“Em nome do espírito do Motu Proprio” – o grito de socorro dos seminaristas de Milão.

Carta 14 de Paix Liturgique

Há dez dias, começou a reinar uma grande inquietude por entre os fiéis e os sacerdotes ligados à celebração e à difusão da forma extraordinária do rito romano acerca da publicação, que se diz próxima, da instrução que enquadrará o modo de aplicação do Motu Proprio Summorum Pontificum. Blogs e meios de comunicação de todo o mundo, “tradis” e não, mostram esta preocupação e não surgiu qualquer desmentido credível que a tivesse vindo acalmar, a tal ponto que foi laçado um apelo internacional em defesa do Motu Proprio. Seja ou não fundada — e veremos a seguir que, infelizmente, o é —, em todo o caso, esta viva reacção vem dar testemunho da profunda ligação dos católicos tradicionais ao gesto pacificador empreendido em 2007 pelo Sumo Pontífice.

Esta semana, vimos propor-vos uma das facetas desta reacção, a carta dos seminaristas da diocese de Milão que estão inquietos com o anúncio de que os ritos latinos não romanos, como o rito ambrosiano que vigora em Milão, não estariam incluídos no Motu Proprio de Bento XVI.

I – O DOCUMENTO

Missa no Rito Ambrosiano antigo dita na Basílica de São Pedro pelo então Cardeal Giovanni Battista Montini, arcebispo de Milão.
Missa no Rito Ambrosiano dita na Basílica de São Pedro pelo então Cardeal Giovanni Battista Montini, arcebispo de Milão.

Carta aberta de 19 de Fevereiro de 2011

Beatíssimo Padre,
Caros leitores,

Queremos o Motu Proprio em Milão, e queremo-lo também aqui, no Seminário, onde, em vez dele, nos são impostas liturgias protestantizantes modelo “BOSE” (referência ao mosteiro modernista de Bose).

Santo Padre, Eminências, Excelências, fiéis todos, venham ver como se celebra no Seminário de Milão, venham ver as decorações litúrgicas da nossa capela, a pretensa estátua de Nossa Senhora (uma mulher meia despida sentada em frente do Sacrário, em atitude sensual!). Venham ver e já vão perceber. Bem compreendemos que os tempos mudam, que a história muda, mas o coração das pessoas tem necessidade das respostas de sempre, de uma Verdade que é sempre igual: Jesus Cristo, o mesmo de ontem e de hoje.

Porque será que, como católicos e como seminaristas, não podemos ser formados de modo a tomarmos conhecimento da Tradição bimilenar da Igreja? Não pedimos que seja imposto o rito antigo. Está-nos bem que fique como forma extraordinária. Mas porque é que não o podemos estudar oficialmente, e de quando em vez até mesmo celebrá-lo e rezar de acordo com ele, em vez de o fazer às escondidas, clandestinamente, sem que o saibam o Reitor e o Padre Espiritual, de noite, nos nossos quartos, como se isso fosse um acto de desobediência à Igreja?

O que nos é imposto é, ao contrário, uma sensibilidade litúrgica criativa inventada pela comunidade de Bose, que não é a nossa vocação, não é o motivo pelo qual escolhemos seguir o Senhor na Igreja Católica. Não queremos ser padres para viver à maneira Bose nem para celebrar ritos sincretistas. Quem tiver essa sensibilidade é completamente livre de ir para Bose.

Queremos poder cantar o Tantum Ergo em latim (o que, em regra, é probido!), e não apenas os cânones de Taizé em inglês e espanhol.

Será possível que quem assim pensa tenha de viver às escondidas, calando e fingindo que tudo vai bem?

Que mal há, é o que nós perguntamos, em querer ser católicos do terceiro milénio, evangelizadores do nosso tempo e, ao mesmo tempo, poder rezar como sempre rezaram os sacerdotes e os leigos da Igreja ambrosiana CATÓLICA?

Voltamos a dizê-lo: não queremos absolutizar, não queremos um regresso absoluto ao rito do Vetus Ordo, mas queremos sim um respeito verdadeiro, autêntico, não ideológico, para com a Igreja, a Sua história, a Sua Tradição, aquela Sua riqueza espiritual que pode nutrir verdadeiramente uma alma que queira conformar-se a Cristo Sacerdote.

Agradecemos a todos que se lembrem nas vossas orações de todos aqueles que, como nós, procuram seguir o Senhor trilhando o sulco da Sua Igreja, com as nossas dificuldades e limitações, mas iluminados pela graça esplendorosa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Auguramo-nos de que este nosso humilde apelo possa chegar ao coração de quem ama a Igreja e de quem quer servir os seus irmãos nas coisas que dizem respeito a Deus.

