A verdadeira paz de Jesus Cristo

“… a paz que [Jesus Cristo] veio trazer não é sinônimo de falta de conflitos. Ao contrário, a paz de Jesus é fruto de uma constante luta contra o mal. A luta que Jesus decidiu travar não é contra o homem ou forças humanas, mas contra o inimigo de Deus e do homem, Satanás.

Quem quiser resistir a este inimigo permanecendo fiel a Deus e ao bem deve necessariamente encarar incompreensões e, às vezes, verdadeiras e reais perseguições. Então, aqueles que querem seguir Jesus e dedicarem-se à verdade sem compromissos devem saber que eles terão oposições e deverão tornar-se, contra si mesmos, sinal de divisões entre os outros, mesmo dentro de suas próprias famílias. O amor pelos pais é de fato um santo mandamento, mas para ser vivido de forma autêntica, nunca poderá ser colocado antes do amor a Deus e a Cristo.

Desta forma, nos passos do Senhor Jesus, os Cristãos tornam-se “instrumentos de Sua paz”, de acordo com a famosa expressão de São Francisco de Assis. Não de uma paz inconsistente e superficial, mas de uma [paz] real, procurada com coragem e tenacidade no combate diário de vencer o mal pelo bem [conf. Romanos, XII, 21] e pagando na carne o preço que é exigido.”

 

Bento XVI
Angelus de 19 de Agosto de 2007

Sai Lutero, entra Jesus de Nazaré

Informação de Andrea Tornielli:

Dou, enfim, uma pequena notícia: o Shuelerkreis, encontro do Papa com seus ex-alunos que se inicia amanhã, não será dedicado a Martin Lutero e à reforma protestante, como previsto e como amplamente anunciado, mas ao livro “Gesú di Narzaret” e a historicidade dos evangelhos. Uma mudança decidida nas últimas semanas.

Para relembrar: Dom Fellay e a hermenêutica da continuidade

De DICI, órgão de comunicação da casa geral da FSSPX:

Questão do jornalista: A respeito de Bento XVI, você não está satisfeito com a forma pela qual, em seu discurso à Cúria, ele precisamente colocou em oposição essa hermenêutica da descontinuidade; houve uma descontinuidade entre o pensamento como era antes e depois do Concílio. E ele apoiou a hermenêutica da continuidade, dizendo: nós permanecemos na mesma tradição da Igreja.

Bispo Fellay: Bem, nós vemos muito, muito claramente nesse discurso [ndt: discurso de Bento XVI à Curia Romana para o natal de 2005] uma tentativa de lançar uma nova luz sobre o Concílio. Eu não sei se devemos dizer uma tentativa de salvar o Concílio, como seria a minha forma de ver; mas em todo caso, existe uma vontade positiva de colocar uma barreira para parar uma interpretação, um entendimento do Concílio que agora tornou-se a apresentação usual do Concílio por anos. Nós vemos muito, muito claramente que o Papa, sob o abrigo de palavras delicadas, está se distanciando da apresentação comum do Concílio. Então, existe um desejo de apresentar o Concílio de outra forma, no mínimo no nível dos princípios. Eu não sei qual será o resultado final.

Jornalista: Você apresentou isso como uma ruptura também.

Bispo Fellay: Oh, sim, absolutamente, eu certamente apresentei! E além, se você estudar esse discurso com atenção, você verá que o Santo Padre concede, no entanto, que existiu uma ruptura, talvez não em conteúdo, mas certamente na forma em que isso foi apresentado e implementado. Isso é o que ele diz quando tenta mostrar que não existiria descontinuidade no plano dos princípios, princípios que ele afirma não serem aparentes; então ele fala também de continuidade na descontinuidade… Penso que teremos aí um muito, muito interessante assunto para discussão.

Jornalista: Esse discurso particularmente lhe faz regozijar ou você…

Bispo Fellay: Sua clareza, sua precisão e também sua vontade de eliminar um certo número de posições que estavam realmente nos causando problemas na Igreja, tudo isso me fez regozijar; mas penso que não se vai longe suficiente. É totalmente claro que ele está abrindo um novo panorama. Quão amplo ele será? Não sei.

 

Jovem Africana engatinha 2,5 milhas para assistir Missa Dominical.

Notícia de Catholic News Agency:

 

.- As Pequenas Irmãs do Idoso Abandonado (Moçambique) receberam em sua casa essa semana uma jovem Africana de 25 anos chamada Olivia, que apesar de não ser batizada na época e não ter nenhuma perna, engatinhava 2,5 milhas todos os domingos para assistir Missa.

Conforme a agência de notícias AVAN, as irmãs disseram que um dia viram “algo se movendo no chão ao longe”, e quando se aproximaram viram, “para nossa surpresa que era uma jovem mulher”.

“Conseguimos conversar com ela através de uma senhora que estava andando e que traduzia para Português o que ela estava nos dizendo” em seu dialeto, disseram.

As irmãs disseram que apesar “da terra do caminho queimar as palmas de suas mãos durante os dias mais quentes do ano”, a jovem mulher rastejava até a Missa, “dando testemunho de perseverança e de fé heróica”.

A jovem mulher recebeu a preparação para o batismo de um catequista que periodicamente a visitava em casa. Depois de ter sido recentemente batizada, um dos benfeitores das irmãs doou uma cadeira de rodas para Olivia.

