Porque, em 27 de outubro de 2011, não se deve “fazer memória deste gesto histórico” de Assis-1986.

Por Padre Paul Aulagnier, Instituto do Bom Pastor

Tradução: Fratres in Unum.com

Em 1º de janeiro de 2011, por ocasião da oração do Angelus, o Papa Bento XVI anunciou sua intenção de renovar a cerimônia inter-religiosa de Assis, de 27 de Outubro de 1986:

No próximo mês de Outubro, irei como peregrino à cidade de são Francisco, convidando os irmãos cristãos das diferentes confissões, os expoentes das tradições religiosas do mundo e, idealmente, todos os homens de boa vontade, a unir-se neste caminho com o objetivo de recordar aquele gesto histórico desejado pelo meu Predecessor e de renovar solenemente o empenho dos crentes de cada religião a viver a própria fé religiosa como serviço para a causa da paz”.

Ele já o havia anunciado em sua mensagem para a Paz para o ano 2011, intitulada: “A liberdade religiosa, caminho para a Paz”. Escreveu: “Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um factor de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

Sabemos, no entanto, que o Papa Bento XVI, enquanto ainda Cardeal, não quis assistir a esta “jornada de orações inter-religiosas para a paz”, devido ao risco de sincretismo em uma tal jornada. Ele também desejou, desde que está sobre a sede de Pedro, duas vezes, dar precisões sobre esta jornada, talvez nessa perspectiva de aniversário.

Em uma mensagem dirigida ao bispo de Assis, em 2 de Setembro de 2006, escrevia: “Para que não haja dúvidas acerca do sentido de quanto, em 1986, João Paulo II quis realizar, e que, com uma sua expressão, se costuma qualificar como “espírito de Assis”, é importante não esquecer a atenção que então foi dada para que o encontro inter-religioso de oração não se prestasse a interpretações sincretistas, fundadas numa concepção relativista. […] Por isso, mesmo quando nos encontramos juntos a rezar pela paz, é necessário que a oração se realize segundo aqueles caminhos distintos que são próprios das várias religiões. Esta foi a escolha de 1986, e tal escolha não pode deixar de ser válida também hoje. A convergência do que é diverso não deve dar a impressão de uma cedência àquele relativismo que nega o próprio sentido da verdade e a possibilidade de a obter”.

Mas, como simples observação: ele não rezou com os judeus e rabinos da sinagoga de Roma por ocasião de sua última visita? Umas são palavras. Outras as atitudes.

E, em visita a Assis, em 17 de junho de 2007, o Papa declarou, outra vez, em sua homilia: “A escolha de celebrar aquele encontro em Assis era sugerida precisamente pelo testemunho de Francisco como homem de paz, para o qual muitos olham com simpatia também de outras posições culturais e religiosas. Ao mesmo tempo, a luz do Pobrezinho sobre esta iniciativa era uma grande garantia de autenticidade cristã, dado que a sua vida e a sua mensagem se baseavam tão visivelmente sobre a escolha de Cristo, que rejeitavam a priori qualquer tentação de indiferentismo religioso, que em nada se relacionaria com o autêntico diálogo inter-religioso. […] Não poderia ser atitude evangélica, nem franciscana, não conseguir conjugar o acolhimento, o diálogo e o respeito por todos com a certeza de fé que cada cristão, do modo como o Santo de Assis, é obrigado a cultivar, anunciando Cristo como caminho, verdade e vida do homem (cf. Jo 14, 6), único Salvador do mundo”.

As intenções de Bento XVI são nítidas e honestas… mas não podem impedir, de jure, o risco de sincretismo, relativismo e indiferentismo. Como disse muito bem Romano Amerio, em seu livro “Stat Veritas”, “Não são mais do que palavras… não se pode promover o sincretismo e em seguida advertir que é necessário ter cuidado para evitar evitar o sincretismo” (p. 139).

Não é, tampouco, porque esta reunião ocorre em Assis, onde o Poverello imprimiu sua marca de sua entrega a Cristo, que esta reunião é, de si, garantida por uma justa ortodoxia. É possível ser infiel em Assis.

Além disso, em 27 de outubro de 1986, com João Paulo II, talvez, desejou-se ter “atenção para que o encontro inter-religioso de oração não se prestasse a interpretações sincretistas”, procurando que “a oração se realize de acordo com os caminhos distintos que são próprios das várias religiões”. Talvez tenha sido um desejo leal. Tal desejo não foi e não pôde ser realizado, de modo que é possível falar, a justo título, de jornada pan-cristã de Assis ou de “a ilusão pan-cristã de Assis”.

Com efeito, em Assis, no dia 27 de outubro de 1986, os católicos não rezaram como, por sua vez, os “representantes das outras religiões”, de acordo com os seus próprios ritos e na plena “expressão de sua própria fé”, como deixa entender Bento XVI, mas reuniram-se em “oração ecumênica” com “representantes das confissões e comunidades cristãs” na catedral de São Rufino. Isso foi claramente afirmado pelo Osservatore Romano de 27-28 de outubro de 1986. Lá, o Papa, despojado de toda insígnia de sua primazia, pôs em marcha, sempre na sua qualidade de anfitrião — como será Bento XVI, em 27 de outubro próximo –, uma celebração tipicamente protestante com leitura de passagens da Bíblia, mesclada com cantos e sendo concluída pela “oração universal”, aquela “de toda a Igreja”. Encontrareis este testemunho no Osservatore Romano citado, na página 3.

A saudação dirigida à assembléia, lida pelo “anfitrião” João Paulo II, falou, sem dúvida, das “graves questões que ainda nos separam”. Mas disse também que “o grau atual de nossa unidade em Cristo é, não menos, um sinal para o mundo de que Jesus Cristo é realmente o Príncipe da Paz”. Mais ainda, concluiu que a oração pela paz “deve fazer crescer em nós o respeito de uns pelos outros como seres humanos, como Igrejas e comunidades eclesiais” (Ibid, e DC.n° 1929 do 7 de Dezembro de 1986).

Nenhuma outra distinção, que não seria justificada por seu papel “anfitrião”, foi reconhecida ao Papa pelo cerimonial ecumênico. O que escandalizaria de tal modo Dom Lefebvre que veria ali uma injúria ao Vigário de Cristo. E ainda, a oração final dos “pan-cristãos” na praça da basílica menor de São Francisco foi iniciada por uma mulher “pastora”, enquanto o Papa era apenas o quartoentre tanto sábios”.

Inoportunamente, no dia seguinte do “encontro de Assis”, o Cardeal Etchegaray declarava: “Para mim, a oração da Igreja cristã na catedral de São Rufino foi o momento, o tempo forte, de toda a jornada… A qualidade e a intensidade desta oração foi aquela em que todos pareciam iluminados como que por uma nova efusão comum do Espírito Santo”. Ele se exprimia assim “ridícula, sentimentalmente” no jornal Avvenire, de 2 de novembro de 1986. Recordamos que ele foi o grande organizador da jornada de Assis. É forçoso reconhecer que, na Babel de Assis, os Cardeais e o próprio Papa, de fato, não representaram a Igreja Católica, mas a “Igreja cristã”, englobando aí os não católicós. E quem eram aqueles que compunham esta “Igreja cristã”, que teria tido seu Pentecostes em Assis, segundo a declaração do Cardeal Etchégaray? As “diversas Igrejas e confissões que têm Cristo por fundamento”, explicava-nos o Osservatore Romano, de 27-28 de outubro de 1986. Na prática: a igreja ortodoxa, as “igrejas” reformadas e a Igreja Católica. Evidentemente, esta “Igreja cristã” não era a Igreja Católica, mas uma super-igreja que ultrapassa e inclui a própria Igreja Católica, do mesmo modo que as outras supostas “igrejas”. Que eclesiologia!

