Política do pão e circo eclesial: show de Pe. Fábio de Melo sai por uma bagatela de R$ 221 mil, com direito a jatinho.

O contrato de R$ 221 mil firmado entre a Prefeitura Municipal de Natal com a Talento Produções para o show do padre Fábio de Melo, ocorrido no dia 25 de dezembro, incluiu o aluguel de um jatinho. Foi em uma aeronave particular que veio o sacerdote e parte da equipe. Os demais músicos chegaram a capital potiguar em vôo de carreira. Segundo o secretário de Comunicação da Prefeitura de Natal, Jean Valério, o aluguel do jatinho foi necessário devido a dificuldade em encontrar vaga nos vôos para capital potiguar no período do final do ano. Ele ressaltou que o aluguel da aeronave ficou a cargo da Talento Produções.

Além do jatinho veja o que foi incluído no contrato de R$ 221 mil:

– Cachê do padre Fábio de Melo e dos músicos;  Hospedagem do padre, 8 músicos e 7 pessoas de apoio; Passagens aéreas; Alimentação; Translado.

Fonte: Panorama Político – visto em Sucessão Apostólica

Importantes nomeações episcopais para o Brasil.

O Santo Padre nomeou hoje:

  • Arcebispo metropolita de Belém do Pará, Sua Excelência Reverendíssima Dom Alberto Taveira Corrêa, então arcebispo de Palmas;
  • Bispo de Franca, São Paulo, Sua Excelência Reverendíssima Dom Pedro Luiz Stringhini, então bispo auxiliar de São Paulo;
  • Bispo de Jundiaí, São Paulo, Sua Excelência Reverendíssima Dom Vicente Costa, então bispo de Umuarama;
  • Bispo auxiliar de Goiânia, Goiás, Sua Excelência Reverendíssima Dom Waldemar Passini Dalbello, então sacerdote do clero da arquidiocese de Brasília;
  • Bispo auxiliar de São Paulo, Sua Excelência Reverendíssima Dom Edmar Peron, então sacerdote do clero da arquidiocese de Maringá.

Sobre a noção de “Tradição Viva”. Monsenhor Brunero Gherardini, Concilio Ecumenico Vaticano II: Un discorso da fare.

Até o Vaticano II, para esclarecer este ponto, o teólogo tinha a seu dispor uma elaboração bastante precisa do conceito de Tradição, da qual ele poderia extrair um argumento para avaliar adequadamente seu julgamento.

Já fiz alusão a esta elaboração na primeira parte do presente capítulo, considerando a Tradição a partir de vários pontos de vista, e qualificando-a de acordo com suas funções em apostólica, divino-apostólica, humano-apostólica, inerente, declarativa e constitutiva.

Agora, o Vaticano II, que fez uma exceção para a Tradição Apostólica – embora sem nunca apresentá-la com o significado doravante considerado como “tradicional” desta qualificação – sistematicamente ignorou todas as outras. Por outro lado, encontramos no Concílio uma qualificação diferente: Tradição viva, que discutirei posteriormente.

Somos confrontados com uma maneira de expressar que, ao procurar simplificar a mensagem, acaba tornando-a mais complicada por conta de uma linguagem muito genérica, seu emprego anfibológico e sua falta de especificidade. E não estou falando sobre o fato de que “viva” possa abrir as portas a todos os tipos de inovações que poderiam surgir ou germinar da velha planta.

[…]

Faço uma última observação acerca da assim chamada Tradição viva da Igreja. Aparentemente, é uma expressão irrepreensível, embora seja, de fato, ambígua. É irrepreensível porque a Igreja é uma realidade viva e a Tradição é sua própria vida. É ambígua porque permite a introdução de qualquer novidade na Igreja, mesmo as mais contra-indicadas, como expressão de sua vida.

Dei Verbum fala do Evangelho vivo¸ do Magistério vivo e da Tradição viva. Já esta enorme gama de usos não advoga em favor da univocidade do conceito.

