Na festa de São João Bosco: “Assim fizeram todos os Santos fundadores de Ordens”.

Caros amigos, este excelente excerto da biografia de Dom Bosco do Padre Auffray (que recebeu seu primeiro imprimatur no Brasil em 1946) nos mostra como os sofrimentos de nossos mais valorosos padres atualmente são, na realidade, graças que Nosso Senhor concede a seus mais diletos filhos. Procuremos aplicar essas palavras e o exemplo de Dom Bosco à situação atual da Igreja.

Dom BoscoFazia oito anos que vinha rezando fervorosamente para que Deus Nosso Senhor pusesse termo, não já aos seus sofrimentos, mas a uma provação que estava embaraçando a marcha de sua Congregação, desorientando as pessoas de bem e escandalizando o povo. Era um problema que se criara desde o dia em que fora nomeado para Arcebispo de Turim S. Excia. Dom Lourenço Gastaldi, bispo de Saluzzo. Tinha sido essa uma nomeação promovida pelo próprio Dom Bosco; pois o novo Arcebispo que sucedia a Mons. Riccardi de Netro, era um dos nomes que o Santo colocara na lista de quarenta candidatos que apresentara a Pio IX em 1871, a fim de prover de novos pastores as dioceses da Itália. O Papa não compartilhava da simpatia de Dom Bosco para com o bispo de Saluzzo. “Vós o desejais – teria ele dito a Dom Bosco – e o tereis”. Mas dado o conhecimento que tinha do prelado, já previa mais um trágico conflito. Dom Lourenço Gastaldi tinha sido sempre grande amigo de Dom Bosco e durante trinta anos essa amizade se manifestara com vários préstimos valiosos. […] O próprio Dom Bosco declarara que ele tinha sido um de seus melhores conselheiros. E para mostrar sua gratidão, o apóstolo se tinha empenhado em fazê-lo nomear primeiro bispo de Saluzzo e depois Arcebispo de Turim. Um só ponto negro havia naquela amizade: as idéias filosóficas do prelado. Quando era ainda cônego de Turim, Gastaldi se tinha filiado entre os primeiros discípulos do Abade Rosmini, fundador do Instituto da Caridade. Após o noviciado tinha sido mandado à Inglaterra; mas depois, voltando à Itália, tinha deixado a jovem Congregação, por motivos os mais louváveis; no entanto continuara a estudar e propagar as teorias do filósofo, teorias que iam produzindo então a mais lamentável cisão no campo católico.

Retrato de Gastaldi.

No novo Arcebispo de Turim os dotes do coração e do caráter não igualavam os altos dotes da inteligência. Era de temperamento assaz impulsivo, violento, às vezes colérico. Dificilmente tolerava que alguém pensasse de modo diverso do seu. Cioso de sua autoridade, era facilmente levado a suspeitar que alguém quisesse usurpá-la ou censurá-la.

Centralizava tudo e queria que todos dependessem dele ao mesmo tempo que se ingeria facilmente e sem ser rogado nos negócios de outrem. Além disso, era um homem que vivia muito ao sabor das impressões, fácil em ceder ao primeiro impulso e pronto a castigar. Mais de um de seus atos e mais de uma de suas decisões tiveram quase sempre estas três explicações: havia, segundo escreveu uma pessoa que o conheceu profundamente, algo de anormal em sua compleição; sofria além disse de uma afecção hepática muito forte; e, o que era pior, estava rodeado de perigosos elementos. Os três conselheiros nos quais confiava ingenuamente sua boa alma e dos quais ouvia muito freqüentemente conselhos e intrigas, eram três cônegos da Catedral, de quem preferimos não dizer coisa nenhuma. […]

Inícios da luta.

Quando Mons. Gastaldi tomou conta da Sé de São Máximo, Dom Bosco sentiu viva alegria. Mas foi uma alegria que durou pouco tempo. Apenas se passaram seis meses e já o Arcebispo mudava inesperadamente de atitude, mostrando certa frieza para com o Santo e para com sua obra. O pérfido veneno da insinuação e da calúnia que lhe tinham feito sorver gota a gota, tinha-lhe penetrado até o coração. “Mas este Dom Bosco! Sempre ele! Quando é que desistirá de abrir seminário contra seminário?… Agora se dedica à obra das vocações tardias. Mas com que finalidade? Seria muito melhor que cuidasse da educação de seus moleques. Que modos os dos seus clérigos! Jogam no meio dos meninos, deixando às vezes perceber os míseros trapos que vestem por baixo da batina!… E depois sempre com a história dos privilégios, que são como o fio que o liga diretamente a Roma! Seria curioso saber que raça de estudos eclesiásticos se fazem em Valdocco. Segundo dizem é uma coisa muito divertida!… Parece que há também um noviciado no Oratório de Dom Bosco. Engraçado! Um noviciado cujos alunos se ocupam de todos os serviços de casa e portanto não têm muito que empalidecer sobre o livro das regras. E essas regras! Dizem que é o que se pode encontrar de mais mesquinho. Basta imaginar que estes pretensos religiosos conservam a propriedade dos próprios bens!!!” E as murmurações continuavam. Seria preciso um cérebro muito sólido para resistir vitoriosamente a essa estratégia traiçoeira que ia mudando dia por dia as posições de suas baterias para sondar a praça em todos os seus pontos fracos. O Arcebispo não foi capaz de resistir. Acabou por ver as coisas através do mesmo prisma com que as viam esses senhores que o rodeavam. E assim começou a luta que devia durar dez anos. Não nos é possível contar-lhes todos os episódios; e por isso nos contentaremos de alguns principais que serão suficientes para fazer compreender ao leitor o duro Calvário que o Santo teve que escalar. É a mais heróica página de santidade de sua vida. No depoimento a respeito destes dez anos de sofrimentos indizíveis, perante a Comissão pontifícia encarregada de instruir o processo sobre as virtudes heróicas de Dom Bosco, assim concluía o Cardeal Cagliero o seu testemunho:

“Esta cruz que Deus pôs sobre os ombros de Dom Bosco não lhe arrancou jamais um lamento, um gesto de impaciência, um ato de represália. E no entanto só Deus sabe o tempo que ele perdeu em defender-se. Levou este fardo com coragem, serenidade e humildade, sem interromper nem um minuto de seu trabalho de apostolado. Esta alegria de espírito e esta inalterável união com Deus, no meio das piores provações, é a marca que distingue os Santos”.