Com efeito, a oração da “Igreja cristã” em Assis não foi a da Igreja Católica, cuja fé se exprime plenamente na Santa Missa, “sacrifício verdadeiro e autêntico”, como ensina o santo Concílio de Trento contra os autores dessas “confissões e comunidades cristãs” reunidas com os católicos em São Rufino. Logo pela manhã de 27 de outubro o Papa João Paulo II celebrou o rito da nova missa, em Perugia, antes de se dirigir a Assis, cujo cerimonial foi ecumenicamente misturado com o de seus “irmãos separados” — e isso Bento XVI, apesar da sua intenção, não poderá fisicamente evitar — para rezar “ecumenicamente” com eles e “sem triunfalismo”, despojado da dignidade do Vigário de Cristo, esquecendo que a Igreja Católica não é senão uma com Cristo, que deve reinar eternamente sobre todas as coisas, todos os bens e todos os seres. Isso lhe cabe de direito divino. Mas isso não poderá ser confessado pelo Papa. No entanto, é sua função!

E mais ainda, em Assis, a Igreja Católica foi posta não no nível das falsas religiões, que dizem-se cristãs ou não, mas abaixo delas. Recorde-se que o Cardeal Etchégaray permitiu a todos “se exprimir na plenitude de sua própria fé” (CD de 7-21 de setembro de 1986), mas isso não foi permitido aos católicos; “que a oração de cada um fosse respeitada”, mas a dos católicos não foi. E quando, pondo em marcha o carrossel final sobre a praça ao pé de São Francisco, declarou triunfantemente: “Estamos reunidos em plena fidalide às nossas tradições religiosas, profundamente conscientes da identidade de cada um de nossos compromisso de fé” (OR citado, p. 4). Era verdadeiro para todos, exceto para os católicos, nem em sua oração nem em seu Pontífice, Ele, no entanto, Vigário de Cristo…

Enfim, enquanto foi concedido aos representantes das falsas religiões, com grande atenção,  reunirem-se de acordo com o seu desejo “para rezar, mas sem rezar juntos” (Rádio Vaticano), os representantes oficiais da única religião verdadeira rezaram juntos com os representantes das falsas religiões pseudo-cristãs. A prática pan-cristã de Assis é suficiente para demonstrar que, entre outras coisas, bastaram vinte anos de falso ecumenismo para que se estabelecesse entre os católicos, a começar pela sua hierarquia, o indiferentismo pan-cristão. Hoje, tudo parece legítimo.

Por todas essas razões, a “jornada de Assis” não pode ser renovada nem ser comemorada; ela não é “comemorável”; ela não é digna da Igreja Católica, ela é “miserável”.

* * *

As reações históricas de Dom Lefebvre e de Dom Antonio de Castro Mayer

Eis a carta que Dom Marcel Lefebvre endereçou, em 27 de agosto de 1986, a 8 cardeais:

Ecône, 27 de agosto de 1986

Eminência,

Diante dos acontecimentos que ocorrem na Igreja e dos quais João Paulo II é autor, diante do que ele se propõe realizar em Taizé e em Assis no mês de outubro, não posso deixar de me dirigir a vós, a fim de vos suplicar, em nome de numerosos de padres e fiéis, que salveis a honra da Igreja, humilhada como nunca esteve durante sua história.

Os discursos e atos de João Paulo no Togo, em Marrocos, na Índia, na sinagoga de Roma, provocaram em nossos corações uma santa indignação. O que pensariam disso os Santos e Santas do Antigo e  Novo Testamento? O que faria a Santa Inquisição se ainda existisse?

É o primeiro artigo do Credo e o primeiro mandamento do Decálogo que são pisados publicamente por aquele que está sentado sobre a Sé de Pedro. O escândalo é incalculável nas almas dos católicos. A Igreja é abalada em seus fundamentos.

Se a fé desaparece na Igreja, única arca da salvação, é própria a Igreja que desaparece. Toda sua força, toda sua atividade sobrenatural tem esse artigo de nossa fé por fundamento.

João Paulo II continuará a arruinar a fé católica, publicamente, em especial em Assis, com o cortejo das religiões previsto nas ruas da cidade de São Francisco, e com a distribuição das religiões nas capelas e na Basílica para aí realizarem seu culto em prol da paz como é concebida pela ONU. É o que anunciou o Cardeal Etchegaray, encarregado deste abominável Congresso das Religiões.

É concebível que nenhuma voz autorizada se eleve na Igreja para condenar esses pecados públicos? Onde estão os Macabeus?

Eminência, pela honra do único Deus verdadeiro, de Nosso Senhor Jesus Cristo, protestai publicamente, ide ao socorro dos Bispos, dos padres e dos fiéis que permanecem católicos.

Eminência, se permito-me intervir junto a vós, é porque não posso duvidar de vossos sentimentos a esse respeito.

Este apelo, dirijo também aos Cardeais cujos nomes encontrareis abaixo, a fim de que eventualmente ajais de comum acordo com eles.

Que o Espírito Santo vos ajude, Eminência, e dignai-vos receber a expressão dos meus sentimentos fraternalmente devotados em Cristo e Maria.

Marcel LEFEBVRE, Arcebispo-Bispo emérito de Tulle

Lista dos oito cardeais destinatários

Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Giuseppe Siri, arcebispo de Gênova
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Paul Zoungrana, arcebispo de Ouagadougou
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Silvio Oddi, Prefeito Emérito da Congregação para o Clero, Roma
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Marcelo González Martín, Arcebispo de Toledo
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Hyacinthe Thiandoum, Arcebispo de Dakar
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Alfons Stickler, Bibliotecário da Biblioteca Vaticana, Roma
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Édouard Gagnon, Presidente do Conselho Pontifício para a Família, Roma
Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardinal Pietro Palazzini, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.

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Declaração de Dom Lefebvre e de Dom Antonio de Castro Mayer após a visita de João Paulo II à Sinagoga e ao congresso de religiões em Assis

Fonte: Mosteiro de Santa Cruz

Roma nos mandou perguntar se tínhamos a intenção de proclamar nossa ruptura com o Vaticano por ocasião do Congresso de Assis.

Parece-nos que a pergunta deveria, antes, ser esta: o sr. acredita e tem a intenção de declarar que o Congresso de Assis consuma a ruptura das Autoridades Romanas com a Igreja Católica?

Porque é precisamente isto que preocupa àqueles que ainda permanecem católicos.

Com efeito, é bastante evidente que, desde o Concílio Vaticano II, o Papa e os Episcopados se afastam, de maneira cada vez mais nítida, de seus predecessores.

