Carta de Dom Mario Oliveri à organização do Congresso Summorum Pontificum.

Apresentamos a carta de Dom Mario Oliveri, bispo de Albenga-Imperia, ao Padre Vincenzo Nuara, OP, organizador do famoso congresso  romano sobre o motu proprio Summorum Pontificum, que este ano ocorrerá entre os dias 13 e 15 de maio.

Dom Mario Oliveri já é um velho conhecido de nossos leitores; aproveitemos a oportunidade para recordar algumas de suas palavras em sua apresentação à obra-prima de Romano Amerio, Iota Unum:

“Outra idéia muito difundida continua a ser sustentada: aquela segundo a qual não haveria nenhuma dúvida sobre a variação significativa, negativa, depois do Concílio Vaticano II, mas ela seria exclusivamente devida às interpretações errôneas do Vaticano II, o qual deveria ser considerado todo perfeito em si mesmo, não contendo em seus textos nada, absolutamente nada, que pudesse dar origem a interpretações erradas. Este modo de pensar não leva em conta que os maus intérpretes pós-conciliares do Concílio trabalharam – não poucos – dentro do Concílio, cujos textos mostram em diversos pontos a influência dos “novatores”: em diversos textos se encontra alguma raiz que favorece a má interpretação. Por outro lado, aqueles que apelam ao assim chamado “espírito do Concílio” para exceder a letra, para justificar a hermenêutica da descontinuidade radical, seriam tão pouco inteligentes e prudentes de criar o seu raciocínio partindo do nada, do inexistente?”

* * *

Texto em espanhol: La Buhardilla de Jerónimo

Publicação original: Salvem a Liturgia!

Tradução: Wagner Marchiori

Albenga, 8 de fevereiro de 2011

Reverendo e querido Padre Nuara,

Dom Mario Oliveri, bispo diocesano de Albenga-Imperia (Itália)
Dom Mario Oliveri, bispo diocesano de Albenga-Imperia (Itália)

Sua calorosa proposta, a mim apresentada por escrito, de uma intervenção minha no III Congresso sobre o Motu Próprio Summorum Pontificum, de Bento XVI, acerca dos conteúdos teológicos da Liturgia antiga, não me deixou indiferente, mas – com grande pesar – não pude superar uma grande dificuldade que provem das condições de saúde de um irmão meu, inválido, ao qual me vincula um primário dever de assistência fraterna.

Já que estarei longe de meu irmão entre os dias 23 e 27 de maio para participar, desta vez necessariamente, da Assembléia Geral da Conferência Episcopal Italiana (que, pelas razões familiares mencionadas, já estive ausente na Assembléia Geral Extraordinária de novembro passado), ausentar-me de casa também nos dias 13 a 15 de maio criaria graves e insuperáveis dificuldades.

Posso dizer, com toda sinceridade, que participaria com muito gosto do III Congresso sobre o “Motu Próprio”, já que seria para mim a feliz – e, creio, fecunda – ocasião para expressar a um público qualificado e com uma “audiência” muito ampla, as profundas convicções de meu ânimo de Bispo sobre a extraordinária importância para a vida da Igreja do ato magisterial e de supremo governo realizado pelo Papa Bento XVI com este Motu Próprio. Eu poderia expressar as razões que geraram e geram em mim esta convicção. Permita-me, querido padre, formulá-las agora, brevemente, nesta carta e depois – se o considerar oportuno – fazê-las ressoar em algum momento do Congresso.

Em tudo o que se refere à verdadeira essência da Igreja é de vital importância mostrar sempre, mas de modo especial nos momentos históricos nos quais se generaliza a ideia de que tudo está em perene mudança, que não são possíveis mudanças radicais que afetem a substância dos elementos constitutivos da Igreja em si, isto é, sua fé, sua realidade sobrenatural e, portanto, seus sacramentos e sua liturgia, seu sagrado ministério de governo (ou seja, sua capacidade sobrenatural de transmitir todos os dons dados por Cristo à sua Igreja por meio de seus Apóstolos e perpetuados mediante a sucessão apostólica).

O Motu Próprio Summorum Pontificum declarando que a Liturgia pode ser celebrada em sua forma antiga, isto é, na forma em que foi celebrada por séculos até a “reforma” realizada depois do Concílio Vaticano II, sancionou de maneira solene:

a) A imutabilidade do conteúdo da Divina Liturgia e que, portanto, as mudanças que em seu elemento ou forma exterior podem ser introduzidas não podem nunca ser tais que alterem a fé da Igreja que a Liturgia expressa ou, então, que mudem seu conteúdo divino-sacramental ou seu conteúdo de graça sobrenatural. Dando um exemplo: as variações exteriores no Rito da Santa Missa, ou da Divina Eucaristia, não podem induzir ou impulsionar a ter outra concepção de fé sobre o conteúdo da mesma, nem podem legitimamente induzir a pensar que em sua celebração se torne supérfluo ou não necessário o rol celebrativo que compete somente a quem recebeu sacramentalmente a capacidade sobrenatural de atuar ‘in persona Christi’; não podem, sobretudo, ofuscar o caráter sacrificial da Santa Missa;