No número 7, por exemplo, é dito que “para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores”.

No número 8, lemos que: “ o Espírito Santo – por quem ressoa a voz viva do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo, introduz os crentes na verdade plena”.

Em seguida, encontramos no número 10 a seguinte afirmação: “o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo (destaques meus) da Igreja”.

Pouco depois, no número 12, é recomendado como um dever que “não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura”, “tendo em conta a Tradição viva (destaques meus) de toda a Igreja”.

De todas estas afirmações nós vagamente percebemos uma certa analogia no uso do adjetivo “vivo”, mas seguramente não o seu verdadeiro significado, nem a razão de seu uso.

O que garante a vitalidade do Evangelho – sabemos bem – é o Evangelho: através dele ressoa a Palavra do Deus vivo, que é a própria Pessoa de Deus falando, e, portanto, a expressão de Sua própria vida. Que há também um Magistério é uma verdade de nossa fé, no sentido de que qualquer um na encargo do Magistério continua, graças à sucessão apostólica, a transmissão ininterrupta dos ensinamentos de Cristo e de Seus Apóstolos.

De fato, esta sucessão faz o ensinamento de Cristo e de Seus Apóstolos alcançar a Igreja em todo período de tempo, porque é um elemento vivo e vital da própria existência da Igreja. Por outro lado, o conceito de “Tradição viva” é mais nebuloso.

O texto conciliar não obriga a se ater apenas a ele, mas também à analogia da fé, i.e., o elo que liga numa recíproca interdependência cada uma das verdades reveladas e as torna uma unidade inseparável.

O objetivo desta dupla obrigação tende a transpassar os limites da palavra escrita, esta palavra vinda da Palavra viva, que constitui o início da Tradição eclesiástica.

Mas por que se diz viva? O Concílio não o diz, ou ao menos não com a clareza necessária. Provavelmente por causa da unidade – ao menos substancial (portanto, a continuidade) – entre o primeiro estágio da Tradição que é apostólico, os estágios seguintes, a começar com aquele que foi imediatamente pós-apostólico, descendo aos outros, relacionados com os grandes períodos históricos da Igreja, e finalmente até o presente estágio.

É provavelmente isso o que significa. Mas o silêncio sobre esta continuidade, infelizmente, também implica na ausência de qualquer certeza sobre a questão. “Vivo” podia certamente indicar uma ligação entre os vários estágios e evitar mais ou menos rupturas sérias, assim garantindo a continuidade viva e vital da Tradição. Mas o texto permanece calado sobre o assunto. Meramente afirma que a Tradição é viva.

Agora, não é suficiente declará-la viva para que ela realmente seja. A comunicação vital entre suas várias fases não deve apenas ser proclamada, deve primeiramente e antes de tudo ser provada, e de tal maneira que a prova coincida com a continuidade – ao mesmo substancial – de seus conteúdos com os das fases precedentes.

A Tradição é viva não quando se torna integrada a alguma novidade, mas quando descobrimos nela, ou deduzimos dela, algum novo aspecto que anteriormente escapava da atenção; ou quando alguma nova compreensão de seus conteúdos originais enriquece a vida presente da Igreja.

Esta vida não progride por solavancos ou saltos desconectados uns dos outros, mas pela linha principal do “quod semper, quod ubique, quod ab omnibus creditum est,” que o Vaticano I, seguindo os passos de Trento, expressou ao referir-se ao significado “quem tenuit ac tenet sancta Mater Ecclesia” (DS 1507 and 3007).

O “sempre”, o “em todo lugar” e o “por todos” não estão relacionados com uma identidade de palavras e portanto da afirmação como um todo, mas verdadeiramente com o significado que a Igreja, por meio de seu Magistério solene e ordinário, sempre sustentou, e ainda sustenta agora em suas declarações teológicas e dogmáticas.

O princípio da “Tradição viva” não foi objeto de qualquer discussão. Todavia, é suscetível de abrir o caminho a uma falsificação do depósito sagrado das verdades contidas na Tradição.