Tudo aquilo que foi posto em prática pela Igreja para defender a Fé nos séculos passados, e tudo o que foi realizado pelos missionários para difundi-la, até o martírio inclusive, é considerado doravante como uma falta da qual a Igreja deveria se acusar e pedir perdão. (nota: os dois bispos não podiam imaginar a avalanche de pedidos de perdão que viria, anos mais tarde, humilhar a Santa Igreja) A atitude dos onze Papas que, desde 1789 até 1958, em documentos oficiais, condenaram a Revolução liberal, é considerada hoje como “uma falta de compreensão do sopro cristão que inspirou a Revolução”.

Donde, a reviravolta completa de Roma, desde o Concílio Vaticano II, que nos faz repetir as palavras de Nosso Senhor àqueles que O vinham prender: “Haec est hora vestra et potestas tenebrarum – Esta é a vossa hora e o poder das trevas”. (Lc. 22, 52-63) Adotando a religião liberal do protestantismo e da Revolução, os princípios naturalistas de J.J. Rousseau, as liberdades atéias da Constituição dos Direitos do Homem, o princípio da dignidade humana já sem relação com a verdade e a dignidade moral, – as Autoridades Romanas voltam as costas a seus predecessores e rompem com a Igreja Católica, e põem-se a serviço dos que destroem a Cristandade e o Reinado Universal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Os recentes atos de João Paulo II e dos Episcopados nacionais ilustram, de ano para ano, esta mudança radical de concepção da fé, da Igreja, do Sacerdócio, do mundo, da salvação pela graça.

O cúmulo desta ruptura com o magistério anterior da Igreja, depois da visita à Sinagoga, se realizou em Assis. O pecado público contra a unicidade de Deus, contra o Verbo Encarnado e Sua Igreja faz-nos estremecer de horror: João Paulo II encorajando as falsas religiões a rezar a seus falsos deuses: escândalo sem medida e sem precedente.

Poderíamos retomar aqui nossa Declaração de 21 de novembro de 1974, que permanece mais atual que nunca.

Quanto a nós, permanecendo indefectivelmente na adesão à Igreja Católica e Romana de sempre, somos obrigados a verificar que esta religião modernista e liberal da Roma moderna e conciliar se afasta cada vez mais de nós, que professamos a Fé católica dos onze Papas que condenaram esta falsa religião.

A ruptura, portanto, não vem de nós, mas de Paulo VI e de João Paulo II, que rompem com seus predecessores.

Esta negação de todo o passado da Igreja por estes dois Papas e pelos Bispos que os imitam é uma impiedade inconcebível e uma humilhação insuportável para aqueles que continuam católicos na fidelidade a vinte séculos de profissão da mesma Fé.

Por isso, consideramos como nulo tudo o que foi inspirado por este espírito de negação: todas as Reformas post-conciliares, e todos os atos de Roma realizados dentro desta impiedade. Contamos com a graça de Deus e o sufrágio da Virgem Fiel, de todos os Mártires, de todos os Papas até o Concilio, de todos os Santos e Santas fundadores e fundadoras de Ordens contemplativas e missionárias, para que venham em nosso auxilio na renovação da Igreja pela fidelidade integral à Tradição.

Buenos Aires, 2 de dezembro de 1986

+ Marcel Lefebvre
Arcebispo-Bispo emérito de Tulle

+ Antonio de Castro Mayer
Bispo emérito de Campos – que concorda plenamente com a presente declaração e a faz sua.

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Extratos da carta encíclica Mortalium Animos, de 6 de janeiro de 1928, de Pio XI:

Pois, tendo como certo que rarissimamente se encontram homens privados de todo sentimento religioso, por isto, parece, passaram a Ter a esperança de que, sem dificuldade, ocorrerá que os povos, embora cada um sustente sentença diferente sobre as coisas divinas, concordarão fraternalmente na profissão de algumas doutrinas como que em um fundamento comum da vida espiritual.

Por isto costumam realizar por si mesmos convenções, assembléias e pregações, com não medíocre frequência de ouvintes e para elas convocam, para debates, promiscuamente, a todos: pagãos de todas as espécies, fiéis de Cristo, os que infelizmente se afastaram de Cristo e os que obstinada e pertinazmente contradizem à sua natureza divina e à sua missão.

Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que juogam que quaisquer religiões são, mais ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império.

Erram e estão enganados, portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira religião, eles repudiam-na e gradualmente inclinam-se para o chamado Naturalismo e para o Ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada.

Entretanto, quando se trata de promover a unidade entre todos os cristãos, alguns são enganados mais facilmente por uma disfarçada aparência do que seja reto.

Acaso não é justo e de acordo com o dever – costumam repetir amiúde – que todos os que invocam o nome de Cristo se abstenham de recriminações mútuas e sejam finalmente unidos por mútua caridade?

Acaso alguém ousaria afirmar que ama a Cristo se, na medida de suas forças, não procura realizar as coisas que Ele desejou, ele que rogou ao Pai para que seus discípulos fossem “UM” (Jo 17,21)?

[…] Os chamados “pancristãos” espalham e insuflam estas e outras coisas da mesma espécie. E eles estão tão longe de serem poucos e raros mas, ao contrário, cresceram em fileiras compactas e uniram-se em sociedades largamente difundidas, as quais, embora sobre coisas de fé cada um esteja imbuído de uma doutrina diferente, são, as mais das vezes, dirigidas por acatólicos.

Advertidos, pois, pela consciência do dever apostólico, para que não permitamos que o rebanho do Senhor seja envolvido pela nocividade destas falácias, apelamos, veneráveis irmãos, para o vosso empenho na precaução contra este mal.

[…]

Está, portanto, claro que a religião verdadeira não pode ser outra senão a que se funda na palavra revelada de Deus; começando a ser feita desde o princípio, essa revelação prosseguiu sob a Lei Antiga e o próprio crisot completou-a sob a Nova Lei.

Portanto, se Deus falou – e comprova-se pela fé histórica Ter ele realmente falado – não há quem não veja ser dever do homem acreditas, de modo absoluto, em deus que se revela e obedecer integralmente a Deus que impera. Mas, para a glória de Deus e para a nossa salvação, em relação a uma coisa e outra, o Filho Unigênito de Deus instituiu na terra a sua Igreja.

[…]

Entretanto, Cristo Senhor instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e perceptível pelos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc 22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22 seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Por esse motivo, por comparações afirmou-a semelhante a um reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho (Jo 21,15-17).

Esta Igreja, fundada de modo tão admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que por primeiro a propagaram, em razão da morte deles, não poderia cessar de existir e ser extinta, uma vez que Ela era aquela a quem, sem nenhuma discriminação quanto a lugares e a tempos, fora dado o preceito de conduzir todos os homens à salvação eterna: “Ide, pois, ensinai a todos os povos” (Mt 28,19).

Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente prometeu estar sempre presente a ela: “Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos?” (Mt 28,20).

Deste modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos. A não ser que desejemos afirmar que: Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18).

[…]

Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar de suas assembléias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.

Acaso poderemos tolerar – o que seria bastante iníquo-, que a verdade e, em especial a revelada, seja diminuída através de pactuações?

No caso presente, trata-se da verdade revelada que deve ser defendida.

