Vaticano II, um debate entre Romano Amerio, Monsenhor Gherardini e Monsenhor Pozzo.

DICIEm 2 de julho, Monsenhor Guido Pozzo (à direita na foto), secretário da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, proferiu uma conferência no seminário da Fraternidade São Pedro, em Wigratzbad, intitulada “Aspectos da eclesiologia católica na recepção do Vaticano II”. Nela, ele afirmou que “se o  Santo Padre fala de duas interpretações ou chaves de leitura divergentes, uma da descontinuidade ou ruptura com a Tradição Católica, e a outro da renovação na continuidade (em seu discurso de 22 de dezembro de 2005 à Cúria Romana, ndr), significa que a questão crucial da fonte, ou o ponto realmente determinante do trabalho de desorientação e de confusão que caracterizou e ainda caracteriza a nossa época, não provém do Concílio Vaticano II enquanto tal e não é o ensino objetivo contido em seus documentos, mas a interpretação deste ensino” (sublinhado no texto, como todas as passagens em negrito que seguem, ndr).

A análise de Monsenhor Pozzo sobre a influência do para-concílio.

Monsenhor Pozzo pretende provar que, sobre dois pontos controversos (o primeiro, a unidade e a unicidade da Igreja Católica, com a questão do subsistit in em Lumen Gentium 8, e o outro, o das relações entre a Igreja Católica e outras religiões, com o diálogo ecumênico e inter-religioso), “o anúncio autêntico da Igreja, no que diz respeito a sua reivindicação de plenitude, não foi modificado substancialmente desde o ensinamento do Vaticano II”.

Portanto, não resta senão perguntar por que os documentos conciliares, aos olhos de Monsenhor Pozzo tão claramente conformes à Tradição, deram lugar a uma interpretação de tal maneira oposta. O prelado romano se pergunta e responde: “Qual é a origem da interpretação da descontinuidade, ou da ruptura com a tradição? É que podemos chamar a ideologia conciliar, ou, mais exatamente, para-conciliar, que tomou conta do Concílio desde o início, se sobrepondo a ele. Com esta expressão, não se pretende nada que diga respeito aos textos do Concílio, nem à intenção dos autores, mas ao quadro geral de interpretação no qual o Concílio foi colocado e que age como uma espécie de acondicionamento interno da leitura sucessiva dos fatos e dos documentos. O Concílio não é a ideologia para-conciliar, mas na história do acontecimento eclesial e dos meios de comunicação de massa, se executou largamente a  mistificação do Concílio, que é precisamente a ideologia para-conciliar. Para que todas as conseqüências da ideologia para-conciliar fossem manifestadas como um acontecimento histórico, seria necessário considerar a revolução de 68, que toma como princípio a ruptura com o passado e a mudança radical da história. Na ideologia para-conciliar, o movimento de 68 significa uma nova figura da Igreja em ruptura com o passado”.

E Monsenhor Pozzo conclui que é necessário utilizar “a hermenêutica da reforma na continuidade”, preconizada por Bento XVI, “para enfrentar as questões controversas, liberando, por assim dizer, o Concílio do para-concílio que se misturou com ele, e conservando o princípio da integridade da doutrina católica e da plena fidelidade ao Depósito da Fé transmitido pela Tradição e interpretado pelo Magistério da Igreja”.

Uma interrogação permanece ao fim desta exposição: o para-concílio denunciado pelo secretário da Comissão Ecclesia Dei se identifica com o pós-concílio? Somos tentados a responder afirmativamente se considerarmos que esse para-concílio teria se esforçado em fazer coincidir os documentos redigidos entre 1962 e 1965 com o espírito da revolução de maio de 68. Mas também é dito que “a ideologia conciliar, ou, mais exatamente, para-conciliar, (…) tomou conta do Concílio desde o início, se sobrepondo a ele”. Esta sobreposição “desde o início” não teve nenhuma influência sobre a redação dos textos conciliares? Monsenhor Pozzo considera que a ideologia para-conciliar não afeta nem os textos do Concílio, nem a intenção dos autores, mas fornece somente “o quadro geral de interpretação no qual o Concílio foi colocado e que age como uma espécie de acondicionamento interno da leitura sucessiva dos fatos e dos documentos”. A ideologia para-conciliar seria, por conseguinte, um quadro externo que condiciona do interior a leitura dos documentos! Parece mais simples ver uma influência estranha à Tradição se exercer diretamente sobre a sua redação.

O testemunho de Dom Lefebvre

Dom Lefebvre
Dom Lefebvre

É que declarava francamente Dom Marcel Lefebvre em Ils l’ont décournné [“Eles O destronaram”]: “É certo que, com os 250 padres conciliares do Coetus (Coetus Internationalis Patrum, grupo de bispos conservadores fundado por Dom Lefebvre, Dom Carli e Dom Proença-Sigaud, ndr), tentamos, por todos os meios colocados a nossa disposição, impedir os erros liberais de se exprimirem nos textos do Concílio; o que fez com que nós pudéssemos como que limitar os danos, alterar tais frases inexatas ou tendenciosas, acrescentar tal frase para retificar uma proposta tendenciosa, uma expressão ambígua.

“Mas devo confessar que não tivemos êxito em purificar o Concílio do espírito liberal e modernista que impregnava a maior parte dos esquemas. Os editores, com efeito, eram exatamente os peritos e os Padres manchados por esse espírito. Ora, o que querer quando um documento é, em todo o seu conjunto, redigido com um espírito falso?  É praticamente impossível purificá-lo deste espírito; seria necessário recompô-lo completamente para lhe dar um espírito católico.