Santo Ambrósio e São Carlos Borromeu, intercedei por nós.

Em Jesus e Maria,

Alguns Seminaristas de Sveso
(Arquidiocese Metropolita de Milão)

II – OS NOSSOS COMENTÁRIOS

1) Podemos observar que esta carta de seminaristas — que, aliás, não são tradicionalistas — ultrapassa em larga medida o problema do documento de interpretação do Motu Proprio: ela prende-se directa e expressamente com a questão da ideologia litúrgica do grande seminário de uma das maiores dioceses da Cristandade. E a respeito de certas coisas, vimos a descobrir que, em 2011, estamos exactamente no mesmo ponto em que estávamos em 1970! O que mudou é que há agora muitos seminaristas que resistem e protestam. Em Itália, mas também em França e em Portugal, há-os mesmo que chegam a dizê-lo em alta voz. Pois se há lugares na Igreja onde a Inquisição ainda funciona, é precisamente nos seminários, onde os candidatos ao sacerdócio são julgados muito mais pelas suas ideias do que pela sua moralidade. E isso mostra bem até que ponto esta carta é corajosa e especialmente tocante.

2) Não nos esqueçamos de que a liturgia tradicional e quantos a ela estão ligados saem agora de 40 anos de humilhações e ostracismo, e isso pode explicar uma certa prontidão da reacção, por vezes viva, às injustiças sofridas. No presente caso, a reacção, a missiva dos seminaristas milaneses, é até das mais comedidas. O que estes futuros sacerdotes — e nós rezamos por eles! — vêm manifestar, mais do que cólera ou as suas exigências, é um profundo mal-estar. O mal-estar de quem tem de dissimular as suas convicções quando está à luz do dia, para apenas as poder expressar na calada da noite. É bem certo que grandes santos e mártires houve que nasceram da perseguição e das trevas, mas é legítimo que nos escandalizemos se é logo aqui que a perseguição e as trevas se espraiam e vêm provocar as suas feridas, isto é, nem mais nem menos que no interior de um seminário católico!

3) Uma palavra sobre “Bose”. Esta comunidade religiosa, nascida no dia em que se encerrava o concílio Vaticano II, junta homens e mulheres celibatários de diferentes confissões cristãs para que possam «viver o Evangelho com radicalidade» (Regra da Comunidade 3.5). O seu fundador e superior, o Irmão Enzo Bianchi, é a coqueluche dos meios de comunicação italianos, nos quais o vemos sempre pronto a dar a sua opinião, frequentemente de maneira radical! Não é raro fazerem-se analogias entre Bose e Taizé, e não nos surpreende que os seminaristas milaneses se queixem por terem de aguentar que se lhes inflija a liturgia Bose e, ainda por cima, o repertório completo de Taizé.

4) Historicamente, a diocese de Milão era considerada como a “primeira” arquidiocese do mundo, e é ainda hoje uma das três primeiras em número de católicos: quase 5 milhões. Milão tem por patrono Santo Ambrósio, um dos quatro Grandes Doutores da Igreja (juntamente com São Jerónimo, Santo Agostinho e São Gregório), e foi ele a dar o nome à magnífica liturgia latina que aí se celebrou até à reforma de Paulo VI: o rito ambrosiano. O outro patrono da cidade é São Carlos Borromeu, grande prelado da Contra-Reforma, que Pio XI deu por protector aos … seminaristas.

5) Por fim, esta carta coloca ainda o problema das minorias na Igreja: qual é o lugar, qual a liberdade, qual o respeito pelos fiéis, pelos sacerdotes e, aqui, pelos seminaristas que, conquanto permaneçam fiéis ao Magistério, não se reconhecem nas orientações dominantes da respectiva diocese ou conferência episcopal?

Porque, em 27 de outubro de 2011, não se deve “fazer memória deste gesto histórico” de Assis-1986.

Por Padre Paul Aulagnier, Instituto do Bom Pastor

Tradução: Fratres in Unum.com

Em 1º de janeiro de 2011, por ocasião da oração do Angelus, o Papa Bento XVI anunciou sua intenção de renovar a cerimônia inter-religiosa de Assis, de 27 de Outubro de 1986:

No próximo mês de Outubro, irei como peregrino à cidade de são Francisco, convidando os irmãos cristãos das diferentes confissões, os expoentes das tradições religiosas do mundo e, idealmente, todos os homens de boa vontade, a unir-se neste caminho com o objetivo de recordar aquele gesto histórico desejado pelo meu Predecessor e de renovar solenemente o empenho dos crentes de cada religião a viver a própria fé religiosa como serviço para a causa da paz”.

