O motu próprio Summorum Pontificum sobre a Liturgia Latina de 7 de julho de 2007 é o fruto de uma profunda reflexão do nosso Papa sobre a missão da Igreja.
Não cabe a nós, que vestimos a púrpura e o vermelho eclesiástico, colocarmos isso em questão, sermos desobedientes e fazermos o motu proprio vazio por nossas próprias pequenas e mínimas regras. Mesmo se elas fossem feitas por uma conferência de bispos. Mesmo os bispos não tem esse direito.
O que o Santo Padre diz tem de ser obedecido na Igreja. Se nós não seguirmos esse princípio, nós nos permitiremos ser usados como instrumentos do Demônio, e de ninguém mais. Isso vai levar a discórdia à Igreja e diminuir sua missão.
Nós não temos tempo a perder com isso. Mais, nós nos comportamos como Nero, ocupando-se com seu violino enquanto Roma pega fogo. As igrejas estão esvaziando, não existem vocações, os seminários estão vazios. Padres ficando velhos e velhos, e jovens padres são escassos.
Recebemos a seguinte informação do Rev. Pe. João Batista:
Prezado Senhor.
O bispo de São José do Rio Preto, referindo-se a meu artigo, publicou uma nota em que diz ser contra a união civil homossexual, retificando assim o que havia dito anteriormente.
Cordialmente,
In Christo Rege,
Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa
No site da Diocese de São José do Rio Preto encontramos a referida nota:
O Perigo das Palavras – Dom Paulo Mendes Peixoto
À repercussão de uma entrevista veiculada na imprensa (22/06/08), na qual eu expressava o meu pensamento sobre o homossexualismo, que gerou considerações por parte do Padre João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa, vejo-me no direito e dever de tornar público o meu pensamento sobre este tema de acordo com a doutrina da Igreja.
A ciência psicológica até hoje não tem uma posição definitiva sobre as causas, as origens, tendências e dimensões da homossexualidade.
A teologia da Igreja Católica tem uma posição, a mesma de Jesus: acolher a todos, rejeitando o pecado; acolher o que erra e rejeitar o erro. Com isto não quero dizer que a pessoa homossexual seja, por si, pecadora, mas que deve ser acolhida como pessoa digna de respeito que, muitas vezes sofre com sua realidade.
Uma coisa é rejeitar e não aceitar a homossexualidade; outra, bem diferente, mais evangélica, é acolher a pessoa homossexual. Da mesma forma, uma coisa é rejeitar a prostituição; outra, também mais evangélica, é acolher a prostituta.
Quando Jesus chama atenção dos escribas e fariseus, dizendo que “os cobradores de impostos e prostitutas vos precederão no reino dos céus” (Mt 21, 31), não estava aprovando a prostituição e nem o comércio de mulheres.
Assim, diante do projeto que tramita no Congresso Nacional, quero apresentar, com clareza, meu pensamento: 1 – legalizar uma união homossexual como união estável não é pertinente. Nem a ciência psicológica, nem psiquiátrica e nem médica garantem que tal união possa ser estável; 2 – a Bíblia nos diz o que Deus quis: é no casamento que o homem e a mulher se completam – “no princípio Deus os criou homem e mulher” (Mt 19,4 ; Gn 2,24); 3 – a teologia católica será sempre contrária à união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Em qualquer circunstância concreta, a nossa missão de Pastor será de fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, de acolher a todos em qualquer realidade, com misericórdia e amor. Dessa forma, deixo claro o meu real pensamento sobre o tema.
Ainda nas entrevistas imaginárias, nosso blog publica agora o post [com uma boa pitada de senso de humor] do Abbé de Tanouarn, um dos fundadores do IBP, em seu metablog, em que faz a Dom B. Tissier de Mallerais aquelas perguntas que todos nós gostaríamos de fazer, de maneira franca e objetiva, não só a este, mas a todos os bispos da FSSPX.
As respostas são, de fato, de Dom Tissier de Mallerais, retiradas da recente entrevista que teve excertos traduzidos e publicados em nosso blog (a íntegra pode ser encontrada também aqui) — que causou lágrimas em alguns que [não muito] antigamente viam Bento XVI como aquele que corrige o Concílio e hoje o têm como herege!
Sua Excelência, a Igreja Católica como vemos é ainda a Igreja Católica?
