Conferência Pró-Vida sobre os Critérios de “Morte Cerebral” terá dificuldades para desintrincheirar a Posição do Vaticano.

Prezados leitores,

Devido à crescente onda de incentivo à doação de órgãos vitais, achamos por oportuno publicar o texto abaixo sobre uma importante conferência que teve início na segunda-feira passada em Roma. Certamente, o desejo de doar órgãos em geral surge do desejo de praticar a caridade. No entanto, preocupa-nos o silêncio dos meios de comunicação e até por parte de algumas entidades vinculadas à Igreja Católica quanto aos aspectos morais que envolvem a doação de órgãos vitais de doadores que tiveram sua morte cerebral declarada. Como se sabe, alguns órgãos vitais só podem ser retirados e utilizados em transplantes se ainda houver sinais cardio-respiratórios de seus doadores. Preocupa-nos, sobretudo, que a aceitação desse conceito, hoje em dia rejeitado por um número significativo de cientistas especializados no assunto e nunca oficialmente confirmado pela Igreja Católica, gere uma pressão cada vez maior para que pessoas bem-intencionadas autorizem a retirada de órgãos vitais de seus parentes assim que os mesmos forem declarados como cerebralmente mortos.

 

Para maiores informações, recomendamos nossa publicação anterior sobre o assunto.

 

 

Conferência Pró-Vida sobre os Critérios de “Morte Cerebral” terá dificuldades para desintrincheirar a Posição do Vaticano

 

Por Hilary White

 

Link para o original.ROMA, 16 de fevereiro de 2009 (LifeSiteNews.com) – Uma conferência marcada para ocorrer em Roma esta semana sobre “morte cerebral” busca esclarecer a posição da Igreja Católica quanto à remoção de órgãos vitais de pacientes.

 

Em novembro de 2008, uma conferência de alto nível sobre transplantes de órgãos, realizada em um dos mais proeminentes salões de conferências de Roma, a poucos passos da Basílica de São Pedro e patrocinada pela Academia Pontifícia para a Vida, causou clamor ao deixar de abordar os problemas éticos dos critérios de “morte cerebral”.

 

Centenas de cartas e apelos enviados de pró-vidas do mundo inteiro para a Academia Pontifícia para a Vida ficaram sem resposta e a conferência seguiu em frente sem nenhuma menção a qualquer controvérsia sobre a utilização desses e outros critérios que permitem a retirada de órgãos de pacientes vivos.

 

No entanto, o Papa Bento XVI, em seu discurso para a conferência, advertiu que o transplante de órgãos pode ser uma fonte de abusos da “dignidade humana.”

 

“O principal critério,” disse o Papa, deve ser “respeito à vida do doador, a fim de que a retirada de órgãos seja permitida somente na presença de seu óbito real.”

 

Entretanto, imediatamente após a publicação do discurso do Papa, o sítio do Vaticano na Internet postou artigos defendendo o uso dos critérios de morte cerebral na determinação de morte para fins de transplantes de órgãos.

 

No início de setembro, quando as notícias da conferência sobre doadores de órgãos estavam começando a circular pela comunidade pró-vida, o L’Osservatore Romano saiu na frente e publicou um artigo de Lucetta Scaraffia, um professor de história contemporânea na Universidade de Roma La Sapienza, descrevendo os perigos dos critérios de morte cerebral.

 

Em resposta, o diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, esquivou-se da posição tomada no artigo, dizendo que a mesma “não é um ato do magistério da Igreja nem um documento de um órgão pontifício,” e que as reflexões expressas no documento “devem ser atribuídas ao autor do texto e não são vinculantes para a Santa Sé.”

 

A conferência desta semana tem uma grande tarefa pela frente para convencer o Vaticano a mudar o rumo em seu apoio dos critérios de morte cerebral. Em 1985, uma declaração da Academia Pontifícia de Ciências apoiou o uso de “coma irreversível” como critério legítimo para a definição de morte para a retirada de órgãos. Essa posição foi reiterada em 1989 com uma outra declaração da mesma academia, reforçada pelo discurso de João Paulo II para um congresso mundial da Sociedade de Transplantes em 29 de agosto de 2000.

 

O vaticanista Sandro Magister escreveu o seguinte em setembro: “dessa maneira, a Igreja Católica de fato legitimou a retirada de órgãos conforme praticado hoje em dia nas pessoas ao final da vida por causa de doença ou lesão: com o doador dado como morto após a ocorrência de um “coma irreversível”, mesmo se o paciente ainda estiver respirando e seu coração ainda estiver batendo.”

 

Magister citou Francesco D’Agostino, um professor de filosofia do direito e presidente emérito do comitê italiano de bioética, e membro do “campo eclesial” dizendo “a tese de Lucetta Scaraffia está presente na esfera científica, mas ela é distintamente a minoria.”

 

O Dr. Paul Byrne é um dos organizadores da conferência desta semana e forneceu antecipadamente a LifeSiteNews.com uma cópia de sua apresentação. Ele pretende argumentar o caso de que a utilização dos critérios de “morte cerebral” resulta na retirada de órgãos de pacientes vivos e equivale a assassinato. (Para saber mais sobre a sua apresentação veja: http://www.lifesitenews.com/ldn/2009/feb/09021608.html)

 

 

O reconhecimento à dignidade ímpar da pessoa humana tem uma conseqüência adicional subjacente: órgãos vitais únicos somente podem ser removidos após a morte, ou seja, do corpo de alguém que está, sem qualquer dúvida, morto. Essa exigência é auto-explicativa, pois agir de outro modo significaria causar intencionalmente a morte do doador ao dispor de seus órgãos.” […] “Em relação aos parâmetros hoje utilizados para verificação da morte – se os sinais “encefálicos” ou os sinais cardio-respiratórios mais tradicionais – a Igreja não toma decisões técnicas.” – Leia a íntegra do discurso do Papa João Paulo II aos participantes do XVIII Congresso Internacional de Transplantes, em 29 de agosto de 2000, em Roma, aqui.  