Ele já o havia anunciado em sua mensagem para a Paz para o ano 2011, intitulada: “A liberdade religiosa, caminho para a Paz”. Escreveu: “Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um factor de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

Sabemos, no entanto, que o Papa Bento XVI, enquanto ainda Cardeal, não quis assistir a esta “jornada de orações inter-religiosas para a paz”, devido ao risco de sincretismo em uma tal jornada. Ele também desejou, desde que está sobre a sede de Pedro, duas vezes, dar precisões sobre esta jornada, talvez nessa perspectiva de aniversário.

Em uma mensagem dirigida ao bispo de Assis, em 2 de Setembro de 2006, escrevia: “Para que não haja dúvidas acerca do sentido de quanto, em 1986, João Paulo II quis realizar, e que, com uma sua expressão, se costuma qualificar como “espírito de Assis”, é importante não esquecer a atenção que então foi dada para que o encontro inter-religioso de oração não se prestasse a interpretações sincretistas, fundadas numa concepção relativista. […] Por isso, mesmo quando nos encontramos juntos a rezar pela paz, é necessário que a oração se realize segundo aqueles caminhos distintos que são próprios das várias religiões. Esta foi a escolha de 1986, e tal escolha não pode deixar de ser válida também hoje. A convergência do que é diverso não deve dar a impressão de uma cedência àquele relativismo que nega o próprio sentido da verdade e a possibilidade de a obter”.

Mas, como simples observação: ele não rezou com os judeus e rabinos da sinagoga de Roma por ocasião de sua última visita? Umas são palavras. Outras as atitudes.

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Importante atualização: “ex-diaconisa” assiste Missa Tradicional!

ATUALIZAÇÃO: Rorate Caeli agora pode confirmar que Norma Jean Coon atualmente está frequentando a Missa Tradicional em Latim na igreja católica de Santa Ana em San Diego — uma paróquia da Fraternidade Sacerdotal São Pedro que está florescendo. Ela ainda não está recebendo os sacramentos.

O inglês pouco conciliar do novo Missal faz o clero inglês divergir.

Paolo Rodari

A nova tradução inglesa do Missal — entrará em vigor, por desejo do Papa, no próximo mês de setembro – divide em dois o coração da Igreja Católica de língua inglesa. São as almas mais liberais que acusam o Vaticano de ter desejado uma tradução partidária, um texto fiel aos desejos da igreja mais tradicionalista. Vox Clara, o comitê que supervisionou o trabalho de tradução, é acusado de ter favorecido uma redação muito dissonante do texto usado após o Vaticano II, uma tradução que segue “de modo servilmente literal” o texto latino, com uma sintaxe “intrincada” e expressões “elitistas” dificilmente compreensíveis aos fiéis.

A caixa de ressonância dos protestos são as diversas mídias católicas. Entre elas, a revista The Tablet,  que em sua última edição publicou a carta do beneditino Antony Ruff endereçada aos bispos dos Estados Unidos. Ruff, da abadia de São João, em Collegeville, Minnesota, foi até recentemente chefe da divisão de música para a tradução do Missal. Na carta, ele anuncia sua retirada de todo empenho para a promoção do Missal, porque “estou convencido de que os bispos querem um orador que saiba colocar o novo Missal sob uma luz positiva, mas isso iria requerer de mim afirmações que não compartilho”. Além do de Ruff, há outros pareceres negativos: um padre de Collegeville perguntou recentemente ao seu bispo o que ele achava da tradução. Resposta: “Creio pessoalmente que será um desastre”. Escreve The Tablet: “Para o cristão católico é necessária a obediência aos seus bispos, mas quando os membros da Igreja são constrangidos a aceitar o que não querem, é necessário que saibamos ao menos que tudo isso vem de um lugar repleto do Espírito Santo”.  Como se nesse lugar não fosse necessário que ao menos estivessem cheios do Espírito Santo “os nossos superiores”. Apenas “uma liderança deste tipo pode nos permitir crescer e mudar com o desconforto. Na sua ausência, a obediência dos cristãos poderia se degenerar em direção a um estado de imaturidade e de irresponsabilidade”.