Existe uma mistura cheia de compromissos por causa do liberalismo e fraqueza dos espíritos. A Igreja paralela é a Nova Igreja do Vaticano II: seu espírito, sua nova religião ou não-religião.
Oh! mas ainda, ‘Ubi Petrus, ibi Ecclesia’ — Onde está Pedro, aí está a Igreja.
Onde está a Igreja, meus caros? Reconhece-se a árvore por seus frutos. Onde estão os frutos, aí está a Igreja. Não quero dizer que a Igreja está reduzida à Fraternidade, mas que seu coração está na Fraternidade.
Ainda, a Igreja Romana é Católica também, não?
A verdadeira Fé, o verdadeiro ensinamento, os sacramentos não-bastardos: tudo isso está na Fraternidade.
Você quer dizer que a Igreja Romana, ou o Papa, não são mais católicos?
Nós estamos vivendo a grande apostasia da qual fala São Paulo aos Tessalonicenses: “venerit dicessio primum” (II Thess. 2:3).
Ainda, eles não têm sacramentos? Quero dizer, o N.O.M. [Novus Ordo Missae] é válido?
A sua nova religião é contra a verdadeira Missa, e a verdadeira Missa destrói sua falsa religião, uma religião sem sacrifício, expiação, satisfação, justiça divina, arrependimento, renúncia, asceticismo; a religião do chamado “amor, amor, amor” que não é nada senão palavras.
Sua Excelência, tudo isso soa como se você tivesse virado sedevacantista. Nos conte!
Eu não posso expressar meu horror. Eu mantenho silêncio.
Ainda, a Igreja precisa de um Papa, talvez o próximo seja…
Em Roma, um novo Papa? Realmente, se ele fosse se tornar pior, não há necessidade.
Entendo. O que faz de vocês católicos enquanto Ratzinger não?
Primeiro de tudo, nossa perseverança em recusar os erros do Concílio Vaticano Segundo. Segundo, nossa fortaleza em recusar qualquer “reconciliação” com a Roma ocupada.
Para melhor compreensão, leia também os artigos anteriores da série sobre a tomada da Igreja de Saint Nicholas du Chardonnet.
De maneira nada surpreendente, o Cardeal Marty não está contente em deixar a situação como está. Uma ordem judicial foi obtida dizendo que os tradicionalistas podiam ser expelidos por um oficial de justiça, pela polícia ou pelos militares, se necessário. Uma data foi dada, mas foi seguida por um prazo de execução até depois da Páscoa, para que toda a liturgia da Semana Santa pudesse ser mantida (talvez o próprio juiz desejasse assistí-la). Esse prazo expirava em 11 de abril, segunda-feira, e foi com alguma trepidação que eu fiz minha primeira visita à igreja por volta das 8:15 da manhã de 12 de abril, após uma viagem por toda a noite desde a Suíça. Ao entrar na igreja, pensei que o pior tivesse acontecido enquanto ouvia um padre falando em Francês – mas tudo estava bem, ele apenas estava lendo o Evangelho. Foi uma grande alegria assistir Missa numa bela igreja antiga exatamente como fora celebrada antes do Concílio.
Depois da Missa, tive uma conversa com o celebrante e alguns dos jovens que estavam guardando a igreja. Eles então me convidaram para compartilhar um lanche muito simples de pão com manteiga mergulhado no café. Seria difícil imaginar jovens mais agradáveis e corteses; descobrir tal fervor e dedicação pela fé tradicional entre pessoas jovens em plena “Igreja Conciliar” é certamente um sinal de grande esperança. Todas as portas da igreja, exceto uma, estavam trancadas, e ao menos dois ou três rapazes sempre lá permaneciam em guarda. Eles trabalham em turnos – alguns ficando em guarda a noite inteira enquanto outros dormem num dormitório provisório. É uma calúnia monstruosa sugerir, como alguns jornais liberais (católicos e seculares) fizeram, que esses são jovens com uma predileção pela violência. Se alguma tentativa é feita para expulsar-lhes da igreja pela força, eles resistirão – mas se eles não são atacados, não existirá violência. Aqueles com quem conversei também me asseguraram que eles não resistiriam à polícia – apenas um ataque corporal por leigos progressistas.
Os Filhos dos Santíssimo Redentor publicaram em seu blog a continuação de uma entrevista do seu vigário geral, Pe. Michael Mary (que já comentamos aqui). Abaixo, traduzimos alguns excertos:
Jurisdição de suplência ou o Pão fresco pela janela de trás.