“O que pudemos fazer, é, pelos modi que apresentamos, fazer acrescentar incisos nos esquemas, e isso se vê muito bem: basta comparar o primeiro esquema da liberdade religiosa com o quinto que foi redigido — pois este documento foi cinco vezes rejeitado e retornou cinco vezes à tona — para ver que houve, de todo modo, êxito em atenuar o subjetivismo que infectava as primeiras redações. O mesmo para a Gaudium et Spes, se vê muito bem os parágrafos que foram acrescentados a nosso pedido, e que estão lá, diria eu, como retalhos devolvidos a uma velha roupa: ele não cola nem junta; ele não tem mais a lógica da redação primitiva; as adições feitas para atenuar ou contrabalançar as afirmações liberais permanecem lá como corpos estranhos (…)

“Mas, o fastidioso é que os próprios liberais praticaram este sistema no texto dos esquemas: a afirmação de um erro ou de uma ambigüidade ou de uma orientação perigosa, e, imediatamente antes ou depois, a afirmação em sentido contrário, destinada a tranqüilizar os padres conciliares conservadores.” (Ils l’ont découronné, Clovis, pp. 193-194, pode-se obter a obra aqui).

Romano Amerio e o seu discípulo Enrico Maria Radaelli denunciam “uma abissal ruptura de continuidade”

Romano Amerio
Romano Amerio

É possível encontrar um eco do testemunho de Monsenhor Lefebvre no terceiro volume das obras completas de Romano Amerio, publicado nos últimos dias na Itália pelas edições Lindau, sob o título Zibaldone, retomando o título de uma obra do poeta Giacomo Leopardi que significa uma mistura que reúne, sem ordem, “curtos pensamentos, aforismos, relatos, citações de autores clássicos, diálogos morais, comentários de acontecimentos do cotidiano”, como escreveu em 12 de julho o vaticanista Sandro Magister em o seu sítio chiesa.espressonline (tradução portuguesa publicada no Fratres in Unum). Magister assim apresenta a obra de Amerio: “Dessa sua análise fortemente crítica, que ele aplicava também ao Concílio Vaticano II, Amerio extraiu o que Enrico Maria Radaelli, seu fiel discípulo e editor da publicação das obras do mestre, chama de “grande dilema subjacente ao fundo do cristianismo atual”. Este dilema é o de saber se há continuidade ou ruptura entre o magistério da Igreja de antes e depois do Vaticano II.

“(…) a juízo de Amerio e Radaelli, esta é justamente a causa da crise da Igreja conciliar e pós-conciliar, uma crise que levou o mais próximo da perdição, ‘impossível mas também quase alcançada’, como é o ter desejado renunciar a um magistério imperativo, com definições dogmáticas “inequívocas na linguagem, certas no conteúdo, vinculantes na forma, como se espera ser ao menos os ensinamentos de um Concílio”.

“A conseqüência, segundo Amerio e Radaelli, é que o Concílio Vaticano II está cheio de asserções vagas, interpretáveis de modos diferentes, das quais algumas estão também em aberto contraste com o magistério anterior da Igreja (destaques nossos). Essa linguagem pastoral ambígua é o que havia aberto o caminho a uma Igreja hoje “percorrida por milhares de doutrinas e centenas de milhares de costumes nefastos”, inclusive na arte, música e liturgia.

“O que fazer para remediar essa calamidade? A proposta que faz Radaelli vai mais além daquela feita recentemente — a partir de juízos críticos tão duros quanto — por outro defensor apaixonado pela tradição católica, o teólogo tomista Brunero Gherardini, de 85 anos de idade, cônego da basílica de São Pedro, professor emérito da Pontifícia Universidade Lateranense e diretor da revista ‘Divinitas’”.

“Monsenhor Gherardini antecipou sua proposta num livro publicado em Roma, no ano passado, com o título: ‘Concilio Ecumenico Vaticano II. Um discorso da fare’. O livro conclui com uma ‘Súplica ao Santo Padre’, a quem se pede que submeta a um novo exame os documentos do Concílio, para esclarecer, de uma vez por todas, ‘se, em que sentido e até que ponto’ o Vaticano II está ou não em continuidade com o magistério anterior da Igreja. (…)

“Pois bem, em seu epílogo a ‘Zibaldone’ de Romano Amerio, o professor Radaelli recolhe a proposta de Monsenhor Gherardini, mas ‘apenas como uma primeira instância para purificar o ambiente de muitos, muitos mal entendidos’. Com efeito, segundo Radaelli, não é suficiente esclarecer o sentido dos documentos conciliares, se tal esclarecimento é oferecido depois à Igreja com o mesmo estilo ineficaz de ensinamento ‘pastoral’ que se tornou costume com o Concílio, propositivo mais que impositivo.

“Se o abandono do princípio de autoridade e o ‘discussionismo’ são a enfermidade da Igreja conciliar e pós-conciliar, para sair dela — afirma Radaelli — é necessário trabalhar de forma contrária. A máxima hierarquia da Igreja deve fechar a discussão com um pronunciamento dogmático ‘ex cathedra’, infalível e vinculante. Deve atingir com o anátema os que não obedeçam e deve bendizer os que obedecem.

“O que Radaelli espera que a cátedra suprema da Igreja decrete? Assim como Amerio, ele está convencido de que ao menos em três casos se deu ‘uma ruptura abismal da continuidade’ entre o Vaticano II e o magistério anterior: onde a Concílio afirma que a Igreja de Cristo ‘subsiste na’ Igreja Católica, em vez de dizer que ‘é’ a Igreja Católica; onde assevera que ‘os cristãos adoram o mesmo Deus adorado pelos judeus e muçulmanos’; e na Declaração ‘Dignitatis Humanae’ sobre a liberdade religiosa.

A hermenêutica da reforma na continuidade é um remédio suficiente?

