Salve Bento XVI! Salve Mons. Lefèbvre!

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa
Associação Civil Santa Maria das Vitórias

A caridade não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. (I Cor, 13, 6)

Como se sabe, os modernistas têm um conceito falso de caridade. Separam o amor da verdade, a vontade da inteligência. São voluntaristas. Fanáticos. Caprichosos. Obstinados. Guiados apenas por suas paixões e preconceitos, sem a luz da razão e da fé, os modernistas costumam emitir juízos disparatados com a pretensão de justificar qualquer comportamento à margem da lei moral. Em nome da caridade defendem todos os vícios e pecados. Distorcem aquelas palavras do Apóstolo: “a caridade cobre a multidão dos pecados.”

Além de um falso conceito de caridade, os modernistas, como disse São Pio X, são hipócritas. E agora, com a anulação da excomunhão de Mons. Lefèbvre por decisão do Papa Bento XVI, temos mais uma prova disso.

Contradizendo suas próprias idéias teológicas que alargam indefinidamente as fronteiras da Igreja, quase que identificando-a com a humanidade, os modernistas hipocritamente taxavam a Fraternidade Sacerdotal São Pio X de cismática, fascista e não sei quantos epítetos mais.

Pois bem. Ao interpretar o decreto do papa de anulação das excomunhões dos chamados bispos tradicionalistas, os modernistas querem aplicar ao papa Bento XVI o conceito herético e liberal de caridade. Quer dizer, o papa teria agido por uma misericórdia acima de toda justiça, por um puro gesto de perdão, ao retirar a pena sem que houvesse uma manifestação de arrependimento da parte dos “cismáticos”. A ação de Bento XVI seria inexplicável logicamente.

Ora, isto constitui uma injúria ao papa. Equivale a atribuir-lhe um procedimento irresponsável no governo da Igreja. O papa jamais poderia revogar uma excomunhão justa. A excomunhão é uma pena medicinal para emenda do autor do delito e preservação do bem comum da Igreja. Enquanto subsiste a culpa do delito ou o requer o bem da Igreja, a pena deve subsistir.

Bento XVI revogou as excomunhões declaradas em 1988 porque tem consciência de que eram injustas. Isto está patente em sua carta de apresentação do motu proprio Summorum Pontificum em que ele diz aos bispos que houve omissão da Igreja no zelo pela sua unidade. E em outras ocasiões criticou aqueles que pretendem fazer do Vaticano II um “super concílio” acima de todos os outros.

Se a posição crítica de Mons. Lefebvre às reformas emanadas do Vaticano II fosse um pecado, se o Vaticano II fosse um concílio dogmático que obrigasse os católicos a acatá-lo em sua inteireza, se não fosse lícita uma objeção de consciência às passagens ambíguas e contraditórias do Vaticano II comprovadas por teólogos e estudiosos das mais diferentes tendências, a autoridade suprema da Igreja não poderia levantar as excomunhões dos quatro bispos reabilitando assim a memória de Mons. Lefèbvre e de D. Castro Mayer.

Em suma, Bento XVI agiu, sim, com caridade. Mas com caridade católica, verdadeira, tradicional, aquela que se rejubila com a verdade. Ele sofria com a injustiça cometida contra Mons. Lefèbvre e os tradicionalistas e quis repará-la. Ao contrário, os modernistas hipócritas tinham prazer em apodar os tradicionalistas como seita excomungada, alegravam-se com a injustiça, porque a excomunhão atendia aos seus interesses diabólicos de afastar os católicos da tradição da Igreja.

Para remate dessas considerações, acode-me à memória o comentário de Santo Agostinho ao Salmo 128: Saepe expugnaverunt me a iuventute mea. Explica Santo Agostinho que essas palavras se referem à Igreja sempre combatida pelos maus elementos que nela vivem, tentando seduzir e enredar os bons em seus maus caminhos. Assim os modernistas infiltrados na Igreja. Mais adiante diz o salmo: Etenim non potuerunt mihi. Supra dorsum meum fabricaverunt peccatores, prolongaverunt iniquitatem suam. Explana o Santo Doutor: “Quantos males suportamos, quantos escândalos suportamos por parte dos maus dentro da Igreja (…) Mas não conseguiram que os bons consentissem com eles no mal.” Assim também hoje os modernistas enfurecidos com o papa o difamam, ameaçam, dizem que é nazista etc, ma não o dobram (potuerunt mihi). Em seguida diz o Salmo: Fiant sicut faenum tectorum quod priusquam evellatur exaruit. Assim são os modernistas na Igreja: como erva que nasceu sobre o telhado de uma casa e secou antes de arrancada. Os modernistas no alto de sua insolência secaram, murcharam sem necessidade de ser arrancados do telhado da Igreja. Embora excomungados por São Pio X, conseguiram permanecer no interior da Igreja fazendo o mal, mas por fim secaram porque não tinham raízes. Basta agora um vento mais forte soprado por Deus para caírem como erva seca a ser queimada.