b) Que não se pode legitimamente interpretar a “reforma” pós-conciliar como uma mutação ‘in substantialibus’: se assim foi considerada, se aqui ou ali se celebra na forma que o Motu Próprio chama “ordinária” de modo tal que possa induzir ao erro sobre o verdadeiro conteúdo da Divina Liturgia que ofusque, ainda que minimamente, a autêntica fé no verdadeiro conteúdo da Santa Missa ou de outros Sacramentos, é necessário, então, que haja correções. É mais urgente que nunca chegar a uma “reforma da reforma” estudando cuidadosamente quais elementos da “reforma” pós-conciliar são tais que se podem interpretar em descontinuidade com a Liturgia antiga e quais podem facilitar – se não induzir – celebrações não corretas. De imediato, é necessário uma catequese litúrgica que dissipe toda sombra e, também, é necessário que todos os abusos na celebração não sejam tolerados e sejam claramente corrigidos.

c) Converteu-se em algo particularmente imperativo respeitar de modo muitíssimo claro o vínculo inseparável entre Fé e Liturgia e entre Liturgia e Fé. O ofuscamento da fé gera devastação litúrgica, devastação na “lex orandi” e, esta devastação , corrompe a fé ou, ao menos, a ofusca, a torna incerta.

Estas considerações poderiam ser concretamente mostradas por um estudo comparativo entre a antiga e a nova forma de outorgamento da Ordem Sagrada, do Sacramento da Ordem, mas estou seguro de que serão bem expostas e desenvolvidas com sabedoria e competência pelos eminentíssimos e excelentíssimos relatores do Congresso. A eles me uno de todo coração e a eles manifesto minha profunda comunhão espiritual.

Invoco a assistência do Espírito Santo sobre o desenvolvimento do Congresso e desejo que traga muito bem à Igreja, a nós Bispos e a todos seus ministros que devem agir tendo bem presente que o cume e fonte de toda a vida e missão da Igreja é a Divina Liturgia, a Celebração dos Divinos Mistérios.

A ti, querido padre, minha especial e devota estima,

Seu estimadíssimo no Senhor,

+ Mario Oliveri

Bispo de Albenga-Imperia

Palhaçada da semana.

Noivos fantasiados de Shrek e Fiona se casam em Garibaldi, RS. O celebrante, Frei Antoninho Pasquale, aceitou usar paramentos antigos, o que em outra ocasião dificilmente ocorreria (especialmente no caso da Missa Tridentina). Os convidados também se vestiram a caráter. O casamento recebeu uma censura oficial do bispo da diocese de Caxias do Sul, Dom Paulo Moretto. Fonte: Zero Hora.

Noivos fantasiados de Shrek e Fiona se casam em Garibaldi, RS. O celebrante, Frei Antoninho Pasquale, aceitou usar paramentos antigos, o que em outra ocasião dificilmente ocorreria (especialmente no caso da Missa Tridentina). Os convidados também se vestiram a caráter. O casamento gerou uma admoestação oficial do bispo da diocese de Caxias do Sul, Dom Paulo Moretto. Foto: Zero Hora.

Padre Anderson na cova dos leões.

Por Cláudio Santos – Humanitatis

Na última segunda-feira, dia 21/03/2011, a OAB-Niterói ofereceu ao público um debate para esclarecer questões sobre o aborto no Brasil. Este evento intitulado de “Aborto: o paradoxo entre o direito à vida e a autonomia da mulher” estava dentro de uma agenda preparada pela instituição para comemorar o Dia Internacional da Mulher.

