Excertos de artigo de Brian Mershon publicado em The Remnant:
28 de Janeiro de 2009, Roma, Itália – Em sua primeira entrevista subseqüente à declaração oficial da Sociedade de São Pio X (SSPX) às boas novas, o Superior Geral, Dom Bernard Fellay, disse que acreditava na infalibilidade da Igreja e que estava “confiante” que a Sociedade iria “chegar a uma verdadeira solução” em suas discussões doutrinárias com a Santa Sé.
De fato, fontes Vaticanas têm indicado que a plena regularização pode ocorrer já em 2 de fevereiro de 2009, Festa da Apresentação de Nosso Senhor e da Candelária, que, se verdade, seria perfeitamente um presente de Natal à Igreja e especialmente aos Católicos tradicionalistas do mundo todo!
Vaticano trabalhando em uma estrutura jurídica estável
Mosenhor Ignacio Barreiro, chefe do bureau da Human Life International em Roma, não poderia confirmar a data 2 de fevereiro, mas disse que sua fonte da Cúria o disse que eles estão atualmente ocupados desenvolvendo os arranjos práticos para uma plenamente regularizada Sociedade de São Pio X.
A resolução final “não pode depender sob bispos diocesanos individuais”, disse Monsenhor Barreiro, notando o sofrimento contínuo que muitos Católicos tradicionalistas experimentaram por quase 20 anos sob a acomodação Ecclesia Dei Adflicta.
“Eles certamente precisariam ter garantias de que onde eles atualmente estiverem localizados, não poderiam ser tocados pelo bispo local”, disse Barreiro, notando que as capelas da Sociedade são localizadas por todo o globo, o que ele descreveu como “paróquias de fato”. Barreiro corretamente nota que os bispos da Sociedade muito provavelmente não aceitariam qualquer solução que envolvesse jurisdição pelo Ordinário territorial local.
Seminários da França a ser mais de um terço tradicionalista
De fato, resistência específica é mais prevalecente nas agonizantes igrejas da França com seus bispos e padres. Com a regularização final, disse Monsenhor Barreiro, “Mais de um terço de todos os seminaristas da França estarão em seminários tradicionalistas”. Isso incluiria a SSPX, a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP), o Instituto do Bom Pastor e o Instituto de Cristo Rei (ICR) assim como alguns outros grupos sacerdotais tradicionalistas menos conhecidos.
“Suponho que alguma estrutura como uma Administração Apostólica universal possa ser a única solução”, disse Monsenhor Barreiro, enquanto advertia que ele não tinha acesso direto a detalhes específicos.
Vários artigos nessa semana sobre o anulação das excomunhões da SSPX continham comentários de bispos e George Weigel, numa entrevista ao New York Times, notando que eles esperavam que os bispos da Sociedade necessitariam explicitamente aderir de alguma maneira ao Concílio Vaticano Segundo. Entretanto, Monsenhor Barreiro opinou que o pedido oficial da SSPX de levantamento das sanções seria suficiente enquanto ele demonstra explícito reconhecimento da autoridade do Santo Padre e do magistério da Igreja.
Antes do levantamento das excomunhões, Dom Fellay escreveu, em parte, o seguinte à Santa Sé:
Estamos sempre firmemente determinados em nossa vontade de permanecer Católicos e de colocar todos os nossos esforços à serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica Romana. Aceitamos vossos ensinamentos com ânimo filial. Cremos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas, e por isso a atual situação nos faz sofrer tanto.
Vaticano II e Todos os Concílios
“Eles não serão pedidos a aceitar o Concílio”, disse Monsenhor Barreiro. “Não há nada dogmático a respeito da fé e moral nos Documentos do Concílio”, enfatizou. “Muitos elevaram o Concílio como se ele fosse um superdogma, quando na verdade, não foi dogmático de nenhuma maneira”
Na requisição da SSPX à Santa Sé pedindo o levantamento das excomunhões, Dom Fellay escreveu o seguinte: “Estamos prontos a escrever o Credo com nosso próprio sangue, assinar o juramento anti-modernista, a Profissão de Fé do Papa Pio IV, nós aceitamos e fazemos nossos todos os Concílios até o Concílio Vaticano Primeiro. Ainda, não podemos senão confessar reservas a respeito do Concílio Vaticano Segundo, que quis ser um Concílio “diferente dos outros” (Discursos do Papa João XXIII e Papa Paulo VI).
A perspectiva de Monsenhor Barreiro e Dom Fellay pode certamente ser interpretada a ser consistente com o discurso do então Joseph Cardeal Ratzinger em 1988 aos Bispos do Chile:
Certamente, há uma mentalidade de visões estreitas que isolam o Vaticano II e que provocaram essa oposição. Há muitos casos disso que dão a impressão que, do Vaticano II em diante, tudo mudou, e aquilo que o precedeu não tem valor ou, no máximo, tem valor apenas à luz do Vaticano II.
O Concílio Vaticano Segundo não foi tratado como uma parte da inteira Tradição viva da Igreja, mas como um fim da Tradição, e um novo começo do zero. A verdade é que esse Concílio particular não definiu nenhum dogma sequer, e deliberadamente escolheu permanecer num nível modesto, como um concílio meramente pastoral; e no entanto muitos o tratam como se ele se fizesse uma espécie de superdogma que retira a importância de todo o resto.
Essa idéia é fortalecida por coisas que agora estão acontecendo. Aquilo que anteriormente era considerado o mais santo – a forma na qual a liturgia foi transmitida – repentinamente aparece como a mais proibida de todas as coisas, a única coisa que pode seguramente ser proibida. É intolerável criticar decisões que foram tomadas desde o Concílio; por outro lado, se homens fazem questões sobre regras antigas, e mesmo sobre as grandes verdades de Fé – por exemplo, a virgindade corporal de Maria, a ressurreição corporal de Jesus, a imortalidade da alma, etc. – ninguém lamenta ou apenas o faz com a maior moderação.
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Vaticano não pedirá à SSPX engolir o Concílio
Noutras palavras, não haverá pedido para que a liderança da SSPX aceite o “Decretos sobre Comunicação Social” como um documento infalível, dogmático. Apesar da reflexão de certos bispos, cardeais, padres, Cardeal Kasper e mesmo George Weigel, a eles também não será pedido aceitar o Decreto sobre Ecumenismo, a Declaração sobre a Liberdade Religiosa, Nostra Aetate e mesmo Lúmen Gentium e Dei Verbum como declarações dogmáticas que podem permanecer sozinhas sem interpretá-las à luz da Tradição.
O Papa deixou isso claro em seu discurso de 22 de dezembro de 2005. A “hermenêutica da continuidade” não pode permitir que o Concílio Vaticano Segundo seja interpretado de outra maneira senão “à luz da Tradição”. E certamente, tradicionalistas não devem exagerar o grau de autoridade vinculante que marca os documentos do Concílio. Se existir um erro ou imprecisão então pode e deve haver correção. E agora nós temos um Papa que está até ordenando essa correção. Em que bases os Católicos tradicionais podem contestar isso? A especulação teológica sobre pontos disputados e obscuros num espírito de caridade e sem polêmicas e rancor ajudará futuras gerações em seu entendimento da verdade Católica.
Rezemos para que os teólogos da SSPX, padres e bispos, assim como Instituto do Bom Pastor, a Fraternidade Sacerdotal São Pedro e o Instituto Cristo Rei, exerçam considerável influência nessa arena. E se existirem pontos no Concílio que não puderem ser interpretados à luz da Tradição, então, obviamente, eles serão expostos e extirpados. Novamente, em que bases poderiam um Católico tradicional possivelmente se opor a isso?