Padre Pio, a missa tradicional e o Vaticano II

O biógrafo de Padre Pio, Antonio Pandiscia, em excelente entrevista concedida a Bruno Volpe, afirmou:

Padre Pio pediu uma dispensa que lhe foi concedida. Não foi por razões de rebelião ao Vaticano II. Padre Pio fez da obediência sua bandeira e portanto um ato de hostilidade de sua parte não era imaginável, ainda que alguns aspectos do Vaticano II lhe deixassem frio e perplexo. […] Sabia ler e falar bem o latim, em poucas palavras Padre Pio preferia o rito antigo. Não por motivos de prepotência ou arrogância, mas porque considerava que a sagrada tradição da Igreja devia ser cuidada e protegida.

O parecer de Yves Chiron sobre a conversão de Irmão Roger

Numa publicação de hoje, um dos articulistas do Rorate-Caeli, Carlos Antonio Palad, comenta um artigo de Yves Chiron (que nosso blog já havia citado nessa mesma polêmica) e levanta os mesmos questionamentos por nós apresentados em posts anteriores a respeito da suposta conversão do Irmão Roger Schutz, da comunidade de Taizè.

Vale relembrar: “Como comentamos anteriormente, uma suposta conspiração para ‘abafar’ a conversão de Irmão Roger só poderia alcançar algum sucesso se o próprio Irmão Roger consentisse em ser partícipe dessa farsa. Pois nada o impediria, se realmente desejasse, de procurar os meios de comunicação — que certamente dariam muito espaço — para divulgar sua conversão.”

Esperamos realmente que, apesar dessa péssima investida para esconder uma conversão que abalaria a ideologia ecumenista, a conversão de Irmão Roger tenha sido sincera. Et Fidelium animae per Dei misericordiam requiescant in pace.

A conversão do Irmão Roger de Taizè?

Em conexão com a recente postagem sobre a afiliação eclesiástica de Irmão Roger, alguém lembrou-me de um artigo que apareceu em The Remnant em 2006.
O artigo foi escrito por Yves Chiron e traduzido por Michael Matt, e afirma que Irmão Roger, de fato, foi formalmente recebido na Igreja Católica (via uma profissão de fé Católica) já em 1972. Conforme Chiron, Irmão Roger e seu próximo colaborador Max Thurian foram recebidos ao mesmo tempo. Max Thurian foi depois ordenado padre Católico e feito membro da Comissão Teológica Internacional.
Ao contrário da conversão de Max Thurian — que tornou-se de conhecimento público quando sua ordenação ao sacerdócio foi anunciada — a alegada conversão de Roger Schutz foi mantida em segredo até sua morte. Enquanto Roger Schutz afirma nunca ter rompido comunhão com ninguém, ele aparentemente parou com suas funções como pastor Calvinista e não mais presidia serviços Protestantes.
Se isso é verdade, menos sérias, mas ainda importantes questões surgem: por que o Cardeal Kasper recusou definir  a conversão do Irmão Roger como foi: uma conversão? E por que essa conversão foi mantida em segredo? Certamente um verdadeiro convertido ao Catolicismo deveria se envergonhar por  confessar sua fé? Pode-se apenas imaginar o grande número de convertidos que seriam levados à fé pelo exemplo de Irmão Roger se isso não houvesse sido escondido?

Chiron relata:

“No início de 1969, a Comunidade de Taizè recebia ‘irmãos’ católicos e depois, em 1971, um acordo foi feito para instituir uma  ‘representação’ da Comunidade de Taizè junto à Santa Sé. A ‘representação’ tinha como missão ‘negociar questões entre Taizè e a Igreja Católica em harmonia com o pensamento do Santo Padre; promover maior colaboração nas atividades ecumênicas entre Taizè e a Igreja Católica; encorajar o estabelecimento de relações orgânicas entre elas’.
Esse acordo, feito público na época (L’Osservatore Romano, 9-10 de agosto de 1971), preparou o caminho para a passagem à Igreja Católica dos dois fundadores da Taizè, Roger Schutz e Max Thurian. A ‘passagem’, essa conversão, ocorreu em 1972, na capela do Bispo de Autun, a diocese onde Taizè está localizada. Houve uma profissão de Fé Católica e então a Comunhão foi dada por Mons. Le Bourgeois. Nenhum certificado escrito resta, ao que parece, do evento, mas Irmão Roger deu testemunho oral disso e de sua adesão à Fé Católica ao sucessor de Mons. Le Bourgeois, Mons. Séguy. Mais tarde, práticas Católicas como a adoração Eucarística e o Sacramento da Confissão foram estabelecidos na comunidade da Taizè. Roger Schutz, tendo tornado-se Católico, evidentemente não mais celebrava os serviços Protestantes em Taizè ou em qualquer outro lugar e, já que ele não se tornou padre, recebia a Santa Comunhão apenas de um Padre Católico. ‘No que concerne o ministério do Papa, declarou e escreveu que a unidade dos Cristãos tem seu centro no pastor da Igreja de Cristo, que é o Bispo de Roma’.
Irmão Roger gostava de dizer: ‘Encontrei minha própria identidade Cristão ao reconciliar em mim mesmo a fé do meu passado com o mistério da Fé Católica, sem ruptura de comunhão com ninguém’ (de uma alocação do Papa João Paulo II em 1980, na época de seu encontro  com a Juventude Européia em Roma).  A expressão, repetida novamente em seu último livro (Deus apenas pode dar amor), pode ser julgada como muito insatisfatória, pois não diz nada sobre as retratações necessárias para uma conversão. Mas Irmão Roger não era um teólogo.