Há alguns meses, o Comitê Vox Clara foi recebido pelo Papa. Pouco depois foi divulgado um comunicado expressando “satisfação pelo acolhimento que a conclusão da nova tradução do Missal recebeu em todo o mundo de língua inglesa”. Ainda, segundo o Catholic Herald, as autoridades da Igreja na Inglaterra e País de Gales “não esperam resistência à nova tradução do Missal”. E, de fato, foi o secretário, na qualidade de representante da comissão de liturgia dos bispos, que disse: “Há pessoas que gostam e outras não, e algumas que não estão seguras. Mas, ao fim, estou convencido de que todo o clero seja um grupo de pessoas muito pragmáticas”. Sobre o pragmatismo dos ingleses e da Igreja inglesa todos estão prontos a apostar. Mas, certamente, a batalha sobre o texto está destinada a continuar para além do próximo mês de setembro.

“Diaconisa” americana renuncia formalmente seu erro.

Rorate-Caeli – Muitas pessoas viram as reportagens que, em 2007, Norma Jean Coon pretendia ser ordenada  ao sacerdócio católico como parte de um grupo chamado Sacerdotisas Católicas Romanas.

O que vocês provavelmente não viram até agora, uma vez que a cobertura da parte dois da estória não tem aparecido, é que Coon renunciou à falsa ordenação, se separou do grupo herético, pediu desculpas pelo escândalo que causou e pediu perdão publicamente a Jesus e a Sua Santa Mãe.

Leia mais aqui.

Fundação do SPES na 1ª Conferência da Santa Cruz.

Nos dias 26, 27 e 28 próximos, em Belo Horizonte e Sabará – MG, será constituído o Seminário Permanente de Estudos Sociopolíticos Santo Tomás de Aquino – SPES, por ocasião da 1ª. Conferência da Santa Cruz com o Index Bonorvm.

O SPES é formado por um grupo de leigos ― dirigidos espiritual e teologicamente por D. Tomás de Aquino OSB ― que o constituíram com os seguintes objetivos:

• antes de tudo, o de estudar a doutrina da Igreja e de seus principais Doutores sobre a Realeza Total (incluída a Social) de Nosso Senhor Jesus Cristo;

• mas também o de divulgá-la mediante cursos, palestras, grupos de estudo, vídeos, livros, textos, site próprio, etc., a quaisquer pessoas que o desejarem.

O documento de fundação do SPES pode ser lido em http://www.slideshare.net/indexbonorvm/seminrio-permanente-de-estudos-sociopolticos .

Durante a 1ª. Conferência da Santa Cruz, haverá também: uma Santa Missa em intenção do SPES; a palestra “O Apocalipse”, por D. Tomás de Aquino; e a palestra “O Seminário Permanente de Estudos Sociopolíticos Santo Tomás de Aquino”, por Carlos Nougué.

Todos os detalhes sobre a 1ª. Conferência da Santa Cruz se encontram em http://indexbonorvm.blogspot.com/.

Os fundadores do SPES e o Index Bonorvm

Católicos defendem a Catedral de Lima com orações em face provocação de movimento gay.

Fonte: Spe Deus

No sábado 19 de Fevereiro centenas de católicos concentraram-se no átrio da Catedral de Lima (Peru) para rezar um Terço pela paz, diante da provocação “Beijos contra a homofobia” na que um reduzido grupo de gays e lésbicas se beijaram na Praça Maior localizada em frente ao principal templo católico do Peru.

Os homossexuais tinham convocado à repetição deste evento realizado originalmente no sábado 12 de Fevereiro no que foram desalojados violentamente pela polícia após beijar-se nas escadarias da Catedral.

Para esta segunda edição, contaram com o apoio explícito da prefeita de Lima, Susana Villarán, que em diversas ocasiões expressou sua postura favorável às uniões homossexuais.

Os gays e lésbicas fizeram uma intensa campanha mediática de convocatória para o evento do último sábado 19, mas só conseguiram reunir 8 pessoas dispostas a beijar-se na Praça Maior.

Em resposta, a partir das 15:30h mais de 200 fiéis reuniram-se nos arredores da Catedral, formando um cerco humano por mais de três horas, durante as quais se mantiveram rezando o Terço e cantando de maneira completamente pacífica.

A ideia destes católicos era defender esta Basílica do evento homossexual “Beijos contra a homofobia, a resistência” que reuniu apenas a três casais de gays e um de lésbicas, rodeados por curiosos e diversos meios de imprensa junto ao chafariz central da Plaza Mayor.

“Estamos aqui em realidade para proteger nossa fé de alguma forma”, declarou à agência ACI Prensa, do grupo ACI, Daniel Torres Cox, um dos participantes no Rosário pela paz.

Este jovem universitário assinalou ademais que uma manifestação gay em frente à Catedral como “beijos contra a homofobia” é “uma agressão contra o que nós acreditamos e por isso hoje estamos aqui para proteger, simplesmente para isso”.

