Por Cardeal Antonio Cañizares Llovera
De instâncias influentes se pensa e trabalha por uma Nova Ordem. Pretende-se levar a cabo, com implacável engenharia social, uma mudança cultural de grande envergadura, um grande projeto para uma nova identidade. Digam ou não, no fundo, se está tratando de construir um mundo em que já não há nada verdadeiro, nem bom, nem valioso, nem justo em si e por si mesmo, nada transcendente, nem nada que esteja acima de nós. O relativismo se apropria da cultura e das mentes.
A negação da verdade e do bem é o motor que impulsiona um processo de expulsão de Deus e da religião do âmbito público. Se o bem e a verdade não podem ser conhecidos, então somente se pode ligar a lei a um sentido procedimental; isto é, a lei vem a ser uma maneira de se entender os homens, de viver em comunidade sem se matar, de garantir um marco onde cada indivíduo possa realizar seu “plano de vida” sem causar dano aos outros. Graças a este primeiro passo — relativista — a religião fica reduzida ao âmbito do privado. Há um segundo passo. A visão contratualista da sociedade se torna absoluta, porque o Estado não tem limites. Não há Deus, não há lei natural, não há nenhuma verdade sobre o bem que esteja acima da vontade do Estado. É um Estado absoluto. A liberdade do indivíduo é ilimitada, segundo esta concepção filosófica. Cada homem é livre para fazer o que quer. Não há nenhuma lei superior que indique o que se pode ou não realizar. Contudo, para tornar possível a vida na sociedade se realiza um pacto, através do qual cedemos nossos ilimitados direitos ao Estado. Ele velará para que estes direitos ilimitados possam ser realizados, assegurando ao mesmo tempo solidariedade e segurança. Pois bem, se não existe uma verdade última que guie e oriente a ação política, as idéias e as convicções humanas podem ser instrumentalizadas para fins de poder. O pluralismo supostamente é aceito, mas com exceção daqueles que crêem conhecer a verdade. Estes não podem ser aceitos porque são um perigo para a democracia.
Essa situação é real, a temos instalada em certos âmbitos do poder, e se estende sobretudo entre os setores jovens, ante a passividade ou a resignação, como se nada ocorresse. O que está em jogo por detrás de tudo, o digo uma vez mais, é um mundo com Deus ou sem Deus. Nesta ausência de Deus se funda a crise de nossa cultura. Por isso mesmo, só se superará tal crise se desaparecesse esse “silêncio ou ausência” de Deus, se o homem voltar a Deus, ou se devolver a Deus o lugar vital e central que lhe corresponde no coração, no pensamento e na vida do homem. Não acuso a ninguém; menos ainda condeno alguém — tampouco à sociedade que tem costas-largas –. Sei que dizer isso é nadar contra a corrente, “não está nada moda”. Mas não posso nem devo falar com palavras aduladoras. É muito, é tudo, o que aqui está em jogo. Não esqueço de São Paulo, para quem “a verdade era muito grande para se estar disposto a sacrificá-la em benefício de um êxito externo. Para ele, a verdade que havia experimentado no encontro com o Ressuscitado merecia, pelo contrário, a luta, a perseguição e o sofrimento. Mas o que o motivava no mais profundo era o fato de ser amado por Jesus Cristo e o desejo de transmitir aos demais este amor. São Paulo era um homem capaz de amar, e todo seu trabalhar e sofrer se explicam a partir deste centro” (Bento XVI).
Fonte: La Razón – 24 de fevereiro de 2010
Agradecimentos à leitora Natália Prado pela indicação do artigo.
“O que está em jogo por detrás de tudo, o digo uma vez mais, é um mundo com Deus ou sem Deus.” Cardeal Antonio Cañizares
Este artigo é muito interessante e merece muita atenção. Vale dizer aqui que o atual governo (PT) quer implantar no Brasil o 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos que fere profundamente a doutrina da nossa Igreja Católica. O real objetivo deles é criar um país ateu ou onde a fé católica não tem valor nenhum.
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Alguém sabe alguma coisa a respeito da Consagração da Rússia? Boatos, quando será e etc? Obrigado.
