O zelo litúrgico do novo bispo auxiliar de Belo Horizonte.

Quinta-feira Santa de 2010, Santuário de Adoração Eucarística em São Carlos, SP: “Foto da semana” há pouco tempo, o recém designado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), padre Luiz Gonzaga Féchio, dá outra amostra de seu zelo litúrgico. Segundo o testemunho do leitor que nos envia foto: “vê-se a celebração da Eucaristia no novo altar, feio, sem toalha (só o corporal) com cálice de vidro e todos os cibórios de vidro e inclusive a patena parece ser um pires de vidro. Atrás, o belo altar tradicional, que foi inutilizado, tornado uma bancada com a remoção dos degraus.  Agora quem fica em pé diante do altar tem sua mesa pouco abaixo da altura do peito, inutilizando-o para a celebração da Missa”.

Fica a questão: este é o perfil “reforma da reforma” das atuais nomeações episcopais?…

O que Bento XVI realmente pensa sobre Assis.

Circula há anos, particularmente nos meios ditos “conservadores”, o rumor de que o então Cardeal Joseph Ratzinger, por conta de algumas críticas pontuais, teria se oposto ao primeiro encontro de Assis  (1986) enquanto tal. Visando dissipar este mal entendido e deixar clara sua posição, o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, por ocasião do segundo encontro (2002), redigiu um artigo para a revista 30Giorni. Abaixo apresentamos sua tradução, gentilmente enviada pelo Revmo. Pe. Samuel Pereira Viana, a quem agradecemos. Ao lê-lo, é impossível ficar surpreso com a convocação do encontro deste ano baseado num suposto descontentamento de outrora do ex-prefeito do antigo Santo Ofício e dificilmente se poderá imputar qualquer incoerência entre o pensamento do então Cardeal e do Papa atualmente reinante.

O esplendor da Paz de Francisco

«A partir deste homem, de Francisco, que respondeu plenamente à chamada de Cristo Crucificado, emana ainda hoje o esplendor de uma paz que convenceu o Sultão e pode derrubar verdadeiramente os muros». Um artigo para 30Giorni do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger (destaques de Fratres in Unum).

Quando, quinta, 24 de Maio, sob o céu grávido de chuva, se moveu o trem que deveria conduzir a Assis os representantes de um grande número de Igreja cristãs para testemunhar e rezar pela Paz, este trem me pareceu como um símbolo do nosso peregrinar na história. Não somos, de fato, talvez, todos passageiros de um mesmo trem? O fato de que o trem tenha escolhido, como seu destino, a paz,  a justiça e a reconciliação não é, talvez, uma grande ambição e, ao mesmo tempo, um esplêndido sinal de esperança? Onde quer que seja, passando pelas estações, acorreu um multidão para saudar os peregrinos da Paz. Nas estradas de Assis e na grande tenda, o lugar do testemunho comum, fomos novamente circundados do entusiasmo e da alegria cheia de esperança, em particular pelo grande número de jovens.

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Foto da semana.

Príncipe Dom João de Orleans e Bragança (de chapéu e máscara) ajuda vítimas das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. “Minha família tem um histórico de serviço ao Brasil por patriotismo. Tenho uma vida comunitária e faço por consciência cívica. Isso é orgulho de ser brasileiro”. Foto: UOL.
Príncipe Dom João de Orleans e Bragança (de chapéu e máscara) ajuda vítimas das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. “Minha família tem um histórico de serviço ao Brasil por patriotismo. Tenho uma vida comunitária e faço por consciência cívica. Isso é orgulho de ser brasileiro”. Foto: UOL.

Exemplo de colaboração entre bispos diocesanos e… a Fraternidade São Pio X.

(Summorum Pontificum Observatus) O distrito da Ásia da Fraternidade São Pio X organizou uma grande cruzada de Rosários pela defesa da vida nas Filipinas.

Para este objetivo, que ultrapassa em muito as disputas intra-eclesiais, ela buscou o apoio dos bispos diocesanos. Alguns deles aceitaram se associar e até mesmo se apresentaram diante das câmeras ao lado dos padres da FSSPX. Assim, vemos nos vídeos abaixo Dom Paciano Aniceto, presidente da Comissão Episcopal para a Família, intervindo ao lado do Padre Thomas Onoda, da FSSPX. Do mesmo modo, o Cardeal Ricardo Vidal, arcebispo de Cebu, promove esta cruzada ao lado do Padre Albert Ghella, da Fraternidade São Pio X.

