más infamantes sin embargo para su autor que para su destinatario…

Es pues patente que, no solamente es necesario aceptarlos, sino que sería indecente, deshonroso rechazarlos. Se puede de todos modos esperar de un obispo que incluso sea simplemente cristiano. ¿Van pues a aceptarlos? Y allí es que se produce el colmo. Al rechazarlos según criterios doctrinales que juzgan de un Pontífice Romano que por todas partes trae la doctrina católica, van simplemente a olvidar lo principal y lo único necesario para un acuerdo práctico que se les ofrece en bandeja. Práctica por práctica, es necesario ser práctico. La cuestión no es obviamente Roma y el justo respeto que exige con derecho; ¿qué de más normal? La cuestión consiste en saber cómo se recibirá a estos numerosos sacerdotes in situ. ¿Les darán parroquias? ¿Serán considerados como sacerdotes de segunda, subsacerdotes? ¿Roma los apoyará concretamente, prácticamente, en el terreno? ¿Se puede esperar una parroquia personal de forma extraordinaria en todas las grandes ciudades del mundo, como lo desea el Cardenal Castrillón Hoyos para Inglaterra? ¿Van a exigir mañana que celebren o concelebren la forma ordinaria para probar una comunión que se pretende dársela plenamente hoy? ¿Simplemente se van a regularizar todas sus casas de hoy sin ninguna garantía de poder mañana abrir una sola? En una palabra como en mil, ¿De verdad se les va a dejar hacer una experiencia leal de la Tradición, con los medios combinados, tal como lo soñó, sin obtenerlo, Monseñor Lefebvre? ¿Puede Roma prometer seriamente esto? ¿Y quién fuera de Ella lo podría?

Estas son las verdaderas cuestiones, a mi juicio las únicas verdaderas. Y cada uno sabe que es solo por este motivo concreto (además que tienen obispos y que Mons. Lefebvre no tenía) que este último denunció los acuerdos del 5 de mayo de 1988, sin embargo firmados por él. No olviden que uno de los raros obispos que nos disculpó, iba a decir sostuvo, en 1988 fue el Cardenal Ratzinger, desde Santiago de Chile. Necesitaron casi un año para que agradecerle, bien tímidamente, su Motu Proprio. Cada una de sus aclaraciones doctrinales los dejó indiferentes o críticos.

¿Saben cómo se hará el mañana? Sí, hay aún errores extendidos un poco por todas partes. Sí, la crisis en la Iglesia no ha terminado. ¿Pero estamos seguros de no experimentar aún los efectos del jansenismo? ¿Y los del modernismo entonces? Esperar que la Iglesia ya no esté agitada por nada, es esperar la Jerusalén celestial despreciando la actual, que rema y que sufre hasta el fin del mundo.

No tengo ningún consejo que dar a nadie, menos a mis colegas de ayer y amigos de hoy, siempre. No los recibirían y los comprendo fácilmente. Que me baste pues de decirles que rezo y hago rezar por ustedes. ¡En sus filas, yo no lo cedía a nadie el puesto en determinación y pugnacidad! Pero el tiempo pasó, los datos y la hora histórica son nuevos. Todos nos aterraríamos de una división en sus filas o, peor aún, de una terquedad unánime y desastrosa que reduciría nuestra querida Fraternidad al nivel de algún Montanismo desesperado o de alguna pequeña iglesia sin mañana. Guardo confianza que el gran obispo que me ordenó y que los fundó no lo permitirá, en su amor por Roma y el sacerdocio romano.

Padre Philippe Laguérie

Vaticano pára a ‘fábrica de santos’ de João Paulo

Por Peter Popham em Roma
Terça, 24 de junho de 2.008.

[…]

O Arcebispo Michele di Ruberto, secretário da Congregação para a Causa dos Santos, o escritório Vaticano que processa as causas de canonização, contou ao jornal La Stampa que o Papa Bento quer que a congregação preste “máxima atenção” em suas avaliações de documentos favoráveis à causa do candidato, com “observação escrupulosa” das normas eclesiásticas. O próprio Papa lê todos os arquivos, folha a folha, segundo o arcebispo, e até ele esteja pessoalmente satisfeito com os milagres creditados ao candidato nenhum progresso é possível.

A diminuição na velocidade dos processos pode até mesmo afetar os prospectos de dois dos mais promissores candidatos à santidade atualmentee em examinação, Madre Teresa e o próprio Papa João Paulo II.

[…]

“Para João Paulo II existe um milagre presumido”, disse o arcebispo”, “mas antes suas virtudes heróicas devem ser aprovadas. E Bento XVi ainda não entregou seu julgamento sobre as virtudes de Wojtyla (sobrenome original de João Paulo) e sua indicação é de fazer as coisas com o máximo de seriedade, levando todo o tempo necessário”.

João Paulo II olhava a criação de santos como uma forma de restaurar a intensidade de devoção que ele sentia que a igreja contemporânia havia perdido. Ele acelerou os processos de canonizações — fazendo um record de 482 santos — ao dar a tarefa a um dedicado bureau Vaticano e também ao abolir o “advogado do diabo”, cuja tarefa era encontrar razões pelas quais o candidado deveria ser rejeitado.