Perguntado sobre o conselho que ele supostamente havia recebido da SSPX (de que não existiria suplência para a jurisdição de um superior religioso ao receber votos) que foi negado veementemente por Dom Fellay, Pe. Michael Mary responde:
Eu retornei à pessoa que consultamos primeiramente sobre jurisdição. Ele agora diz que ele considerou que conversar conosco sobre essa matéria seria inútil e iniciaria uma discussão infrutífera interminável. E que ele lamentava que nós tivéssemos interpretado seu silêncio como uma aprovação.
[…]
Absolutamente nada mudou em nosso pensamento até 7 de julho de 2007 quando o Papa Bento XVI publicou o Motu Proprio pelo qual ele provou, sem dúvidas, que ele estava intencionado em “re-sacralizar” a Igreja. Foi como um milagre. Talvez, como na visão de São João Bosco, ele é o Papa que está atracando a Barca de Pedro entre os dois pilares do Santíssimo Sacramento e de Maria Imaculada. Conseqüentemente, logo que se reconhece que Bento XVI é, sem dúvida, verdadeiramente o Papa; uma nova dinâmica de vida Católica vem à tona.
Martin: O que é isso?
Padre Michael Mary:Desde o momento que se reconhece Bento XVI como verdadeiramente o Papa, o ‘Catolicismo sedevacantista prático’ dá lugar ao “Catolicismo Papal prático”; é inevitável. Mesmo que exista uma guerra nos cercando na Igreja, nós ainda temos que fazer o movimento em direção à Barca de Pedro ao abandonar o ‘catolicismo sedevacantista prático’ pelo ‘catolicismo Papal prático’, onde o Papa tem a primazia de jurisdição sobre cada um de nós. Nós enfileiraremos trincheiras com ele para nossa própria salvação; e após isso, nós enfileiraremos trincheiras com ele na batalha pela vida da Igreja. Mas eu repito, o que está acima é meu entendimento pessoal sobre os últimos 20 anos. Pode não ser o entendimento de outros. Mas eu sei que independente de como seja o entendimento sobre os últimos 20 anos, algo novo começou com Bento XVI e a maré virou.
[…]
Eu me lembro de algumas questões morais sobre “roubar” em casos de necessidades. A Segunda Guerra Mundial: alguns soldados ingleses estão escondidos numa cidade Francesa. Eles estão em terrível necessidade de comida e descobrem que a janela de trás da padaria pode ser aberta para dar-lhes acesso ao pão que acabou de ser assado. Eles podem pegar o pão sem isso ser o pecado de roubo?
Martin: Sim, eles podem. Existe necessidade e tomar o pão pela janela de trás é a única forma para que eles possam sobreviver
Padre Michael Mary:Exatamente. Mas então, depois de um período de tempo, o povo da cidade os nota. A guerra ainda não acabou, existem ainda muitos riscos, mas a França está lentamente sendo libertada. O padeiro anuncia que ele dará a eles todos os pães que eles precisam e então não existe mais necessidade de tomá-los pela janela de trás. Ele mesmo traria os pães até eles. Agora tudo mudou, e se não hoje, mas bem logo, tomar o pão pela janela de trás será chamado e será roubo.
Martin: O que significa?
Padre Michael Mary: Por 20 anos estávamos vivendo num estado de necessidade onde nós não tínhamos autorização para aquilo que precisávamos, particularmente o Pão Celestial, confissões, casamentos e profissões religiosas. Nós fazíamos como podíamos. Nós presumíamos autorização para tudo que precisávamos. Não era a melhor situação, mas fizemos o que fizemos porque nós não podíamos ver nenhuma outra forma de sobreviver.
Então o Papa Bento XVI nos notou e em clara voz anunciou pelo Motu Proprio que a missa antiga estava autorizada e que ele nos daria tudo que precisávamos e mais: Missa, ritual, jurisdição para confissões, casamentos, profissões religiosas e o uso exclusivo do Missal de 1962 em nossas comunidades. É claro que ele sabe que a guerra não está acabada já que ele mesmo está trabalhando para restaurar todas as coisas em Cristo. Ele nos chama a responder seu apelo e aceitar o pão que ele nos oferece em abundância de seus braços abertos.