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Salve Maria!
É hora dos católicos fazerem resistência e se recusarem a servir patrões e empresas que, inimigos dos Ensinamentos da Igreja de Deus, procuram e fazem de tudo para tirar o Reino de Deus da vida dos católicos que os servem.
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Sr. Wágner,
Está acontecendo uma Cruzada do Rosário, promovida pela FSSPX, para suplicar aos céus que o Santo Padre realize a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, conforme Nossa Senhora pediu em Fátima. Estipulou-se a reza de 12 milhões de terços até maio de 2010, quando o Santo Padre estará em Portugal (no dia 13!).
Por enquanto, é o que nos resta a fazer: suplicar aos céus que esse verdadeiro milagre aconteça! E colocar diariamente nas intenções do nosso Terço e ao fim do mês encaminhar à FSSPX para contabilizá-los.
Em Cristo.
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Prezado Wágner,
Acho muito difícil a atual orientação da Igreja consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria a razão é essa o Mons. Bertone afirma que a Irmã Lúcia disse “que a Consagração desejada por Nossa Senhora foi feita em 1984, e que ela foi aceite pelo Céu.” Na verdade a orientação da Igreja pós-conciliar que é “ecumênica” é totalmente anti-fátima.
A consagração pode até ser feita da maneira que Nsa. Senhora pediu mas ninguém sabe quando será feita.
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Prezado Christiano
O que pensar então da Cruzada do Rosário promovida pela FSSPX ? Ela não terá efeito?
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Uma brincadeira:
O discurso è de 1960, sobre o Novus Ordus Ecclesiae?
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Diante de Deus nenhuma oração com reta intenção se torna sem efeito. O que dizer se a oração que estamos fazendo reflete o desejo de Nossa Senhora que veio pedir a consagração da Rússia ao Imaculado Coração!?
Meu caro Wagner a situação da Igreja nos bastidores não é nada boa. Se voce faz parte da FSSPX voce deve saber tão bem quanto eu o quanto sofreu Dom Lefebvre e os que lutaram contra a nova orientação da Igreja pós-conciliar que compactou com o liberalismo que a Igreja antes condenava.
Acredito que voce conheça o livro “O Derradeiro Combate
do Demonio – O mundo e a Igreja estão em crise”. Se não conheçe leia. Esse livro mostra claramente tudo o que se fez para que a mensagem de Fátima fosse esquecida ridicularizada e finalmente enterrada.
Afirmo que a cruzada do Rosário promovida pela FSSPX tem sim efeito diante de Deus, mas entenda que consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria equivale a enterrar o Ecumenismo. Por isso repito a consagração pode até ser feita da maneira que Nsa. Senhora pediu mas ninguém sabe quando será feita.
Rezemos para que por fim o Imaculado Coração de Maria triunfe e o Papa consagre a Rússia da maneira que a Santíssima Virgem pediu que fosse realizada a consagração.
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Caro Christiano,
Viva Cristo Rei! Salve Maria!
Lembre-se que a mensagem de Fàtima diz que a Consagraçao acontecera, mas ja sera tarde.
Repare no que voce disse:
“Na verdade a orientação da Igreja pós-conciliar que é “ecumênica” é totalmente anti-fátima”.
Interessante notar que, no Concìlio Vaticano II:
1° Recomendou-se Santo Tomas de Aquino (Conforme Paulo VI), mas nao se fez nenhum uso de sua filosofia ou teologia (como o Concìlio de Trento);
2° Proclamou-se Nossa Senhora como mae da Igreja, mas se desobedece claramente, como podemos ver na nao realizaçao da Consagraçao da Russia;
3° Continua-se a desobediencia ao nao revelar totalmente o conteùdo do terceiro segredo.
Se a Consagraçao da Russia* tivesse acontecido, na època em que Nossa Senhora pediu, serà que terìamos tido, o Concìlio Vaticano II?
Abraço
P.S.: Os acentos do meu teclado nao funcionam.
*Joao XXIII, recebeu premiaçoes russas, pela Carta Encìclica Pacem in Terris.
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