[…]

Mas vamos finalmente conhecer os dois incidentes mais graves que alimentaram nos últimos cinco anos a desagradável divergência. Nos anos de 1878 e 1879 saíram a lume na Tipografia Bruno de Turim quatro opúsculos: Lembranças para o clero; Ensaio das doutrinas de Dom Lourenço Gastaldi; o Arcebispo de Turim; Dom Bosco e o Padre Oddenino. Eram opúsculos anônimos; porém na capa do primeiro e do segundo declarava-se que eram escritos respectivamente por “um Capelão” e por “um Cooperador Salesiano”. Todos os quatro atacavam o Arcebispo, o primeiro pelas suas injustiças para com Dom Bosco; o segundo e o terceiro pelos seus princípios rosminianos; o quarto pela parcialidade com que o Arcebispo tinha resolvido uma questão que surgira em Chiere entre o Pároco e o Diretor do Oratório Feminino. Imediatamente suspeitou-se que os autores eram Dom Bosco e seus salesianos, ao passo que eles eram absolutamente inocentes. Mais tarde, muito tarde, dezessete anos depois – em 1895 – um dos culpados revelou os nomes de três autores dos opúsculos: o primeiro tinha sido composto pelo Padre Turchi, ex-aluno e ex-professor do Oratório de Valdocco; o segundo pelo Padre Ballerini, jesuíta; o terceiro pelo Cônego Anfossi, que tinha sido clérigo no Oratório. Do quarto até hoje não se soube quem é o autor.

Obstinado em sua acusação, o Arcebispo exigia que Dom Bosco apresentasse uma declaração dizendo que condenava formalmente o conteúdo daqueles livrinhos. Mas podia Dom Bosco fazer tal declaração? As teorias filosóficas expostas em dois dos opúsculos eram muitíssimo combatidas como errôneas, e os fatos narrados nos outros dois eram autenticamente verídicos. Portanto não se podiam desdizer nem a doutrina de uns nem os fatos dos outros. Numa carta cheia de dignidade o Santo se limitou a afirmar que nem ele nem nenhum de seus filhos tinha tido parte na redação dos opúsculos e que desaprovavam energicamente o tom irreverente que usavam para com a pessoa sagrada do Arcebispo.

Dom Bosco e seus filhosMais não podia fazer. Entretanto isso não bastou para desfazer a persuasão de que ele era, senão o autor, pelo menos o inspirador dos libelos. O pretexto para tal persuasão era que certa vez Dom Bosco prestando ouvidos a uma das queixas do Padre Pellicani, da Companhia de Jesus, a respeito do modo de governar do Arcebispo, tinha achado oportuno aconselhá-lo a escrever a Pio IX sobre o assunto.

Em fins de 1878 um segundo fato veio agravar as relações entre Dom Bosco e o Arcebispo; foi o caso do Padre Bonetti. Quatro anos ia durar a questão e ia fazer sofrer atrozmente o coração do Santo e de um de seus melhores filhos, o Padre Bonetti, religioso modelo, apóstolo infatigável e escritor primoroso. Vamos aos fatos. Em 1878, no mês de junho, Dom Bosco abiu em Chieri, cidade que contava então seus 15.000 habitantes, um oratório para meninas, com capela pública. Pôs na direção do Oratório o Padre Bonetti. Dentro de brevíssimo tempo surgiram gravíssimas dificuldades entre o oratório e a paróquia. São coisas muito freqüentes na vida pastoral: de um lado a paróquia reclama suas crianças, e é uma reivindicação legítima, porque ela um dia deverá mesmo acolhê-las e no seio dela se desenrolará o resto da existência dessas almas hoje pequeninas; de outro lado, a instrução e a educação da juventude constituem uma tarefa propriamente técnica que os padres da paróquia, mesmo que tivessem preparação suficiente, não estariam em condições de acrescentar aos outros trabalhos que já têm. É portanto necessário procurar uma fórmula de mútua compreensão; e ordinariamente, se há boa vontade recíproca e se ambas as partes desejam igualmente a paz, tal fórmula não é difícil encontrar. Em Chieri, porém, não puseram todo empenho em procurá-la. O Arcipreste, Padre Oddenino, tomou posição contra a florescente obra que já contava com 500 meninas e fez compreender que com seu horário, com o barulho que fazia e com sua vida à margem da paróquia era uma concorrente desleal. O Diretor continuou a seguir seu caminho sem se perturbar com as queixas do Arcipreste; este se obstinou em considerar o Oratório como um baluarte inimigo e continuou a protestar.

Seu protesto chegou até o Arcebispo e este interveio rigorosamente. Segundo escreveu o próprio Mons. Gastaldi, a fim de prevenir todo o escândalo, o chefe da diocese julgou que não havia outro remédio senão trocar o Diretor. E para obrigar Dom Bosco a essa troca, retirou ao Padre Bonetti a faculdade de ouvir confissões, primeiro em Chieri, depois em toda a diocese. Tal suspensão foi dada autoritariamente, sem os três avisos prévios exigidos pelo Direito Canônico e sem prevenir o Superior Geral. Um sacerdote dos mais dignos era portanto assim atingido publicamente e ferido em sua honra sacerdotal sem que tivesse podido defender-se de modo nenhum.