Se Jesus Cristo enviou os Apóstolos a todo o mundo, a todos os povos que deviam ser instruídos na fé evangélica e, para que não errassem em nada, quis que, anteriormente, lhes fosse ensinada toda a verdade pelo Espírito Santo, acaso esta doutrina dos Apóstolos faltou inteiramente ou foi alguma vez perturbada na Igreja em que o próprio Deus está presente como regente e guardião?

Se o nosso Redentor promulgou claramente o seu Evangelho não apenas para os tempos apostólicos, mas também para pertencer às futuras épocas, o objeto da fé pode tornar-se de tal modo obscuro e incerto que hoje seja necessários tolerar opiniões pelo menos contrárias entre si?

Se isto fosse verdade, dever-se-ia igualmente dizer que o Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos, que a perpétua permanência dele na Igreja e também que a própria pregação de Cristo já perderam, desde muitos séculos, toda a eficácia e utilidade: afirmar isto é, sem dúvida, blasfemo.

Quando o Filho unigênito de Deus ordenou a seus enviados que ensinassem a todos os povos, vinculou então todos os homens pelo dever de crer nas coisas que lhes fossem anunciadas pela “testemunha pré-ordenadas por Deus” (At. 10,41). Entretanto, um e outro preceito de Cristo, o de ensinar e o de crer na consecução da salvação eterna, que não podem deixar de ser cumpridos, não poderiam ser entendidos a não ser que a Igreja proponha de modo íntegro e claro a doutrina evangélica e que, ao propô-la, seja imune a qualquer perigo de errar.

Afastam-se igualmente do caminho os que julgam que o depósito da verdade existe realmente na terra, mas que é necessário um trabalho difícil, com tão longos estudos e disputas para encontrá-lo e possuí-lo que a vida dos homens seja apenas suficiente para isso, com se Deus benigníssimo tivesse falado pelos profetas e pelo seu Unigênito para que apenas uns poucos, e estes mesmos já avançados em idade, aprendessem perfeitamente as coisas que por eles revelou, e não para que preceituasse uma doutrina de fé e de costumes pela qual, em todo o decurso de sua vida mortal, o homem fosse regido.

Estes pancristãos, que empenham o seu espírito na união das igrejas, pareceriam seguir, por certo, o nobilíssimo conselho da caridade que deve ser promovida entre os cristãos. Mas, dado que a caridade se desvia em detrimento da fé, o que pode ser feito?

Ninguém ignora por certo que o próprio João, o Apóstolo da Caridade, que em seu Evangelho parece ter manifestado os segredos do Coração Sacratíssimo de Jesus e que permanentemente costumavas inculcar à memória dos seus o mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros”, vetou inteiramente até mesmo manter relações com os que professavam de forma não íntegra e incorrupta a doutrina de Cristo: “Se alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem digais a ele uma saudação” (2 Jo. 10).

Pelo que, como a caridade se apóia na fé íntegra e sincera como que em um fundamento, então é necessário unir os discípulos de Cristo pela unidade de fé como no vínculo principal.

[…] Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia seis de janeiro, no ano de 1928, festa da Epifania de Jesus Cristo, Nosso Senhor, sexto de nosso Pontificado.

Pio, Papa XI.

31 comentários sobre “Porque, em 27 de outubro de 2011, não se deve “fazer memória deste gesto histórico” de Assis-1986.

  1. Gostaria que essa declaração fosse oficial não do padre Aulagnier, mas de todo o Instituto do Bom Pastor, porque seria confortante saber que a FSSPX não é a única instituição oficialmente contrária a esse encontro satânico.
    Existem casos isolados de padres, como é o caso do padre João Batista de A. Prado Ferraz Costa, de Anápolis, que não sendo da FSSPX, nem por isso pousam como cães mudos perante tamanha iniquidade. Mas se os Institutos e fraternidades se posicionassem abertamente contrários, estariam cumprindo um dever com a Igreja, e tornando menos justificada a crítica (que infelizmente parece verídica) da FSSPX.

    Porque o silêncio? Há algo a ser temido? Há alguma vantagem política que se perderá? O que justifica esse silêncio a uma altura dessas?

    E a Montfort, também ela não vai declarar nada publicamente? E os outros grupos? Estaremos mesmo sozinhos nesta indignação?

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  2. Assis, parece ser uma extensão do poder papal, para o cumprimento da missão da Igreja como, responsável pela unidade do gênero humano. Sobretudo o aspecto mais grave de Assis, é exatamente a figura do Sumo Pontífice Romano, aparecendo como construtor de pontes entre as religiões (o que também aparece no ecumenismo) em busca de um objetivo comum (paz). É dificíl evitar o sincretismo quando se coloca em uma situação dessas….

    Rezemos para que não ocorra Assis III

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  3. é uma impiedade inconcebível e uma humilhação insuportável para aqueles que continuam católicos na fidelidade a vinte séculos de profissão da mesma Fé.

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  4. Bruno, trata-se de um dos fundadores do Instituto, e, por sinal, o mais conhecido em Roma. Portanto, se o texto dele não vincula todo o instituto como faria um comunicado oficial, tem uma autoridade moral enorme que se poderia dizer “oficioso”. Não sejamos tão legalistas…

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  5. Olavo,

    Você está certo, o rigor legal pode fazer com que acabemos por não ver aquilo que é claro, ou seja, o padre Aulagnier é contra tal encontro e isso influencia todos fiéis do IBP, o que é ótimo. No entanto, como instituto ou instituição, eles não se posicionaram oficialmente contra o Vaticano, e qual seria o problema disso?

    Ora, suponhamos que amanha, não importa por qual motivo, o padre Aulagnier deixe o IBP…qual será o posicionamento do IBP? É por isso que quando falamos em coisas essenciais, as atitudes, os posicionamentos, precisam ser uniformes, para que haja unidade e assim, desperte coragem para resistência entre os fiéis. É isso que dá firmeza aos fiéis para que eles saibam onde estão pisando. Foi exatamente assim que a Igreja, em sua TRADIÇÃO, com sua defesa implavável da Verdade,conseguiu sempre manter a unidade na Verdade e na Justiça.

    Bruno,
    Sim, há muito o que perder politicamente. Já pensou perder a moral com os bispos mais progressistas, que são a favor de Assis, e assim prejudicar os planos de reconquista da Igreja através do ‘carisma’ da Tradição? Como comentei em outro post, pode ser omissão sim, mas é só um pouquinho!!! É pra bem!

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  6. Cale repetir, não obstante a desinteligência de certos prelados camposinus:
    “quem adere ao Vaticano II, sem restrição, só por esse fato, desliga-se da verdadeira Igreja de Cristo. Ninguém pode, ao mesmo tempo, ser católico e subscrever tudo quanto estabeleceu o Concílio Vaticano II. Diríamos que a melhor maneira de abandonar a Igreja de Cristo, Católica Apostólica Romana, é aceitar, sem reservas, o que ensinou e propôs o Concílio Vaticano II.” (Dom Mayer, A Anti-Igreja)

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  7. Vladimir, a regra é: “quem cala consente”, e não o contrário. E basta ler o recente e entusiasmado texto do superior geral do IBP congratulando e dando boas vindas ao Padre Aulagnier, depois deste ter conseguido se libertar de um imbroglio jurídico para poder se incardinar no instituto que ele mesmo fundara. Enquanto isso, a casa do IBP em Roma é fechada por conta dos perigos aos quais os jovens seminaristas eram submetidos ao estudar na cidade eterna, ficando destinada apenas a Padres mais experientes… e tendo o padre responsável pela casa deixado (ou convidado a sair?) o instituto. Padre que, segundo o insuspeito Golias, era considerado pelo superior do instituto como liberal demais! E com este padre “liberal demais” parece estar saindo também o fundador mais liberal, de estilo Rifan, Padre de Tanouarn!