Numa atmosfera como esta que prevaleceu durante e depois do Vaticano II, quando apenas o que era novo parecia ser verdade, e quando esta novidade se apresentava sob os traços da cultura imanentista e fundamentalmente ateísta de nosso tempo, a doutrina de sempre não constituía mais que um vasto cemitério.

A Tradição permaneceu mortalmente ferida e agoniza ainda hoje (ao menos que já esteja morta) por causa das posições tomadas que eram radicalmente irreconciliáveis com seu passado. Então, não é suficiente defini-la como viva, se já não há mais nada de vivo nela.

A verdade é (e isso é grave) que falamos de Tradição viva apenas para endossar toda inovação apresentada como desenvolvimento natural das verdades oficialmente transmitidas e recebidas, mesmo que a inovação não tenha nada em comum com tais verdades e esteja bem longe de ser um novo germe do velho tronco.

Em verdade, a Tradição é viva apenas na medida em que é e continua a ser a mesma Tradição apostólica, que se reapresenta – inalterada – na e através da Tradição eclesiástica.

A primeira, antes, carrega consigo um significado passivo: é o que foi transmitido, igual a si mesma, inclusive em sua transmissão, porque o depósito deve ser mantido inalterado.

A última, pelo contrário, mostra um significado mais ativo enquanto órgão oficial que assegura a transmissão fiel do depósito e encontra, em seu fim, a justificativa para o adjetivo “vivo”.

Portanto, um dado que não tivesse suas raízes nos conteúdos transmitidos não seria um dado da Tradição viva, mesmo no caso – em si mesmo e per se­ – absurdo, em que este dado fosse oficialmente proposto.

Um exemplo grosseiro: nunca será possível que a teologia transcedental de Rahner seja declarada um elemento da Tradição viva, porque ela é, na realidade, sua tumba.

Algumas coisas no Concílio, e muitas coisas na era pós-concílio contribuíram para cavar esta sepultura.

A legitimidade do adjetivo “vivo” com respeito ao progresso no conhecimento que podemos ter da Tradição é inquestionável, como já dissemos. Neste caso, pertence ao campo do “progresso dogmático”.

Na verdade, o dever do Magistério da Igreja não é apenas reapresentar a Tradição Apostólica, mas também estudá-la a fundo, analisá-la, explicá-la.

O caráter vivo da Tradição é, portanto, manifestado não por avaliar o conteúdo apostólico em comparação com o nível e com os conteúdos da cultura desse ou daquele período histórico, mas pelo fato de que ele inicia uma transição de uma implícita para uma explícita afirmação dos conteúdos.

Em todo caso, a atual chamado para a Tradição viva pode ser resumido como um verdadeiro perigo para a fé de cada cristão e de cada comunidade cristã como um todo.

Monsenhor Brunero Gherardini – Concilio Ecumenico Vaticano II: Un discorso da fare.
Excertos do capítulo 5 – “Tradição no Concílio Vaticano II”. Fonte: DICI

Almoço com os pobres.

(Kreuz.net) Itália. Na Festa da Sagrada Família, celebrada ontem [de acordo com o  Novo Calendário], o Papa Bento XVI visitou uma cozinha romana de assistência aos pobres da comunidade leiga ‘Santo Egidio’. O Papa almoçou com doze sem-tetos estrangeiros e italianos. Foi servida uma entrada, lasanha, almôndegas, lentilhas e purê. O Santo Padre comeu torta de sobremesa. Bento XVI levou presentes para as crianças. Na despedida Bento XVI disse: “Obrigado, vocês cozinharam maravilhosamente bem, o serviço estava perfeito.”