Dom Bosco tomou então sua defesa. Levaram a questão a Roma, onde receber solução satisfatória, três anos mais tarde. O Cardeal Nina, Prefeito da Sagrada Congregação do Concílio, em carta de 22 de dezembro de 1881, reprovava em nome desse altíssimo Tribunal, o excesso de rigor do Arcebispo. Em 1883, depois da morte de Mons. Gastaldi, o Padre Bonetti readquiriu o exercício completo de sua liberdade sacerdotal. Não nos é possível entrar em pormenores desse processo interminável, do qual disse Dom Bosco: “A maior parte dos aborrecimentos que tivemos naqueles anos de 1869 a 1881 dependiam desse assunto”.

Esse conjunto de fatos prova suficientemente – como escreveu Mons. Vitelleschi, secretário da Congregação dos Bispos e Regulares – que a oposição do Arcebispo contra Dom Bosco era algo de sistemático. Quantas vezes procuraram fazê-la desaparecer! O próprio Dom Bosco por meio de pessoas amigas – o Arcipreste de Lanzo e o Conge Castagnetto – tentou solucionar amigavelmente as desavenças. Foram tentativas inúteis! Já em 1875 o próprio Santo Padre tinha pedido a Mons. Fissore, Arcebispo de Vercelli, e íntimo amigo de Gastaldi, que interpusesse seu melhor empenho, para conseguir a cessação de uma contenda que estava sendo a delícia dos inimigos da religião. Mas nem sequer a iniciativa do Sumo Pontífice pôde obter resultado. E Dom Bosco continuou a levar dolorosamente sua cruz.

Leão XIII pessoalmente tenta resolver a questão.

Mas um dia Dom Bosco não pôde tolerar mais. Soube que em Roma estava na Cúria um processo contra ele. E compreendeu que se se calasse ficariam comprometidos os interesses supremos de suas duas congregações religiosas. Por isso, servindo-se da pena do Padre Bonetti e do Padre Berto, preparou uma “Exposição aos Eminentíssimos Cardeais da Congregação do Concílio”, encarregados de informar sobre o processo. O documento – que os adversários consideraram um quinto libelo de Dom Bosco – era um relatório objetivo e desapaixonado de todas as provocações a que Dom Bosco fora submetido ano por ano, desde 1872 a 1881, nas suas relações com a Administração Diocesana. Instruiam o relatório as respectivas peças demonstrativas e no final se suplicava a autoridade eclesiástica que viesse em auxílio de Dom Bosco para impedir que se repetissem semelhantes incidentes, os quais, como bem exprimia o Santo, subtraíam ao serviço das almas tempo precioso, forças vivas e até dinheiro.

Ao ler o longo memorial, Leão XIII, que até então só tinha ouvido os sinos de um dos lados, ficou extremamente surpreendido. O vigor da linguagem desses papéis e a sinceridade que neles se percebia comoveram o coração do grande Pontífice, o qual avocou a si a causa. Contando com a humildade do Santo, ditou um projeto de acordo em sete artigos, com o que esperava pôr ponto final à questão. O Cardeal Nina, Prefeito da Congregação do Concílio, teve um sobressalto quando leu o primeiro artigo do texto que lhe foi entregue: “Ao receber estas instruções, Dom Bosco deverá escrever uma carta a Mons. Gastaldi, manifestando quanto desgosto sente pelo fato de incidentes dolorosos terem nestes últimos anos conseguido alterar suas boas relações e causar certa mágoa ao coração do Arcebispo. Se Sua Excelência julgar que Dom Bosco ou qualquer membro de seu Instituto tenha sido a causa desse fato, Dom Bosco pedirá perdão e suplicará ao Arcebispo que ponha uma pedra sobre o passado”.

— Mas esta cláusula me parece injusta, ousou comentar o Cardeal.

— Sei o que estou fazendo, respondeu Leão XIII. Conto com a virtude desse homem de Deus. Dom Bosco, nós o conhecemos, é um santo…

E o gesto do Pontífice parecia completar o pensamento dizendo: “Por amor da paz este servo bom passará sob as terríveis forcas caudinas e tudo se harmonizará”.

Quando se leu o projeto de acordo na presença do Capítulo Superior da Congregação [dos Salesianos], teve a mesma acolhida que lhe fizera o Cardeal Nina: “Não podemos aceitar, disseram todos os membros do Conselho, menos um. O primeiro artigo parece dizer que a razão não está conosco”.

— E tu, Cagliero, que achas? Disse Dom Bosco, dirigindo-se ao capitular que até então se mantivera calado…

— Penso que o Papa, precisamente porque conhece Dom Bosco, suas obras e suas virtudes, espera conseguir desse modo uma acomodação. Dá a impressão de estar impondo um peso injusto sobre os ombros de um inocente, mas faz isto para conseguir mais garantidamente o fim que deseja.

O Santo concordou com esse filho cheio de bom senso e executou escrupulosamente as instruções do documento pontifício.

Só a morte do Arcebispo põe fim a todas as questões.

E conseguiu-se mesmo a paz? E uma paz durável?… Infelizmente não! Bastou um fatozinho insignificante para que se suspeitasse de novo que Dom Bosco estava querendo usurpar a autoridade episcopal. Foi o que aconteceu por exemplo quando Dom Bosco pediu licença de benzer ele próprio a Igreja de São João Evangelista para podê-la abrir ao culto, uma vez que o Arcebispo não podia consagrá-la por se achar nos Alpes desfrutando o repouso a que sua saúde o obrigava nos meses quentes de verão. […]

Só a morte pôde resolver definitivamente a questão. E foi o que se deu um ano mais tarde, no dia 25 de março de 1883.

Um dia – em 1872 – quando o Arcebispo ainda era amigo de Dom Bosco, lhe tinha dado este conselho: “Quando em sua vida vir surgirem-lhe na frente contradições dos homens, não se impressione, pelo menos externamente; nem permita a nenhum de seus filhos, que dê mostras de ressentimento a quem quer que seja. Creia que ter paciência, rezar e humilhar-se diante de Deus e dos homens ainda é o meio melhor para superar o obstáculo. Assim fizeram todos os Santos fundadores de Ordens”.

Parece-nos que o conselho foi seguido ao pé da letra!