Primeiro bispo espanhol a celebrar missa tradicional em seu país após Motu Proprio.

(Kreuz.net) Espanha. No dia 15 de janeiro, o Arcebispo Manuel Ureña Pastor (65), de Saragossa, no norte da Espanha, celebrou uma missa de Requiem no Rito Antigo, segundo informou o sítio da associação tradicionalista ‘Una Voce Malaga’.

Assim, ele se torna o primeiro bispo espanhol a celebrar na Espanha desde a publicação do ‘Summorum Pontificum’. Fora da Espanha muitos bispos espanhois celebraram ou assistiram a Missa Antiga nos últimos anos.

Um outro olhar sobre os três anos do motu proprio.

Carta 13 – 15 janeiro 2011

Paix Liturgique

Desde o Verão que numerosos balanços foram propostos acerca dos primeiros três anos de aplicação do motu proprio Summorum Pontificum. De facto, na carta que acompanhou o MP, o Santo Padre convidava os bispos de todo o mundo «a elaborar para a Santa Sé um relatório sobre as vossas experiências, três anos depois da entrada em vigor deste Motu Proprio». Assim, por exemplo, é com este espírito que a Federação Internacional Una Voce apresentou recentemente o seu terceiro relatório anual às autoridades romanas.

Apoiando-se sobre o trabalho realizado no Verão passado pela nossa edição francesa, no início deste ano de 2011, a Paix Liturgique propõe-vos um estudo dos números relativos a estes três anos em que vimos a liturgia tradicional fazer o seu regresso à vida da Igreja universal. Deixando de lado a questão das celebrações recusadas aos fiéis, que muito frequentemente tem sido polémica, optámos por não considerar senão as missas efectivamente celebradas de acordo com o motu proprio Summorm Pontificum.

O nosso estudo versa sobre perto de 30 países de entre aqueles onde o catolicismo se encontra mais implantado. Não se trata de uma simples contagem, mas de uma classificação das celebrações na forma extraordinária do rito romano de acordo com o respectivo horário e regularidade. De certo modo, trata-se de um balanço qualitativo mundial da aplicação do motu proprio de 7 de Julho de 2007.

O ponto de referência escolhido é a missa dominical semanal celebrada em horário de tipo familiar. Pois, para que a missa seja o coração da vida dos fiéis, carece que eles possam assistir à mesma juntos. É por isso que, não obstante as diferenças culturais de país para país, decidimos considerar a faixa horária das 9h às 12h como o horário familiar “universal”.

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O Vaticano condena os padres católicos e defende os bispos hereges.

Por Enrico – Messa in latino

O senhor bispo, de "paramentos arco-íris", anuncia a demissão do cura tradicional de Thiberville. Foto: Dominique Bro - Le Forum Catholique
O senhor bispo, de "paramentos arco-íris", anuncia a demissão do cura tradicional de Thiberville. Foto: Dominique Bro - Le Forum Catholique

De um lado, um bispo que concelebra com anglicanos em pseudo-ordenações de imitadores-de-padres e “sacerdotisas” (veja aqui), que inaugura mesquitas e no ofertório “apresenta ao altar” escritos saudando Alá e seu profeta Maomé (leia aqui), que em seu jornal diocesano faz publicar artigos dos habitualmente acariciados teólogos-would-be que eliminam como medieval a idéia de transubstanciação e ensinam que a Eucaristia é apenas um símbolo (confira aqui). De outro, um pároco qualquer, que atende confissões e diz Missa (a nova e a antiga), que faz procissões e visita os doentes. Dadas estas suas atitudes reacionárias, sua paróquia é a única da diocese que não tem visto uma diminuição de paroquianos;  pelo contrário, todos, com o prefeito  da cidade à frente, estão com eles.

O bispo o odeia, porque o pároco é a prova viva do fracasso de todo o lixo modernista em que ele, digno sucessor dos Apóstolos (isto é, de Judas), acredita. E, sobretudo, encarna aquele catolicismo verdadeiro e não adulterado que ele odeia. Dessa forma, decide afastá-lo de sua paróquia, para uni-la à do vilarejo vizinho onde o padre é como ele gosta: escreve proclamas sindicais, celebra de modo que “quemseimportademaisnãoacredita” e, claro, tem uma igreja desoladoramente vazia. Logo, tem todo o tempo para ir causar danos em outro lugar. O bispo e seu amado padre vão a Thiberville para expulsar o bom pároco, o Padre Michel. Todos lembram da história, caso contrário, reveja-a aqui.