Mons. Brunero Gherardini
Mons. Brunero Gherardini

No fim de seu artigo, Sandro Magister mostra que a crítica do Concílio por Romano Amerio e Monsenhor Gherardini não é, aos olhos do Papa, admissível: “Tanto Gherardini como Amerio-Radaelli reconhecem em Bento XVI um Papa amigo. Mas há que se descartar que ele assinta a seus pedidos. Mais ainda, tanto no conjunto como em alguns pontos controversos, o Papa Joseph Ratzinger já fez saber que não compartilha em absoluto de suas posições.

“Por exemplo, no verão de 2007, a Congregação para a Doutrina da Fé se manifestou a respeito da continuidade de significado entre as fórmulas ‘é’ e ‘subsiste em’ ao afirmar que ‘o Concílio Ecumênico Vaticano II não quis mudar, nem de fato o fez, a doutrina anterior sobre a Igreja, mas que apenas quis desenvolvê-la, aprofundá-la e expô-la mais amplamente’.

“Quanto à Declaração ‘Dignitatis humanae’ sobre a liberdade religiosa, Bento XVI explicou pessoalmente que, se ela está separada das indicações anteriores ‘contingentes’ do Magistério, fê-lo precisamente para ‘retomar novamente o patrimônio mais profundo da Igreja’.

“O discurso em que Bento XVI defendeu a ortodoxia da “Dignitatis humanae” é o que dirigiu à cúria vaticana na vigília do primeiro Natal de seu pontificado, em 22 de dezembro de 2005, precisamente para sustentar que  entre o Concílio Vaticano II e o magistério anterior da Igreja não há ruptura, mas “reforma na continuidade”.

E Sandro Magister conclui: “O Papa Ratzinger não convenceu até agora aos lefebvristas, que se mantêm em estado de cisma justamente neste ponto crucial (a afirmação de uma descontinuidade ou de uma ruptura em relação à Tradição constitui um cisma? Não seria antes a própria ruptura que pode ser sinônimo de cisma? ndr). Mas não convenceu — de acordo com o que escrevem Radaelli e Gherardini — nem sequer a alguns de seus filhos ‘obedientíssimos em Cristo’”.

De um lado, Monsenhor Pozzo propõe libertar o Concílio do para-concílio, e de outro, Amerio e Radaelli pedem que o Magistério Romano deixe de “pastoralizar” para dogmatizar claramente. Tal é o coração do debate sobre o Vaticano II que Monsenhor Gherardini afirma ser “um debate a se realizar”. Imperativamente. (DICI n°220 de 07/08/10)

37 comentários sobre “Vaticano II, um debate entre Romano Amerio, Monsenhor Gherardini e Monsenhor Pozzo.

  1. Propôs-lhes também esta comparação: Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha.
    Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres;
    mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam.
    Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O vinho velho é melhor.
    (Evangelho segundo S. Lucas 5)

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  2. Por favor, retificar esse trecho acima:

    “No fim de seu artigo, Sandro Magister mostra que a crítica do Concílio por Romano Amerio e Monsenhor Gherardini não SÃO, aos olhos do Papa, admissível”

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  3. Marcus, a citação que você colocou é simplesmente irrefutável. Não dá vontade sequer de dizer mais algo, depois disso.

    Pois é. Bento XVI, um papa amigo. Mas humanamente falando, não é o papa da Tradição, e o juizo de Sandro Magister bem o demonstra, ao dizer que ele insistirá numa tentativa FRUSTRA de conciliar a água e o óleo. Não convencerá os tradicionalistas, não convencerá os conciliares. Mas enfim, ao menos suas atitudes de alguma maneira são mais voltadas para a Tradição. Com Bento XVI, iniciou-se uma era de retorno que muito dificilmente será apagada por outro papa futuro, visto que a tendência atual é a cada vez maior escassez de hierarcas progressistas extremistas, e os conservadores e ultra-conservadores são cada vez mais presentes, embora ainda se veja muitas vezes a Santa Sé destoar…

    Os tradicionalistas precisam, humanamente falando, nesse momento, subir em postos na hierarquia eclesiástica. Mas sobrenaturalmente falando, está tudo nas mãos de Deus, que dispõe de tudo, e faz com que todas as coisas aconteçam como deve ser.

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  4. Bruno, o problema que vejo no médio prazo é sair dessa “dialética” um hibridismo mais pernicioso ainda; ao modo Opus, Legionários, Arautos, Campos e quejandos…
    O que falta é a verdadeira fibra católica!!!
    Esse consiliarismo de veludo que tudo quer dialetizar e pasteurizar é tão ou mais daninho que o aggiornamento mais apressadinho!
    Ora & Labora já nos ensinava S. Bento.
    Espero que o legado do Papa Bento de Roma seja tão duradouro e retificador quanto o monge Bento de Núrsia!
    Façamos com coragem aquilo que deve ser feito: denfendamos a Igreja, pela honra da Virgem Maria!!!!

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  5. Marcus Pimenta,
    estou tentando falar com você pelo celular.`
    Por favor, preciso de sua ajuda para conversarmos com D. Orani sobre a Missa no Rio.
    Ligue para mim.

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  6. Senhores sei que pugnam por um ensinamento da verdadeira Igreja de Crito que é o da Santa Igreja Catolica, portanto repasso-lhes a triste informação de que o mais novo Bispo do Brasil a ser ordenado,frade capuchinho Magnus Henrique Lopes, para Diocese de Salgueiro disse em entrevista para o jornal do Comercio de Pernambuco que para ele não era preocupante o avanço de seitas, se essas forem “sèrias”! Caros amigos será que a existência de pastores protestantes sérios que negam os Dogmas Marianos não ofende a Deus? Negar o Papado não ofende a Deus? Negar a Eucaristia não ofende a Deus? Será que verdade de Cristo que só a Santa Igreja detem negada por serios protestantes não ofende a Deus? Será que não devemos converter a nosso Igreja os protestantes? Entendo que a escolha do memso já se mostra errada, e incoerente com o momento de ressurgimento da Santa Tradiçao, tão pretendida por nosso Bento XVI! A posição do futuro Bispo fere de morte o sangue dos Martires! por favor defendam a Igreja. Se possível repassem essa informação e leiam o pobre depoimento desse Futuro !Bispo” que será mais um apostata da fé católica! Dominus Vobiscum.