O evento organizado pela OAB, deveria até pelo renome dado à instituição, prever um debate onde houvesse equilíbrio entre as partes debatedoras. Mas isto não ocorreu, pois na mesa debatedora havia nada mais que 4 (quatro) debatedoras favoráveis ao aborto (da ala feminista), e 1 (um) contrário ao aborto (Padre Anderson Batista da Silva). A presidente da mesa informou ao final, que não havia como saber o teor dos argumentos utilizados pelos debatedores, e que por isso não era intenção fazer um debate que favorecesse a ala que defende o aborto. Só ela mesma para pensar que o público presente acreditaria. Não duvido até pelo histórico maquiavélico de outros debates, que formar uma mesa onde se encontram 5 (cinco) mulheres (4 debatedoras + 1 presidentA de mesa) e um padre, não foi coincidência. Basta pesquisar os nomes das feministas no google, para concluirmos de que lado estão. Pela desproporção, era muito provável que seria visto no debate o “fuzilamento do Padre”, afinal a instituição que mais têm se manifestado como contrária ao aborto é a Igreja Católica. Mas amigos, pela graça divina, não foi isso que vimos. Inicialmente foi apresentado ao público os palestrantes, por ordem no debate: a Antropóloga Sônia Correa, a Historiadora Ismênia Martins, o Padre Anderson Batista da Silva, a Médica Maria do Espírito Santo (Santinha), e uma assessora de Jandira Feghali. Entre as regras apresentadas, havia aquela que definia o tempo de cada debatedor. O tempo limite para cada um seria de 10 minutos prorrogáveis por mais 5 minutos. As duas primeiras debatedoras foram extensamente favoráveis à descriminalização do aborto no Brasil. A antropóloga traçou a luta feminista no Brasil, desde as décadas de ditadura. Lembrou ainda casos onde a morosidade da justiça “infelizmente”, pasmem, “infelizmente” permitiu que a mulher tivesse o filho. Logo depois a historiadora narrando fatos desde a época do Brasil Império, quis provar que a luta pelo aborto é um direito. Posteriormente, lembrando inclusive cenas de uma novela atual da rede globo, chamou de hipócritas os contrários a prática do aborto, sob o argumento de que há clínicas clandestinas que fazem aborto, e que muitos sabem onde elas se encontram. A lógica utilizada pela historiadora, era que mesmo criminalizando o aborto, ele ocorre. Posteriormente foi dada a palavra ao Padre Anderson, que argumentou perfeitamente, inclusive dentro do tempo proposto. Sua conclusão magistral citou o julgamento Roe versus Wade de 1973. Para quem não sabe foi um julgamento na Suprema Corte dos EUA, onde a jovem Roe requereu em juízo o direito para abortar. O interessante é que os argumentos utilizados (levando a crer de que o feto não é pessoa) foram os mesmo utilizados no  século anterior, em 1857, na sentença  “Dred Scott” que havia declarado que o negro não era pessoa. Após sua belíssima explanação, o auditório aplaudiu com entusiasmo por um grande período. Parece que isso enfureceu a debatedora seguinte. De forma intimidadora e sem compostura, iniciou relatando sua origem católica, e sua atual condição de anticatólica. Veementemente citou que por anos os grupos feministas rodeiam a barriga da mulher, mas não conseguem tomar posse do que é delas de direito. Como se a criança no ventre fosse um nada. Ela continuou sua colocação de forma furiosa, mas com certeza foi “um tiro no pé”. Sua colocação se estendeu em demasia levando o público presente a manifestar-se contrariamente, inclusive exigindo direito de resposta ao Padre. A presidente da mesa pediu desculpas ao público e passou a palavra para a próxima debatedora. A debatedora seguinte se ateve ao limite de tempo, porém como sempre acontece apresentou os famosos dados estatísticos que elas tiram não sabemos de onde. Ao final, o Deputado Márcio Pacheco, advogado, e membro da frente parlamentar em defesa da vida no Rio, pediu a palavra para manifestar seu desconforto em ver um debate promovido pela OAB, onde a parcialidade era visível. 1 (uma) hora dada para os favoráveis à descriminalização do aborto e 15 (quinze) minutos para os que são contra. Ele disse em alto tom, que entrará oficialmente com uma representação solicitando novo debate. O pior de tudo foi verificar que diante dos nossos olhos, na primeira fila, estavam os médicos Dr. Herbert Praxedes e Dr. Dernival Brandão, que não foram convidados para o debate, e que em nenhum momento foi lhes dada a palavra para esclarecer fatos concretos como médicos e especialistas que são. A conclusão que podemos tirar do debate é a fundamental importância do público presente. Poderia ter acontecido que não havendo manifestações o debate ocorresse conforme planejado, ou seja, o estereótipo montado na  mesa debatedora, onde um homem, padre, logo “A Igreja Machista” mais uma vez perseguia os direitos femininos. Segundo até relato do próprio Padre Anderson após o debate, o público presente demonstrou a opinião da sociedade. O público presente não fora formado apenas de homens ou da cúpula da Igreja. Havia homens e mulheres, jovens e idosos, advogados e outros profissionais, ou seja, era um auditório heterogêneo que em sua maioria era desfavorável ao aborto, e que não aceitou engolir goela abaixo os argumentos mais uma vez fracos, ou melhor, fraquíssimos e por vezes infundados daqueles que defendem ao aborto. Unamos forças para que num futuro debate aqueles que defendem a vida estejam presentes, e quando necessário manifestem contrariedade aos argumentos apresentados.

Termino nossa postagem com um relato recebido por e-mail, de Márcio Mureb, que também esteve no debate:

Acabei de voltar do debate sobre o aborto na OAB/Niteroi. Padre Anderson arrasou!!!! Pensei que ele não tivesse muito conhecimento sobre o assunto, mas para a minha surpresa  tratou deste com grande genialidade utilizando sobremaneira, o ponto de vista cientifico, medico e juridico com muita segurança. Fez algumas pontuações históricas sobre a valorização da mulher pela igreja católica durante os dois mil anos de existência e mostrar por A+B que antes, as outras civilizações tratavam a mulher como um ser inferior e que ninguém como  a própria Igreja lutou e luta tanto pela dignidade da mulher, fazendo contraponto com os meios de comunicação que, ao contrário utilizam a imagem da mesma como objeto de consumo, aviltando a sua dignidade.

O padre Anderson tem uma postura elegante nos gestos e na maneira de falar, com ótima entonação de voz e foi um cavalheiro, mostrando presença e mantendo-se sempre tranquilo sem demonstrar nenhum sinal de irritação, nervosismo ou antipatia para com as outras debatedoras a ponto de percebermos um certo constrangimento das, vamos dizer assim, moças, que ali tentavam em vão vender o seus peixes. Um verdadeiro gentleman.