O pároco apela a Roma. Notícia de hoje: o recurso foi indeferido pela Assinatura Apostólica. O Padre Michel vai ter que sair, a paróquia foi dissolvida e “normalizada”, os católicos enforcados,  e, para Roma, eles que se danem.

O encontro de Assis: alguns possíveis convidados.

Aproveitando que, segundo alguns, tiramos a máscara, apresentamos a nossos leitores a tradução de um artigo importante com algumas sugestões de ilustres representantes a serem convidados para o encontro a se realizar em Assis, em outubro deste ano.

Fonte: Non Nobis

Vocês sabem, amigos, tenho levando em conta o próximo encontro ecumênico em Assis marcado para outubro desse ano. Eu quero entrar de verdade no clima desse encontro, porque acredito que ele seja profundo e único, algo verdadeiramente atual e novo. Quero ajudar o Vaticano realmente a cumprir sua missão de assegurar “que crentes de toda religião ‘solenemente’ renovem seu compromisso de viver sua própria fé religiosa como um serviço à causa da paz”.

Sabe, no último encontro de Assis, organizado por João Paulo II, acho que ainda estávamos naquele velho espírito de exclusividade. Tínhamos judeus, muçulmanos, hindus, curandeiros vudus, xamãs indígenas, tínhamos protestantes e ortodoxos, e por aí vai. E tudo isso foi muito bom, um belo primeiro passo. Mas nós fomos longe o suficiente? Ver a foto do Papa Católico sentando lá com todos os representantes dessas outras religiões me fez pensar: tem muita gente que até agora não foi representada em Assis. Eles também estão tentando viver sua fé.

Então, sem enrolar muito, humildemente lanço esta lista de possíveis convidados para ir a Assis no fim deste ano, na esperança de que todos nós possamos caminhar para uma nova religião global de paz, tolerância, diversidade e sensibilidade.

1. David Miscavige – Igreja da Cientologia

Acho que é muito importante que a Igreja da Cientologia seja incluída em Assis. Primeiro, temos que considerar quantas celebridades importantes, que estão comprometidas com as causas de justiça social, paz universal e igualdade para todas as formas de sexualidade, tornaram-se cientologistas. É muito importante o que as celebridades, desde suas privilegiadas posições, pensam sobre estas questões, como sabemos quando ouvimos o Bono sobre a pobreza ou a Pamela Anderson sobre o maltrato de animais.

Segundo, porque pode haver uma espécie de sincronismo entre nossa bondade moral e nossos níveis de thetan que ainda sequer conhecemos. Acredito que se introduzirmos uma hermenêutica da thetanidade para honrar nossa cristologia exegética, poderemos finalmente alcançar a harmonização de Xenu e Cristo e chegar ao ponto Omega. Também acho que deveríamos chamar o Tom Cruise como convidado de honra.

2. A igreja da Modificação Corporal

Acredito que convidar alguém da Igreja da Modificação Corporal seja importante por duas razões. Primeiro, acho que todos aqueles piercings e tatuagens realmente acrescentariam um elemento de diversidade ao encontro, daria um tempero a mais. Segundo, acredito que isso levaria todo mundo a levar a questão da perseguição religiosa a sério. Afinal, a igreja da Modificação Corporal processou e venceu ações com base na liberdade religiosa, como quando uma garota de 14 anos que era membro da Igreja foi expulsa da escola por alguns tipos realmente reacionários e intolerantes por ter um piercing no nariz. Creio que tomar consciência sobre esse tipo de perseguição fará as pessoas mais sensíveis a ela em lugares como Índia ou Egito.

Queremos que todos entendam que é importante poder se expressar e expressar suas crenças religiosas.

3. José Luis de Jesús Miranda – Crescendo em Graça

Ok, entendo que alguns escrupulosos que ainda gostam de dividir tudo em “categorias” possam ter problemas com um cara que diz ser Jesus Cristo. Mas, pra ser honesto, ele também diz ser o anti-Cristo numa espécie de dualismo místico que nós, acostumados a um modo mais tradicional de pensar, realmente sequer podemos começar a entender.