É verdade que o segredo de sua conversão não tem a clareza e a solenidade de uma abjuração. Mas quem ousa duvidar de sua sinceridade? Cardeal Ratzinger, dando a ele a comunhão em abril de 2005, certamente agiu com pleno conhecimento dos fatos. E é falta de modos acusá-lo ainda hoje de ter “dado comunhão a um Protestante”.

Nº 2 da FSSPX confirma reação positiva de Roma à resposta ao ‘ultimato’

Padre Nicholas Pfluger

O Padre Nicholas Pfluger, Primeiro-Assistente da Fraternidade Sacerdotal São Pio X,  num discurso em Veneta, Oregon, EUA, no último dia 20, afirmou que:

E, de fato, depois dessa carta [a resposta da FSSPX ao “ultimato”] ao Papa, no dia seguinte o Cardeal [Castrillon Hoyos] enviou uma carta e ele disse : ‘Estou contente com essa carta. É o que eu queria de vocês, e assim nós podemos continuar nossos contatos

O discurso pode ser visto aqui

Pio XII e os problemas modernos (I): O papel dos leigos no apostolado

Costuma-se dizer com freqüência que, durante os quatro últimos séculos, a Igreja foi exclusivamente “clerical”, por reação contra a crise que, no século XVI, pretendera chegar à abolição pura e simples da Hierarquia e, a propósito, insinua-se que está em tempo de ampliar ela os seus quadros. Semelhante julgamento está de tal modo longe da realidade quando foi precisamente desde o santo Concílio de Trento que o laicato tomou posição e progrediu na atividade apostólica. […]

Poder-se-ia afirmar que todos são igualmente chamados ao apostolado na acepção estrita da palavra? Deus não deu para tanto a todos nem a possibilidade, nem as aptidões. Não se pode exigir que se encarregue de obras desse apostolado a esposa, a mãe, que educa cristãmente os filhos, e que deve além do mais trabalhar em casa para ajudar o marido a sustentar os seus. A vocação de apóstolos não se destina portanto a todos.

[…] não deve ela [a obra de apostolado] conduzir a um exclusivismo mesquinho, ao que o Apóstolo chamava “explorare libertatem“: “espreitar a liberdade” (Gal 2, 4). No quadro de vossa organização, deixai a cada um grande amplitude para desenvolver suas qualidades e dons pessoais em tudo o que pode servir ao bem e à edificação: “in bonum et aedificationem” (Rom 15, 2) e regozijai-vos quando fora de vossas fileiras virdes outros, “conduzidos pelo espírito de Deus” (Gal 5, 18), conquistar seus irmãos para Cristo. […]

É fora de dúvida que o apostolado dos leigos está subordinado à Hierarquia Eclesiástica; esta é de instituição divina; não é portanto possível independer dela. Pensar de outro modo seria solapar pela base a rocha sobre a qual o próprio Cristo edificou a sua Igreja. […] De maneira geral, no trabalho apostólico é de desejar que a mais cordial harmonia reine entre Sacerdotes e leigos. O apostolado de uns não é concorrência ao de outros. […] O apelo ao concurso dos leigos não é devido à fraqueza ou ao revés do Clero em face de sua tarefa presente. Que tenha havido fraquejamentos individuais, é a inevitável miséria da natureza humana, e coisa que se encontra por toda parte, mas, para falar de modo geral, o Padre tem olhos tão bons quanto o leigo para discernir os sinais do tempos, e não tem o ouvido menos sensível para auscultar o coração humano. O leigo é chamado ao apostolado como colaborador do Padre, freqüentemente colaborador muito precioso, e mesmo necessário em virtude da falta de Clero, muito pouco numeroso, dizíamos, para ser apto a satisfazer sozinho sua missão.

(Pio XII, Discurso ao Congresso Mundial do Apostolado Leigo de 1951)

O milagre de Saint Nicholas du Chardonnet (V)

Para melhor compreensão, leia também os artigos anteriores da série sobre a tomada da Igreja de Saint Nicholas du Chardonnet.

Mas a polícia e o judiciário deixaram bem claro que estão relutantes em tomar qualquer ação direta. Monsieur Jean Guitton, um proeminente escritor católico, membro da Academia Francesa e amigo íntimo do Papa Paulo VI, foi apontado como mediador. Mas os tradicionalistas não sairão ao menos que se lhes ofereça uma igreja própria. Após oito anos de exílio, eles estão determinados a rezar em igrejas de agora em diante. Se forem expulsos, simplesmente ocuparão outra igreja, e o processo legal terá que começar novamente – a Catedral de Notre Dame foi mencionada.

Porta lateral da Igreja de Saint Nicholas du Chardonnet

Asseguraram-me que, se eu quisesse experimentar a verdadeira atmosfera de uma paróquia tradicionalista, eu deveria ir à noite – o que explica o motivo de, às 6:15 PM, eu sair da estação de metrô Maubert-Mutalité para ouvir os sinos de Saint Nicholas chamando os fiéis para rezar. Mesmo em dias de semana há missa às 8, 12, 17 horas (seguida de Vésperas e Benção) e 18:30. Entrei na igreja durante a Benção bem em tempo de ouvir o Papa Paulo VI ser rezado pelo nome. Isso também foi feito durante as celebrações de Sexta-feira Santa em Ecône, onde estive quatro dias antes. Um coral verdadeiramente maravilhoso estava cantando – descobri depois que eles se reuniram espontaneamente; eles cantam nas Vésperas, Benção e na Missa todos os dias e aos domingos em várias Missas. Toda noite seus membros ficam até tarde a praticar e expandir seu repertório já impressionante – o aspecto mais marcante do coral (além de seu talento) é a sua juventude.