* * *

[Atualização – 28 de dezembro de 2009, às 13:13] (Yahoo! News) De acordo com a Comunidade Santo Egídio, dentre as pessoas sentadas à mesa, estavam um refugiado afegão sem-teto de 34 anos; um nigeriano de 35 anos, que chegou na Itália há quatro anos após uma viagem árdua através do deserto líbio; uma mulher somali de 63, que veio à Itália para proporcionar um tratamento melhor ao seu filho deficiente; e um italiano de 90 anos, que recebe uma cesta básica da comunidade.

O pontífice contou que escutou estórias de sofrimento humano durante a refeição, mas disse aos pobres e sem-teto que estava próximo deles e os amava. De acordo com convidados à mesa,  incluindo o fundador da Comunidade Santo Egídio, Andrea Riccardi, ele não mencionou o incidente [o ataque sofrido pelo Papa na missa do galo].

“Fiquei comovido porque não sou cristão, não sou italiano e vim de longe,” disse o refugiado afegão Qorbanali Esmaili à AP após o evento. “O papa sentou-se à mesa com todos nós; ele é um pai, mas também um amigo.”

Oremus pro Pontifice nostro Benedicto.

℣. Oremus pro Pontifice nostro Benedicto.
℟. Dominus conservet eum, et vivificet eum,

et beatum faciat eum in terra,
et non tradat eum in animam inimicorum eius.℣. Tu es Petrus,
℟. Et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.

Oremus.

Deus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Benedictum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam.
Per Christum, Dominum nostrum.
℟. Amen.

Um Santo e Feliz Natal!

É o que deseja o Fratres in Unum a seus leitores amigos!

Com sempre novo frescor de alegria e de piedade, diletos filhos do universo inteiro, cada ano, ao ocorrer o Santo Natal, ressoa do presépio de Belém aos ouvidos dos cristãos, repercutindo-se docemente nos seus corações, a mensagem de Jesus, que é luz no meio das trevas: uma mensagem que ilumina, com o esplendor de celestial verdade, um mundo obscurecido por erros trágicos, que infunde alegria exuberante e esperançosa à humanidade angustiada por profunda e amarga tristeza, proclama a liberdade aos filhos de Adão, constrangidos pelas cadeias do pecado e do erro, e promete misericórdia, amor e paz às multidões infinitas dos padecentes e atribulados, que vêem dissipada a sua felicidade e quebradas as suas energias sob a rajada das lutas e dos ódios, dos nossos dias borrascosos. […]

Hoje, mais do que nunca, ressoa a hora de reparar, de sacudir a consciência do mundo do grave letargo em que o fizeram cair os tóxicos das falsas idéias, amplamente difundidas; tanto mais que, nesta hora de esfacelamento material e moral, o conhecimento da fragilidade e inconsistência de qualquer ordenação puramente humana está a desenganando ainda mesmo aqueles que, em dias aparentemente de felicidade, não sentiam, em si e na sociedade, a falta de contato com o eterno e não consideravam esta falta como um defeito essencial das suas construções. […]

O preceito da hora presente não é lamento, mas ação; não lamento sobre o que foi ou o que é, mas reconstrução do que surgirá e deve surgir para o bem da sociedade. Pertence aos membros melhores e mais escolhidos da cristandade, penetrados por um entusiasmo de cruzados, reunirem-se em espírito de verdade, de justiça e de amor, ao grito de “Deus o quer”, prontos a servir, a sacrificar-se, como os antigos cruzados. Se então se tratava da libertação da terra santificada pela vida do Verbo de Deus encarnado, hoje trata-se, se assim podemos falar, de uma nova travessia, superando o mar dos erros do dia e do tempo, para libertar a terra santa espiritual, destinada a ser a base e o fundamento das normas e leis imutáveis para as construções sociais de interna e sólida consistência.

Para fim tão alto, nós, desde o presépio do Príncipe da paz, confiados em que a sua graça se difundirá em todos os corações, dirigimo-nos a vós, amados filhos, que reconheceis e adorais em Cristo o vosso Salvador, a todos aqueles que estão unidos conosco, ao menos pelo vínculo espiritual da fé em Deus, a todos finalmente quantos anelam por se libertarem das dúvidas e dos erros, ansiosos de luz e de guia; exortamo-vos com encarecida insistência paterna não só a compreender intimamente a seriedade angustiosa da hora presente, mas também a meditar as suas possíveis auroras benéficas e sobrenaturais, e a unir-vos e trabalhar juntos pela renovação da sociedade em espírito e em verdade.