O motivo pelo qual devemos convidá-lo é que, segundo ao menos uma fonte, “milhões de pessoas em todo o mundo tatuaram seus corpos com “666” em reconhecimento de que a segunda vinda de Cristo aconteceu”. Logo, ele tem uma grande popularidade, uma grande influência. Há milhões de pessoas — a maioria latinos, creio eu – que querem praticar sua fé em “Jesuschristo Hombre” de maneira mais fervorosa e aberta. E quando você realmente considera o centro de sua mensagem de que estamos sob uma nova aliança com Deus, em que não há pecado, nem Satanás, e o povo está predestinado a ser salvo”, penso que quase atingimos a iluminada e moderna trifecta católica. Não consigo pensar em outra mensagem adequada de modo tão único para Assis.

4. Ronald McDonald – Consumismo

Ao deixar de fora o consumismo, temos excluído o que talvez se tornou a religião mais praticada hoje no mundo. Claro, não é uma religião oficial ou mesmo conscientemente reconhecida, mas, apesar de tudo, milhões vivem esta fé.

Agora, é óbvio, o consumismo pode ser algo ruim quando nos faz realizar coisas más, todavia, podemos mesmo nos aborrecer com o consumismo quando os cristãos já fizeram tantas coisas más no mundo? Queremos que todos pratiquem sua religião mais plenamente, e queremos, portanto, ser pacíficos. Bem, não consigo pensar em nada mais cheio de paz que alguém que se empanturra no menu do McDonald’s. O consumismo deixa as pessoas alegremente sedadas e as faz esquecer das coisas que podem causar paixões e divisões, como os sérios problemas morais e políticos. O consumismo, e não o islã, é a “religião da paz”.

5. Peter H. Gilmore – Sumo sacerdote da igreja de Satanás

Não sei quanto a vocês, pessoal, mas eu acho que já passou da hora de Deus e Lúcifer resolverem sua antiga pendenga. Afinal de contas, Deus e Satanás têm se empenhado numa guerra espiritual e nós não queremos a guerra, nós queremos a paz. Deus e Satanás precisam se desarmar e talvez assinar um tratado de não-proliferação, e Assis pode simplesmente ser o lugar para isso.

Para assinar o acordo poderíamos convidar Peter Gilmore, da igreja de Satanás. Agora, lógico, a igreja na verdade não acredita em Satanás, mas o gesto simbólico seria um grande passo em direção a sanar a divisão entre os filhos da escuridão e da luz. Os satanistas só querem viver em paz e liberdade, eles não querem prejudicar ninguém, logo, devemos reconhecer as crenças da igreja de Satanás como algo que conduz à tolerância, ao respeito e ao entendimento. Eles só atacam quando são atacados, veja só:

“Ao andar em território aberto, não incomode ninguém. Se alguém o incomoda, peça-lhe que pare. Se não parar, destrua-o”. (11ª regra satânica da Terra)

Pelo menos eles pedem. Não basta?

E não devemos nos esquecer:

“Satanás tem sido o melhor amigo que a Igreja já teve, e ele tem a mantido na ativa todos esses anos”. (9ª declaração satânica).

Façamos a paz com nossos amigos. Vamos encorajá-los a viver sua própria fé. Afinal de contas, queremos crentes de todas as religiões e seria intolerante excluir os satanistas.

6. Barney – Mascote oficial de Assis.

Acho que Assis precisa de uma mascote, um ser que encarne perfeitamente o “espírito” do encontro. Alguns podem querer São Francisco, mas não dá. Afinal, ele disse coisas como essa:

“Todos os que viram Jesus na carne, mas não O viram depois do Espírito, e o viram em Sua Divindade, mas não creram que Ele era verdadeiramente o Filho de Deus, estão condenados”.

Já que não acreditamos mais nisso, e já que isso seria gravemente ofensivo aos nossos convidados, precisamos de uma mascote mais agradável. Proponho Barney, o dinossauro, como mascote oficial de Assis 2011. Barney expressa o espírito de amor universal que queremos espalhar pela Terra. Digo, Jesus é bom e tudo mais, mas Ele disse que veio para trazer a espada e não a paz. Disse que irmão se voltaria contra irmão, e que qualquer um que não O amasse mais que a sua família não era digno dEle. Barney, ao dizer que “somos u-ma família fe-liz”, brilhantemente faz nossa unidade e intimidade uma realidade imanente, em oposição a algo que deveríamos experimentar apenas no paraíso. Nós “somos”, e não “seremos” uma “u-ma família fe-liz”,

Assis precisa também de um hino. Como você pode ter adivinhado, é a música especial e popular de Barney que o faz o candidato ideal para mascote oficial de Assis, mas deve também servir como a música oficial de Assis. Vamos ouvir:

Em “meu carinho é pra você”, creio que Barney capta a urgência desesperada por unidade e paz expressa na moderna e iluminada Igreja.