Dom Bosco, A. Auffray, S.D.B., 4ª edição, Tradução de Dom João Resende Costa, arcebispo de Belo Horizonte – Editorial Dom Bosco, 1969, pág. 352-362

Cardeal Re teria atacado Cardeal Castrillón pelo levantamento das excomunhões.

cardeal-reO ultra-liberal Prefeito da Congregação para os Bispos, Giovanni Batistta Re, parece estar muito preocupado quanto às circustâncias do levantamento das excomunhões dos quatro bispos de Lefebvre.

O diário italiano ‘Italia Oggi’ relata.

No Vaticano eles estão atualmente se perguntando se alguém teria criado “armadilhas escondidas” no levantamento das excomunhões pelo Papa.

A resposta a essa questão supostamente foi dada àqueles que no último Domingo sentaram num ônibus fretado pelo Vaticano.

Uma vez por ano, dois ônibus transportam prelados do Vaticano da praça São Pedro até a Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde a Festa da Conversão de São Paulo Apóstolo ocorre.

Num dos bancos da frente de um desses ônibus é que a voz do Cardeal Re foi ouvida alta e clara: “Esse Pasticción!

A expressão era uma paródia do nome do presidente da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”, Dario Cardeal Castrillón Hoyos, que estava em sua mente.

A palavra Italiana “pasticcione” significa pessoa caótica ou desmazelada.

Conforme o Prefeito da Congregação para os Bispos, as afirmações sobre a câmara de gás (que a mídia anticlerical deu muito boas-vindas) por Dom Richard Williamson, e o subseqüente festival de escândalo foi inteiramente falta do Cardeal Castrillón-Pasticción.

Ele estava com pressa para levantar as excomunhões já que ele não queria perder a oportunidade histórica de terminar o conflito com a Sociedade de São Pio X.

“Eu, também, tive apenas poucas horas para ver o documento” — disse o Cardeal Re no ônibus.

O Cardeal também parece saber a razão das ações do Cardeal Castrillón:

“Todo mundo sabe que Castrillón logo terá 80 anos e se aposentará. Se a matéria não estiver imediatamente concluída, ele não poderia mais declará-la como seu próprio trabalho”.

A ira do Cardeal Re estava aparentemente direcionada também aos autores do decreto — o presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, Dom Francesco Coccopalmerio – “que tem que se esforçar demais com a língua Italiana”.

Cardeal Re teria preferido aguardar por um mês — “e dar as notícias quando o novo estatuto para os apoiadores de Lefebvre estivesse pronto. Teria sido algo completemente  diferente e nós teriamos dado esse passo em falso”.

O Cardeal era um dos presentes quando foi levantada a questão se alguém sabia sobre a entrevista de Dom Williamson: “Mas como?” — respondeu: “Tudo isso era bem sabido pelo Castrillón-Pasticción. Mas ele provavelmente não disse nada, e certamente subestimou as conseqüências”.

Fonte: kreuz.net

Tradução da versão inglesa em Catholic Church Conservation

Rumores sobre saúde de Dom Williamson. Nossa união em orações. Rorate-Caeli desmente: Deo gratias.

De WTDPRS:

O site italiano Messa In Latino está noticiando que talvez Dom Williamson da SSPX possa estar sofrendo, mesmo morrendo, de câncer.

Entre outros, Marco Politti do La Repubblica, não dos meus favoritos mas muito bem informado, relata que Dom Negri de San Marino disse, entre outras palavras, que Williamson tem um tumor e está morrendo: “Intanto mons. Williamson è chiuso nel seminario di La Reja in Argentina. Il vescovo di San Marino mons. Luigi Negri ha dichiarato a sorpresa a Repubblica-Tv che il presule «ha un tumore e sta morendo.”

Além disso, foi reportado que o Cardeal Castrillon havia cometado sobre a saúde de Dom Williamson.

[Atualização – 30 de janeiro de 2009, às 22:53] Rorate-Caeli desmente boatos:

Vossa Excelência está vivo e bem e rumores de um tumor são uma mentira e uma muito nítida tentativa de retirar Dom Williamson da arena pública por algum tipo de comentário ou entrevista. Aqueles que se preocupam com ele o ajudarão a resistir a tais tentativas.

Carta de Dom Williamson ao Cardeal Castrillon Hoyos.

Eleison Comments LXXXIII

À Sua Eminência Cardeal Castrillón Hoyos

Vossa Eminência,

No meio dessa tempestade da mídia provocada por observações imprudentes minhas na televisão Sueca, suplico a Vós que aceiteis, apenas como é propriamente respeitoso, minhas sinceras desculpas por ter causado a Vós e ao Santo Padre tão desnecessárias aflições e problemas.

Para mim, tudo que importa é a Verdade Encarnada, e os interesses de Sua única verdadeira Igreja, através exclusivamente da qual nós podemos salvar nossas almas e dar eterna glória, de nosso pequeno modo, a Deus Onipotente. Então tenho apenas um comentãrio, do profeta Jonas, I, 12:

Tomai-me e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta terrível tempestade que vos sobreveio.

Por favor aceitai também, e conduza ao Santo Padre, meus sinceros agradecimentos pessoais pelo documento assinado na última Quarta-feira e tornado público no Sábado. Muito humildemente oferecerei uma Missa para ambos.

Sinceramente vosso em Cristo,

+Richard Williamson

Cardeal Schönborn sobre Williamson: Obviamente, ocorreu um erro neste caso. Alguém que nega o Holocausto e a Schoah não pode ser reabilitado em um ministério eclesial.

Cardeal SchönbornViena (Kath.net) Na quinta-feira à noite, o Cardeal de Viena Christoph Schönborn concedeu uma entrevista ao canal ORF ZIB 2 sobre o levantamento das excomunhões dos quatro bispos da Fraternidade. Na entrevista, ele criticou os colaboradores do Vaticano e a política de informações do Vaticano. Schönborn enfatizou que duas distinções devem ser feitas no que tange o levantamento das excomunhões, a saber: “a intenção do Papa” e a “política de informações do Vaticano”.