Acho que 95% do auditório era pro-vida.

Tinha um jovem deputado estadual  da frente parlamentar pro-vida, que agora não lembro o nome, no final do debate interveio junto a presidente da mesa, reclamando da desigualdade,  porquanto não havia um equilibrio de forças, pois tinham quatro abortistas contra um pro-vida. Pediu que fosse feito outro debate em pé de igualdade, o que a presidente disse encaminhar a diretoria. Foi muito aplaudido. Nem precisava, só o padre Anderson deu conta das quatro sozinho com os pés nas costas.

Uma mocinha que estava na minha frente, não se conteve quando uma debatedora passou do tempo dela, sem que a presidente da mesa fosse firme, e levantou-se e foi para a frente com dedo em riste pedindo direito de resposta para o padre. Êta! Menina valente!

Uma outra debatedora trouxe um datashow apresentando, voces sabem, aqueles graficos com um monte de numeros e dados estatisticos falsos. Tio Dernival não se fez de rogado, interveio maravilhosamente, desmascarando a moça, que ficou com uma cara de pateta.

Foi muito bom!

A Paz!

Sancte Michael Archangele, defende nos in prælio.

Amen.

[Errata – 01 de abril de 2011, às 16:15] Segundo o testemunho do leitor Flávio Lemos Alencar, presente no evento e a quem agradecemos, é necessário corrigir a informação “de que a historiadora Ismênia Lima Martins tenha se posicionado a favor da legalização do aborto. Pelo contrário, o que vi foi ela, sem tomar partido explícito, se posicionar contra a prática do aborto”.

[Observação – 02 de abril de 2011, às 19:33] Outros participantes do evento informaram que apesar da professora não ter se posicionado explicitamente a favor da prática do aborto, também não o repudiou em momento algum, nem contradisse as demais participantes, mantendo uma postura diplomática.”

Bento XVI pede o afastamento do nº 2 dos Legionários de Cristo.

Pe. Luis Garza Medina e Bento XVI.
Pe. Luis Garza Medina e Bento XVI.

(IHU) Luis Garza Medina (foto, ao lado de Bento XVI), atual vigário-geral dos Legionários de Cristo, pode estar com seus dias contados na cúpula da congregação sob intervenção de Roma. Há uma década, o máximo responsável das finanças da Legião, um dos homens de confiança de Marcial Maciel e, segundo todos os indícios, quem mais fez para tapar os desmandos de seu fundador até o final, é o principal objetivo que Bento XVI marcou para seu delegado pontifício, o cardeal Velasio De Paolis.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada no sítio Religión Digital, 29-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Afastar Garza é o primordial, antes até que a saída de Álvaro Corcuera ou o desenvolvimento das investigações. É preciso fazer isso, e logo. A Páscoa pode ser um bom momento, embora a resistência do sacerdote mexicano poderia fazer com que ele permanecesse à frente pelo menos até o final do ano.

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Abril poderá ser um mês cruel para as relações com os tradicionalistas.

Por John L Allen Jr – National Catholic Reporter

Tradução: Fratres in Unum.com

Peregrinação da Fraternidade São Pio X a Roma para o Jubileu do ano 2000.
Peregrinação da Fraternidade São Pio X a Roma para o Jubileu do ano 2000.

Para qualquer um que esteja esperando que rupturas duradouras entre Roma e a ala tradicionalista da Igreja Católica estejam à beira de uma resolução rápida, pode ser que o mês de abril seja indubitavelmente o mês mais cruel.

Dois acontecimentos estão programados para ocorrer a qualquer momento no início de abril, cada qual com implicações para as relações entre o Vaticano e os tais “tradicionalistas”, que significa católicos ligados à antiga Missa em Latim e que têm reservas profundas sobre o Concílio Vaticano Segundo (1962-65).

Primeiramente, a Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”, responsável pelas relações com os tradicionalistas, apresentará uma instrução relativa à implementação do documento do Papa Bento XVI de 2007 Summorum Pontificum, que instalou a Missa antiga como uma “forma extraordinária” do rito em latim.

Em segundo lugar, o que poderia ser a rodada final das conversações [doutrinais] entre o Vaticano e a Fraternidade de São Pio X, a entidade tradicionalista fundada pelo finado arcebispo francês Marcel Lefebvre, que rompeu com Roma em 1988.

Como freqüentemente ocorre, ambas as mudanças provavelmente serão vistas no Vaticano como gestos importantes de divulgação, mas entre alguns tradicionalistas, provavelmente, eles serão tidos como uma confirmação adicional de que não se pode confiar em Roma.

Em alguns círculos tradicionalistas, a instrução vindoura causou alarme, com comentaristas dando a entender que esse documento poderia efetivamente erodir as prerrogativas para a celebração da Missa antiga, que Bento XVI prometeu em seu motu proprio de 2007. Isso seria uma reação, de acordo com a especulação, à pressão de bispos ao redor do mundo que nunca morreram de amores pela Missa em Latim, e que exatamente não se curvaram para torná-la mais amplamente disponível.

Falando em histórico, as autoridades do Vaticano insistem que esse não é o caso.