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  7. Dividir pra conquistar. É o que me ocorre ao ler o texto e comentários.

    O fato de ter surgido a classe dos “tradicionalistas” para fazer oposição aos ideólgos para-conciliares, é construção desses últimos.

    Jamais ocorreu ao Coetus a idéia da oposição, ao contrário, desejou-se defender a Igreja. Não por acaso os frutos amargos deste concílio pastoral move hoje, desde o papa, alguma providência para convencer o clero de que a esculhambação está demais. Mas, tristemente, constata-se que não foi possível nem instituir o Cura D’Ars como o Santo modelo dos padres ao fim desse amorfo ano sacerdotal para o clero.

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  8. Meu Deus…
    Não acredito em certos comentários que estou lendo…
    Papa Bento XVI quer o retorno da Tradição???

    Está claro no texto:
    “Tanto Gherardini como Amerio-Radaelli reconhecem em Bento XVI um Papa amigo. Mas há que se descartar que ele assinta a seus pedidos. Mais ainda, tanto no conjunto como em alguns pontos controversos, o Papa Joseph Ratzinger já fez saber que não compartilha em absoluto de suas posições.”

    Papa Bento XVI defende o CVII com “unhas e dentes”!
    Ele não quer nem a Tradição, nem o modernismo mais escancarado.

    Papa Bento XVI liberou a Missa no intuito de sair daí um sintese entre o antigo e o novo rito.

    A mentalidade dele e suas ações são totalmente neoconservadoras.

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  9. A teoria de Mons. Pozzo de um pará-concílio, é dificíl explicar sem considerar a ruptura do magistério conciliar e pós-conciliar, com o magistério pré-conciliar. Porque em mais de quarenta anos, nada foi feita contra esta ideologia pára-conciliar, aliás a teoria da ideologia pára-conciliar, apareceu apenas 45 anos após o encerramento do CVII. Não é possível em se tratando de magistério Católico, demorar todo este tempo para se perceber um problema de extremíssima gravidade.
    O coração da ideologia pára-conciliar, aparece no discurso de encerramento do Concílio Vaticano II. Quando sua Santidade Paulo VI, nos brindou com a brilhante pérola negra de encerramento conciliar,
    dizendo:

    “O humanismo laico e profano apareceu, finalmente, em toda a sua terrível estatura, e por assim dizer desafiou o Concílio para a luta. A religião, que é o culto de Deus que quis ser homem, e a religião — porque o é — que é o culto do homem que quer ser Deus, encontraram-se. Que aconteceu? Combate, luta, anátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de facto não se deu. Aquela antiga história do bom samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. Com efeito, um imenso amor para com os homens penetrou totalmente o Concílio. A descoberta e a consideração renovada das necessidades humanas — que são tanto mais molestas quanto mais se levanta o filho desta terra — absorveram toda a atenção deste Concílio. Vós, humanistas do nosso tempo, que negais as verdades transcendentes, dai ao Concílio ao menos este louvor e reconhecei este nosso humanismo novo: também nós — e nós mais do que ninguém somos cultores do homem.” DISCURSO DO PAPA PAULO VI NA ÚLTIMA SESSÃO PÚBLICA DO CONCÍLIO VATICANO II

    Vejam meus amigos, também não houve combate, luta ou anátema, por parte do magistério conciliar, contra a tal ideologia conciliar ou pára-conciliar. Para entender a capitulação do espírito de luta, combate e anátema, é preciso entender a história do bom samaritano, que foi exemplo e norma segundo as quais orientou o Concílio e também orienta a atual Cúria Romana. Lembremos a parábola do bom samaritano:

    “Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele.No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo.” Lc 10, 30-37

    Para entender bem a parábola, recomento a leitura do comentário feito pelo Prof. Orlando a parábola do bom samaritano (http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=bom_samaritano&lang=bra). A descida de Jerusalém a Jericó, pode ser bem comparada a um “aggiornamento”, mas vamos ao ponto central da parábola. Chesterton (salvo engano), dizia que o puritanismo, é uma solução certa, para um problema errado. O mesmo pode se dizer sobre a absorção da párabola (e não história) do bom samaritano, por um Concílio Ecumênico. Cabe ao Concílio Ecumênico, cuidar dos ferimentos daqueles que são feridos por agressores como também impedir exatamente a ação dos agressores. O bom samaritano não tinha condições de impedir a ação dos agressores, mas um Concílio Ecumênico, a tem e todas as definições e anátemas, são exatamente a proteção contra os agressores. Todas as heresias condenadas pela Igreja, teriam produzido muito mais vitímas, se elas não tivessem sido condenadas. Imaginem se o espírito do bom samaritano, tivesse invadido o Concílio de Jerusalém, a Igreja não teria condenado a heresia judaizante, mas tão somente cuidado dos feridos pelos judaizantes, o mesmo se aplicando a todas heresias, a saber: o montanismo, gnosticismo, sabelianismo, arianismo, etc.

    Nada contra o bom samaritano, ele fez o que estava dentro de suas possibilidades. Eu não dúvido que se pudesse, ele teria preferido impedir os agressores, a remediar a vitíma. Mas a quem prefira que ele apenas remedie a vitíma e deixa em liberdade os agressores. Um Concílio Ecumênico, não pode reduzir suas responsabilidades, a responsabilidade do bom samaritano. Porque como foi dito, não estava em poder do bom samaritano impedir a agressão ao homem por ele cuidado, mas um Concílio Ecumênico, tem poderes para impedir os agressores e transgressores da fé católica, de agredirem os católicos. No entanto, quando um Concílio Ecumênico deixa agressores e transgressores livres, para cuidar daqueles que são agredidos por aqueles transgressores, subsiste nisto, o espírito do bom samaritano? É bom o samaritano que podendo impedir a agressão, a deixa acontecer livremente?

