Bastiões da Igreja I: Mons. Lefebvre e o Vaticano II à luz da Tradição

A história da Igreja ensinou-nos a ver os Concílios Ecumênicos como infalíveis em autoridade. Entretanto, se o Vaticano II foi um canal para os erros liberais e modernistas, levanta-se um problema teológico: foi um concílio verdadeiro?

Marcel Lefebvre, the biography - Mons. Bernard T. de MalleraisNão teria sido “um grupo de discussão”? Entretanto, o Papa Paulo VI promulgou todos os seus decretos com o apoio da vasta maioria dos bispos.

Isso era verdade, como o Arcebispo Lefebvre concedia, mas junto de muitos observadores ele enfatizava o caráter atípico desse concílio ecumênico que não só “evitou proclamar dogmas dotados da nota de infalibilidade”, como Paulo VI admitiu, mas quis ser mais “pastoral” que doutrinal (mesmo que a doutrina estivesse presente por todos os seus documentos). O Arcebispo freqüentemente se referia à nota publicada ao Concílio em 15 de novembro de 1964 pelo Secretário Geral: por causa dos objetivos pastorais do Concílio, ele apenas definiria doutrinas de Fé quando ele especificamente dissesse que estava fazendo [de fato, nunca], e a autoridade de seus documentos dependeria da categoria nas quais cada caísse.

Arcebispo Lefebvre comentou: “Deliberadamente e por graça do Espírito Santo, o Concílio quis apenas ser pastoral” . “O Concílio é um ato não-infalível do Magistério e, portanto, está aberto para ser influenciado por um mau espírito”. Era certo, portanto, exercer algum discernimento e o Arcebispo sugeriu usar o critério da Tradição: então, ele disse, seria possível “aceitar o Concílio à luz da Tradição”, que significava “corrigir o Concílio conforme os princípios eternos da Tradição”.

“Aliás, isso era o que o Papa Paulo começou a fazer com as atas do Concílio ao colocar uma Nota explicativa no documento Lumen Gentium: nós temos que admitir que nunca se ouviu falar tal coisa de um Concílio… Portanto, nós precisamos aplicar o critério da Tradição aos vários documentos do Concílio, afim de ver o que podemos manter, o que precisamos esclarecer e o que deve ser rejeitado.” (Principes et directives, 1977)

Entretanto, alguns teólogos amigos tais como o Pe. Joseph de Sainte Marie tentaram “distingüir o Concílio de suas interpretações errôneas”. Seguindo o canonista Don Composta, o Arcebispo mostrou, pelo contrário, que todas as reformas – liturgia, sacramentos, seminários, congregações religiosas, etc. – foram executadas em nome do Concílio e não apesar dele. “As mesmas pessoas escreveram as atas do Concílio e as implementaram. Eles sabiam muito bem o que estavam fazendo. Conseqüentemente, essas reformas são a autêntica interpretação do Concílio. E já que essas reformas causaram um considerável tumulto na Igreja, nós podemos dizer que a origem da destruição da Igreja deve ser encontrada não apenas nas reformas mas também no Concílio” (Spiritual Conferences at Ecône, 70A, 22 de fevereiro de 1979, 441-442).

É por isso”, concluiu o Arcebispo, “que nós rejeitamos a visão daqueles que nos dizem: ‘Tais coisas são abusos, excessos e más interpretações do Concílio. Ajudem-nos a limitar os danos e a redescobrir e implementar o “verdadeiro” Concílio’. Enquanto ele é contrário à Tradição, nós rejeitamos o Concílio”. (Carta aos amigos e benfeitores, número 9, 3 de setembro de 1975)

(Marcel Lefebvre, the biography, Bernard Tissier de Mallerais, Angelus Press, 2004, pp. 500-501)

Um comentário sobre “Bastiões da Igreja I: Mons. Lefebvre e o Vaticano II à luz da Tradição

  1. Dom Lefbvre era mesmo sensacional. Ele tinha convicção dos problemas gerados pelo Concílio e por isso o criticou até o fim de sua vida. A vida de Marcel Lefebvre é a prova concreta de que algo terrivel aconteceu na Igreja por causa dos seus prórpios pastores que cegamente aprovaram o Vaticano II.

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