Em vez disso, eles dizem que a instrução confirmará que agora o moto proprio é a lei universal da Igreja, e insistem que os bispos a apliquem. Entre outras coisas, ele reivindicará que os seminaristas sejam treinados não somente em latim, mas no próprio rito antigo, pelo menos, assim eles saberão como executá-lo fielmente e compreenderão o que está sendo dito.

A instrução também irá confirmar que a Missa antiga deve ser disponibilizada sempre que “grupos de fiéis” a solicitarem, sem especificar quantas pessoas são necessárias para constituir um “grupo”.

A instrução confirmará igualmente que a liturgia antiga deve ser celebrada durante a Semana Santa sempre que houver um “grupo estável” de fiéis ligados à mesma, bem como em ordens religiosas que usam o rito extraordinário.

Por outro lado, a instrução provavelmente não satisfará todas as esperanças tradicionalistas. Por exemplo, provavelmente, ela não dará a um seminarista em um seminário diocesano regular o direito de ser ordenado de acordo com o rito pré-Vaticano II, em parte porque esse ritual supõe ordenação a “ordens menores” e o subdiaconato, que foram suprimidos sob o Papa Paulo VI.

No que tange as conversações com a Fraternidade São Pio X, há sinais de que elas poderão terminar com um choramingo ao invés de um estrondo.

Um grupo Vaticano ad-hoc foi organizado em 2009 para conduzir as discussões e formado de cinco figuras de liderança no cenário romano:

  • O Monsenhor italiano Guido Pozzo, secretário da Comissão Ecclesia Dei;
  • O Arcebispo jesuíta italiano Luis Ladaria [ndr: na realidade, ele é espanhol], secretário da Congregação para a Doutrina da Fé;
  • Um Monsenhor Jesuíta alemão Karl Becker, um consultor de longa data para a congregação doutrinal;
  • O Monsenhor espanhol Fernando Ocáriz do Opus Dei, um outro consultor para a congregação doutrinal;
  • O dominicano suíço Pe. Charles Morerod, reitor da Universidade Angelicum, e também um consultor para a congregação.

Por sua vez, a Fraternidade São Pio X reúne uma delegação liderada pelo Bispo espanhol Alfonso de Galarreta, um dos quatro prelados ordenados por Lefebvre em 1988. Pessoas por dentro da situação dizem que as figuras escolhidas pela fraternidade geralmente representam a corrente mais “linha dura” na entidade tradicionalista, ao passo que os participantes do Vaticano são teologicamente conservadores inclinados a encontrar o meio termo dos lefebvristas.

As conversações se concentram em quatro temas, que representam as preocupações centrais para os tradicionalistas:

  • Liturgia
  • Eclesiologia, incluindo o ecumenismo e o diálogo inter-religioso
  • Liberdade religiosa
  • O magistério do Concílio Vaticano Segundo (1962-65)

Em cada caso, o processo tem sido assim: um participante dos tradicionalistas prepara um ensaio sobre o assunto, e, em seguida, um participante do Vaticano escreve a resposta. (Se o tempo permite, um dos tradicionalistas poderá redigir uma resposta da resposta). Os dois lados então se reúnem por várias horas de conversas, o encontro mais recente tendo sido realizado no último mês de fevereiro.

Reuniões são mantidas nos escritórios da Congregação para a Doutrina da Fé em Roma. Geralmente, os lefebvristas falam em francês e os delegados do Vaticano em italiano, com tradução simultânea.

Em uma entrevista recente postada no sítio americano da Fraternidade São Pio X, o superior da fraternidade, Dom Bernard Fellay, anunciou que as conversações estão chegando ao fim sem solução, porque, na visão de Fellay, Roma se recusa a admitir as “contradições” entre a fé católica eterna e as inovações introduzidas pelo Vaticano II.

Fellay também disse que surgiram duas novas pedras de tropeço: o plano de Bento XVI de hospedar um encontro inter-religioso em Assis, neste mês de outubro, e a beatificação do Papa João Paulo II, no dia 1º de maio.

Essa entrevista pareceu selar o destino das conversações. Um delegado do Vaticano falou calmamente com o Cardeal Americano William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre se está chegando a hora de colocar um ponto final.

(Por um instante, em fevereiro, os tradicionalistas aparentemente achavam que o momento já tinha chegado. Um encontro entre os dois lados foi marcado nos escritórios da congregação doutrinal, na mesma sala onde uma reunião não relacionada havia ocorrido no dia anterior. Um cartão com o nome de Levada ainda estava na cabeceira da mesa. O prefeito normalmente não participa das conversações com os tradicionalistas, assim, quando eles viram o nome dele na mesa, dizem que eles especularam se ele estava vindo para fechar a cortina. De fato, a reunião foi adiante como de costume).

Após a reunião no início de abril, espera-se que os participantes escrevam ensaios resumindo os resultados das discussões e os submetam a seus superiores. No clima atual, muitos observadores dizem que isso pode bem ser o fim da linha, pelo menos por ora.

Dependendo de como as coisas se desenrolarem, tanto a reação à instrução quanto às conversações poderão indicar uma conclusão comum: preencher a lacuna com o mundo tradicionalista continua sendo um projeto de longo prazo.