Objeto essencial desta cruzada, necessária e santa, é que a estrela da paz, a estrela de Belém, desponte de novo sobre toda a humanidade, com o seu brilho rutilante, com a sua consolação pacificadora, como promessa e auspício de um futuro melhor, mais fecundo e mais feliz.

Venerável Pio XII, radiomensagem de Natal de 1942.

Exercícios espirituais em Caçapava, SP.

Por Vladimir A. Sesar

Entre os dias 20 e 22 de novembro deste ano, ocorreu em Caçapava, interior de São Paulo, um retiro espiritual pregado pelo Reverendíssimo Padre Renato Leite, da diocese de Santo Amaro, para mais de 40 pessoas advindas de regiões do estado de São Paulo como ABC, Vale do Paraíba, Interlagos e Paróquia São Filipe Neri (zona Leste da capital). O retiro teve como base os Exercicios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, que foi guia das meditações:  “Sobre o fim do homem”, “Da malícia do pecado”, “Da morte do justo e do pecador”, “Das duas bandeiras e das duas classes de homens”, “Do Reino de Jesus Cristo” e, por fim, “Do Santissimo Sacramento e da Devoção à Maria”.

Os exercícios espirituais.

Nas palavras de Santo Inácio, “por este nome, exercícios espirituais, entende-se todo o modo de examinar a consciência, de meditar, de contemplar, de orar vocal e mentalmente, e de outras operações espirituais”, pois “assim como passear, caminhar e correr são exercícios corporais, da mesma maneira todo o modo de preparar e dispor a alma, para tirar de si todas as afeições desordenadas e, depois de tiradas, buscar e achar a vontade divina na disposição da sua vida para a salvação da alma, se chamam exercícios espirituais” (Exercícios espirituais, anotação 1ª).

Os exercícios completos duram quatro semanas. “A primeira, que é a consideração e contemplação dos pecados; a segunda, a vida de Cristo nosso Senhor até ao dia de Ramos, inclusive; a terceira, a Paixão de Cristo nosso Senhor; a quarta, a Ressurreição e Ascensão, a que se juntam três modos de orar” (Exercícios espirituais, 4).

Silêncio, meditação e contemplação.

No perfeito ambiente para o recolhimento, cercado de natureza e bem distante de qualquer foco urbano proporcionado pela Casa Kolbe, os fiéis tiveram a oportunidade de refletir sobre temas espirituais muito sérios e hoje quase esquecidos, e de se fortalecer para ter condições de resistir ao mundo que nos bombardeia de prazeres que nos afastam de Nosso Senhor Jesus Cristo. O estrito silêncio, a audição atenta da Imitação de Cristo nas refeições, a fuga de toda dissipação, a Santa Missa diária no rito de São Pio V, a oração do terço e a benção do Santíssimo Sacramento, acenderam nos retirantes o desejo de santidade e o fogo do apostolado.

Para muitos este foi o primeiro retiro espiritual católico do qual participaram, e a repercussão não poderia ter sido melhor, tanto que um novo retiro já pode estar em vista daqui a alguns meses. Rezemos para que os frutos espirituais sejam verdadeiros e ajudem a todos no apostolado pela Santa Igreja e em sua restauração.

O ultimato das comunidades judaicas: “Aceite as reservas sobre Pacelli”.

(IHU) “Uma nota oficial, enviada às máximas autoridades, na qual se deverá considerar as reservas que os judeus ainda têm com relação aos fatos históricos de Pio XII, com particular referência aos seus silêncios sobre a Shoá”. Se não chegam, em curto tempo, sinais públicos do Vaticano nesse sentido, “poderiam surgir problemas posteriores, até se colocar em dúvida a própria visita papal à Sinagoga”.