Martin: Então você está dizendo: o padeiro é o Papa, certo? Ele sabe que existe uma guerra em curso e ele está liderando o caminho? Ele agora nos oferece o que antes de 7 de julho de 2007 nós simplesmente pegávamos? Ignorá-lo agora e continuar a pegar o pão pela janela de trás não é mais aceitável, já que não pode ser certo pegar por suas costas o que ele quer nos dar face a face?
Padre Michael Mary:Essa é uma maneira de colocar isso. E permita-me acrescentar, existem razões para acertar as coisas com a Igreja. Esse problema da jurisdição é um problema muito sério. Eu me lembro de um Doutor em Direito Canônico num seminário, citando um caso de uma anulação matrimonial pré-Vaticano II. Era algo assim:
A sobrinha de um bispo estava se casando numa diocese vizinha. A noiva convidou seu tio, o bispo, para celebrar a cerimônia. Foi acordado. O tio-bispo celebrou o casamento na catedral da diocese vizinha onde até o bispo local assistiu para dar solenidade à ocasião. Alguns anos depois o casamento acabou. O tribunal de casamento investigando o caso descobriu que o tio-bispo não pediu ou recebeu jurisdição do bispo vizinho (o Ordinário local) para celebrar o casamento; (ele presumia isso). E apesar do bispo local estar fisicamente presente, a Igreja declarou o casamento nulo por falta de jurisdição.
Certamente esse seria um caso de ‘erro humano e falha’? Certamente a Igreja teria declarado esse como um caso de ‘jurisdição suprida’. Não, foi julgado como um caso ‘sem jurisdição’. O casamento foi anulado. Deram-nos esse caso como um exemplo da seriedade e necessidade de ter jurisdição válida para executar atos válidos. Talvez alguns dirão que isso é legalista, e eu não argumento. Eu digo que isso é um exemplo que dá causa à preocupação de agir sem válida jurisdição quando ela pode ser tida ao pedir.
Confiteor: Por que agora o Pe. Michael Mary ‘aceita’ a possibilidade dos padres dos F.SS.R. celebrarem a Missa Nova fora do mosteiro, presumidamente quando eles estão em missão?
Padre Michael Mary:Não, não, não! Em minha resposta a Brendan, eu disse que fomos assegurados que não precisaríamos celebrar o Novus ordo e nem concelebrar. Essa segurança nos deu coragem para fazer o que consideramos a coisa certa e procurar reconciliação com a Santa Sé. Então, claramente nós não estamos querendo dizer a Missa Nova. Entretanto, se você aceita o Papa, você aceita o Direito Canônico e, portanto, nós devemos aceitar que o Direito Canônico não dá permissão para proibir um padre de rezar a Missa Nova. Isso não quer dizer que ele irá dizê-la. Nenhum de nossos padres quer dizê-la, nenhum de nossos seminaristas quer; e nem eles podem ser forçados a dizê-la, nunca! Nem mesmo nas missões! Mas a Igreja não permite aos superiores proibir seus padres de dizê-la. Eu fiquei desapontado ao ver essa afirmação dos fatos mal usada antes de se averiguar.
Para melhor compreensão, leia também os artigos anteriores da série sobre a tomada da Igreja de Saint Nicholas du Chardonnet.
Os progressistas se agarraram à sacristia por alguns dias, e numa ocasião fizeram um determinado contra-ataque que não foi bem-sucedido. A violência resultante fez, por um tempo, lançar uma sombra sobre o que fora um evento muito alegre. Mas agora eles cederam a igreja inteiramente aos tradicionalistas. Os fiéis têm uma igreja na qual eles podem assistir à Missa que fora celebrada em todas as igrejas de Paris antes da “renovação litúrgica” que foi seguida, como admitiu o Cardeal Marty, Arcebispo de Paris em 1977, por um declínio de 54% na assistência da Missa pelos Parisienses.
Mas ninguém é tão determinado como um obstinado Liberal, e o Cardeal preferiria absolutamente não ter um único Católico assistindo Missa aos domingos do que permitir uma única celebração da Missa Tradicional.
Desde a ocupação, o Establishment liberal, liderado pelo próprio Cardeal Marty, empenhou uma série de medidas grotescas para o proveito da mídia – atitudes que poderiam apenas despertar diversão mais pelo desgosto trazido por sua hipocrisia cínica.