Parole, Parole, Parole.

Era uma vez um padre diocesano que, cansado do modernismo pós-conciliar, decide não mais celebrar a Missa de Paulo VI; quer celebrar somente a Missa de Sempre; nunca mais promover as famigeradas Campanhas da Fraternidade, impregnadas de marxismo, ecologismo e paganismo; quer administrar todos os sacramentos no Rito Antigo, além de viver em comum com sacerdotes imbuídos do mesmo espírito, em um ambiente verdadeiramente católico. Está simplesmente farto dos assim-chamados retiros do clero, onde a proximidade de bares e diversões noturnas são a garantia de freqüência para muitos. Afinal de contas, os padres precisam se confraternizar e relaxar após um dia exaustivo de reflexões profundas.

Então, esse sacerdote escreve uma longa carta ao seu arcebispo explicando sua decisão de ingressar na Fraternidade São Pio X; expõe todos os motivos de sua tomada decisão e narra verdadeiros escândalos ocorridos no seminário arquidiocesano e no início de carreira.

Suas malas estão prontas. Ele está resoluto. Quer voar para o maior seminário tradicionalista da América Latina e lá começar vida nova em defesa da Tradição da Igreja. Passará por um rigoroso período de treinamento e purificação.

Inconformado com tal atitude, o paternal arcebispo chama-o para uma reunião. Implora-lhe que fique na Arquidiocese, pois não pode perder padres piedosos como ele, concorda com a situação trágica de modernismo narrada na carta, oferece-lhe uma Paróquia Pessoal exclusiva para o Rito Tradicional, permite-lhe que administre todos os sacramentos no rito antigo, dispensa-o de participar ou promover as Campanhas da Fraternidade, diz sim a todas as suas demandas, que não são poucas. O jovem sacerdote se entusiasma. Não estava preparado para ouvir tudo aquilo. Pensava apenas que ouviria “Seja feliz, au revoir!” Seu coração se enche de esperança e agitação. Pensa nos inúmeros fiéis tradicionais de sua cidade que sempre sonharam com a Missa de Sempre dita todos os dias. Como recusar uma atitude tão paternal? Como deixar os fiéis a ver navios se todas as suas “exigências” haviam sido satisfeitas?

O jovem padre sai do gabinete pisando nas nuvens. Está eufórico. Em poucas horas sua decisão fora posta abaixo por um gesto extremamente paternal e inédito. Isso abriria um precedente para outros padres e outras dioceses.

“Não, vá. É fria”, dizem alguns. “Não posso recusar” – diz o inocente sacerdote – “nunca se ouviu falar em uma tal proposta em todos esses anos de luta pela Tradição” – responde o padre.

Um padre substituto é imediatamente alocado para a sua paróquia atual. Felizmente! Menos um problema. Agora o jovem sacerdote sente que a primeira dificuldade fora vencida, pois arranjar um substituto para a sua paróquia era o grande empecilho para a criação da Paróquia Pessoal. “Que maravilha!”, pensa o substituto. Depois de tantos anos de dedicação, finalmente, terei o meu próprio rebanho. Tudo se encaixa perfeitamente.

Uma segunda reunião é marcada poucos dias depois da primeira para a concretização dos acertos. Desta vez, um jovem bispo auxiliar recém ordenado é o encarregado das ‘negociações’.

Problema – não há mais uma Paróquia Pessoal disponível no momento. Não se pode alocar uma igreja inteira para o Rito Antigo de uma hora para outra. “Por ora ficarás com uma pequena igreja de irmandade no centro da cidade, de segunda à sexta, e sábados e domingos celebrarás a Santa Missa na majestosa igreja imperial”. Vamos ver como as coisas funcionam. Possivelmente no futuro poderemos alocar uma igreja própria. Queremos antes ver se haverá fiéis suficientes.

“Como assim?!”, pensou o jovem padre. Não foi exatamente isso que senhor arcebispo lhe prometera e afirmara. Engoliu em seco. Seu estomago deu cambalhotas. Mas fazer o quê? Afinal, não era sempre assim que as coisas funcionavam? Bom, talvez valesse à pena o esforço, pois todo começo é difícil.

“Não se preocupe. Lá na irmandade você será o capelão, poderá administrar todos os sacramentos no rito antigo, rezar o seu breviário em latim e cuidar de tudo. Você será o responsável na irmandade!”. Isso era algo verdadeiramente inédito. Uma igreja de irmandade tradicional, dirigida por um sacerdote! A notícia alvissareira precisava ser divulgada na Internet! E assim foi feito, com a sua autorização.

“E como fazer com as missas de domingos já celebradas por outros padres de fora nessa mesma igreja?”, indaga. “Não se preocupe, meu filho. Cuidaremos de tudo isso. Enviaremos uma notificação para eles. Por que vamos recorrer a padres de fora se temos padres nossos que podem celebrar a missa no rito antigo? Você não precisa se preocupar com essa parte.”

Primeiro dia na irmandade

Um salto da cama e o coração aos pulos.  Seu pai o leva de carro, pois os inúmeros paramentos e objetos litúrgicos não comportam a viagem de trem lotado do subúrbio até o centro da cidade. Sim, agora teria uma igreja tradicional de verdade para administrar. Nada mal.