    Ainda sobre Assis, você e tantos outros poderão ver outro no blog do fundador do Instituto, e também superior geral, Padre Laguerie, um artigo sobre o Papa São Marcelino, que também trata do problema de Assis.

    Alguns usam da internet para encontrar apenas aquilo que lhes convêm. Tanto que o Distrito da França da FSSPX foi honesto o suficiente para reproduzir este artigo do Pe. Aulagnier, após ter de ser recordado por ele mesmo de que, ao contrário do que dissera Dom Fellay, também padres de fora da FSSPX haviam se posicionado contra a infame jornada!

    Enfim, amigos, ao ter sua situação canônica regularizada, um instituto não necessariamente tem de trair da fé. Pode viver com maiores limitações, mas a graça de Deus também não desampara aqueles que Nele confiam.

    Quanto ao perder crédito com os bispos progressistas: que bispos, cara-pálida? A única paróquia pessoal do IBP é justamente a sua sede. Não há bispos com quem perder a amizade, simples assim. Não vê como o IBP está sendo chutado de um lado para o outro pelos bispos quando eles se apresentam querendo comprar um imóvel para ser seu novo seminário?

    Sempre a discussão gira em torno da repetição de argumentos-chavões, como que slogans, que as pessoas repetem sem ao menos se preocupar em confrontá-los com a realidade.

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  8. A FSSPX publicamente faz menção ao perigo que é o Encontro de Assis. A declaração do Pe. Aulagnier, do Instituto do Bom Pastor, engrossa o coro, embora não seja uma declaração institucional, nem pode ser considerada equivalente.

    O IBP, a FSSP e o ICR devem publicar comunicados oficiais contrários a tal encontro. Os fiéis que frequentam tais institutos, além de grupos laicos como TFP, Montfort e outros, também devem fazer o mesmo.

    A força dos maus está na omissão e covardia dos bons. Pe. João Batista fez a parte dele, outros padres comentam que é errado, mas fecham-se em seus casulos. Além disso, devemos mostrar uma certa preocupação com as beatificações e canonizações céleres… Aguardar não quer dizer esquecer, mas seria importante que muitos candidatos a santos tivessem devoção popular antes de serem proclamados oficialmente pela Igreja.

    Voltando ao assunto de Assis… Lembro-me de ter lido algo de Dom Lourenço referente a isso! E escrever contra tal assunto não quer dizer que estamos contra o Papa, apenas estamos advertindo, assim como um filho adverte ao pai que está nu… (foi isso que assimilei).

    Eu já reprimi meu pai por conta de vícios e pecados públicos! Por à caso errei? Minha preocupação está voltada para ele!!! É minha obrigação corrigí-lo e ajudá-lo a se emendar.

    IBP na condição de “filho” de Bento XVI deveria fazer o mesmo.

    A Tradição deveria propor uma visita a Assis (em outra data) para reparação. Pode ser uma peregrinação anual… (caso haja, favor me indicar algum link)

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  9. Junior,
    SAlve Maria.

    Não sei o que você quis dizer com “cara-pálida”, que parece ter sido direcionado a mim.

    De qualquer forma eu imagino que você tenha percebido que toda a frase que escrevi para o Bruno foi uma grande de um ironia. Se você não percebeu entao agora eu lhe digo.

    Sobre os argumentos-chavoes eu nao entendi. Se foi pra mim, por favor torne tudo mais direto e mais claro.

    Obrigado!

    Vladimir

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  10. É piada reduzir a TRADIÇÃO a carisma particular. A TRADIÇÃO não é algo opcional do tipo vovó gosta de nescafé tradição, então nós também tomamos …
    A TRADIÇÃO é parte essecial do dogma católico … ´Quem faz dela um carisma particular afasta-se, tristemente, da fé católica …

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  11. O apelo lançado por Dom Lefebvre, exigia que a tradição tivesse foro de direito e que na situação de perseguição em que se encontrava, TODOS, repito, TODOS, poderiam praticá-la. Em nenhum momento Dom Marcel disse que queria só para ele, para seu instituto, mas tinha certeza do triunfo da tradição, e do direito que as autoridades deveriam concedê-la. Jmais como direito pessoal.
    Meus Deus! Como torcem as palavras do santo bispo.

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  12. Prezado Junior,

    o contexto em que disse isso Dom Marcel Lefebvre é outro. Ele o disse querendo dizer: “se não é pecado continuar na Tradição, oras bolas, deixem-nos em paz ao menos. Por que nos perseguem se não fazemos nada de errado?”. Além disso, Dom Lefebvre e a FSSPX lutam pela expulsão do Modernismo de Roma e a reconversão do Vaticano hoje, totalmente liberal.

    O que faz o IBP, FSSP e outras comunidades Ecclesia Dei é negociar a Tradição com a Roma Modernista, colocando a Tradição como uma opção dentro da Roma Modernista. “Nós temos uma situação legal na Igreja, cômoda, e assim ninguém nos ataca”. Ao fazerem isso já reconhecem de automático que o erro tem direitos na Igreja, pois lá está o modernismo, triunfante em triunfar sobre essa tradição negociada (que obviamente não é a Tradição que deve lutar abertamente).

    O espírito é completamente outro.

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  13. Ninguém distorceu palavras de ninguém. Luciano Padrão, você viu eu interpretar as palavras de Dom Lefebvre? Eu fiz um questionamento, em momento algum dei minha opinião sobre elas.

    Deixem as paixões e a “torcida” de lado. O curioso é que para as palavras de Dom Lefebvre, os amigos são todos benevolentes. E com razão, pois o santo bispo faz por merecer. No entanto, acusam os outros sem a mínima prova, sem agregar nenhum argumento, mas pura e simplesmente pela “autoridade” das doutas palavras de comentaristas de sites de internet!!! Meus amigos, suas palavras em si valem tanto quanto as minhas: nadinha de nada.

    Dizer que os outros tradicionalistas fora da FSSPX querem a Tradição apenas para si e que não a consideram como um direito de todos é uma afirmação absolutamente gratuita. São esses mesmos tradicionalsitas que lançaram um apelo para a preservação do motu proprio enquanto reconhece o DIREITO à Missa Tradicional, e não como um carisma particular dos Ecclesia Dei. 10 mil assinaturas estão aí e os senhores nao vêem? Ou eles são todos tapados, contra a clarividência (sobrenatural? seria uma espécie de carisma da RCC próprio de tradicionalistas?) dos sábios colegas?