A igreja suja e dilapidada que existia antes da ocupação foi transformada – com amor e a fundo. A igreja foi lavada e estátuas de mármore que aparentavam quase pretas de imundice estão agora positivamente resplandecendo de brancura. Há flores em todas as capelas laterais, velas queimando diante das imagens, o altar-mor em particular está incandescente com velas e quase encoberto de flores. O altar-mor em todas as igrejas é o símbolo de Cristo, e nessa Semana Santa é o mais dramático símbolo da ressurreição da fé da Igreja de Cristo em Saint Nicholas. O altar parecia realmente estar morto, abandonado para sempre, a nunca ser usado novamente, e aqui estava ele, triunfantemente ressuscitado, radiante de luz e alegria Pascal – com a mesa  Cranmeriana [ndt: referência ao Arcebispo Cranmer, idealizador da reforma litúrgica na Inglaterra após o cisma de Henrique VIII] e seu palanque colocados de lado, competentemente simbolizando a derrota da Igreja Conciliar.

A missa começou. Foi celebrada pelo próprio Mons. Ducaud-Bourget. Cantada, e belamente cantada. No Sanctus, em particular, o eterno canto preencheu e ecoou pelos arcos dessa antiga igreja, como fizera por séculos. O Concílio podia nunca ter ocorrido.

Uma senhora andava, de capela em capela, regando os vasos de flores com amável cuidado. A todo segundo um indivíduo ou um grupo de pessoas vinha até a igreja. Alguns ficavam para a missa, outros apenas rezavam por alguns momentos antes de sair. Muitos eram jovens, mas alguns eram velhos – e quão felizes essas pessoas velhas eram. Aqui estava a fé em que foram educados a conhecer e a amar; aqui estavam suas devoções tradicionais inteiramente intocadas. Dentro da igreja de Saint Nicholas du Chardonnet é como se o tempo permanecesse ainda em 1962.

Um grupo de seminaristas de Ecône entrou por alguns minutos. Eles deixaram o seminário para sua folga de Páscoa. Eram um lembrete encorajador de que o ressurgimento tradicionalista na França não é um fenômeno temporário dependente de alguns poucos padres velhos. Para cada padre velho que permaneceu fiel à Missa de sua ordenação existia um jovem padre ou um seminarista pronto para juntar-se a ele, e eventualmente substituí-lo. E para cada pessoa velha que claramente tem Saint Nicholas como o céu na terra existe um jovem que descobriu o que a fé Católica foi um dia, e não está determinado a aceitá-la de outra forma.

Fiéis rezam na Igreja de Saint Nicholas

E o milagre de Saint Nicholas du Chardonnet – ele continuará? “Reze por nós. Reze por nós para que isso continue”, disse uma senhora, agarrando meu braço em seu fervor. “Peça a todos que rezem por nós”.

Como uma nota de rodapé irônica nessa reportagem, e um sinal significante dos tempos em que vivemos, descobri ao ler a edição de 9 de abril do The Tablet, após meu retorno a Londres, que o Cardeal Marty convidou todo Anglicano que estiver visitando a França para receber a Santa Comunhão nas igrejas Católicas se eles não puderem recebê-la numa igreja Anglicana. Parece que o Cardeal Arcebispo de Paris precisa de nossas orações muito mais que os tradicionalistas membros de seu rebanho.

Continua.

Se Irmão Roger pode, por que nós não?

É a pergunta que farão outros protestantes, como bem notou um dos editores de Rorate-Caeli, Carlos Antonio Palad.

Publicamos logo abaixo o artigo de um de nossos vaticanistas preferidos, Sandro Magister, sobre a polêmica entrevista do Cardeal Walter Kasper [que também segue na íntegra] ao L’Osservatore Romano, tratando do Irmão Roger, ex-prior de Taizè.

É interessante notar como certos neo-conservadores não podem sequer conceber a possibilidade de um erro das autoridades ao administrar a comunhão ao Irmão Roger, levantando algumas suspeitas mirabolantes sobre sua conversão. Sobre essa insistente insinuação de que Irmão Roger converteu-se (falando alguns em “conversão secreta”), não podemos deixar de citar o próprio Cardeal:

“[…] sería preferible no aplicar a su persona categorías que él mismo juzgaba inapropiadas para su experiencia y que además la Iglesia Católica no ha querido nunca imponerle. Incluso en esto, las palabras del propio hermano Roger deberían bastarnos.”

Conversão: algo que o próprio Irmão julgava inapropriado e que a Igreja Católica nunca quis impor. Mas certas pessoas querem…

Algo que merece ser observado na entrevista do purpurado: segundo o Cardeal Kasper, a amizade do Irmão Roger com os Papas pós-conciliares “[…] viene del Espíritu Santo que es coherente en lo que inspira en el mismo momento a diferentes personas, por el bien de la Iglesia única de Cristo. Cuando habla el Espíritu Santo, todos comprenden el mismo mensaje, cada uno en su propia lengua.”

Comentário dúbio que não poderia ser mais infeliz! Afinal, a língüa humana não era para eles, pessoas cultas e poliglotas, problema algum. O Cardeal dá a entender que o Espírito Santo comunica tanto a Irmão Roger e aos Papas, protestantes e católicos, a mesma mensagem; entretanto, a cada um o Espírito Santo fala em sua própria lingüa, isto é, adaptando-se às limitações doutrinárias de cada denominação. As verdades de Fé, portanto, são meras expressões da experiência, do sentimento religioso que é interno, inefável.