Carro estacionado, material levado para a igrejinha. Vamos agora conhecer os funcionários. Emoção e receio. E o que acontece? Surpreendentemente já havia duas missas novas diárias na igreja, uma às 8h (na verdade, uma “Celebração da Palavra”, visto que era “celebrada” por um diácono) e outra às 12:30h. “O senhor poderá celebrar missa em latim às 10h, padre”, sugere a funcionária responsável.

“Como assim?”, indaga-se. Ao que parece a irmandade não recebera nenhum comunicado oficial da arquidiocese para repassar o comando da igreja para as suas mãos.

E o dinheiro exorbitante do estacionamento? Fala sobre isso com o funcionário da irmandade na vã esperança de ser reembolsado. “Infelizmente, não temos dinheiro, prezado padre. Nossa irmandade é pobre, passamos por dificuldades financeiras!”

Enfim, literalmente, estava pagando para celebrar missa!

E mais, não havia sinal de espórtulas, mas tão somente a possibilidade de celebrar missa diariamente, pois afinal o arcebispo o designara para tal. Ali ele poderia celebrar a sua missa antiga sossegadamente.

Segundo dia

A mesma situação se repete. Agora uma informação adicional – a pequena igreja fecha impreterivelmente às 15h e ninguém pode ficar com as chaves para o atendimento dos fiéis trabalhadores ao final do expediente. Nada mudaria. A Irmandade continuaria sendo a detentora e guardiã das celebrações, das chaves e de tudo o mais. Sua função lá seria apenas a de mais um “celebrante de missa”, nada parecido com uma ‘capelania’. Sentia-se engambelado por “quem de direito”.

Mas e as celebrações nos finais de semana na igreja imperial? Ah, quanta inocência! Tudo como antes no quartel de Abrantes. Só havia uma decisão a tomar e precisava ser tomada já.

Vôo para a liberdade

Fiéis o procuram, querem saber o seu paradeiro, desejam apoiá-lo e saber em que pé estão as coisas. Alguns ligam para o seu celular sem êxito.

Tarde demais, o vôo para a liberdade já fora empreendido. Provavelmente, a estas horas o jovem padre já estará rezando o seu Breviário em latim enquanto caminha pelos jardins de sua nova residência, cercado dos passos entusiasmados de seus novos companheiros e, quem sabe, ouvindo ao fundo um coral de seminaristas ensaiando um Atende Dómine ou sentindo o aroma gentil da refeição vespertina.

“Tenemos un otro brasileño! Que bueno!”

* * *

Nosso blog acompanhou de perto todos os acontecimentos das últimas semanas.

Primeiro, aqui mesmo, no dia 5 de fevereiro, Pe. Leonardo Holtz anunciou sua ida para a Fraternidade São Pio X.

Posteriormente, o reverendíssimo sacerdote autorizou que este site anunciasse o início de um projeto de uma paróquia pessoal, após sua reunião com Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro.

Vendo a impossibilidade de tornar real aquilo que lhe fora prometido, Padre Leonardo Holtz ingressou na Fraternidade Sacerdotal São Pio X e está, hoje, no seminário de La Reja, para um período de estudos.

Trata-se de uma nova, entre muitas, provas de tudo aquilo que já dissemos outrora sobre todo um sistema modernista que corta já na raiz qualquer iniciativa de mera sobrevivência (e quanto mais uma vida católica plena!) da Tradição Católica nas dioceses.

Ao esperar por dias melhores, desejamos ao caro Padre Leonardo que encontre em seu novo apostolado toda a estabilidade e o ambiente propício para o exercício de seu ministério. Para a maior glória de Deus e salvação das almas!

[Errata – 28 de março de 2011, às 15:44: algumas informações dão conta de que o Padre ainda não foi para a Argentina. Aguardamos maiores detalhes.]

[Atualização – 29 de março de 2011, às 10:35: Já soubemos o paradeiro do Padre Leonardo, mas, por prudência e respeito à discrição provavelmente desejada pelo sacerdote, não divulgaremos].

Morre aos 88 anos o teólogo José Comblin.

Padre belga era um dos mais importantes teólogos da Teologia da Libertação

Padre José Comblin
Padre José Comblin

Agência Estado – Morreu na manhã deste domingo (27), aos 88 anos, o padre belga José Comblin, um dos mais importantes teólogos da Teologia da Libertação. Ele faleceu no município de Pedro Simões, no interior da Bahia, onde ministrava um curso para comunidades de base.

Comblin é autor de vários livros, entre eles “Teologia da Enxada”, uma corrente teológica surgida em 1969 na Igreja Católica do Nordeste do Brasil e que tem como base a reflexão a partir da realidade dos agricultores e famílias camponesas.

O religioso trabalhava na América Latina desde 1958 e, devido às suas ideias, foi perseguido pelo regime militar brasileiro, chegando a exilar-se no Chile. Em 1972, voltou ao Brasil, onde foi preso e deportado para a Bélgica. Só em dezembro de 2010 o pedido de sua deportação foi oficialmente extinto pelo governo brasileiro.