 

 

4 comentários sobre “Conferência Pró-Vida sobre os Critérios de “Morte Cerebral” terá dificuldades para desintrincheirar a Posição do Vaticano.

  1. Saiu um outro artigo no LifeSiteNews sobre esse tema. A Sra. Bernice Jones está convicta da morte de seu filho após os procedimentos para a retirada de órgãos vitais.

    Para tal ela apresenta os seguintes argumentos:

    1) Os formulários para a retirada de órgãos são apresentados logo após a declaração de morte cerebral, quando os familiares estão totalmente desnorteados e psicologicamente incapazes de tomar uma decisão ponderada;

    2) Antes da cirurgia para a retirada dos órgãos vitais, o doador recebe uma boa dose de anestesia e droga paralizante. Por que seria necessário aplicar tais drogas em alguem que supostamente está mortinho da silva?

    3) Para se certificar da morte cerebral os médicos fazem um teste chamado “teste de apnéia”, que consiste na retirada da ventilação por dois minutos. O coração diminui suas batidas e após dois minutos a morte cerebral é declarada por falta de oxigenação do cérebro.

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  2. Acho o problema extremamente complicado, mas o que se está a fazer não está bem. Eu passei do período em que aceitam a doação de orgãos por morte, mas senão tivesse passado tinha extremas dúvidas na doação de órgãos, ou, se tivesse de ser eu a decidir sobre a doação de orgãos de algum familiar, continuava com extremas dúvidas. Possivelmente diria não.
    Antes da doação de orgãos, o critério para a morte era cessação total dos atos circulatórios e respiratório e mesmo assim só era permitida a sepultura, no mínimo, 24 horas depois da morte, pois era frequente pessoas julgadas mortas voltarem à vida.
    O cérebro em determinados casos, principalmente devido a compressão que está sofrendo, pode parecer que cessou a sua atividade. Basta diminuir a compressão para que ele volte a trabalhar bem. Um médido brasileiro, cientista numa Universidade dos USA tratou muito bem deste assunto, há anos, quando o governo brasileiro atuou sobre o assunto com o beneplácito da Igreja do Brasil. Foi explicado porque, com frequência muito elevada, pessoas que não mostram ondas do encefalograma, não estão mortas.
    Este critéria atual foi aplicado por Havard, sem nunca ter havido uma discussão técnica do assunto, portanto, aplicado de forma autoritária e que foi ganhando o acordo porque era um método que permitia recolha de órgãos.
    O que o Papa Bento XVI afirmou está absolutamente certo e o fato de seus colaboradores querem esconder o que o Papa disse, só mostra como é certo o que disse. É como outro dia lhe dizia: há muita gente que não podendo ser Papa, quer ser papinha.
    O que o Papa João Paulo II diz está certíssimo. A doação de órgãos só é´possível se a pessoa estiver iniludivelmente mort, mas que não é à igreja a quem compete determinar o momento da morte.
    Essa do “coma irreversível” é uma “piada” de mau humor ditado pelo Diabo. Como é que se pode tirar órgãos de uma pessoa em como irreversível, se é evidente com a retirada dos órgãos a pessoa morre. Então, porqu^todo este barulho com a Eluana? Será que o bom senso dsapareceu da Igreja, que o desejo de agradar a gregos e a troianos é tão forte que não permite tomar uma posição firme, mas sim decisão que pode ter várias interpretações?
    Será que Jesus Cristo passou a gostar do “morno” que Ele disse detestar: ou “quente” ou “frio”, nunca “morno”.
    O vaticanista Magister, um jornalista, devia estar calado e apoiar a tese de Francesco d’Agostino e não dizer que ela é minoria. Será que tudo tem de ser resolvido pelo voto?
    Gostei muito da posição do Dr. Paul Birne que, aliás, por aquilo que tenho lido, tem muitos aderentes.
    Se prevalecer dentro da Igreja, a ideia da morte derebral como critério para a retirada de orgãos, o que me parece vir a ser impossível (até agora a Igreja não tomou uma posição, porque não sabe onde está a verdade e espera que os cientistas digam inequivocamente), então o feto que apresentar lesões incompatíveis com a vida, pode ser abortado, o que seria algo de estrondosamente mau.
    Vamos a ver. E´pero que a conferência nos traga algo de bom e que o Padre Frederico Lombardi vá dar uma volta; por exemplo, a Mercúrio ou, se achar muito calor, a Jupiter. Quando voltasse, se voltasse, era velhinho, velhinho

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  3. Sou médico e este assunto tem me atormentado muito, já que a grande mídia não diz, mas há cientistas que questionam a definição e os limites de “morte cerebral”. Aliás, a própria mídia colocou esse conceito como autêntico dogma.
    “Morte cerebral” merece uma clarificação maior por parte da ciência. Temo que isso seja feito, se for, bem tarde, porque o poderoso lobby pró-transplante é muito forte.

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