    Reconhecer “certa particularidade” significa que determinados grupos na Igreja guardam a Tradição Católica, enquanto outros não. Não significa que ela deva ficar confinada nas paredes de suas capelas e nem que não seja direito de outros. Mas sim reconhecer a realidade da vida eclesial atual e, tal como Dom Lefebvre, verificar que, se há espaço para tudo quanto é experiência dentro da Igreja, deveria, por coerência, haver também para a Tradição que é propriedade dela, Igreja (e não do grupo ao qual os senhores pertencem). Neste caso, com igualdade de condições, a verdade católica prevaleceria. É o que Dom Lefebvre diz aqui: https://fratresinunum.com/2009/08/07/carta-de-monsenhor-lefebvre-ao-dr-eric-de-saventhem/

    Ou haveria alguma outra interpretação “padronizada” pela FSSPX dessas palavras, hein sr. Luciano?

    Aliás, os que se recusam a ir às paróquias trabalhar pela Santa Missa e pela difusão da doutrina católica são bem outros, que preferem não frequentar nem respirar os ares “contaminados” de fora de suas bolhas hermeticamente blindadas contra a maldade dos “católicos ralés”… Isso sim é querer guardar um “carisma”, é enterrar o dom concedido pelo Senhor, é não fazer render o dinheiro confiado pelo patrão, tal como diz as Escrituras.

    Por fim, as palavras de um editorial do seminário do IBP (http://www.seminairesaintvincent.fr/home.php?area=editorial&acc=88&lang=pt):

    Assim, essa escolha [de ingressar no seminário] deve repousar-se sobre um fundamento sólido, uma convicção de possuir por este carisma próprio uma riqueza que é desconhecida mas útil para toda a Igreja: a Tradição católica em toda sua amplitude, em particular doutrinária e litúrgica. “Possuir essas riquezas como um bem próprio não quer dizer que outros não devam possui-las. É precisamente o contrário, pois o nosso objetivo principal é expandi-las pelo mundo a todos aqueles que delas têm sede, padres e fiéis de Jesus Cristo. É assim que nossos padres exercerão seu ministério apostólico: sua caridade própria consiste em tomar desse tesouro e difundi-lo para, assim, enriquecer as almas desse bem que não só à eles pertence, mas à Igreja toda.
    Ah sim, se essas palavras saíssem da boca de um padre da FSSPX, ótimo, seriam lindas e maravilhosas. Mas como saiu da boca de um “traidor” qualquer…

    ———-

    O que está em jogo, parece, não é o que é certo, mas sim o desejo de alguns de estarem certos, custe o que custar. Como disseram já em outro debate aqui mesmo, parece um desejo desesperado de auto-afirmação, que ao mesmo tempo que reconhece o bem proveniente de seu grupo, faz questão de excluir todos os outros que dele não fazem parte. Como que se pudessem se vangloriar por serem os únicos. Isso tem um nome: sectarismo. Lamentável.

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  14. Que oração ao Pai pode ser por Ele ouvida se evita dirigir-se ao Filho, Verbo de Deus? Do jeito que o Pai Se satisfez com que o Filho sacrificou (lembremos da indagação contida no Apocalipse, por certo, a respeito da Incarnação: “Quem será digno de abrir o livro e de preencher suas páginas seladas?”), sendo que nEle já se comprazia antes disso, mostra-se mais do que evidente que qualquer ato de evitar o Filho é gravíssima ofensa ao Pai, a qual deve atrair terrível castigo diretamente da própria culpa. Isto na oração com judeus, muçulmanos, indus e budistas. No caso da oração com evangélicos, a Igreja “ora” e testemunha contra ela mesma. Tenta ajuntar as águas que Cristo dividiu entre submissos e insubmissos por soberba. Tenta atrair o que Deus rejeita. Os soberbos dispersos. Não podemos orar ou, se podemos, é apenas a oração que pede a volta dos cristãos à única Igreja que Cristo fundou, deixando sua condução a cargo de São Pedro. Esforços pela paz são outra coisa!

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  15. Depois do modernismo, eu penso que o maior inimigo da FSSPX SÃO ALGUNS COMENTADORES DE FÓRUNS NA INTERNET. Pelo exagero na defesa do que é certo, passam a impressão de que a Fraternidade é sectária. E não, não penso que conheço a FSSPX melhor do que ela conhece a si mesma.

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  16. Junior,

    Com toda a franqueza do mundo eu vou tentar comentar sua resposta ao Luciano Padrão, mas não por querer defendê-lo, mas somente para deixar claro aos leitores, algo que ainda está confuso. Claro, não sou eu capaz de ser o “grande esclarecedor das coisas”, mas vou comentar algumas coisas e comente depois o que o senhor acha necessário.

    Vamos lá: A FSSPX não é a salvação da Igreja e a FSSPX não é nada diante da Tradição. Entendam minhas palavras, não porque a FSSPX é pouco, mas sim porque a Tradição é grandiosa demais. E esta posição, as próprias pessoas da FSSPX parecem ter, vide diversos discursos de D. Fellay e outros.

    Então é claro, todos perguntariam:
    “Ora, mas se a Fraternidade então tem tanta humildade assim, por que eles sempre se colocam como pedras no caminho, por que sempre querem achar que interpretam a Tradição melhor do que outros?”

    Estas conclusões não são corretas e veja por que:

    1) A Fraternidade não pode “interpretar” a Tradição, esta sempre foi dogmática, clara, direta, objetiva, ou seja, qualquer um pode ter acesso à Tradição e entendê-la. Claro, existem os aspectos espirituais da Tradição, coisa que entao depende da aplicação (que envolve o ensino da Doutrina tambem)

    2) A Fraternidade então APLICA a Tradição, algo que é de DIREITO DE TODOS, algo que qualquer pessoa, unida à legitima linhagem apostólica pode desfrutar.
    .
    .
    .
    Por isso que a FSSPX não pode dizer que são os únicos que tem o direito de aplicar a Tradição como sempre se fez na Igreja. Vejam, se eles falassem isso, seria um absurdo. E eles nunca disseram. Nunca.

    Agora, a questão que fica é, serem os únicos a terem o direito, jamais. Porém, serem os únicos que aplicam, será? Nem quero responder esta pergunta.

    Parábola: Há uma caixa cheia de frutas muito gostosas. Todos tem o direito de comer estas frutas constantemente, porém tal direito foi meio suprimido passou a ser regulado como nunca antes, de forma notoriamente injusta. Ora, se tem um grupo de pessoas que se aproveita deste direito sem nem titubear,sem escrupulos com as novas e inventadas regras, é porque afinal lhes é direito, assim como para qualquer pessoa, comer aquelas frutas gostosas. Agora, se tem outras pessoas que acham que devem ter cuidado, que devem ter receio de comer tão livremente as frutas da cesta pois tem medo do que falariam as pessoas por trás das novas regras injustas, se existem então estas pessoas que não querem fazer valer o seu direito íntegro suprimido injustamente, elas não podem falar mal daquele grupo que está do lado da cesta exercendo seu direito legitimo e divino!!! Ué! Que se aproximem da cesta, e comam tantos frutos quantos quiserem!