As palavras do cardeal foram as seguintes: “A intenção do Papa é clara. Ele deseja uma reconciliação com esse grupo, que se separou da Igreja Católica há 20 anos e que desde então vem vivendo em estado de cisma, em separação. O que ele fez, foi simplesmente estender a mão. Se essa mão será acolhida ou não, o tempo vai mostrar.”

Schönborn criticou a política de informações do Vaticano e pensou ainda: “Os quatro bispos não foram reabilitados. O levantamento das excomunhões foi um gesto unilateral de amabilidade. Porém, eles ainda não estão numa posição de destaque. Agora, eles precisam primeiramente mostrar se estão preparados para acolher a mão estendida do Papa. As informações que nos chegam até agora são insuficientes. Assim, enquanto esses quatro bispos não reconhecerem de modo totalmente claro o Concílio Vaticano II, certamente, não haverá reconciliação plena.”

O Cardeal falou o seguinte sobre o polêmico bispo Richard Williamson e suas declarações sobre o Holocausto: “Obviamente, ocorreu um erro neste caso. Alguém que nega o Holocausto e a Schoah não pode ser reabilitado em um ministério eclesial. Neste caso temos que fazer também uma crítica aos colaboradores do Vaticano, que, evidentemente, não olharam as informações de maneira atenta e suficiente ou não as examinaram adequadamente.”

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[Nota: Conforme noticiamos neste blog, o Cardeal Christoph Schönborn condecorou uma política abortista com a Ordem Pontifícia de São Gregório Magno, além de ter promovido uma missa-rock escandalosa em sua arquidiocese e permitir uma exposição blasfema do pintor comunista ateu Alfred Hrdlicka (80) no museu da Catedral de Viena, de cujo vernissage participou o próprio pároco da Catedral, Pe. Anton Faber. Jornais italianos  comentam que o Cardeal Schönborn aparece cotado para substituir o Cardeal Walter Kasper, que já teria completado a idade limite de 75 anos em março do ano passado].

Hoyos: “A plena comunhão virá”. Fellay: “caso haja separações, elas serão extremamente mínimas”.

Do sempre excelente Rorate-Caeli, excertos de duas entrevistas.

 

A primeira, do Cardeal Castrillón Hoyos:

 

“[Card. Castrillón:] A plena comunhão virá. Em nossas discussões, Dom Fellay reconheceu o Concílio Vaticano Segundo, ele o reconheceu teologicamente. Apenas poucas dificuldades permanecem… [sic]

 

Talvez sobre Nostra Aetate, a declaração que representou uma reviravolta no relacionamento com os Judeus?

 

“[Card. Castrillón:] Não, esse não é o problema. Ele envolve discutir aspectos tais como ecumenismo, liberdade de consciência… [sic]”

 

 

E outra, de Dom Bernard Fellay:

 

De quando data essa mudança em seu relacionamento com Roma?

 

Desde a ascensão do Papa atual. Primeiro evoquei a Santíssima Virgem, mas, no nível humano, não deve haver medo em atribuir a Bento XVI o que acaba de acontecer. É o começo de algo, que já começou com o Motu Proprio [Summorum Pontificum]. Penso que o Papa aprecia o trabalho que fazemos.

 

Nesse desenvolvimento, nesse movimento, alguns sustentam que você partiu muito tarde. Você acredita hoje que outros, especialmente dentro da Fraternidade de São Pio X, podem sustentar que você está partindo muito cedo?

 

Não posso excluir tudo, mas, caso haja separações, elas serão extremamente mínimas.

 

Você acredita que sua situação será primeira resolvida a nível prático?

 

Até agora, nosso itinerário foi esclarecer primeiro os problemas doutrinários – mesmo se isso não signifique resolver tudo, mas obter um esclarecimento suficiente – ou nós arriscamos a fazer as coisas incompletamente. Ou pode terminar mal.

 

Salve Bento XVI! Salve Mons. Lefèbvre!

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa
Associação Civil Santa Maria das Vitórias

A caridade não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. (I Cor, 13, 6)

Como se sabe, os modernistas têm um conceito falso de caridade. Separam o amor da verdade, a vontade da inteligência. São voluntaristas. Fanáticos. Caprichosos. Obstinados. Guiados apenas por suas paixões e preconceitos, sem a luz da razão e da fé, os modernistas costumam emitir juízos disparatados com a pretensão de justificar qualquer comportamento à margem da lei moral. Em nome da caridade defendem todos os vícios e pecados. Distorcem aquelas palavras do Apóstolo: “a caridade cobre a multidão dos pecados.”

Além de um falso conceito de caridade, os modernistas, como disse São Pio X, são hipócritas. E agora, com a anulação da excomunhão de Mons. Lefèbvre por decisão do Papa Bento XVI, temos mais uma prova disso.

Contradizendo suas próprias idéias teológicas que alargam indefinidamente as fronteiras da Igreja, quase que identificando-a com a humanidade, os modernistas hipocritamente taxavam a Fraternidade Sacerdotal São Pio X de cismática, fascista e não sei quantos epítetos mais.

Pois bem. Ao interpretar o decreto do papa de anulação das excomunhões dos chamados bispos tradicionalistas, os modernistas querem aplicar ao papa Bento XVI o conceito herético e liberal de caridade. Quer dizer, o papa teria agido por uma misericórdia acima de toda justiça, por um puro gesto de perdão, ao retirar a pena sem que houvesse uma manifestação de arrependimento da parte dos “cismáticos”. A ação de Bento XVI seria inexplicável logicamente.

Ora, isto constitui uma injúria ao papa. Equivale a atribuir-lhe um procedimento irresponsável no governo da Igreja. O papa jamais poderia revogar uma excomunhão justa. A excomunhão é uma pena medicinal para emenda do autor do delito e preservação do bem comum da Igreja. Enquanto subsiste a culpa do delito ou o requer o bem da Igreja, a pena deve subsistir.

