(Summorum Pontificum Observatus) O sítio Disputationes Theologicae, dirigido por membros do Instituto do Bom Pastor e de ótimo comportamento, acaba de publicar uma coluna sob o título: “O fracasso dos colóquios doutrinais com a Fraternidade São Pio X e a questão de um ‘ordinariato tradicional’” [versão portuguesa aqui].
O artigo, de um tom muito duro, o que certamente se explica da parte de um “irmão inimigo” muito próximo, pode ser resumido em três objetivos:
1) O artigo tem em conta rumores segundo os quais os colóquios organizados pela Comissão Ecclesia Dei, no âmbito da Congregação para a Doutrina da Fé, seriam notoriamente um “fracasso” que faria dar a impressão aos olhos de todos que a Fraternidade é cismática. Rumores infundados: o autor do artigo interpretou mal as informações que recebeu (às quais se acrescentam também os rumores vindos de uma minoria ativa de padres franceses da FSSPX hostil a um reconhecimento canônico). Com efeito, parece que o tom dos representantes da FSSPX teria se mostrado “fechado”. Mas dos dois lados se comemora realmente o fato de que as discussões foram muito francas e que permitiram, de fato, alcançar o objetivo, no fim das contas modesto, que lhes era designado: determinar precisamente quais eram os pontos controversos e conhecer qual era a doutrina da FSSPX sobre esses pontos.
2) O artigo parece dar uma notícia inédita: uma solução canônica vantajosa será proposta (e pontua: “antes do verão”) à FSSPX, um ordinariato, que lhe asseguraria uma independência de ação no que diz respeito aos bispos. Com efeito, essa informação contradiz parcialmente os rumores sobre o fracasso das discussões e é conhecida há muito tempo. É notório em Roma, desde o fim do ano passado, que o Santo Padre considera pessoalmente propôr novamente uma solução desse tipo a Dom Fellay.
3) Por último, dessas circunstâncias, com justa razão:
- O artigo lamenta o fato dos colóquios não terem resolvido o fundo do problema do Vaticano II. Mas esses colóquios ocorreram. O que, somado a outros acontecimentos (a publicação do memorável livro de Mons. Gherardini sobre a não-infalibilidade do Concílio, a notável obra histórica de Roberto de Mattei sobre a história de Vaticano II que reabilita o papel da minoria conciliar, o congresso organizado sobre o tema pelos Franciscanos da Imaculada, etc.), mostra que doravante “a palavra é livre” e que esse trabalho de reajuste a propósito do Concílio poderá continuar, de agora em diante, ao ar livre.
- O artigo lamenta o fato de que uma solução muito vantajosa para o FSSPX penalizará os institutos Ecclesia Dei, que não têm, ao contrário da FSSPX, bispos próprios, e que são submetidos por seus apostolados e ordenações à boa vontade de bispos “oficiais”. É verdade, e valeria a pena refletir, de fato, como se fez em Roma no fim do pontificado de João Paulo II, sobre as soluções canônicas nesse sentido (que passam, concretamente, pela nomeação de bispos específicos). É possível, sobretudo, deduzir que “um desafio”, como se diz, e que uma responsabilidade considerável pesam hoje sobre os ombros do Papa e de Dom Bernard Fellay que, realmente, poderão realizar um ato cuja importância para toda a Igreja estará na estrita linha, quanto as suas consequências práticas, do Motu Proprio Summorum Pontificum.
Caros,
As conversações entre Roma e a FSSPX, são secretas, como um instituto que não participa, poderia dar justas informações a respeito?
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Lembro inda o texto publicado aqui no Fratres in Unum:
O futuro FSSPX: nem concessão, nem “statu quo” confortável. https://fratresinunum.com/2010/09/30/o-futuro-fsspx-nem-concessao-nem-%e2%80%9cstatu-quo%e2%80%9d-confortavel/
Tal texto foi traduzido pelo próprio IBP para o frances, a pedido de Mons. Gherardini. O que torna o texto do Padre Carusi, surpreendente. Vejam a apresentação do Padre Mathieu:
Propomos aqui um texto sobre o futuro da Fraternidade São X que Monsenhor Brunero Gherardini nos pediu que traduzisse para o francês e publicássemos. Sua perspectiva realista, fundada sobre circunstâncias históricas que conhece bem por vários motivos, dá lugar a uma síntese teológica que novamente enfoca a vexata quaestio sobre a noção de “Tradição”.
Ele convida a trabalhar lucidamente na clareza teológica, sem temer iniciar um duro e longo trabalho, aberto às grandes colaborações e investigações aprofundadas sobre os documentos conciliares controversos, como já havia convidado em sua já famosa obra, Vaticano II, um discorso da fare. Nesta perspectiva, o acordo canônico desejado não seria o resultado de uma rápida confrontação ponto a ponto sobre o Vaticano II, mas, pelo contrário, o ponto de partida de um vasto programa de análises e de estudos que contaria com “a colaboração dos especialistas mais prestigiosos, seguros e reconhecidos de cada um dos âmbitos sobre os quais se articula o Vaticano II [e que daria lugar] a uma série de congressos ou a uma série de publicações sobre cada um dos diversos documentos conciliares” (B. Gherardini, “Súplica ao Santo Padre”, Ibid., ed. fr., p. 262).
Também nós nos inserimos nessa ótica, em especial, no que diz respeito a um sério renascimento do debate teológico, que deve comportar dos dois lados a revisão de “sensos comuns” não dogmáticos, no interesse supremo da Igreja universal, e não na busca de um statu quo que não visaria mais que cultivar os interesses particulares.
Padre Matthieu Raffray, IBP
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Seria possível trocar a foto? N ficou boa a montagem, jaja vem um e diz que Dom Fellay está com cara fechada para o Papa sorridente para ele.
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Rssss….! Só falta isso, Ana Maria!
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