Se formos levar esse argumento às últimas conseqüências, considerando que São Paulo ensina que “já não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo” (Gl 3, 28), podemos concluir que todos, protestantes e católicos, são um só em Cristo e que todas as divergências são problemas de lingüagem que o Espírito Santo se incumbe de resolver!

Doutrina modernista, condenada pelo Magistério Infalível da Igreja.

Como comentamos anteriormente, uma suposta conspiração para ‘abafar’ a conversão de Irmão Roger só poderia alcançar algum sucesso se o próprio Irmão Roger consentisse em ser partícipe dessa farsa. Pois nada o impediria, se realmente desejasse, de procurar os meios de comunicação — que certamente dariam muito espaço — para divulgar sua conversão.

Mas para isso seria necessário romper com a heresia ecumenista e dar-lhe um golpe fatal, que certamente arruinaria a comunidade de Taizè e todo o movimento ecumênico. E nesse caso, talvez o respeito humano e a ideologia ecumênica tenham falado mais alto…

Pois Irmão Roger preferiu aderir ao catolicismo, sem romper com ninguém.

¿El fundador de Taizé era protestante o católico? Un cardenal resuelve el enigma

El Padre Roger Schutz fue las dos cosas. Se adhirió a la Iglesia de Roma permaneciendo pastor calvinista. Wojtyla y Ratzinger le dieron la comunión. El cardenal Kasper explica cómo y por qué

por Sandro Magister

ROMA, 25 de agosto del 2008 – En una entrevista publicada en “L’Osservatore Romano” el día de la Asunción de la Virgen María, el cardenal Walter Kasper, presidente del pontificio consejo para la promoción de la unidad de los cristianos, ha resuelto un enigma relacionado al fundador de la comunidad ecuménica multiconfesional de Taizé, el padre Roger Schutz (en la foto).

El enigma se refería a la relación de Schutz con la Iglesia católica. Schutz era pastor protestante, de tradición reformada y de matriz calvinista. Después de su muerte – ocurrida a la edad de 90 años a manos de una desequilibrada el 16 de agosto del 2005, durante la plegaria de la noche en presencia de 2500 fieles – la comunidad de Taizé desmintió que él se hubiese convertido al catolicismo de manera secreta. Pero como respaldando conversión había diferentes factores: Schutz había recibido varias veces la comunión eucarística de mano de Juan Pablo II; comulgaba cada mañana en la iglesia de Taizé, en la misa celebrada en rito católico; y en fin, el mismo cardenal Joseph Ratzinger le había dado la comunión, en la plaza San Pedro, en la misa de los funerales del Papa Karol Wojtyla.

Hecho Papa, con el nombre de Benedicto XVI, Ratzinger comentó con palabras sentidas – el 19 de agosto del 2005 en Colonia, reunido con representantes de las Iglesias y comunidades cristianas no católicas – la muerte de Schutz ocurrida tres días antes en Taizé. Lo señaló como ejemplo luminoso de “ecumenismo interior y espiritual”, hecho sobre todo de oración. Recordó haber tenido con él “una relación cordial de amistad” y haber recibido precisamente en el día de su muerte una carta suya de adhesión a él como Papa.

Benedicto XVI también mantiene una excelente relación con el sucesor de Schutz, el Hermano Alois Leser, 54 años, alemán, católico. Lo recibe en audiencia privada al menos una vez al año. La firma del Hermano Alois aparece frecuentemente en “L’Osservatore Romano”, cuyo director, Giovanni Maria Vian, es también desde hace muchos años un gran estimador de la comunidad de Taizé.

‘Pero cómo es que Kasper resuelve el enigma? Él niega que el Padre Schutz se haya “formalmente” adherido a la Iglesia católica. Menos aún que haya abandonado el protestantismo en el cual nació. Afirma en cambio que él “enriqueció” progresivamente su fe con los baluartes de la fe católica, en particular el rol de María en la historia de la salvación, la presencia real de Cristo en la eucaristía y el “misterio de la unidad ejercitado por el obispo de Roma”. En respuesta a esto, la Iglesia católica aceptó que él comulgase.

Según las palabras de Kasper, es como si entre Schutz y la Iglesia de Roma hubiera existido un pacto no escrito, “yendo más allá de ciertos límites confesionales” y canónicos.

Dejemos al cardenal la explicación precisa del ecumenismo “espiritual” representado por el padre Schutz. El cual, una vez dijo de sí mismo: “He encontrado mi identidad de cristiano reconciliando en mí mismo la fe de mis orígenes con el misterio de la fe católica, sin ruptura de comunión con ninguno”.

Aquí el texto completo de la entrevista, publicada en “L’Osservatore Romano” del 15 de agosto del 2008:

Roger Schutz, el monje símbolo del ecumenismo espiritual

Entrevista con Walter Kasper

D. – Han pasado tres años desde el fallecimiento trágico del hermano Roger, el fundador de Taizé. Usted mismo fue a presidir sus exequias. ‘Quién era para usted?