Bento XVI revogou as excomunhões declaradas em 1988 porque tem consciência de que eram injustas. Isto está patente em sua carta de apresentação do motu proprio Summorum Pontificum em que ele diz aos bispos que houve omissão da Igreja no zelo pela sua unidade. E em outras ocasiões criticou aqueles que pretendem fazer do Vaticano II um “super concílio” acima de todos os outros.

Se a posição crítica de Mons. Lefebvre às reformas emanadas do Vaticano II fosse um pecado, se o Vaticano II fosse um concílio dogmático que obrigasse os católicos a acatá-lo em sua inteireza, se não fosse lícita uma objeção de consciência às passagens ambíguas e contraditórias do Vaticano II comprovadas por teólogos e estudiosos das mais diferentes tendências, a autoridade suprema da Igreja não poderia levantar as excomunhões dos quatro bispos reabilitando assim a memória de Mons. Lefèbvre e de D. Castro Mayer.

Em suma, Bento XVI agiu, sim, com caridade. Mas com caridade católica, verdadeira, tradicional, aquela que se rejubila com a verdade. Ele sofria com a injustiça cometida contra Mons. Lefèbvre e os tradicionalistas e quis repará-la. Ao contrário, os modernistas hipócritas tinham prazer em apodar os tradicionalistas como seita excomungada, alegravam-se com a injustiça, porque a excomunhão atendia aos seus interesses diabólicos de afastar os católicos da tradição da Igreja.

Para remate dessas considerações, acode-me à memória o comentário de Santo Agostinho ao Salmo 128: Saepe expugnaverunt me a iuventute mea. Explica Santo Agostinho que essas palavras se referem à Igreja sempre combatida pelos maus elementos que nela vivem, tentando seduzir e enredar os bons em seus maus caminhos. Assim os modernistas infiltrados na Igreja. Mais adiante diz o salmo: Etenim non potuerunt mihi. Supra dorsum meum fabricaverunt peccatores, prolongaverunt iniquitatem suam. Explana o Santo Doutor: “Quantos males suportamos, quantos escândalos suportamos por parte dos maus dentro da Igreja (…) Mas não conseguiram que os bons consentissem com eles no mal.” Assim também hoje os modernistas enfurecidos com o papa o difamam, ameaçam, dizem que é nazista etc, ma não o dobram (potuerunt mihi). Em seguida diz o Salmo: Fiant sicut faenum tectorum quod priusquam evellatur exaruit. Assim são os modernistas na Igreja: como erva que nasceu sobre o telhado de uma casa e secou antes de arrancada. Os modernistas no alto de sua insolência secaram, murcharam sem necessidade de ser arrancados do telhado da Igreja. Embora excomungados por São Pio X, conseguiram permanecer no interior da Igreja fazendo o mal, mas por fim secaram porque não tinham raízes. Basta agora um vento mais forte soprado por Deus para caírem como erva seca a ser queimada.

Portanto, salve o Papa! Salve Mons. Lefèbvre! Parabéns aos bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X!

Anápolis, 27 de janeiro de 2009
Festa de São João Crisóstomo, Bispo e Doutor da Igreja.

Mons. Ignácio Barreiro: Vaticano não pedirá aceitação do Vaticano II.

Excertos de artigo de Brian Mershon publicado em The Remnant:

28 de Janeiro de 2009, Roma, Itália – Em sua primeira entrevista subseqüente à declaração oficial da Sociedade de São Pio X (SSPX) às boas novas, o Superior Geral, Dom Bernard Fellay, disse que acreditava na infalibilidade da Igreja e que estava “confiante” que a Sociedade iria “chegar a uma verdadeira solução” em suas discussões doutrinárias com a Santa Sé.

 

De fato, fontes Vaticanas têm indicado que a plena regularização pode ocorrer já em 2 de fevereiro de 2009, Festa da Apresentação de Nosso Senhor e da Candelária, que, se verdade, seria perfeitamente um presente de Natal à Igreja e especialmente aos Católicos tradicionalistas do mundo todo!

 

Vaticano trabalhando em uma estrutura jurídica estável

 

Mosenhor Ignacio Barreiro, chefe do bureau da Human Life International em Roma, não poderia confirmar a data 2 de fevereiro, mas disse que sua fonte da Cúria o disse que eles estão atualmente ocupados desenvolvendo os arranjos práticos para uma plenamente regularizada Sociedade de São Pio X.

 

A resolução final “não pode depender sob bispos diocesanos individuais”, disse Monsenhor Barreiro, notando o sofrimento contínuo que muitos Católicos tradicionalistas experimentaram por quase 20 anos sob a acomodação Ecclesia Dei Adflicta.

“Eles certamente precisariam ter garantias de que onde eles atualmente estiverem localizados, não poderiam ser tocados pelo bispo local”, disse Barreiro, notando que as capelas da Sociedade são localizadas por todo o globo, o que ele descreveu como “paróquias de fato”. Barreiro corretamente nota que os bispos da Sociedade muito provavelmente não aceitariam qualquer solução que envolvesse jurisdição pelo Ordinário territorial local.

 

 

Seminários da França a ser mais de um terço tradicionalista

 

De fato, resistência específica é mais prevalecente nas agonizantes igrejas da França com seus bispos e padres. Com a regularização final, disse Monsenhor Barreiro, “Mais de um terço de todos os seminaristas da França estarão em seminários tradicionalistas”. Isso incluiria a SSPX, a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP), o Instituto do Bom Pastor e o Instituto de Cristo Rei (ICR) assim como alguns outros grupos sacerdotais tradicionalistas menos conhecidos.

 

“Suponho que alguma estrutura como uma Administração Apostólica universal possa ser a única solução”, disse Monsenhor Barreiro, enquanto advertia que ele não tinha acesso direto a detalhes específicos.