    “Soluções” dialéticas, são uma sobrevida e tanto para os problemas….
    continuo depois…

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  10. “grande dilema subjacente ao fundo do cristianismo atual”. Este dilema é o de saber se há continuidade ou ruptura entre o magistério da Igreja de antes e depois do Vaticano II.

    Este, realmente, é o grande dilema dos nossos tempos. Quem, entre nós, em algum momento, não teve ou, talvez ainda, não continua tendo este dilema açoitando a mente e o coração? Trata-se da salvação da alma.

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  11. Não adianta ficar discutindo isso. É discutir o sexo dos anjos. A verdade é uma só: O Concílio Vaticano II causou destruição na liturgia, na moral e na fé de Bispos, Sacerdotes e Leigos. Precisamos rezar para que o Papa retome o leme de uma igreja à deriva. Nós temos a promessa de que as portas do inferno não Erevalecerão contra ela. Confio nisso, unicamente.

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  12. Que maravilha para os tresloucados inimigos mortais da Igreja, os progressistas extremados, na linha de Boff e companhia, ver, àqueles que defendem a Tradição, que rezam, que amam a Liturgia, que se dizem fiéis ao Papa, se digladiando, agindo como os próprios doidos liberais, em extremo oposto, se arvorando em julgadores do Papa e mais católicos que ele…
    Como disse Nosso Senhor: “Um reino dividido é um reino destruído”…
    É melhor ficar “cum petro e sub petrus”…

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  13. Marcelo, que tal ver o que o Papa pensa a respeito?

    “Uma sã discussão teológica na Igreja é útil e necessária, ‘sobretudo quando as questões debatidas não foram definidas pelo Magistério’. Foi o que disse o Papa nesta manhã na catequese da audiência geral, dedicada ao confronto entre São Bernardo de Claraval, representante da teologia monástica, e o teólogo escolástico Abelardo.
    Um confronto aceso mas concluído com uma plena reconciliação, porque toda controvérsia teológica, sublinhou Bento XVI, deve também hoje visar a salvaguarda da fé da Igreja e fazer triunfar a verdade na caridade”.

    https://fratresinunum.com/2009/11/04/papa-ressalta-a-utilidade-e-a-necessidade-de-uma-sa-discussao-teologica-na-igreja/

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  14. Concordo com vc, Pedro. Só reafirmo o que disse o Santo Padre:“Uma sã discussão teológica na Igreja é útil e necessária, ‘sobretudo quando as questões debatidas NÃO FORAM DEFINIDAS PELO MAGISTÉRIO’.
    Pense bem, não precisa responder, nestas últimas palavras do Papa:’sobretudo quando as questões debatidas NÃO FORAM DEFINIDAS PELO MAGISTÉRIO’.
    Tenho certeza, absoluta, que o Papa não permitiu nem ao IBP, nem aos da FSSPX, discutirem, por exemplo, a validade ou não do Rito Novo. Além de louvar o Rito Novo e o Rito Antigo, no “S. Pontificum”, ele disse, no discurso à Cúria Romana em 22 de dezembro de 2005, fazendo uma analogia do período pós Concílio Vat II ao perído pós Concílio de Nicéia,comentado por São Basílio naquela época, que assim descreveu àquele perído: “o grito rouco daqueles que, pela discórdia, se levantam uns contra os outros, os palavreados incompreensíveis e o ruído confuso dos clamores ininterruptos já encheram toda Igreja, falsificando, por excesso ou por defeito, a reta doutrina da fé…”

    Aproveito a oportunidade para corrigir meu latim, pois não sou,infelizmente, nenhum expert, nesta língua sagrada e venerável da Igreja.
    “CUM PETRO E SUB PETRO”…

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  15. “Ninguém acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire; põe-na, ao contrário, sobre o candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa”. (S. Mat, V,15.)

    “Ninguém há que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; – pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente”. (S. Lc, VIII, 16 – 17)

    As passagens acima são o que penso a respeito do discurso de Paulo VI, piorado com os panos quentes colocados pelos veritatianos.
    A Igreja Católica é mestra. A Igreja recebeu e recebe do Espírito Santo verdades imutáveis e eternas, para ser a luz que ilumina a tudo. Se Paulo VI põe a luz debaixo da cama, do que adianta falar sobre qualquer tema que envolva a salvação do homem ou da sociedade, se ninguém o percebe?

    Que o Concílio Vaticano II foi marcado por uma grande simpatia pelo mundo moderno, isso ninguém pode negar… Que o Concílio se recusou a dizer o que se deveria fazer, idem. Que o Concílio quis agradar o homem, caindo nas maiores omissões do século XX, em nome da amizade com o mundo, como no pacto de Metz, o vergonhoso pacto de Metz, porque ninguém fala sobre isso?

    Pois é. A realidade às vezes é dura. É duro ver como em um concílio ecumênico, ao invés de se condenar tantas coisas que rebaixam o homem ao nível de animal, como o comunismo, ou ao pecado mortal, como a imoralidade, o espiritismo, o neo-paganismo, e nada disso ser tratado…

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  16. Texto ridículo o do Sr. Marcio Antonio, trazido pelo Sr. Marcos Grillo.
    Como se fosse melhor a Igreja se omitir diante do erro, não o condenando (o que ela nunca fez no passado) no campo doutrinal para tentar converter os humanistas, ou seja, em termos simples, deixa de condenar os erros para que os errantes se corrijam e se convertam. Isso não tem o menor sentido!
    O novo humanismo da Igreja é o humanismo cristão de Maritain: separação entre Igreja e Estado.
    É isso que o Sr. Marcio está defendendo; ou seja, ele é contra uma sociedade sacral.
    Recomendo contra isso São Pio X:
    http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/08/sao-pio-x-como-manda-o-evangelho-sim.html

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  17. Concordo com a análise do Renato Salles, a respeito do texto sugerido pelo Sr. Marcus Grillo: é simplesmente ridículo. Veja-se por exemplo:

    “Em vez disso, combate o humanismo ateu apresentando a alternativa: o seu humanismo, um humanismo diferente, que parte do princípio de que o homem é filho de Deus e anseia por Ele.”