R. – Su muerte me conmocionó mucho. Estaba en Colonia por la Jornada Mundial de de Juventud cuando nos enteramos del fallecimiento del hermano Roger, víctima de un acto violento. Su muerte me recordaba las palabras del profeta Isaías sobre el Servidor del Señor: «Maltratado, se humilla, no abre la boca, como un cordero llevado al matadero, como una oveja ante los que la esquilan» (Is. 53,7). Durante toda su vida, el hermano Roger siguió el camino del Cordero: por su dulzura y su humildad, por su rechazo a todo acto de grandeza, por su decisión de no hablar mal de nadie, por su deseo de llevar en su propio corazón el dolor y las esperanzas de la humanidad. Pocas personas de nuestra generación han encarnado con tanta transparencia el rostro humilde de Jesucristo. En una época turbulenta para la Iglesia y para la fe cristiana, el hermano Roger era una fuente de esperanza reconocida por muchos, incluido yo mismo. Como profesor de teología y después como Obispo de Rottenburg-Stuttgart, siempre animé a los jóvenes a pasar unos días en Taizé durante el verano. Veía cómo esa estancia cerca del hermano Roger y de la Comunidad les ayudaba a conocer mejor y a vivir la Palabra de Dios, con alegría y simplicidad. Todo esto lo sentí más cuando presidí la liturgia de su funeral en la gran iglesia de la Reconciliación en Taizé.

D. – ‘Cuál es, bajo su punto de vista, la contribución propia del hermano Roger y de la Comunidad de Taizé al ecumenismo?

R. – La unidad de los cristianos era verdaderamente uno de los deseos más profundos del prior de Taizé, igual que la división de los cristianos fue para él una auténtica fuente de dolor y de tristeza. El hermano Roger era un hombre de comunión, que no llevaba bien ninguna forma de antagonismo o de rivalidad entre personas o comunidades. Cuando hablaba de la unidad de los cristianos y de sus encuentros con representantes de diferentes tradiciones cristianas, su mirada y su voz mostraban con qué intensidad de caridad y de esperanza deseaba que “todos sean uno”. La búsqueda de la unidad era para él como un hilo conductor hasta las decisiones más concretas de cada día: acoger con alegría toda acción que pueda acercar a los cristianos de tradiciones distintas, evitar toda palabra o gesto que pudiera retrasar su reconciliación. Practicaba este discernimiento con una atención que rozaba la meticulosidad. En esta búsqueda de la unidad, sin embargo, el hermano Roger no tenía prisa ni estaba nervioso. Conocía la paciencia de Dios en la historia de la salvación y la historia de la Iglesia. Nunca hubiera realizado actos inaceptables para las Iglesias, nunca hubiera invitado a los jóvenes a separarse de sus pastores. Más que el desarrollo rápido del movimiento ecuménico, buscaba su profundidad. Estaba convencido que sólo un ecumenismo alimentado por la palabra de Dios, la celebración de la Eucaristía, la oración y la contemplación sería capaz de reunir a los cristianos en la unidad deseada por Jesús. En este ámbito del ecumenismo espiritual es donde me gustaría colocar la importante contribución del hermano Roger y de la Comunidad de Taizé.

D. – El hermano Roger describió a menudo su evolución ecuménica como una « reconciliación interior de la fe de sus orígenes con el misterio de la fe católica, sin ruptura de comunión con nadie » Ese recorrido no se enmarca en las categorías habituales. Tras su muerte, la comunidad de Taizé ha desmentido los rumores de una conversión secreta al catolicismo. Esos rumores nacieron, entre otras cosas, porque se le vio comulgar a manos del Cardenal Ratzinger durante las exequias del Papa Juan Pablo II. ‘Qué le parece la afirmación según la cual el hermano Roger se habría vuelto “formalmente” católico?

R. – Viniendo de una familia protestante, el hermano Roger había realizado estudios de teología y se había ordenado pastor en esta misma tradición protestante. Cuando hablaba de la «fe de sus orígenes» se refería a ese bello conjunto de catequesis, devoción, formación teológica y testimonio cristiano recibidos en la tradición protestante. Compartía ese patrimonio con todos sus hermanos y hermanas de adhesión protestante, con los que siempre se ha sentido profundamente unido. Desde sus primeros años de pastor, sin embargo, el hermano Roger buscó igualmente alimentar su fe y su vida espiritual con las fuentes de otras tradiciones cristianas, cruzando así ciertos límites confesionales. Decía ya mucho de esta búsqueda su deseo de seguir una vocación monástica y fundar, con esta intención, una nueva comunidad monástica con Cristianos de la Reforma.

A lo largo de los años, la fe del prior de Taizé se fue enriqueciendo progresivamente del patrimonio de fe de la Iglesia Católica. Según su propio testimonio, entendía algunos aspectos de la fe mediante el misterio de la fe católica, como el papel de la Virgen María en la historia de la salvación, la presencia real de Cristo en los dones eucarísticos y el ministerio apostólico en la Iglesia, incluido el ministerio de unidad ejercido por el Obispo de Roma. Como respuesta, la Iglesia Católica había aceptado que comulgara en la eucaristía, como hacía cada mañana en la gran iglesia de Taizé. Igualmente, el hermano Roger recibió la comunión en múltiples ocasiones de manos del Papa Juan Pablo II, al que le unía una amistad desde los tiempos del Concilio Vaticano II, y que conocía bien su evolución en la fe católica. En este sentido no había nada secreto o escondido en la actitud de la Iglesia Católica, ni en Taizé ni en Roma. En el momento de los funerales del Papa Juan Pablo II, el Cardenal Ratzinger no hizo más que repetir lo que ya se hacía antes en la Basílica de San Pedro en la época del difunto Papa. No había nada nuevo o premeditado en el gesto del Cardenal.