    A FSSPX não pode impedir ninguém de se aproximar do tal cesto, entenda-se, Tradição. Agora, muito menos alguém pode se revoltar simplesmente porque eles são os únicos que comem os frutos com tal liberdade. A FSSPX não pode nunca dizer quem tem direito ou não de se aproximar da cesta, mas se é fato que ela é a única que exerce (de maneira publica e popularmente conhecida, pode haver outros) seu direito eterno de ficar perto da cesta,isto é um problema, é uma afirmação absurda? Talvez o problema seja outro! Pois não é rezar ou assistir a Missa Tradicional que faz de alguém um tradicional.
    .
    .
    É o que eu tentarei comentar agora:

    Quando o senhor Junior, cita:
    “São esses mesmos tradicionalsitas que lançaram um apelo para a preservação do motu proprio enquanto reconhece o DIREITO à Missa Tradicional, e não como um carisma particular dos Ecclesia Dei.”

    Este é o ponto. Será que é este mesmo o problema? Será que o grande problema é a Missa? Será que D Lefebvre quando disse, igualdade de condições para que os ritos coexistam, será que ele quis dizer que a Missa que resolveria tudo?

    Acredito que não.

    A Missa é o ponto alto da fé católica. MIlhares de indios se converteram somente de assisti-la e tudo mais. Mas, o mero surgimento de milhares de Missas Tridentinas resolveria o problema?

    Para quem quiser interpretar D Lfebvre fora do contexto, é claro que a resposta seria sim.

    Quem interpretar D Lefebvre dentro do contexto, é claro que a resposta é não.

    Não é o mero surgimento de várias Missas Tridentinas por aí que resolverá o problema da crise. Se assim fosse, A CRISE JAMAIS TERIA ACONTECIDO, AFINAL, ANTES DA CRISE, QUAL MISSA ERA REZADA?

    O problema é de doutrina. E isto se exponencia na Missa.

    Por isso, o Motu Proprio, é claro, foi importantissimo para provar que o Papa e outros sabem que a falta da Missa Antiga é um problema. Mas ele não resolve. Por isso, dizer que todos estes institutos são integralmente tradicionais só porque foram causa do Motu Proprio, é um erro. Era necessário o Motu Proprio para confirmar o direito à Missa Tridentina? Pergunta: A QUEM foi necessario o Motu Proprio para garantir a Missa Tridentina que sempre foi de direito legitimo!!!!!!!!???? (…rito que nunca foi abrogado…)

    O que Dom Lefebvre talvez quis dizer então em relação à experiência?

    Parece-me somente uma coisa: Que D Lefebvre queria igualdade. IGUALDADE. IGUALDADE. Igualdade, não é isso que trouxe o Motu Proprio.

    A igualdade é como ele proprio disse no proprio texto que o senhor mesmo citou: “Padres e povo poderiam então escolher a qual “espécie de rito” pertenceriam”

    Isto ocorre atualmente? Nem perto. E Esta seria a igualdade.

    Quando houver um padre que, em sua diocese, quiser fazer de sua paroquia um ambiente integralmente tradicional, e o Bispo não poder falar um “a” diante disso, assim como hoje um padre transforma toda paróquia em carismática e quem não gosta, quq vá na paróquia do bairro vizinho, isso seria igualdade….é o que ocorre hoje?

    Por isso, não há igualdade, pois o modernismo corroeu tudo, o modernismo aceita somente aquilo que não se diz o único caminho. Se tivesse, naturalmente a historia nos diria qual ambiente agrade mais a Deus, o pos conciliar ou o Tradicional, como disse D Lefebvre. Rezar a Missa Tridentina sem poder falar ferozmente contra o Vaticano II, sem poder denunciar seu proprio Bispo contra abusos, sem poder denunciar com toda a justiça a Missa Nova, é somente gerar confusão. (eu sou testemunha de vários casos desses, vários)

    A FSSPX faz isso tudo que eu citei, se faz bem ou mal, Deus julgara e Nossa Senhora abençoara, mas se esforça neste sentido. Lutar contra os erros modernistas do Vaticano II, da Missa Nova, opõe-se fortemente contra qualquer novidade prejudicial pós-conciliar. Negociar a Tradição por qualquer uma dessas coisas ditas acima, é algo impensável, pois a Tradição é inegociável. Ué, e por causa disso, por a FSSPX ser extremamente firme, e desta forma aborrecer até o Santo Padre talvez, ela se julga como a unica que APLICA A TRADIÇÃO? Ora talvez haja muitos outros por aí que façam isso, basta que apareçam se quiserem, talvez pessoas a quem nem tenhamos acesso.

    Mas a FSSPX não pode ser acusada de ser a única que tem o direito à Tradição, pois todos tem esse direito. Seria como me acusar de eu dizer que sou o único que tenho direito a respirar…isso seria uma tolice tremenda minha. Se a FSSPX é, pelo menos no nível do conhecimento público/popular, talvez a única que aplique a Tradição sem reservas, isso talvez seja fato e não algo que ela queira ser ou não. Todos que quiserem seguir a Igreja, se encontram na Tradição e não na FSSPX. A Tradição é o ponto de encontro. Se a FSSPX já esta no ponto de encontro, independente dos problemas humanos de seus membros, isso não pode ser motivo de calúnia! Muitos podem estar no ponto de encontro agora…é a definição de Tradição que vai dizer quem procurou o ponto de encontro verdadeiro.

    Se a FSSPX se achasse a única que PODE representar a Tradição, poderia se aproximar de seita como o senhor disse. Mas o senhor reconhece que há um abismo entre SE ACHAR O ÚNICO QUE PODE FAZER, E SER EFETIVAMENTE E POR ENQUANTO UM DOS ÚNICOS QUE PARECE FAZER? Qualquer um pode livremente fazer. Se for o caso reconheçamos por eliminação: Quem mais se afasta da Tradição e não quem mais se aproxima dela…
    .
    .
    ————-

    RESUMO:
    * O Motu Proprio não resolve a crise, e por enquanto, é totalmente questionável se ele poderá resolver.
    * O problema é doutrinal, pois se fosse a Missa Tridentina que milagrosamente fosse resolver tudo ao se disseminar, a crise não teria acontecido pois somente a Missa Tridentina era rezada na época de preparação do Concilio e etc…
    * Se o problema é doutrinal, não se pode negociar omissões e aceitações em troca da Missa Tridentina. Seria como comprar panos para secar o chão e esquecer-se da goteira.
    * Ou seja, não se pode calar diante dos problemas gravissimos da Missa Nova, do Vaticano II e do modernismo praticado por qualquer pessoa na Igreja. Este silêncio não pode ser o preço DO DIREITO à Missa Antiga, pois este direito sempre existiu sem regulamentos inventados. Ou seja: Fazem com que acreditemos que agora a Missa Antiga depende de um direito, e para tê-lo temos que pagar um certo preço, que vai contra o próprio motivo que nos fazem querer a Missa Antiga…isso é um estelionato litúrgico!

    Por isso, a Missa Antiga precisa ser agora uma opção, uma preferência superior e não algo único, excludente. Pois se carregarmos o legítimo motivo da Missa Antiga, não poderíamos nos calar diante do CVII, da Missa Nova e do Modernismo que emana de pessoas da Igreja.

    * Por fim, é injusto dizer que alguém se acha o único com direito à Tradição, só porque ele é intransigente com aquilo que não é Tradicional, pois a própria Tradição, por sua natureza, é intransigente com aquilo que não é tradicional.
    * Vários podem ser os únicos a seguirem a Tradição, mas para isso, algumas premissas devem ser respeitadas.