    Na doutrina católica tradicional, o homem é criatura de Deus, ele não é seu filho. Pode se tornar ao acreditar em Jesus Cristo, quando è recebido por Deus, como filho por adoçao. Um humanismo que já considera o homem filho de Deus, é um humanismo, mas não é católico (pode ser judaico..). Leopoldo Eugênio Palácios, nos ensina que “todo humanismo é inumano, que todo humanismo é antropocêntrico e ateu; que somente submetendo-se o homem à Divindade, reconhecendo seu nada sob o abismo da imensidade divina, é como pode recuperar a sua dignidade. Não é pensando em reabilitar a criatura humana que se pode ir ao Criador, porque então Deus se converte em simples meio de dignificar o homem. É por Deus mesmo que devemos ir a Deus. E em sua luz ver sua luz”.

    Por fim sobre o humanismo maritaniano, sugiro a leitura do artigo do nosso querido Pe JB, “Alguns elementos da crítica de Leopoldo Eulogio Palácios e Julio Meinvielle ao humanismo maritainiano.” Não encontrei-o no site da Associação Civil Santa Maria das Vitórias, mas poderá ser lido no endereço:
    http://cruzadosmaria.blogspot.com/2009/08/uma-aula-de-humanismo-para-o-pe-fabio.html
    Fiquem com Deus.

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  18. Ah, Renato, não gaste seu latim.
    Essa gente tem uma desonestidade tão gritante, que não merece nem atenção. De vez em quando eu vejo alfinetadas por aqui, agora faço de conta que nem vi, para não dar “Ibope”.
    Conseguir torcer um texto, como o do encerramento de Paulo VI é coisa tão maliciosa que chega a dar náuseas. Como é que pessoas que se dizem católicas não enrubecem em defender uma mentira como se fosse verdade? Custa acreditar que essas coisas são premeditadas, às vezes eu penso realmente que quem escreve defesas deste tipo certamente não goza de juizo perfeito. Eu prefiro que sejam doidos, porque encarar isso como pura perfídia é estarrecedor.
    Estarrecedor porque não se trata de ignorantes, mas de pessoas que têm em mãos as mesmíssimas fontes que nós.
    Como se fosse do nosso interesse depredar a memória e as ações dos santos padres que vieram durante e após o Concílio!
    E do jeito que se dispõem a reinventar o que Paulo VI disse em um discurso, fazem igualmente a toooooooodo o resto. Ainda que a contradição grite em seus ouvidos. Ainda que a história os passe sucessivas rasteiras. Eles perseveram na mentira até o fim.
    O que dizem os que aceitaram o Concílio e estão sob a Missa Nova, sob a Gaudium et Spes, Lumen Gentium e demais documentos defeituosos, mas que ainda assim, por questão de honestidade intelectual, reconhecem que é necessária uma correção dos erros e uma reafirmação da verdade única e imutável, para estes não é nada.
    Para essa gente, o que diz monsenhor Gherardini, D. Pestana, Olivieri, Romano Amério, é LIXO. É preferível ignoarar tudo, ou como acham “pecar com a Igreja”, como se Deus fosse aplaudí-los por sua subserviência conivente…
    O indivíduo morno é assim. É vomitado tanto pelo céu quanto pelo inferno…

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  19. Sobre a idéia de “amizade com o mundo”, recomendo a leitura de uma homilia de S. Josemaria Escrivá intitulada “Amar o mundo apaixonadamente”. Segue o link: http://www.opusdei.org.br/art.php?p=12552 .

    No mais, se se pode dizer que o Vaticano II pôs a candeia “debaixo da cama”, não se poderia igualmente dizer que a recusa em enxergar a realidade hodierna, como se a história tivesse (ou devesse ter) parado na Idade Média, é também uma forma de esconder a candeia debaixo da cama?

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  20. O super-homem, diria: “Para o alto e avante!”.
    O Buzz Lightyear, diria: “Para o infinito e além!”.
    Os neo-católicos, dizem: “Para frente, sempre!”
    Essa verdadeira tara pelo progresso “da” e “na” marcha histórica, solapando tudo pelo caminho, comporta e acalenta o positivismo teológico: um mix de legalismo, otimismo, cegueira, teimosia e uma dose hipopótica de pusilanimidade.
    Os argumentos manjados e arqui-rebatidos de “paralização na Idade Média”, “enrijecimento”, “rebeldia” etc etc etc são usados à exaustão para provar uma tese: a candeia está debaixo da cama para fazê-la quentinha, confortável, fofinha, lindinha para se continuar a dormir o “sono dos justos”…
    Rezo para que essa candeia ateie fogo nos portentosos traseiros gordos dos burgueses neo-católicos! Talvez aí eles despertem e façam alguma coisa.
    Ou não…

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  21. Faço aqui um desafio público!
    Desafio os neo-católicos a lerem e estudarem O Reno deságua no Tibre e o A Candeia debaixo do Alqueire!!!
    E não adianta dizer que “estou sem tempo”, “não tenho dinheiro”:
    1) Como se pode justificar essa falta gravíssima em matéria de inteligência da fé se não conhece os argumentos da “contra-parte”?!
    É, no mínimo, desonesto. E a preguiça é pecado mortal…
    E também não adianta dizer que “está com o Papa” se o próprio Papa dialoga com a FSSPX; e o diálogo pressupõe duas partes que TROCAM informações.
    2) Falem com os vendedores e peçam parcelamento. Aposto que conseguirão!
    3) Não adianta dizer “estou sem tempo”, pois será breve a leitura já que os senhores cabeções já estão com as conclusões prévias bem fundamentadas, pois não?…
    4) http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/06/maus-conselhos-de-avestruzes.html
    5) Cresçam e apareçam, garotos!!!

