O Magistério Ordinário da Igreja Católica, por Dom Paul Naul, O.S.B. – Diferença entre o Magistério Ordinário e o Juízo Solene.

Posts anteriores da série:
  1. Apresentação.
  2. O Concílio Vaticano I e o Ensinamento Ordinário do Soberano Pontífice
  3. Vários modos de apresentar a regra de Fé.
  4. Paridade entre o ensinamento da Santa Sé e o da Igreja.
  5. O ensinamento do Vaticano I.

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Diferença entre o Magistério Ordinário e o Juízo Solene

É possível ver quais correções importantes um estudo atento do Vaticano I impõe às idéias exageradamente simplificadas que algumas pessoas formaram sobre a infalibilidade papal e, especialmente, sobre o Magistério Ordinário.

Por um lado, este estudo demonstra claramente a paridade que existe entre a Igreja Universal e a Igreja de Roma quanto à regra da fé, não apenas em juízos solenes, mas também no ensinamento ordinário [30].

Ao mesmo tempo, ele enfatiza a natureza especificamente distinta destes dois modos de apresentar a doutrina. A infalibilidade do Magistério Ordinário, seja o da Igreja Universal ou o da Sé de Roma, não é a de um juízo, nem a de um ato a ser considerado isoladamente, como se pudesse, por si mesmo, prover toda a luz necessária para ser visto claramente. É aquela da garantia concedida a uma doutrina pela convergência simultânea ou contínua de uma pluralidade de afirmações ou explicações, das quais nenhuma poderia trazer uma certeza positiva se fosse tomada por si mesma isoladamente. A certeza apenas pode ser esperada de todo o conjunto, mas todas as partes concorrem para formar tal conjunto. Conseqüentemente, nenhuma destas pode ser tratada com negligência, como sendo a mera opinião de algum doutor privado: tudo deve ser cuidadosamente recebido, como tantos testemunhos de valor inquestionável, embora desigual. Resta, agora, para nós, indicar o critério para avaliar este valor.

No caso do Magistério Universal, este conjunto completo é aquele do ensinamento concordante dos bispos em comunhão com Roma; no caso do Magistério Pontifício, é a continuidade do ensinamento dos sucessores de Pedro: em outras palavras, é a tradição da Igreja de Roma [31].

A. G. Martimort vê isso claramente:

“O erro de Bossuet consiste em rejeitar a infalibilidade do magistério extraordinário do Papa; mas ele prestou o grande serviço de afirmar claramente a infalibilidade do magistério ordinário e sua natureza particular, que deixa a cada ato em particular o risco de erro. Em suma, segundo o Bispo de Meaux, ocorre com a série de Pontífices Romanos considerada no tempo, aquilo que se passa com o Colégio Episcopal espalhado pelo mundo [32].

Continua…

[30] Esta paridade foi reconhecida por diversos autores, e.x.:, J.M.A. Vacant, Le magistère ordinaire de l’Eglise et sés organes, (Paris 1887) p. 98: “O Papa exerce pessoalmente seu Magistério infalível não apenas através de juízos solenes, mas também por um Magistério Ordinário que se estende perpetuamente a todas as verdades vinculantes para a Igreja toda”.

Cf. J. de Guibert, De Christi Ecclesia Roma, (1928) p. 314; M.M. Labourdette, O.P., “Les enseignements de l’enclyclique ‘Humani Generis’, R.T., L, (1950) p. 38.

[31] Mgr. Gasser (CL c. 404).

[32] A. G. Martimort, op. cit. p. 558.

7 comentários sobre “O Magistério Ordinário da Igreja Católica, por Dom Paul Naul, O.S.B. – Diferença entre o Magistério Ordinário e o Juízo Solene.

  1. Estimado, Ferretti Peço-vos sua permissão para postar este Post em meu blog que tem os mesmos fins que este.
    Grato.

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  2. Quanta alegria, trouxe aos corações dos católicos de Campos, e de toda a sua Diocese. Do Brasil todo, e do mundo.
    Quanto tempo, todos nós respirávamos que esta obra tão necessária, viesse àtona. Hoje temos a satisfação de te-la este compêndio dos seus escritos, ao alcance de todos nós.
    Os verdadeiros católicos, recordarão à doutrina sólida, que este tão abnegado pastor, deixou-nos nos seus longos anos de pastoreio. Obrigado Dom Antonio de Castro Mayer. Por tudo que nos transmitiu, para os seus filhos espirituais. Hoje certamente no céu, irá de interceder a Deus por todos nós.
    Não queremos ser ingratos, por tudo que nos deixou de bom, nestes anos. Nós queremos guardar com fidelidade, os ensinamentos da Santa Igreja, que o senhor nos transmitiu.
    Os verdadeiro católicos, são aqueles fiéis a doutrina deixada por Nosso Senhor.
    Afirma São Pio X. “Quem segue a Tradição, nunca erra.”

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