É esse – substancialmente – o pedido que a Comunidade Judaica de Roma, com a “benção” da cúpula da Sinagoga, teria feito chegar reservadamente no Vaticano no dia seguinte ao anúncio oficial da assinatura das virtudes heroicas de Pio XII, assinadas por decreto, no sábado, por Bento XVI.

A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 22-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A iniciativa papal – como se sabe – foi acolhida com “perturbação, desilusão e raiva” por quase todo o mundo judeu. E não só o romano. A tensão, dentro e fora da comunidade judaica, já está nos níveis máximos, razão pela qual, com o passar das horas, se multiplicam sempre mais as vozes de quem está pronto para colocar em dúvida até a esperada visita de Bento XVI à Sinagoga de Roma programada para o dia 17 de janeiro próximo.

Perigo temido – não por acaso – pelo presidente da Assembleia dos Rabinos Italianos, Giuseppe Laras, e que amanhã será certamente examinado em um ardente conselho da Comunidade Judaica Romana. A cúpula do “pequeno parlamento” judeu da capital italiana jura que “tudo está prosseguindo normalmente, e que a visita do Pontífice não sofrerá consequências”. Ninguém, portanto, entre os chefes dos judeus romanos quer ouvir falar de adiamento e muito menos de cancelamento, mesmo que o embaraço seja palpável.

A primeira reação oficial ao anúncio da assinatura do decreto sobre as virtudes heroicas de Pacelli foi um documento assinado pelo rabino chefe de Roma, Riccardo Di Segni, pelo presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Renzo Gattegna, e pelo presidente da Comunidade Judaica Romana, Riccardo Pacifici. Um texto no qual – com extrema clareza – os três signatários reforçam as tradicionais reservas com relação aos supostos “silêncios” de Pacelli.

Mas, além do documento oficial de três dias atrás, está em curso entre as duas margens do Tibre uma força reservada para fazer todo o possível para evitar que a visita seja cancelada, mas ao mesmo tempo para fazer que as razões judaicas – isto é, as reservas históricas sobre o Papa Pacelli – sejam levadas em conta pelo Vaticano.

A partir daquilo que surge dos ambientes judeus romanos, esse é o tema sobre o qual Di Segni, Gattegna e Pacifici pretendem insistir em vista da visita papal à Sinagoga. Uma mensagem precisa nesse sentido chegou ao Vaticano por meio de “intermediários” apreciados tanto pela Comunidade Judaica quanto pelo Vaticano.

“Não nos servimos de nossos embaixadores, mas de pessoas amigas, representantes de notáveis instituições comprometidas com o diálogo inter-religioso, que logo se colocaram em ação”. Naturalmente, dar nomes é impossível, porque a marca do silêncio é total, mesmo que se fale com uma certa insistência de “homens daComunidade de Santo Egídio “, há muitos anos fortemente comprometidos com o diálogo, com atenção particular aos judeus, para os quais organizam todos os dias 16 de outubro a marcha em memória dos judeus romanos capturados no Gueto em 1943. Irá chegar ao Vaticano nos próximos dias um sinal “concreto e oficial” com mérito às reservas judaicas sobre os “silêncios” de Pacelli? Na cúpula da Sinagoga e da Comunidade Judaica, desejam “que sim, senão a situação se complica”.

Das mesmas autoridades, porém, surge ainda que o caso Pacelli “não poderá estar no centro da visita de Ratzinger à Sinagoga” no âmbito dos respectivos discursos. “Como é a nossa tradição – asseguram na Comunidade Judaica –, o hóspede é sagrado, e Bento XVI será acolhido com todas as honras devidas a um hóspede de respeito. Mas nem por isso ficaremos calados”.