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  22. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procede do Pai, mas do mundo. I João II, XVI

    Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal {espalhadas} nos ares. Efésios VI, XII

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  23. “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito.” (I Pd 3,15b)

    É interessante observar como a grosseria parece ser uma conditio sine qua non para alguém ser um “verdadeiro católico”. Do alto da sua sapiência e das suas certezas, olham tudo e todos — e aqui se pode incluir o próprio Papa — que não comungam das suas idéias com uma empáfia impressionante. E, ao que parece, se não houver uma dose mínima de agressividade, não se pode ser um “verdadeiro católico”. É preciso estar sempre pronto a distribuir patadas a torto e a direito, sem dó nem piedade. Não há o que discutir: a verdade é uma só, é simples, é cristalina, e, obviamente, está com os “verdadeiros católicos” (grupo do qual o atual Papa, assim como seus quatro predecessores, evidentemente não faz parte). Seus argumentos são irretorquíveis, e só não aderem a eles os que os ignoram, ou que não são inteligentes nem honestos o suficiente. Aliás, todo mundo sabe que não existe, no universo católico, inteligência nem honestidade fora do sacrossanto grupo dos “eleitos”, dos “verdadeiros católicos”, aqueles que irão salvar a Igreja do desastre total; aqueles dos quais depende o futuro da Igreja; aqueles de cuja fibra e coragem depende a vitória da Igreja sobre as portas do inferno, e sem os quais tudo já estaria perdido.

    Quanto a nós, os “falsos católicos”, cabe apenas calar a boca e estudar os livros que os “mestres” mandam (e que se dane se você trabalha, tem família, filho pequeno, problemas domésticos etc.; dê seu jeito! pare tudo que você está fazendo e vá ler o livro do Pe. Calderón, a “palavra final”!).

    De tudo o que foi dito, fica a lição: não dirija mais a palavra a um “verdadeiro católico” enquanto você não ler o assombroso livro do Pe. Calderón! Quando eu vou ler esse livro eu não sei, mas vou seguir essa lição à risca. Disso os senhores podem ter certeza.

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  24. O livro do Pe. Calderón só assombra a consciência de quem ainda não o leu.
    São as explicações cobradas pelo dever de casa ainda não cumprido. E isso sem falar nO Reno…
    Não são palavras violentas aquelas proferidas, mas de exortação, de apoio; palavras de quem reza sem cessar pela maior inteligência da fé…
    Apesar do Céu ser arrebatado pelos “violentos” (conf. Mateus XI, XII), ficamos cá a torcer pelos decididos pela sua indecisão.
    Há que se reconhecer que muitos – eu aí incluso – podem estar sendo exagerados nas suas assertivas, mas rogo para que debitem isso apenas na nossa fraqueza de querer mostrarmo-nos fortes; nunca creditem no “tradicionalismo” um erro que é humano: a Doutrina é boa, mas os homens perdem a medida.
    E isso não impugna o dever daqueles “em plena comunhão” de defender as suas opiniões contra os “arrogantes da fé” – os tradicionalistas: por uma obrigação devem responder com sabedoria e mansidão dá fé depositada neles.
    No mais seria como um “poderoso lutador” vociferando sem ao menos entrar no ringue…

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  25. Estou lendo A Candeia debaixo do Alqueire. Realmente, para quem busca o caminho da honestidade intelectual e da retidão baseada na Verdade, não recomendo outro.

    Espero que alguém faça um livro para refutá-lo. Porque até onde li, seria muito bom um debate. Mas temo que o livro tenha sido feito de forma tão blindada, que seria impossivel refutá-lo… Ou ao menos extremamente difícil, se algum teólogo igualmente tomista se dispusesse a fazê-lo.

    Monsenhor Brunero Gherardini é igualmente tomista. É igualmente concorde em desejar um ponto final nas questões ambíguas do Vaticano II, através de fórmulas dogmáticas. O que diria monsenhor Brunero, a respeito deste livro, caso o tenha lido?

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  26. Caro Sr. Marcus Grillo, sobre grosserias, o Sr. deveria ter pensado nelas, antes de ter indicado o texto do Sr. Marcio Campos.

    O cristianismo nao foi feito para os homens que enchergam a realidade hodierna, mas para os homens que enchergam a realidade eterna. Seja em que idade for, existe “o homem eterno” (Chesterton escreveu um livro a este respeito), o homem para quem a realidade hodierna, è a realidade eterna. Lèon Bloy, quando quer ler alguma novidade, abre as páginas do Evangelho. Assim, parece me mais apropriado indicar a leitura da carta de Sao Thiago que nos diz: “a amizade do mundo, é inimizade para com Deus.” Nosso Senhor, nos disse para “termos bom animo”, pois ele venceu o mundo.” Então, como ficam as páginas do Evangelho e face do preceito “Amar o mundo apaixonadamente” ?

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  27. Bruno, meu caro, a “blindagem” de que falas é aquela proteção diamantina que só a verdade pode revestir os argumentos de sabedoria.
    Não se trata de uma “forte” argumentação humana, mas é aquele efeito estruturante e iluminador que a verdade possui por si só; ainda mais quando o intelecto diz o que é.
    Os debates entre o Vaticano e a FSSPX versam justamente sobre isso: se há uma “interpretação” do CV-II ou se há uma descrição.