Por sua parte Nancy Freundt, do Centro de Promoção Familiar e Regulação Natural da Natalidade (CEPROFARENA), salientou que no Peru não se persegue os homossexuais, “mas eles têm que provocar-nos e desafiar-nos porque querem acabar com todo tipo de princípio moral e a Igreja Católica é para eles o símbolo daquilo que eles querem derrubar”.

Freundt também sublinhou que “a Igreja Católica não são duas pedras, somos todos os católicos que vivemos e que professamos nossa fé”.

Perto das 18:45h, depois de ter conseguido manter o grupo de gays e lésbicas longe da Catedral apenas com as “armas” da oração e os cantos, os católicos se retiraram com a promessa de voltar a rezar ante esta Igreja se for novamente ameaçada.

O evento “Beijos contra a homofobia” foi convocado por activistas gays em protesto contra a recusa ao maioritária da população do Peru às uniões homossexuais, cujo projecto no Congresso foi recusado no passado dia 8 de Fevereiro por ser considerado inconstitucional, já que a Carta Magna assinala que o matrimónio está conformado por um homem e uma mulher.

Uma recente pesquisa da empresa CPI, realizada entre o 1º e o 6 de Fevereiro assinala que 75 % dos peruanos se opõe ao mal chamado “matrimónio” homossexual.

(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)

“Portanto, deves concluir: quem encontra Deus encontra tudo, quem perde Deus perde tudo”.

São Roberto Bellarmino desempenhou um papel importante na Igreja nos últimos decênios do século XVI e nos primeiros do século sucessivo. As suas Controversiae constituíram um ponto de referência, ainda válido, para a eclesiologia católica sobre questões acerca da revelação, a natureza da Igreja, os Sacramentos e a antropologia teológica. Nesses, aparece acentuado o aspecto institucional da Igreja, motivado por erros que então circulavam sobre tais questões. Todavia, Bellarmino esclareceu também os aspectos invisíveis da Igreja como Corpo Místico e ilustrou-o com a analogia do corpo e da alma, a fim de descrever a relação entre as riquezas interiores da Igreja e os aspectos exteriores que as tornam perceptíveis. Nessa obra monumental, que busca sistematizar as várias controvérsias teológicas da época, ele evita todo o enfoque polêmico e agressivo nos confrontos com as ideias da Reforma, mas, utilizando os argumentos da razão e da Tradição da Igreja, ilustra de modo claro e eficaz a doutrina católica.

[…]

No seu livro De ascensione mentis in Deum – Elevação da mente a Deus – composto sobre o esquema do Itinerarium de São Boaventura, exclama: “Ó alma, o teu exemplo é Deus, beleza infinita, luz sem sombras, esplendor que supera aquele da lua e do sol. Levanta os olhos a Deus, no qual se encontram os arquétipos de todas as coisas, e do qual, como uma fonte de infinita fecundidade, deriva essa variedade quase infinita das coisas. Portanto, deves concluir: quem encontra Deus encontra tudo, quem perde Deus perde tudo”.

Nesse texto, sente-se o eco da célebre contemplatio ad amorem obtineundum – contemplação para obter o amor – dos Exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Bellarmino, que vive na pródiga e muitas vezes doente sociedade do fim do século XV e início do XVI, dessa contemplação buscava aplicações práticas e ali projeta a situação da Igreja do seu tempo com viva inspiração pastoral. No livro De arte bene moriendi – a arte de morrer bem – por exemplo, indica como norma segura do bom viver, e também do bom morrer, o meditar frequentemente e seriamente que se deverá prestar contas a Deus das próprias ações e do próprio modo de viver, bem como não buscar acumular riquezas nesta terra, mas viver de modo simples e com caridade, de modo a acumular bens no Céu. No livro De gemitu columbae – o gemido da pomba, onde a pomba representa a Igreja – exorta com força ao clero e a todos os fiéis a uma reforma pessoal e concreta da própria vida seguindo aquilo que ensinam a Sagrada Escritura e os Santos, entre os quais cita, particularmente, São Gregório Nazianzeno, São João Crisóstomo, São Jerônimo e Santo Agostinho, além dos grandes Fundadores de Ordens Religiosas, como São Bento, São Domingos e São Francisco. Bellarmino ensina com grande clareza e com exemplo da sua vida que não se pode exercer verdadeira reforma da Igreja se antes não há reforma pessoal e a conversão do nosso coração.

Excerto da catequese de hoje do Papa Bento XVI sobre S. Roberto Bellarmino