En una alocución al Papa Juan Pablo II, en la Basílica de San Pedro, durante el Encuentro Europeo de Jóvenes en Roma de 1980, el prior de Taizé describió su propia evolución y su identidad de cristiano con estas palabras: «Encontré mi propia identidad cristiana reconciliando en mi mismo la fe de mis orígenes con el misterio de la fe católica, sin ruptura de comunión con nadie». En efecto, el hermano Roger nunca había querido romper con «nadie», por razones que estaban esencialmente ligadas a su propio deseo de unión y a la vocación ecuménica de la Comunidad de Taizé. Por esta razón, prefería no utilizar ciertos términos como «conversión» o adhesión «formal» para calificar su comunión con la Iglesia Católica. En su conciencia, había entrado en el misterio de la fe católica como alguien que crece, sin deber «abandonar» o «romper» con lo que había recibido o vivido antes. Se podría hablar mucho del sentido de ciertos términos teológicos o canónicos. Sin embargo, por respeto a la evolución en la fe del hermano Roger, sería preferible no aplicar a su persona categorías que él mismo juzgaba inapropiadas para su experiencia y que además la Iglesia Católica no ha querido nunca imponerle. Incluso en esto, las palabras del propio hermano Roger deberían bastarnos.

D. – ‘Ve usted vínculos entre la vocación ecuménica de Taizé y el peregrinaje de decenas de miles de jóvenes a ese pequeño pueblo de Borgoña? En su opinión, ‘son los jóvenes sensibles a la unidad visible de los cristianos?

R. – En mi opinión, el hecho de que cada año miles de jóvenes encuentren todavía el camino a la pequeña colina de Taizé es verdaderamente un don del Espíritu Santo a la Iglesia de hoy. Para muchos de ellos, Taizé representa el primer y principal lugar donde pueden encontrar jóvenes de otras Iglesias y Comunidades eclesiales. Me siento feliz de ver que los jóvenes que llenan cada verano las tiendas y las carpas de Taizé vienen de distintos países de Europa occidental y oriental, algunos de otros continentes, que pertenecen a diferentes comunidades de tradición protestante, católica u ortodoxa y que vienen a menudo acompañados por sus propios sacerdotes o pastores. Muchos de los jóvenes que llegan a Taizé vienen de países que han conocido la guerra civil o violentos conflictos internos, con frecuencia en un pasado todavía reciente. Otros vienen de regiones que han sufrido durante varias décadas el yugo de una ideología materialista. Además hay otros, quizá la mayoría, que viven en sociedades profundamente marcadas por la secularización y la indiferencia religiosa. En Taizé, durante los momentos de oración y de reflexión bíblica, redescubren el don de comunión y de amistad que solamente el Evangelio de Jesucristo puede ofrecer. Escuchando la Palabra de Dios, descubren también la riqueza única que les fue dada por el sacramento del bautismo. Sí, creo que muchos jóvenes se dan cuenta del verdadero desafío de la unidad de los cristianos. Saben cuánto puede pesar todavía la carga de las divisiones sobre el testimonio de los cristianos y sobre la construcción de una nueva sociedad. En Taizé encuentran una «parábola de comunidad» que ayuda a superar las fracturas del pasado y a mirar un futuro de comunión y de amistad. De vuelta a casa, esta experiencia les ayuda a crear grupos de oración y de encuentro en su propio contexto de vida, para alimentar ese deseo de unidad.

D. – Antes de presidir el Consejo Pontificio para la Promoción de la Unidad de los Cristianos, ha sido Obispo de Rottenburg-Stuttgart y, como tal, acogió en 1996 un Encuentro Europeo de Jóvenes organizado por la Comunidad de Taizé. ‘Qué aportan estos encuentros de jóvenes a la vida de las Iglesias?

R. – Ese encuentro fue, efectivamente, un momento de gran alegría y profundidad espiritual para la Diócesis y sobre todo para las parroquias que acogieron a los jóvenes provenientes de diferentes países. Estos encuentros me parecen tremendamente importantes para la vida de la Iglesia. Muchos jóvenes, como le decía, viven en sociedades secularizadas. Les resulta difícil encontrar compañeros de camino en la fe y la vida cristiana. Son pocos los espacios para profundizar y celebrar la fe, con alegría y serenidad. Las Iglesias locales tienen a veces dificultades para acompañarles adecuadamente en su crecimiento espiritual. Por ello, los grandes encuentros como los organizados por la Comunidad de Taizé responden a una verdadera necesidad pastoral. Es cierto que la vida cristiana tiene necesidad de silencio y de soledad, como decía Jesús «Cierra la puerta y dirige la oración a tu Padre, que habita en lo secreto» (Mt 6,6). Pero también tiene necesidad de compartir, de encuentro, de intercambio. La vida cristiana no se vive en aislamiento, al contrario. A través del bautismo, pertenecemos al mismo y único cuerpo de Cristo resucitado. El Espíritu es el alma y el aliento que anima ese cuerpo, que le hace crecer en santidad. Por otra parte, los Evangelios hablan con frecuencia de una gran multitud que venía, a menudo, desde muy lejos para ver y escuchar a Jesús y para ser curados por él. Hoy los grandes encuentros se inscriben en esta misma dinámica. Permiten a los jóvenes comprender mejor el misterio de la Iglesia como comunión, escuchar juntos la palabra de Jesús y confiar en él.

D. – El Papa Juan XXIII denominó a Taizé como una «pequeña primavera». Por su parte, el hermano Roger decía que el Papa Juan XXIII era el hombre que más le había marcado. En su opinión, ‘por qué el Papa que tuvo la intuición del Concilio Vaticano II y el fundador de Taizé se apreciaban tanto?