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  28. Sobre o sermão de Mons. Escrivá, ele me lembrou Max Weber, no livro “A ética protestante e o espírito capitalista”, falando a respeito do conceito de vocação em Lutero, vejam:

    “Já não resta dúvida de que na palavra alemã Beruf e talvez mais claramente ainda na palavra inglesa Calling está pelo menos implícita uma conotação religiosa de uma tarefa confiada por Deus. Quanto maior a ênfase colocada na palavra em um caso concreto, mais evidente a conotação. E se traçarmos a história da palavra dos idiomas civilizados, aparecerá que nem os povos predominantemente católicos nem os da antiguidade clássica possuíam qualquer expressão que tivesse tal conotação, do que hoje chamamos de “vocação”, (no sentido de uma tarefa de vida, de um campo definido no qual trabalhar), enquanto ela existiu para todos os povos predominantemente protestantes. Poderemos, mais adiante, demonstrar que isso não se deve a qualquer peculiaridade étnica dos idiomas em apreço. Não é, por exemplo, produto do espírito germânico, mas em seu significado moderno a palavra se origina nas traduções da Bíblia, pelo espírito do tradutor e não original. Na tradução da Bíblia de Lutero, parece ter sido usada pela primeira vez em um ponto de Jesus Sirach (XI 20,21) exatamente no nosso sentido moderno. Depois disso, rapidamente assumiu seu atual significado no falar cotidiano de todos os povos protestantes, apesar de não se encontrar nenhuma sugestão prévia na literatura secular ou mesmo nos escritos religiosos, e até onde pude me certificar só é encontrada em um místico alemão, cuja influência sobre Lutero é de todos conhecida.”

    Vejam o fim da Idade Média (o digo em homenagem ao Sr. Grillo), ainda em Max Weber, no mesmo capítulo:

    O conceito de vocação foi, pois, introduzido no dogma central de todas as denominações protestantes e descartado pela divisão católica de preceitos éticos em praecepta et consilia. O único modo de vida aceitável por Deus não era o superar a moralidade mundana pelo ascetismo monástico, mas unicamente o cumprimento das obrigações impostas ao indivíduo pela sua posição no mundo. Esta era sua vocação. Lutero desenvolveu o conceito ao longo da primeira década de sua atividade como reformador. De início, em harmonia com a tradição predominante na Idade Média, como representada por exemplo por São Tomás de Aquino, ele concebeu a atividade no mundo como uma coisa da carne, embora desejada por Deus; era condição natural indispensável para uma vida de fé, mas eticamente neutra ,b como o comer ou beber. Porém, com o desenvolvimento do conceito de sola fide, com todas as suas conseqüências e seus resultados lógicos, a ênfase cada vez mais aguda contra os consilia evangelica católicos dos monges, como ditados pelo demônio, a importância da vocação se avultou. A vida monástica não era apenas desprovida de valor e de justificativa perante Deus, mas também encarava a renúncia aos deveres deste mundo como um produto do egoísmo, uma abstenção das obrigações temporais. Ao contrário, trabalhar dentro da vocação se lhe afigurou como a expressão externa do amor fraternal. Isto ele prova com a observação de que a divisão do trabalho força cada indivíduo a trabalhar para os outros, embora seu ponto de vista seja muito ingênuo, em gritante contraste com as posições bem conhecidas de Adam Smith sobre o mesmo tema. Contudo, essa justificativa, evidentemente escolástica em sua essência, logo desapareceu, restando, cada vez com maior ênfase a colocação de que o cumprimento dos deveres mundanos é, em todas as circunstâncias, o único modo de vida aceitável por Deus. Ele, e somente ele representa a vontade de Deus, e por isso qualquer vocação legítima tem exatamente o mesmo valor aos olhos de Deus.

    Vejamos o reflexo disso, no Pe Fortea, respondendo ao Padre Amorth, sobre a questão dos satanistas na Cúria Romana:

    “nosso colégio cardinalício, se comparado com os dos séculos passados, é o mais edificante e virtuoso já conhecido em toda a História. Haveria que retroceder ao da época do Império Romano para encontrar um corpo de eleitores tão distantes de toda pretensão terrena como ao corpo que temos atualmente. Os cardeais serão melhores ou piores, mas todos possuem uma reta intenção e buscam a glória de Deus”. O Exorcista Padre Fortea replica na linha do Padre Amorth sobre a presença de Satanistas no Vaticano. https://fratresinunum.com/2010/03/02/o-exorcista-padre-fortea-replica-na-linha-do-padre-amorth-sobre-a-presenca-de-satanistas-no-vaticano/

    Se gnósticos são satanistas, então o Pe Fortea, é uma testemunha do Pe Amorth. Mas é interessante que a gnose moderna, não reconhece sequer a existência do espírito e da espiritualidade, é extramente materialista. Mas em contrapartida, através de sua contemplação, ela gera o erro oposto que é a gnose tradicional. O materialismo não é algo novo, como também não é novo o Estado Laico. O Estado Imperial também era laico e materialista. Mas os Pais da Igreja e os escolásticos, defenderam a união entre Igreja e Estado. O que não é possível defender, quando se defende a liberdade religiosa.
    Talvez seja defensavel a tese que não se encontraram no Concílio dois humanismos, mas sim duas gnoses. Reparem que o comportamento da CNBB em face das relações com o Estado, é extramente: gnóstico. Nega-se toda e qualquer participação católica na política, por que e por quais motivos? O Vaticano II, tambèm marcou o fim dos partidos Catòlicos!!!!!!!!!

    O sermão de Mons. Escrivá, é interessantíssimo. O Marcos Grillo, que é um converso do protestantismo, deve ter sentido apenas uma diferença formal para o Opus Dei…

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