Atualmente, ele morava na cidade de Barra, no interior da Bahia. Comblin pediu para ser enterrado em Arara, próximo a João Pessoa, na Paraíba.

Ao fim, um Motu Proprio muito “tradi”.

Por Romano Libero – Golias

Tradução: Fratres in Unum.com

Contrariamente ao que os rumores romanos deixavam entender há ainda algumas semanas, e que davam conta de intrigas no Vaticano para limitar a benevolência do motu proprio de 2007 para com os tradicionalistas, a última versão do decreto de aplicação deveria definitivamente ser abundante no sentido desejado pelos defensores da missa “old style”.

Se certos Cardeais como William Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé ou Antonio Maria Canizarès Llovera, prefeito da Congregação para o Culto Divino, tentaram limitar a amplitude da aplicação do motu proprio, o ponto de vista ratzingeriano de uma concessão mais ampla teria vencido. O Papa deseja, portanto, facilitar a celebração de acordo com os antigos livros litúrgicos e não endossa, por conseguinte, o ponto de vista restritivo. Que permanece, no entanto, sendo o da grande maioria dos bispos pelo mundo.

O Papa estaria convencido cada vez mais do franco sucesso dessa medida “liberal”. Sem dúvida, aqui ou acolá, algumas reservas sobreviveriam, por exemplo, sobre a missa de ordenação de padres diocesanos que não poderia ser celebrada segundo o rito antigo. No entanto, a intenção desta medida romana é, antes, condenar a leitura minimalista do motu proprio, no sentido em que a decisão de celebrar uma missa pública de acordo com o rito antigo (ou “forma extraordinária”, como se diz hoje) suporia o acordo do bispo do local, enquanto que cada pároco é livre para organizar tal celebração na sua paróquia desde que haja um pedido. Incontestavelmente, Bento XVI em nada ignora as reservas muito vivas dos bispos que às vezes proíbem párocos bem dispostos de acolher grupos unidos à antiga liturgia e de celebrar publicamente a missa para eles. Daí esta nova chamada à ordem dirigida não aos tradicionalistas, mas aos bispos pouco cooperativos. Dentre eles, altos prelados, por outro lado dificilmente suspeitos de progressismo, como os arcebispos de Madri (Rouco Varela) ou de Washington (Wuerl), dois cardeais de prestígio e de peso.

Sabemos, de fonte romana direta, que esse decreto de aplicação, com efeito, sofreu uma dupla correção. Inicialmente, tinha sido preparado por Mons. Guido Pozzo, secretário da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”, responsável pelo caso. Posteriormente, o Cardeal Levada e seu fiel conselheiro, Mons. Charles J. Scicluna, um maltês, alteraram fortemente o texto em sentido restritivo. Com o acordo do Cardeal Canizarès Llovera, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino! As nossas informações recentes estavam, portanto, exatas.

Uma vez alterado por Levada, o documento chegou ao escritório do Papa. E este último não teria ficado satisfeito com a reviravolta operada. Ele teria, então, retornado mais ou menos ao documento tal como Guido Pozzo o tinha inicialmente. Num sentido mais favorável aos tradicionalistas.

Apesar da sua posição moderada em certos aspectos, Bento XVI é muito ligado à sacralidade da liturgia, sob uma forma tradicional, para voltar atrás a esse respeito. Ele aceita o espírito de Assis. Deu um passo em direção aos judeus, exonerando-os de qualquer culpabilidade na morte de Cristo. Mas, sobre a liturgia, ele não mudou.

Eleito arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana.

CONFIRMAÇÃO DA ELEIÇÃO DO ARCEBISPO-MAIOR DE KYIV-HALYČ (UCRÂNIA)

O Santo Padre concedeu a confirmação que lhe foi pedida em conformidade ao cânon 153 do CCEO por S. Exª Sviatoslav Schevchuk, que em 23 de março de 2011 foi eleito canonicamente Arcebispo-Maior de Kyiv-Halyč no Sínodo dos Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana, reunido em Lviv (Ucrânia).

Sua Beatitude Sviatoslav Schevchuk nasceu em 5 de maio de 1970 em Styj na região de Lviv.

Foi ordenado sacerdote em 26 de junho de 1994. Obteve a láurea em Teologia Moral na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino em Roma (1999).

Desempenhou vários encargos, entre os quais: Prefeito do Seminário “do Espírito Santo” de Lviv (1999-2000); Vice-decano da Faculdade de Teologia da Academia de Teologia de Lviv (2001); Vice-Reitor do Seminário “do Espírito Santo” em Lviv (2000-2007) e, em seguida, Reitor do mesmo Seminário (2007).

Em 14 de janeiro de 2009, o Santo Padre nomeou-o Bispo titular de Castra de Galba e Auxiliar da Eparquia de Santa Maria do Patrocínio em Buenos Aires (Argentina). Em 7 de abril de 2009, recebeu a ordenação episcopal.

Em 10 de maio de 2010 foi nomeado Administrador Apostólico sede vacante da Eparquia de Santa Maria do Patrocínio em Buenos Aires (Argentina).

Fonte: Santa Sé

Tradução: OBLATVS