R. – Cada vez que me encontraba con el hermano Roger, me hablaba mucho de su amistad con el Papa Juan XXIII primero, y después con el Papa Pablo VI y el Papa Juan Pablo II. Me contaba, siempre con gratitud y con una gran alegría, los numerosos encuentros y conversaciones que había tenido con ellos a lo largo de los años. Por un lado, el prior de Taizé se sentía muy cercano de los Obispos de Roma en su preocupación por conducir la Iglesia de Cristo por las vías de la renovación espiritual, de la unidad de los cristianos, del servicio a los pobres, del testimonio del Evangelio. Por el otro, se sentía profundamente comprendido y apoyado por ellos en su propio desarrollo espiritual y en la orientación que tomaba la joven Comunidad de Taizé. La conciencia de actuar en armonía con el pensamiento del Obispo de Roma era para él como una brújula en todas sus acciones. Nunca hubiera tomado una iniciativa que supiera que sería contraria al criterio o a la voluntad del Obispo de Roma. Además, la misma relación de confianza continúa hoy con el Papa Benedicto XVI que pronunció palabras muy emotivas por la muerte del fundador de Taizé, y que recibe cada año al hermano Alois en audiencia privada. ‘De donde venía esa estima recíproca entre el hermano Roger y los Obispos sucesivos de Roma? Sin duda, tiene su raíz en lo humano, en las ricas personalidades de estos hombres. En definitiva, diría que viene del Espíritu Santo que es coherente en lo que inspira en el mismo momento a diferentes personas, por el bien de la Iglesia única de Cristo. Cuando habla el Espíritu Santo, todos comprenden el mismo mensaje, cada uno en su propia lengua. El verdadero artesano de la comprensión y de la fraternidad entre discípulos de Cristo es él, el Espíritu de comunión.

D. – Usted conoce bien al hermano Alois, el sucesor del hermano Roger. ‘Cómo ve el futuro de la comunidad de Taizé?

R. – Aunque nos habíamos encontrado anteriormente, fue sobre todo después de la muerte del hermano Roger que he aprendido a conocer mejor al hermano Alois. Unos años antes, el hermano Roger me había confiado que todo estaba previsto para su sucesión el día que fuera necesario. Él estaba feliz con la perspectiva de que el hermano Alois tomara el relevo. ‘Quién habría podido imaginar que esta sucesión iba a tener que hacerse en una sola noche, tras un inconcebible acto de violencia? Lo que me sorprende desde entonces es la absoluta continuidad en la vida de la Comunidad de Taizé y en la acogida a los jóvenes. La liturgia, la oración y la hospitalidad continúan con el mismo espíritu, como un canto que nunca se ha interrumpido. Lo que dice mucho, no solamente de la persona del nuevo prior sino también, y sobre todo, de la madurez humana y espiritual de toda la Comunidad de Taizé. La que ha heredado el carisma del hermano Roger es la Comunidad en su conjunto, que sigue viviéndolo e irradiándolo. Conociendo a las personas, tengo plena confianza en el futuro de la Comunidad de Taizé y en su compromiso con la unidad de los cristianos. Esta confianza me viene igualmente del Espíritu Santo, que no suscita carismas para abandonarlos a la primera ocasión. El Espíritu de Dios, que es siempre nuevo, trabaja en la continuidad de una vocación y de una misión. Él es el que va a ayudar a la Comunidad a desarrollar su vocación, en fidelidad al ejemplo que el hermano Roger le dejó. Las generaciones pasan, el carisma permanece, porque es don y obra del Espíritu. Me gustaría terminar repitiendo al hermano Alois y a toda la Comunidad de Taizé mi gran estima por su amistad, su vida de oración y su deseo de unidad. Gracias a ellos, el dulce rostro del hermano Roger nos sigue siendo familiar.

__________

El sitio web oficial de la comunidad de Taizé, en 32 idiomas:

> Taizé

__________

Las palabras de Benedicto XVI dedicadas al padre Roger Schutz, en el discurso dirigido a representantes cristianos no católicos en Colonia el 19 de agosto del 2005:

“Yo deseo recordar al gran pionero de la unidad, el hermano Roger Schutz, asesinado de modo tan trágico. Yo lo conocía personalmente desde hace mucho tiempo y mantenía una cordial relación de amistad con él. Con frecuencia me visitaba y, como ya dije en Roma, el día en que fue asesinado recibí una carta suya que me ha conmovido mucho porque en ella subrayaba su adhesión a mi camino y me anunciaba que quería venir a encontrarse conmigo. Ahora nos visita desde lo alto y nos habla. Creo que deberíamos escucharlo, escuchar desde dentro su ecumenismo vivido espiritualmente y dejarnos llevar por su testimonio hacia un ecumenismo interiorizado y espiritualizado.

“Veo con especial optimismo el hecho de que hoy se está desarrollando una especie de ‘red’, de conexión espiritual entre católicos y cristianos de las diversas Iglesias y comunidades eclesiales: cada uno se compromete en la oración, en la revisión de la vida, en la purificación de la memoria, en la apertura a la caridad. El padre del ecumenismo espiritual, Paul Couturier, habló a este respecto de un ‘claustro invisible’, que acoge en su recinto a estas almas apasionadas de Cristo y de su Iglesia. Estoy convencido de que, si un número creciente de personas se une en su interior a la oración del Señor ‘para que todos sean uno’ (Jn 17, 21), dicha plegaria en el nombre de Jesús no caerá en el vacío”.

__________

Traducción en español de Juan Diego Muro, Lima, Perú.

__________
25.8.2008

Posts relacionados:

Ainda o Irmão Roger Schutz

Ecumenismo: reconciliar a heresia com a Igreja Católica, “sem ruptura de comunhão com ninguém”