Nada impede, portanto, que se imagine que, tanto do rabino chefe Riccardo Di Segni, como do presidente da Comunidade Judaica, Riccardo Pacifici (uma vida inteira comprometida com a defesa das raízes e da identidade judaica, neto do rabino chefe de Gênova, Riccardo Pacifici, morto em Auschwitz ), o discurso de saudação que no dia 17 de janeiro será dirigido a Ratzinger seja dedicado também à incômoda lembrança do Papa Pacelli. Se a visita ocorrer.

Curtas da semana.

João Paulo II e Pio XII, veneráveis.

No último sábado, 19, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, autorizou a Congregação para Causa dos Santos a promulgar vários decretos, dentre eles os relativos às virtudes heróicas de Pio XII (Eugenio Pacelli) e João Paulo II (Karol Wojtyła).

A estratégia.

Segundo Paolo Rodari, ‹‹ O Papa, de fato, escondendo suas intenções de todos (eu tenho minhas dúvidas de que mesmo o seu secretário particular não sabia de nada), promulgou o decreto sobre as virtudes heróicas de Pio XII com o de João Paulo II. De Wojtyla se sabia. De Pacelli, não. Neste ponto, a estratégia me parece clara: fazer avançar juntos os dois processos a fim de mover um pouco a atenção do controverso (segundo alguns) Pio XII ao unanimemente amado Wojtyla. O processo de Pacelli foi aberto ao fim do Concílio por vontade de Paulo VI. O decreto sobre as virtudes heróicas (é a penúltima etapa para a beatificação) havia sido aprovado pela congregação dos santos em 2007. Esperava-se apenas a assinatura de Ratzinger que, significativamente, ocorreu a cerca de um mês de sua visita à sinagoga de Roma.

Apesar dos lobos.

Excerto de artigo de Jean Madiran: ‹‹ Bento XVI passa, pois, por cima do insolente veto dos anti-papistas em frente ao qual primeiramente ele havia  parado. A pressão anti-papista exercida sobre a Igreja por meio de veto midiático é de um peso enorme. Ela impediu a beatificação de Isabel, a Católica. Tem retardado até agora a de Pio XII. E ela o faz de muitos outros. Seu peso não vem somente pelo fato dos anti-papistas ocuparem hoje um lugar frequentemente dominante na imprensa e na televisão, na edição, na vida política e no sistema bancário. Além disso, ele vem eco cúmplice que encontra, através de persuasão ou através de intimidação, numa parte notável do clero, de sua hierarquia e da opinião pública católica. Isso também é um resultado desastroso do “espírito do concílio” condenado por Bento XVI. […] Le Figaro de segunda-feira acusa grosseiramente Bento XVI de ter desejado relançar “o debate sobre o Vaticano e o nazismo”. Isso manifesta como o ponto de vista católico é totalmente estranho ao Figaro. Pois do ponto de vista católico, Bento XVI não relançou este debate, ele o fechou ›› .

Fúria. Líderes judeus criticam declaração de virtudes heróicas de Pio XII.

(Catholic Culture) “Não quero crer que os católicos vejam em Pio XII um exemplo de moralidade para a humanidade”, disse o rabino francês Gilles Bernheim. “Dado o silêncio de Pio XII durante e depois da Shoah, espero que a Igreja irá renunciar a este plano de beatificação e então honrar sua mensagem e seus valores”. “É um claro rapto dos fatos históricos relativos à era Nazi”, disse Stephan Kramer, que chefia o Conselho Central Judaico da Alemanha. “Bento XVI reescreve a história sem ter permitido uma séria discussão científica. É isso que me deixa furioso”. Já o rabino chefe de Roma, Riccardo di Segni, é mais moderado: “Se a decisão de hoje [sábado] tivesse que implicar uma opinião definitiva e unilateral da obra histórica de Pio XII, reforçamos que a nossa avaliação permanece crítica”, mas indicando que não podem, “de nenhum modo, interferir em decisões internas da Igreja que se referem às suas livres expressões religiosas”. Por sua vez, o rabino David Rosen, responsável pelo diálogo inter-religioso do Grande Rabinato de Israel, lamenta a decisão que “não mostra grande sensibilidade com relação às preocupações da comunidade judaica”, tomada, além disso, “a apenas três semanas da visita programada pelo Papa à Sinagoga de Roma”.