De fato, nós já vimos o “Espírito de Barney” agindo na Igreja.

Acho que devemos terminar Assis com esta benção [ver o vídeo aqui]: “Possa Deus abraçá-lo e abençoá-lo! Ide dar amor e abraços a todos!”

* * *

E você, caro leitor, quem convidaria para Assis 2011?

Íntegra da catequese do Papa Bento XVI sobre Santa Joana D’arc.

Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé
(tradução de Mirticeli Medeiros – equipe CN Notícias)

Caros irmãos e irmãs,

Hoje gostaria de falar sobre Joana D´Arc, uma jovem santa do final do período medieval, que morreu aos 19 anos, em 1431. Esta santa francesa citada muitas vezes no Catecismo da Igreja Católica, está particularmente ligada a Santa Catarina de Sena, patrona da Itália e da Europa, da qual falei recentemente em um das minhas recentes catequeses.

De fato, são duas jovens mulheres do povo, leigas e consagradas na virgindade; duas misticas comprometidas, não na clausura, mas em meio as realidades mais dramáticas da Igreja e do mundo no tempo delas. Elas são talvez as figuras mais características entre aquelas mulheres fortes que, no fim da era medieval levaram sem medo a grande luz do Evangelho para as complexas situações da história. Poderemos colocá-las ao lado das santas mulheres que permaneceram no Calvário aos pés de Jesus crucificado e Maria sua mãe, enquanto que os apóstolos tinham fugido  e até Pedro o havia traído três vezes.

A igreja naquele período vivia a profunda crise do grande cisma do Ocidente que durou quase 40 anos. Quando Catarina de Sena morre, em 1380, existia um papa e um antipapa; quando Joana nasce, em 1412, existia um papa e dois antipapas. Junto a esta dilaceração no interior da Igreja, aconteciam continuas guerras fratricidas  entre os povos cristãos da Europa, entre as quais a mais dramática foi a interminável “Guerra dos cem anos”, entre França e Inglaterra.

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Bento XVI sobre Santa Joana D’arc: “verdadeira paz com justiça entre os povos cristãos, à luz dos nomes de Jesus e Maria”.

Nicole Melhado
Da Redação, com Rádio Vaticano (Tradução equipe CN Notícias)

Ao dedicar a Catequese desta quarta-feira, 26, a Joana D’Arc, o Papa Bento XVI destacou seu “belo exemplo de santidade para os leigos empenhados na vida política, sobretudo nas situações de maior dificuldade”.

Catarina de Siena, patrona da Europa, e Joana D’Arc são as figuras mais características daquelas “mulheres fortes” que, no fim da Idade Média, levaram sem medo a grande luz do Evangelho nos momentos complexos da história.  Salientando a força das mulheres, o Santo Padre recordou também o exemplo da Virgem Maria e Maria Madalena. “Podemos escutar as santas mulheres que permaneceram no Calvário, próximas a Jesus crucificado e a Maria, Sua mãe, enquanto os apóstolos fugiram e o próprio Pedro negou Jesus três vezes.

Joana D’Arc nasce num período conturbado na Igreja e na França, em 1412, quando existia um Papa e dois anti-papa. Junto com este cisma na Igreja, contínuas guerras aconteciam entre as nações cristãs da Europa. A mais dramática foi a “Guerra dos Cem Anos”, entre França e Inglaterra. “A compaixão e o empenho da jovem camponesa francesa diante do sofrimento do seu povo tornou mais intenso o seu relacionamento místico com Deus”, explica Bento XVI.

O Pontífice recorda que um dos aspectos mais originais da santidade desta jovem é justamente esta ligação entre a experiência mística e a missão política. “Depois dos anos de vida oculta e crescimento interior, seguem dois anos, curtos, mas intensos, de sua vida pública: um ano de ação e um ano de paixão”, conta.