Mensagens de simpatia surgiram para o pobre pastor de Saint Nicholas e sua angustiada congregação (todos os sessenta ou setenta deles) que agora estavam sem lugar para rezar, sem lugar para ter encontros, instrução religiosa ou para seu grupo de escoteiros se reunir. O Cardeal está unido a eles em sua hora de pesar e perseguição, etc., etc., assim como são inumeráveis os valentes Liberais que expressaram sua solidariedade efusiva e publicamente. Ainda que a uma distância de uma pedrada [isto é, bem próximo] de Saint Nicholas esteja a imensa igreja de St. Sévrin — de fato, as duas já eram uma espécie de paróquia conjunta antes da ocupação. Novamente, como resultado do declínio na assistência à Missa, não houve dificuldade em espremer o punhado de paroquianos de Saint Nicholas que optaram pela Nova Missa no amplo espaço disponível para as Missas Novas celebradas nessa igreja. Porém, e isso é muito importante, agora mais de duzentos paroquianos de Saint Nicholas estão assistindo Missa em sua paróquia a cada domingo — e os tradicionalistas podem provar isso. O Cardeal Marty reivindica ter a assinatura de 2.000 ultrajados habitantes da paróquia que estão consumidos de impaciência pelo retorno à sua igreja! Quando eu mencionei esse número aos organizadores da ocupação isso causou uma enorme explosão de risos. Para colocar isso brandamente (o que eles não fizeram), eles sugeriram que a quantia do Cardeal poderia estar de alguma forma (e mais do que de alguma forma) exagerada. Por interesse próprio, eles estão mantendo uma lista dos paroquianos que expressamente assinaram uma petição pedindo que a igreja fosse deixada nas mãos dos tradicionalistas, e em cada caso uma fotocópia do documento de identidade do assinante foi obtida para provar que a pessoa interessada é um paroquiano genuíno. Essa petição foi assinada até agora por mais de 50.000 simpatizantes — não só de Paris, mas de todo o mundo. Fiquei muito honrado em adicionar a minha própria em 12 de abril.
Traduzimos trechos seletos da entrevista concedida pelos três bispos da FSSPX à Angelus Magazine. Desta vez quem fala é Dom Bernard Tissier de Mallerais:
[…] João Paulo II não fez nada para reconstruir a fé. A grande apostasia vem crescendo; os jovens estão quase completamente perdidos na impureza e nas drogas. O reinado social de Cristo está completamente destruído pela liberdade religiosa e pelos direitos do homem. Estamos vivendo a grande apostasia da qual fala São Paulo aos Tessalonicenses: “venerit dicessio primum”.
Q: O que lhe impressionou quanto aos fiéis em suas muitas viagens para confirmação?
Tissier de Mallerais: Claro, as famílias com muitos filhos — maravilhoso! Isso é efeito da graça do Santo Sacrifício da Missa. Também, com isso vieram muitas novas escolas para meninos e meninas, escolas primárias além dos nossos priorados em muitos lugares. Portanto, igreja, priorado e escola são agora a unidade normal.
[…]
Q: A situação com Roma está mais encorajante após 20 anos?
Tissier de Mallerais: Não, nada mudou. Apenas o motu proprio de 7 de julho de 2007 foi um milagre inesperado, e isso muda radicalmente a prática da Santa Sé com relação à missa tradicional. Mas, praticamente, o retorno à Tradição é pequeno entre os padres. Apenas jovens padres, poucos deles, estão interessados. Mas quanto a liberdade religiosa, os direitos dos homens, o interesse de Roma em nosso trabalho: nada mudou – induratio cordium! Um endurecimento dos corações, uma cegueira das mentes.
Q: O que você diria àqueles que em 1988 previram que a Fraternidade de São Pio X estava criando uma Igreja paralela? A história não os provou que estavam errados?
Tissier de Mallerais: Eu respondo. Aonde está a Igreja, meus caros? Reconhece-se a árvore pelos frutos. Onde estão os frutos, aí está a Igreja. Eu não quero dizer que a Igreja está reduzida à Fraternidade, mas que seu coração é a Fraternidade. A verdadeira Fé, o verdadeiro ensinamento, os sacramentos não-bastardos, tudo isso está na Fraternidade. Em todos os outros lugares existe uma mistura cheia de compromissos por causa do liberalismo e da fraqueza dos espíritos. A Igreja paralela é a do Vaticano II – Nova Igreja: seu espírito, sua nova religião ou não-religião.
