Cinqüenta anos após as primeiras ordenações episcopais ilícitas, o governo recordou os princípios que regem a Igreja na China.
“O Vaticano não deve se intrometer nos assuntos políticos internos da China, incluindo utilizar-se da religião para fazê-lo”. Sexta-feira , 19 de Dezembro, Du Qhuinglin, diretor da Frente unida, que supervisiona os organismos da sociedade chinesa não diretamente filiados ao Partido comunista, recordou a linha oficial do governo diante da Assembléia nacional popular.
Diante de 45 bispos “oficiais” e 200 membros da comunidade católica chinesa convocados por ocasião do 50º aniversário das primeiras ordenações episcopais ilícitas (não autorizadas por Roma), ele insistiu nas condições para restabelecer o diálogo entre a Igreja católica da China e a Igreja universal: a ruptura das relações diplomáticas com Taiwan e a não ingerência nos assuntos internos da China, em particular sobre a espinhosa questão da nomeação dos bispos, informa a agência Églises d’Asie.
Se esta posição não é nova, ela surge enquanto a Santa Sé apela, há vários meses, à unidade da Igreja.
Princípios inconciliáveis com a doutrina católica
Em Junho de 2007, em sua carta aos católicos chineses, Bento XVI recordava que “os princípios da independência e da autonomia, da autogestão e da administração democrática da Igreja” (acentuados pelos estatutos da Associação patriótica dos católicos chineses criada em 1957 para pôr em prática a política de independência da Igreja da China) são “inconciliáveis com a doutrina católica”.
Em Abril, o Cardeal Tarcisio Bertone escreveu por sua vez aos bispos legítimos – “clandestinos” ou “oficiais” reconhecidos pelo papa – convidando-lhes “a agir em conjunto” para obter o direito de reunir-se como colégio episcopal. Uma carta não publicada por Roma, mas abundantemente comentada e reproduzida em sites de Internet e blogs católicos na China, sublinha Églises d’Asie, se refere à reação de um dos destinatários, um bispo que deseja manter-se anônimo e que afirma “apreciar o apelo do Cardeal Bertone em ver os bispos pedir a liberdade de se reunir sem vigilância por parte das autoridades”, mas que acrescenta “que é pouco provável que este apelo se concretize”.
A agência de informações das Missões estrangeiras de Paris conclui: “Ele mesmo, na sua diocese, encontra grandes dificuldades para obter que os seus padres uma reunião; uma reunião no âmbito nacional dos bispos católicos lhe parece ainda mais difícil de obter.”
Sophie LEBRUN