    E qual seria o problema de ser uma bolha hermeticamente fechada? A Igreja não é isso e sempre foi? A Salvação não é pro multis ao invés de pro omnis? Não há regras para ser aceito dentro da “bolha” cristã? Claro que há, mas Assis é que presenciará algumas coisas diferentes disso… Ser uma bolha onde se resguarda a fé é só uma cópia menor daquilo que ocorre no maior, a Igreja. Não é por isso que a Igreja se fechou, aliás, a vida da Igreja sempre foram as missões evangelizadoras para trazer pessoas para a “bolha”. Ué, um grupo tradicionalista, mesmo, que tal como a Tradição manda, é intransigente com o modernismo, é uma bolha. Poderia estar tranquilo dentro da “bolha maior”, mas o próprio Paulo VI disse que entrou um ar estranho nessa bolha maior….por este ar estranho é que há uma ou várias bolhas “tradicionais” dentro da bolha Mãe. E as bolhas tradicionais que eu conheço, possuem muitas missões espalhadas, principalmente aqui pelo Brasil, não as vejo, pois, fechadas…

    Espero ter ajudado em algo e tranquilamente aceito qualquer refutação.

    Um abraço,

    Vladimir

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  17. Senhores leitores e comentaristas desse blog:
    O debate de idéias é sempre importante.
    Assim, contrapondo a afirmação de um comentarista que reduzia a TRADIÇÃO a uma particularidade, a uma carisma particular, afirmei, e reafirmo que não pode ser aceito, pois a TRADIÇÃO da essência da fé católica. Não invoquei a FSSPX, não citei D. Lefebfre, nem quaisquer outros institutos.
    Em resposta esse comentarista invocou a autoridade do santo bispo Marcel Lefebre, como que para me contradizer. Disse que D. Lefebre não defendia o ponto de vista dele, de uma questao particular.
    Vamos a parte final da entrevista no citado link pelo meu opositor:
    «Um grave problema, diante da consciência e da fé de todos os católicos desde o começo do pontificado de Paulo VI. Como é possível que um Papa, verdadeiro sucessor de Pedro, socorrido pela assistência do Espírito Santo, possa presidir a destruição da Igreja, a mais profunda e extensa da história dela, em tão pouco tempo e de um modo que nenhum heresiarca jamais conseguiu?»
    «A essa pergunta será preciso responder um dia. Mas embora deixando o problema aos teólogos e aos historiadores somos constrangidos pela realidade a responder praticamente, seguindo o conselho de São Vicente de Lérins: “O que deverá fazer o cristão católico se alguma parcela da Igreja venha a se desligar da comunhão da fé universal? Que outro partido tomar senão preferir ao membro gangrenado e corrompido, a parte sã do organismo? E se um contágio ou uma epidemia arrisca envenenar não somente uma pequena parcela da Igreja mas ao mesmo tempo toda Igreja, então, o maior zelo deverá ser o de se unir à antiguidade que evidentemente não pode mais ser seduzida por nenhuma novidade falsificadora”.»
    «Estamos pois decididos a continuar nossa obra de restauração do sacerdócio católico aconteça o que acontecer, persuadidos de que não podemos prestar melhor serviço à Igreja, ao Papa, aos bispos e aos fiéis.»
    «Deixem-nos fazer a experiência da Tradição!»
    Dom Lefebvre, utilizando-se do argumentum ad hominem exige coerência de Roma. Se vocês tudo permitem, por que nos proibir??
    Nesse passo o interlocutor confirma a minha versão:
    “Mas sim reconhecer a realidade da vida eclesial atual e, tal como Dom Lefebvre, verificar que, se há espaço para tudo quanto é experiência dentro da Igreja, deveria, por coerência, haver também para a Tradição que é propriedade dela, Igreja ”
    Vejam que em momento algum ele quer só para sí.
    Mesmo concordando com meu parecer meu parecer vieram os ataques pessoais:
    “Deixem as paixões e a “torcida” de lado”
    “Ou haveria alguma outra interpretação “padronizada” pela FSSPX dessas palavras, hein sr. Luciano?”
    “Aliás, os que se recusam a ir às paróquias trabalhar pela Santa Missa e pela difusão da doutrina católica são bem outros, que preferem não frequentar nem respirar os ares “contaminados” de fora de suas bolhas hermeticamente blindadas contra a maldade dos “católicos ralés”… ”
    “O que está em jogo, parece, não é o que é certo, mas sim o desejo de alguns de estarem certos, custe o que custar. Como disseram já em outro debate aqui mesmo, parece um desejo desesperado de auto-afirmação”
    Vejam quantos termos (aqui falo do silogismo)introduzidos no debate e que não guardam consonância com o que foi dito.
    Citou um texto do IPB que confirma minha posição. A tradição é direito de todos e não um carisma particular.
    Vejam a total falta de coerência e lógica. Quem aqui acusa só por acusar?? Quem agride só por agredir?? Quem despreza só pelo desprezo?? Quem se irrita só para irritar.
    Por derradeiro, quanto a acusação de sectarismo, vejam, que São Pio X acusa os modernistas de serem um seita. E são os modernistas que agora ocupam os postos chaves na Igreja.

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  18. Luciano, não quis ofendê-lo. Fico contente que, ao fim do debate, possa dizer que concordo contigo. Se minhas palavras lhe pareceram ofensivas, fica desde já meu pedido de desculpas.

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  19. Um alto prelado da Ecclesia Dei disse em off para um grupo de pessoas que D Lefebvre foi o problema, que devido à sua intransigência, um documento que liberaria a Missa já em 1983 teve sua publicação postergada…

    Claro, quem escuta isso, diz que D Lefebvre foi egoísta e infantil, pois se a Missa não fosse liberada como ele queria, para ser o grande dono da Missa Antiga, não podia!

    O ponto é que simplesmente liberar a Missa Tridentina nunca foi o intuito de D Lefebvre, o problema vai muito além disso, é doutrinal, por isso ele não aceitava as “trocas” propostas pela Ecclesia Dei.

    E tem gente que repete por não entender isso, diz que D Lefebvre jogou contra…isto é injustiça sem tamanho!

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  20. Essa Jornada mundial de oração pela paz, juntando um monte de seitas, isto mesmo, seitas, porque a única e verdadeira religião que existe é a católica é um erro porque somente a Igreja Católica prega o ecumenismo. As outras “religiões” pregam o antagonismo, principalmente contra a nossa Igeja. Nunca rezarão juntas conosco. Sempre nos discriminarão. Onde estiver Maria elas não estarão. Eles odeiam Maria e a Igreja Católica.

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  21. Felipe,

    Quem quer levar a Igreja de volta para a Tradição com as armas do acordismo e da politicagem só pode mesmo achar que alguém com espírito católico, espírito “sim, Sim, Não Não”, é um problema, um empecilho!

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  22. Um encontro para rezar pela paz,e não se faz o que Nossa Senhora pediu em Fátima,que é exatamente para se ter essa paz por algum tempo.

    Impressionante e chocante essa constatação.

    Fiquem com Deus.

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