 

Vários artigos nessa semana sobre o anulação das excomunhões da SSPX continham comentários de bispos e George Weigel, numa entrevista ao New York Times, notando que eles esperavam que os bispos da Sociedade necessitariam explicitamente aderir de alguma maneira ao Concílio Vaticano Segundo. Entretanto, Monsenhor Barreiro opinou que o pedido oficial da SSPX de levantamento das sanções seria suficiente enquanto ele demonstra explícito reconhecimento da autoridade do Santo Padre e do magistério da Igreja.

 

Antes do levantamento das excomunhões, Dom Fellay escreveu, em parte, o seguinte à Santa Sé:

 

Estamos sempre firmemente determinados em nossa vontade de permanecer Católicos e de colocar todos os nossos esforços à serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica Romana. Aceitamos vossos ensinamentos com ânimo filial. Cremos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas, e por isso a atual situação nos faz sofrer tanto.

 

Vaticano II e Todos os Concílios

“Eles não serão pedidos a aceitar o Concílio”, disse Monsenhor Barreiro. “Não há nada dogmático a respeito da fé e moral nos Documentos do Concílio”, enfatizou. “Muitos elevaram o Concílio como se ele fosse um superdogma, quando na verdade, não foi dogmático de nenhuma maneira”

Na requisição da SSPX à Santa Sé pedindo o levantamento das excomunhões, Dom Fellay escreveu o seguinte: “Estamos prontos a escrever o Credo com nosso próprio sangue, assinar o juramento anti-modernista, a Profissão de Fé do Papa Pio IV, nós aceitamos e fazemos nossos todos os Concílios até o Concílio Vaticano Primeiro. Ainda, não podemos senão confessar reservas a respeito do Concílio Vaticano Segundo, que quis ser um Concílio “diferente dos outros” (Discursos do Papa João XXIII e Papa Paulo VI).

A perspectiva de Monsenhor Barreiro e Dom Fellay pode certamente ser interpretada a ser consistente com o discurso do então Joseph Cardeal Ratzinger em 1988 aos Bispos do Chile:

Certamente, há uma mentalidade de visões estreitas que isolam o Vaticano II e que provocaram essa oposição. Há muitos casos disso que dão a impressão que, do Vaticano II em diante, tudo mudou, e aquilo que o precedeu não tem valor ou, no máximo, tem valor apenas à luz do Vaticano II.

O Concílio Vaticano Segundo não foi tratado como uma parte da inteira Tradição viva da Igreja, mas como um fim da Tradição, e um novo começo do zero. A verdade é que esse Concílio particular não definiu nenhum dogma sequer, e deliberadamente escolheu permanecer num nível modesto, como um concílio meramente pastoral; e no entanto muitos o tratam como se ele se fizesse uma espécie de superdogma que retira a importância de todo o resto.

Essa idéia é fortalecida por coisas que agora estão acontecendo. Aquilo que anteriormente era considerado o mais santo – a forma na qual a liturgia foi transmitida – repentinamente aparece como a mais proibida de todas as coisas, a única coisa que pode seguramente ser proibida. É intolerável criticar decisões que foram tomadas desde o Concílio; por outro lado, se homens fazem questões sobre regras antigas, e mesmo sobre as grandes verdades de Fé – por exemplo, a virgindade corporal de Maria, a ressurreição corporal de Jesus, a imortalidade da alma, etc. – ninguém lamenta ou apenas o faz com a maior moderação.  

[…]

 

Vaticano não pedirá à SSPX engolir o Concílio

 

Noutras palavras, não haverá pedido para que a liderança da SSPX aceite o “Decretos sobre Comunicação Social” como um documento infalível, dogmático.  Apesar da reflexão de certos bispos, cardeais, padres, Cardeal Kasper e mesmo George Weigel, a eles também não será pedido aceitar o Decreto sobre Ecumenismo, a Declaração sobre a Liberdade Religiosa, Nostra Aetate e mesmo Lúmen Gentium e Dei Verbum como declarações dogmáticas que podem permanecer sozinhas sem interpretá-las à luz da Tradição.

 

O Papa deixou isso claro em seu discurso de 22 de dezembro de 2005.  A “hermenêutica da continuidade” não pode permitir que o Concílio Vaticano Segundo seja interpretado de outra maneira senão “à luz da Tradição”. E certamente, tradicionalistas não devem exagerar o grau de autoridade vinculante que marca os documentos do Concílio. Se existir um erro ou imprecisão então pode e deve haver correção. E agora nós temos um Papa que está até ordenando essa correção. Em que bases os Católicos tradicionais podem contestar isso? A especulação teológica sobre pontos disputados e obscuros num espírito de caridade e sem polêmicas e rancor ajudará futuras gerações em seu entendimento da verdade Católica.

 

Rezemos para que os teólogos da SSPX, padres e bispos, assim como Instituto do Bom Pastor, a Fraternidade Sacerdotal São Pedro e o Instituto Cristo Rei, exerçam considerável influência nessa arena. E se existirem pontos no Concílio que não puderem ser interpretados à luz da Tradição, então, obviamente, eles serão expostos e extirpados. Novamente, em que bases poderiam um Católico tradicional possivelmente se opor a isso?

 

Nota sobre a polêmica acerca dos comentários de Mons. Williamson.

Caríssimos leitores do blog Fratres in Unum,

Chegam-nos diariamente inúmeros comentários acerca da polêmica insuflada pela imprensa em torno das declarações feitas por Mons. Richard Williamson. Já tratamos pormenorizadamente do abuso das palavras de Dom Williamson utilizadas numa campanha orquestrada que objetivava demover o Santo Padre de publicar o decreto que levanta as excomunhões dos bispos sagrados por Mons. Lefebvre. Todavia, com a grande quantidade de comentários de leitores que buscam fazer apologia de tais idéias, se faz necessário esclarecer que este blog as repudia decididamente, enquanto pedimos de maneira encarecida a nossos leitores que concentrem seus sempre bem-vindos comentários em pontos que realmente concernem a vida católica.