Portanto, salve o Papa! Salve Mons. Lefèbvre! Parabéns aos bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X!

Anápolis, 27 de janeiro de 2009
Festa de São João Crisóstomo, Bispo e Doutor da Igreja.

3 comentários sobre “Salve Bento XVI! Salve Mons. Lefèbvre!

  1. Os textos desse padre são sempre bons.
    Sabendo que esse padre, no entanto está submisso a um bispo modernista, pode-se dizer que, o exemplo dele, e também de todos os padres catóicos que se encontram num estado de submissão direta a maus pastores, mas que mesmo assim ensinam as verdades católicas, rezam a Santa Missa de sempre, etc, será que pode-se dizer que eles constituem uma resistência passiva?
    Ao meu ver a resistência ativa seria a FSSPX, que combate livremente, e de frente, sem ter vínculo algum de obediência.
    O que um padre como esse faz é uma forma de resistir, sem dúvida. Pode receber até mesmo críticas (especiamente da FSSPX), mas ao proceder assim, somente em escrever um artigo nesse teor, demonstra que resiste também. Isso se constituiria uma resistência passiva, ainda que imperfeita?
    Alguém poderia dizer algo a respeito?
    Bem, ao menos existe resistência, não é verdade?

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  2. Caro Bruno,

    Não entendo como se pode criticar um bom padre só pelo fato dele ser diocesano. Bons padres são bons padres, não importa se estão vinculados a este ou aquele instituto ou diocese. Fico triste quando vejo alguns membros da Fraternidade (não estou me referindo ao seu comentário. Estou falando em termos gerais do que já ouvi e vi em algumas pessoas) se expressarem dessa maneira quase que sugerindo que “fora da FSSPX não há salvação”, logicamente, não no sentido dogmático, mas no sentido de crer que só as Santas Missas da FSSPX são as boas.

    Certamente, os padres tradicionalistas diocesanos merecem todo nosso carinho e admiração porque sofrem muita pressão e desprezo. Eles nadam sozinhos contra a maré. Ouço relatos de padres diocesanos tradicionalistas que sofrem zombarias de seus próprios pares e dos fiés por simplesmente se vestirem como padres (usando batina). Ora, que belo exemplo esses mártires dos nossos tempos estão dando para um mundo tão secularizado. Além dos escárnios, há também a questão da inveja que muitos podem suscitar em seus colegas modernistas, uma vez que a verdade atrai as pessoas.

    Sem dúvida, numa igreja diocesana nem sempre (ou dificilmente) se tem um ambiente tradicional. Há o problema do vestuário, do barulho de ensaio de baterias para a missa seguinte vindos de alguma saleta da igreja e todos os problemas que já conhecemos, mas é justamente aí nessa dificuldade que se revela a grandeza desses padres diocesanos, que lutam e persistem no meio do modernismo.

    Na diocese onde participo da Santa Missa Tridentina temos a benção de ter um jovem padre com a mentalidade muito bem formada, um padre tradicionalista e que sabe claramente porque ele está celebando a Missa Tridentina. Os sermões dele são preciosíssimos, sempre nos incentiva a rezar o Terço, a frequentar o sacramento da Penitência, vestir-se modestamente, observar os mandamentos da Igreja e etc. Agora até mesmo está nos proporcionando um “adicional catequético” dentro do próprio sermão.

    Agora, voltando ao assunto do Pe. João Batista, temos que reconhecer que ele é uma flor do deserto. Não é a toa que Dom Pestana foi lá fazer a consagração do altar. Fico imaginando a alegria de Dom Pestana de estar testemunhando esse reflorescimento litúrgico, ele que foi um baluarte dos valores tradicionais em Anápolis.

    Viva os bons padres!

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