Q: O que permanece como o mais importante desenvolvimento dos últimos 20 anos? A morte do Arcebispo? A eleiçã de Bento XVI? O Motu Proprio?
Tissier de Mallerais: A resposta é a nossa perseverança, nossa existência. O milagre da continuação da Tradição. A consagração dos bispos foi apenas um meio para esse fim. Não, a morte de Mons. Lefebvre, a eleição de Bento XVI, então não foram eventos de significância. Realmente, nenhum evento particular aconteceu nos últimos 20 anos, mas apenas o milagre da sobrevivência da Tradição.
Mons. Bernard Tissier de Mallerais
Q: Muitos Católicos que começaram ao lado do Arcebispo anos atrás agora sentem-se inclinados a unir forças com uma Roma aparentemente mais conservadora ao aliarem-se com organizações com mais “status regular” dentro da Igreja.
Tissier de Mallerais: Sim, muitas perdas. Por causa da falta de princípios, infidelidade à luta da Fraternidade, procurando compromissos, desejando paz, desejando vitória antes do tempo previsto por Deus. Essas pobres pessoas (padres, religiosos, leigos) são liberais e pragmáticos. Seduzidos por sorrisos de pessoas no Vaticano, e quero dizer prelados da Cúria Romana. Pessoas que se cansaram pelo longo, longo combate pela Fé: “Quarenta anos é o suficiente!”. Mas isso vai durar mais 30 anos. Então, não parem, não procurem “reconciliação”, mas lutem!
Q: Qual é a sua mais memorável recordação do Arcebispo?
Tissier de Mallerais: Quando, em 13 de outubro de 1969, ele nos abriu as portas da route de Marly, 106, Fribourg, Suíça, sozinho, sem qualquer padre, recebendo-nos, nove seminaristas nos dois apartamentos que ele alugou dos padres Salesianos. Sozinho e aos 63 anos de idade, e começando tudo conosco, pobres jovens! Isso foi comovedor, ver como ele tomou conta de nós, dando-nos conferências espirituais, muito simples, teológicas, com Santo Tomás de Aquino e sua experiência como um missionário. Um arcebispo, antigo superior geral de 3000 membros, antigo Delegado Apostólico, e agora sozinho com nove seminaristas para começar algo pela causa do sacerdócio, algo do qual ele nem mesmo sabia do futuro. Percebam essa fé!
[…]
Conseqüentemente, a luta contra a liberdade religiosa não pode ser separada da luta pela Missa. O mesmo vale para a luta contra o ecumenismo, pois se Cristo é Deus, então Ele é capaz de expiar e satisfazer por Sua Paixão todos os pecados; também, apenas Ele tem o direito de reger as leis civis conforme o Evangelho. Eu nãovejo separação entre a luta pela Missa, a luta pelo espírito cristão de sacrifício e a luta pelo reinado social de Cristo. Os modernistas não vêem diferença entre a sua Nova Missa, sua recusa ao mistério da Redenção e sua negação do reinado social de Jesus Cristo.
[…]
Q: Como você pensa que seria a avaliação do Arcebispo Lefebvre sobre a crise conforme as coisas estão em 2008?
Tissier de Mallerais: Ele denunciaria não apenas o liberalismo — que era o caso de Paulo VI — mas o modernismo, que é o caso de Bento XVI: um verdadeiro modernista com uma teoria completa de modernismo atualizado! É tão sério que eu não posso expressar meu horror. Eu mantenho silêncio. Então, Arcebispo Lefebvre gritaria: “Seus hereges, vocês pervertem a Fé!”
[…]
Q: Que livros você pensa ser mais essenciais aos fiéis nesses dias?
Tissier de Mallerais: Para todos, seu Missal e seu catecismo. Para moços, livros sobre o reinado social de Cristo. Para moças, livros sobre culinária, costura e de como mobiliar uma casa.
O Blog do Angueth publicou uma entrevista imaginarária de Dom Hélder Camara escrita por Nelson Rodrigues que merece a leitura. Por sinal, o blog também traz uma série de traduções de Hilaire Belloc extraordinárias.
There is something very enjoyable about reading one’s own stuff translated into another language. An extract:
A SSPVI necessitaria trazer seus próprios cálices de cerâmica, hóstias-pizzas, paramentos de poliester, violões e livros com os hinos para as celebrações. Eles também precisariam de uma tábua de passar roupas para colocar dois castiçais para a missa de frente para o povo.