Pe. Zuhlsdorf: Dom Fellay busca evitar divisão interna

Na mesma linha de pensamento apresentada há muito tempo pelo Pe. de Tanouarn, o Padre John Zuhlsdorf analisa o posicionamento de dom Fellay e sua entrevista a uma rádio. Vale a pena conferir o artigo publicado em seu blog. De antemão informamos que não endossamos todas as posições do Pe. Zuhlsdorf, entretanto, essa análise nos parece muito adequada.

Pe. Zuhlsdorf diz, primeiramente, que nos últimos dias, vários expoentes da mídia apresentaram as declarações mais exaltadas de Dom Fellay em seu sermão de Winona, MN, EUA, em que afirmou que o Papa é um perfeito liberal, e também outras declarações de Dom Willimson e de Dom Galarreta (especialmente o sermão das ordenações em Ecône, ontem).

O Padre diz, então, que houve um certo mal entendido por parte da imprensa sobre essas declarações, especialmente à de Dom Fellay nos EUA, que não contraria diretamente às condições propostas pela Santa Sé para um início de acordo.

O fato, continua o Padre em sua análise, é que dom Fellay se vê pressionado pelos linhas-duras da SSPX e pelos benfeitores. E normalmente, como dizia Pe. de Tanouarn, adota um estilo para cada platéia que o ouve. Ao falar com os que procuram um acordo, é mais amistoso e aberto para com Roma. Aos linhas-duras — muito fortes nos EUA —  utiliza uma linguagem própria e agradável a seus ouvidos. Isso que é inculturação!

Por outro lado, ele encontra o Santo Padre e o Cardeal Castrillon Hoyos com quem não deseja romper definitivamente.

Ou seja, Dom Fellay se vê num jogo em que, logo logo, terá de optar, pois essa situação um dia se tornará insustentável. É o que já indica o suposto “ultimatum” dado pela Santa Sé: decida-se!

Continua o Pe. Zuhlsdorf comentando que acredita que a SSPX não aceitará que está fazendo qualquer coisa errada, mas que ainda querem diálogo. É a síntese, em nossa modestao opinião, entre a posição extrema que não quer nenhum acordo e aquela que deseja uma aproximação. Evidentemente nascida para não dividir a SSPX internamente.

Para finalizar, o Padre crê que, por conta desse medo de divisão interna, a SSPX não assine as condições dadas pelo Vaticano, mas que daqui para frente — e essa é apenas uma possibilidade que ele assume, realmente, como mera especulação — mude o tom em suas críticas diretas à pessoa do Papa.

Em sua entrevista à rádio, dom Fellay afirmou:

“Talvez seja falso dizer diretamente que nós rejeitamos, que eu fiz uma completa recusa. Isso não é verdade. Melhor, eu vejo nesse ultimato algo muito vago e confuso.”

Questionado se essa não era a última chance de uma união com Roma, dom Fellay respondeu que o ultimato não faz sentido e que o diálogo existe, mesmo que lento. Entretanto, Roma quer acelerá-lo. O que não é, ao menos publicamente, o desejo da SSPX.

Dom Fellay ainda diz que mais e mais pessoas estão indo para SSPX, sem desejo de separar-se da Igreja. Que essas pessoas desejam ser aceitas na Igreja e fazer o bem pela Igreja.

Por enquanto, nos resta aguardar a publicação — se é que ela virá — da carta de Dom Fellay e algum pronunciamento da Santa Sé.