Abaixo, publicamos trecho do artigo Triumph and Tribulation – Pope Under Fire for Lifting Excommunication of SSPX Bishops de Christopher A. Ferrara, publicado em The Remnant:

(…) De qualquer modo, existe uma montanha de provas de que os judeus foram asfixiados por gás em Auschwitz, Treblinka e outros locais. Por exemplo, qualquer um que conduziu uma pesquisa ainda que superficial sobre o assunto, encontrará o testemunho do julgamento de Nuremberg e as memórias do próprio Comandante de Auschwitz, o carniceiro Rudolf Franz Ferdinand Hoess (não confundir com Rudolf Walter Richard Hess, substituto de Hitler), que projetou e supervisionou a operação das câmaras de gás no infame local. Conforme admitido por ele no testemunho da declaração juramentada durante seu julgamento em Nuremberg:

Outra melhoria que fizemos em Treblinka foi que construímos nossas câmaras de gás para acomodar 2.000 pessoas de uma vez, ao passo que em Treblinka as 10 câmaras de gás só acomodavam 200 pessoas cada. A maneira que selecionamos as nossas vítimas era a seguinte: tínhamos dois médicos da SS de serviço em Auschwitz para examinar os transportes de prisioneiros que chegavam. Os prisioneiros tinham que marchar passando por um dos médicos que tomaria decisões rápidas à medida que caminhavam. Aqueles que estavam aptos para trabalhar eram enviados para o Campo. Outros eram enviados imediatamente para os locais de extermínio. Crianças de tenra idade eram invariavelmente exterminadas, uma vez que em razão de sua juventude eram incapazes de trabalhar.

Ainda uma outra melhoria que fizemos em Treblinka foi que em Treblinka as vítimas quase sempre sabiam que deveriam ser exterminadas e em Auschwitz nos esforçamos para induzir as vítimas a pensar que elas iriam passar por um processo de desinfecção. Naturalmente, elas percebiam com freqüência as nossas intenções verdadeiras e às vezes criavam tumultos e dificuldades devido a esse fato. Muito frequentemente as mulheres escondiam seus filhos sob as roupas, mas é claro que quando descobríamos, lavávamos as crianças para serem exterminadas. Éramos obrigados a realizar esses extermínios em sigilo, porém, é claro que o cheiro forte e nauseante da incineração contínua que emanava dos corpos impregnava toda a área, e todas as pessoas que moravam nas comunidades vizinhas sabiam que os extermínios estavam acontecendo em Auschwitz. [Rudolf Franz Ferdinand Hoess, Affidavit, 5 de abril de 1946; Julgamento dos Principais Crimes de Guerra Perante o Tribunal Internacional, Nuremberg, 14 de novembro de 1945­1;  outubro de 1946 (Nuremberg: Secretariado do Tribunal Militar Internacional, 1949), Doc. 3868­PS, vol. 33, 275­79, citado em “Rudolf Hoess, Comandante de Auschwitz:
Testimunho em Nuremburg, 1946, in Modern History Sourcebook,” http://www.fordham.edu/halsall/mod/1946Hoess.html, acessado em  23 de janeiro de 2009.]

Mais tarde Hoess lembrou que tinha asfixiado a gás judeus utilizando filtros de lã embebidos em ácido sulfúrico e jogados nas câmaras de gás, ou enchendo as câmaras com monóxido de carbono; porém, ele era capaz de aumentar a “eficiência” imediatamente utilizando gás cianeto Zyklon B. Ele alegou que em seu pico de eficiência as câmaras de morte em Auschwitz podiam comportar 10.000 homens, mulheres e crianças judias, em apenas 24 horas.

Antes que ele fosse julgado na Polônia e executado em 1947 fora de um crematório que ele tinha construído em Auschwitz, Hoess foi chamado como testemunha de defesa nos Julgamentos de Nuremberg por Ernst Kaltenbrunner, chefe da SS Austríaca. No curso de seu testemunho ele afirmou os seguintes conteúdos de sua declaração juramentada, em que estimou (com base nas cifras fornecidas ao mesmo por Adolf Eichmann) que sua operação de assassinato em massa havia exterminado cerca de 2,5 milhões de judeus somente em Auschwitz, mais meio milhão por doenças e fome no campo:

Tenho sido constantemente associado à administração de campos de concentração desde 1934, atuando em Dachau até 1938; então, como Ajudante em Sachsenhausen de 1938 até 1 de maio de 1940, quando fui nomeado Comandante de Auschwitz. Comandei Auschwitz até 1 de dezembro de 1943, e estimo que, pelo menos, 2.500.000 vítimas foram executadas e exterminadas lá vítimas de gás e incineração, e, pelo menos, meio milhão sucumbiu de fome e doença, perfazendo um número total de óbitos de aproximadamente 3.000.000. Esta cifra representa cerca de 70 ou 80 por cento de todas as pessoas enviadas a Auschwitz como prisioneiros, o restante foi selecionado e usado para trabalho escravo nas indústrias dos campos de concentração…[Testemunho na Sessão Matinal, abril 15, 1946; excerto do testemunho arquivado na Universidade de Missouri-Kansas City, sítio da Faculdade de Direito: http://www.law.umkc.edu/faculty/projects/ftrials/nuremberg/hoesstest.html, acessado em 24 de janeiro de 2009.]

Em suas memórias, escritas durante o tempo em que ficou encarcerado em Cravóvia, Hoess reduziu sua estimativa do número de judeus que ele tinha decretado à morte por gás e queimado em Auschwitz em cerca de 1,1 milhão, citando uma falta de registros precisos. Na verdade, uma pesquisa demográfica recente fixa a cifra em cerca de 1,1 milhão, com base no total de 1,3 milhão de deportados judeus para Auschwitz menos os 200.000 sobreviventes documentados. [ Piper, “Estimating the Number of Victims”, pp. 53, 54, 58, 59. Texto de USSR-008 em alemão aparece no Tribunal Militar Internacional, Trials of Major War Criminals (Washington D.C., 1947), Vol. 39, pp. 241-261.]