Cardeal Danneels e a beatificação de João Paulo II: “criar uma beatificação por aclamação é inaceitável”.

“Eu penso que se deveria respeitar o procedimento normal. Se o processo, por si mesmo,  avança velozmente, tudo bem. Mas a santidade precisa passar por corredores preferenciais. O processo deve tomar todo o tempo que precisar, sem fazer exceções. O Papa é um batizado como todos os outros. Por isso, o procedimento de beatificação deveria ser o mesmo previsto para todos os batizados. Certamente, não gostei do grito ‘santo subito!’ [santo já] que se ouviu nos funerais, na Praça de São Pedro. Não se faz assim. Há algum tempo, disseram que se tratava de uma iniciativa organizada, e isso é inaceitável. Criar uma beatificação por aclamação, mas não espontânea, é uma coisa inaceitável”. Palavras do Cardeal Godfried Danneels, arcebispo de Bruxelas, à 30 Giorni.

A resposta do secretário de João Paulo II.

« Evidentemente, [Danneels] fala do que não sabe e de um processo que não conhece » , respondeu o cardeal de Cracóvia, Stanislao Dziwicsz, secretário do Papa Wojtyla.

Elefantes cruzados.

(The hermeneutic of continuity) ‹‹ No último mês de julho, como você deve se lembrar, os cristãos no estado indiano de Orissa foram submetidos a severa perseguição. Uma freira de 22 amos foi queimada até a morte, um orfanato em Khuntpali foi incendiado por uma multidão, outra freira foi violada por uma gangue em Kandhamal, multidões atacaram igrejas, queimaram veículos e destruíram casas de cristãos. Pe. Thomas Chellen, diretor do centor pastoral que foi destruído com uma bomba, escapou por pouco depois de uma multidão hindu incendiá-lo. Ao todo, mais de 500 cristãos foram assassinados e milhares de outros feridos. Num acontecimento extraordinário, uma manada de elefantes viajou uns 300 km para atacar as cidades que foram as piores perseguidoras dos cristãos, deixando as casas cristãs intactas ››.  A arquidiocese de Colobo (cujo arcebispo é Dom Ranjith) traz mais informações.

Novidades sobre as conversações teólogicas FSSPX x Santa Sé.

O site Panorama Católico Internacional traz algumas anotações ao sermão proferido por Sua Excelência Reverendíssima, Dom Alfonso de Galarreta, em 19 de dezembro, numa ordenação diaconal e sacerdotal: “O resultado da primeira reunião foi bom. Principalmente, se estabeleceu o tema e método da discussão. Os temas a discutir são de natureza doutrinal, com exclusão expressa de toda questão de ordem canônica relacionada à situação da FSSPX. O ponto de referência doutrinal comum será o Magistério anterior ao Concílio. As conversações seguem um método rigoroso: é apresentado um tema, a parte que questionada envia um trabalho fundamentando suas dúvidas. A Santa Sé responde por escrito, com intercâmbios prévios por email dos assessores técnicos. Na reunião se discute. Todas as reuniões são gravadas e filmadas por ambas as partes. As conclusões de cada tema subirão ao Santo Padre e ao Superior Geral da FSSPX. A cronologia destas reuniões dependem de se o tema é novo ou já vem sendo discutido. No primeiro caso, será aproximadamente a cada três meses. No segudo, a cada dois. A próxima reunião é prevista para meados de janeiro. Os representantes teológicos da Santa Sé “são pessoas com as quais se pode falar”, falam “nossa mesma linguagem” teológica (interpreto, são tomistas). […] O bispo repitiu que os resultados da primeira reunião são bons, relativamente à situação anterior. Se falou com plena liberdade e somente de temas de doutrina num marco teológico tomista”.