Depois de Joana D’Arc passar por alguns exames realizados por teólogos, o futuro Rei da França, Carlos VII, se rende aos seus conselhos. A sua proposta é de verdadeira paz com justiça entre os povos cristãos, à luz dos nomes de Jesus e Maria, mas esta proposta foi rejeitada e Joana se engaja na luta pela libertação da cidade em 8 de maio 1429.

“Joana vive com os soldados, levando a eles uma verdadeira missão de evangelização. Muitos testemunham sua bondade, sua coragem e sua extraordinária pureza. É chamado por todos, como ela mesma se definia,  ‘la pulzella’, a virgem”, conta o Papa.

Mas em 1430, ela é presa por seus inimigos, que a levaram a um processo eclesial. Ela é acusada e julgada até ser condenada como herege e levada à morte na fogueira.  Segundo o Papa, este juízes são teólogos sem caridade e humildade que não viram nesta jovem a ação de Deus. “Os juízes de Joana radicalmente incapazes de compreender, de ver a beleza de sua alma, não sabiam que condenavam uma santa”.

Na manhã do dia 30 de maio, recebe pela última vez a Comunhão na prisão e, em seguida, é conduzida à praça do velho mercado. Pede a um dos sacerdotes de ter diante de si uma cruz de procissão e, assim, morre “olhando Jesus Crucificado e pronuncia mais vezes e em alta voz o Nome de Jesus”.

Cerca de 25 anos depois, o Processo de Nulidade, sob a autoridade do Papa Calisto III, é concluido com uma solene sentença que declara nula a condenação. Bento XVI recorda que este longo processo recolheu testemunhos que colocaram em luz a inocência e a perfeita fidelidade de Joana D’Arc, que depois foi canonizada pelo Papa Bento XV, em 1920.

“O Nome de Jesus, invocado por essa santa até os últimos momentos de sua vida terrena, era como o contínuo respiro da sua alma, como um hábito do seu coração, o centro da sua vida”, ressalta o Santo Padre.

Para o Pontífice, o “mistério da caridade de Joana D’Arc é aquele total amor de Jesus que está sempre em primeiro lugar na sua vida. “Amá-lo significa obedecer sempre a sua vontade. Ela afirmava com total confiança e abandono: ‘Confio-me a Deus, meu Criador, amo-o com todo meu coração’”,  destacou o Papa.

Esta santa viveu a oração como um diálogo contínuo com Deus que iluminava também seu diálogo com os juízes e dava paz e segurança. Jesus se revela a ela como o “Rei do Céu e da Terra”, e segundo Bento XVI, a liberdade do seu povo era uma obra de justiça humana, que Joana cumpre na caridade, por amor a Jesus.

“Em Jesus, Joana contempla também a realidade da Igreja, a ‘Igreja triunfante’ do Céu, como a ‘Igreja militante’ da Terra. Segundo suas palavras, ‘é tudo uma coisa só: o Nosso Senhor e a Igreja’. E no amor de Jesus, Joana encontra a força para amar a Igreja até o fim, também no momento de sua condenação”, enfatiza o Santo Padre.

Por fim, Bento XVI disse que o luminoso testemunho de Santa Joana D’ Arc convida a um alto padrão de vida cristã: “fazer da oração o fio condutor dos nossos dias, tendo plena confiança no cumprimento da vontade de Deus, seja ele qual for; viver a caridade sem favoritismos, sem limites, e atingindo, como ela, no Amor de Jesus, um profundo amor pela Igreja”, conclui o Papa.

Saudação aos peregrinos de língua portuguesa

Aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa destacou esta “mulher forte” que levou sem medo a luz do Evangelho às complexas vicissitudes da história: Santa Joana d’Arc. “Desde a infância, mostra grande compaixão pelos pobres e atribulados no contexto de uma guerra sem fim entre a França e a Inglaterra”.

A compaixão e o empenho dela em favor do seu povo, recordou o Pontífice, intensificaram-se ainda mais com sua maturação mística, que teve lugar aos treze anos.

“Saúdo, com afeto, a todos vós, amados peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta peregrinação a Roma vos encha de luz e fortaleza no vosso testemunho cristão, para confessares Jesus Cristo como único Salvador e Senhor da vossa vida: fora Dele, não há vida nem esperança de a ter. Com Cristo, ganha sentido a vida que Deus vos confiou. Para cada um de vós e vossa família, a minha Bênção!”, exaltou Bento XVI.