O verdadeiro Espírito de Assis.

Por Padre Elcio Murucci

São Francisco, instigado pelo zelo da fé cristã e pelo desejo do martírio, atravessou uma vez o mar com doze de seus companheiros santíssimos, para ir diretamente ao sultão de Babilônia. E chegou a uma região de sarracenos, onde certos homens cruéis guardavam as passagens, que nenhum cristão que ali passasse podia escapar sem ser morto; como aprouve a Deus, não foram mortos, mas presos, batidos e amarrados foram levados diante do sultão. E estando diante dele São Francisco, ensinado pelo Espírito Santo, pregou tão divinamente sobre a fé cristã, que mesmo por ela queria entrar no fogo. Pelo que o sultão começou a ter grandíssima devoção por ele, tanto pela constância de sua fé, como pelo desprezo do mundo que nele via; porque nenhum dom queria dele receber, sendo pobríssimo; e também pelo fervor do martírio que nele via. E deste ponto em diante o sultão o ouvia com boa vontade e pediu-lhe que freqüentemente voltasse à sua presença, concedendo livremente a ele e aos seus companheiros que podiam pregar onde quisessem. E deu-lhes um sinal com o qual não podiam ser ofendidos por ninguém. Obtida esta licença tão generosa, São Francisco mandou aqueles seus eleitos companheiros, dois a dois, por diversas terras de sarracenos, a pregar a fé cristã; e ele com um deles escolheu um lugar… Vendo São Francisco que não podia obter mais fruto naquelas partes, por divina revelação se dispôs com todos os seus companheiros a retornar aos fiéis; e reunindo todos os seus voltou ao sultão e despediu-se. E então lhe disse o sultão: Frei Francisco, de boa vontade me converteria à fé cristã, mas temo fazê-lo agora, porque se esses homens o descobrissem matariam a mim e a ti com todos os teus companheiros: mas, porque tu podes fazer muito bem, e eu tenho de resolver certas coisas de muito peso, não quero agora causar a tua morte e a minha, mas ensina-me como me poderei salvar, e estou pronto a fazer o que me impuseres. Disse então São Francisco: senhor, separar-me-ei de vós, mas depois de chegar ao meu país e ir ao céu pela graça de Deus, depois de minha morte, conforme a vontade de Deus, enviar-te-ei dois dos meus irmãos, dos quais receberás o santo batismo de Cristo e serás salvo, como me revelou meu Senhor Jesus Cristo. E tu, neste espaço, desliga-te de todo impedimento, a fim de que, quando chegar a ti a graça de Deus, te encontre preparado em fé e devoção. E assim prometeu fazer e fez. Isto feito, São Francisco retornou com aquele venerável colégio de seus santos companheiros: e depois de alguns anos São Francisco, pela morte corporal, restituiu a alma a Deus. E o sultão adoecendo espera a promessa de São Francisco e faz postar guardas em certas passagens, ordenando que, se dois frades aparecessem com o hábito de São Francisco, imediatamente fossem conduzidos a ele. Naquele tempo apareceu São Francisco a dois frades e ordenou-lhes que sem demora fossem ao sultão e procurassem a salvação dele, segundo lhe havia prometido. Os quais frades imediatamente partiram e, atravessando o mar, pelos ditos guardas foram levados ao sultão. E vendo-os, o sultão teve grandíssima alegria e disse: Agora sei, na verdade, que Deus mandou os seus servos para a minha salvação, conforme a promessa que me fez São Francisco por divina revelação. Recebendo, pois, a informação de fé cristã, e o santo batismo dos ditos frades, assim regenerado em Cristo, morreu daquela enfermidade, e sua alma foi salva pelos méritos e operação de São Francisco.

Hoje, festa de São Francisco de Assis, peçamos a Deus por intercessão dele, a conversão dos hereges, cismáticos, ateus e dos católicos que vivem no pecado. Hoje, mas do que na  época do Poverello, se faz mister amparar a Santa Madre Igreja que está auto se demolindo, sobretudo por causa do ecumenismo. Vendo o verdadeiro espírito de São Francisco de Assis, não temos dificuldade em perceber que não se poderia escolher lugar menos indicado para os tristemente famigerados “Encontros Ecumênicos” do que a cidade natal deste grande Missionário e de Santa Clara.

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Carta de São Francisco aos governantes dos povos

A todos os potentados e conselheiros, juízes e governadores no mundo inteiro, e a todos quantos receberem esta carta, Frei Francisco, mísero e pequenino servo do Senhor, deseja saúde e paz.

Considerai e vede que “se aproxima o dia da morte” (Gn 47, 29). Peço-vos pois com todo o respeito de que sou capaz que, no meio dos cuidados e solicitudes que tendes neste século, não esqueçais o Senhor nem vos afasteis dos Seus mandamentos. Pois todos aquele que O deixam cair no esquecimento e “se afastam dos Seus mandamentos” são amaldiçoados” (Sl 118, 21) e serão por Ele entregues ao esquecimento” (Ez 33, 13). E quando chegar o dia da morte, “tudo o que entendiam possuir ser-lhes-á tirado” (Lc 8, 18). E quanto mais sábios e poderosos houverem sido neste mundo, tanto maiores “tormentos padecerão no inferno” (Sab. 6, 7).

Por isso aconselho-vos encarecidamente, meus senhores, que deixeis de lado todos os cuidados e solicitudes e recebais com amor o santíssimo Corpo e o santíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, por ocasião de Sua santa memória.

E rendei tão grande homenagem ao Senhor com o povo a vós confiado, que todas as tardes, que façais anunciar por um pregoeiro ou por outro qualquer sinal que todo o povo deverá render graças e louvores ao Senhor Deus todo-poderoso. E se o não fizerdes, sabei que haveis de dar conta perante Vosso Senhor Jesus Cristo no dia do Juízo.

Os que levarem consigo este escrito e o observarem saibam que serão abençoados por Deus Nosso Senhor.

9 comentários sobre “O verdadeiro Espírito de Assis.

  1. Belas e fortes palavras de São Francisco,cheias de fé,e firmez como uma rocha.Bem diferente do São Francisco que se vende hoje em dia,como se fosse um santo que vivesse a falar de paz enquanto passeava pelos campos contemplando a natureza.Tipo um hyppie paz e amor ecologista.

    Há propósito,este tópico e um anterior me faz relatar o que aconteceu comigo neste domingo passado.

    Fui á missa na Paróquia São Francisco,e para minha surpresa,quando lá cheguei,percebi que algo estava bem diferente.No lugar da mesa no altar,seis cadeiras.Nada dos famosos folhetinhos para acompanhar a missa.Alguns pequenos cartazes com a palavra paz em diferentes idiomas colocadas nas escadas do altar.

    Foi ai que percebi o que ia começar,quando um frei se dirigiu ao microfone e começou a fazer elogios ao encontro de Assis,e encerrando dizendo que não poderia ter sido escolhido um local melhor do que a cida de de São Francisco para o famoso encontro.

    Estava diante de um encontro ecumênico,um mini Assis!

    Ao invês da missa que procurei para cumprir o 3o mandamento,e por necessidade espiritual,encontrei um mini Assis.

    Depis de umas palavras introdutórias do frei,ele chamou ao altar uma sra espirita,depois o pastor protestante,o budista,o superior da ordem franciscana da região,se não me engano,e o representante do judaismo.Quando ia começar a cerimônia,chegava atrasado o muçulmano,que logo que foi avistado foi chamado ao altar.

    Ai começou,primeiro chamaram ao centro do altar a sra espirita,que disse uma palavras e fez uma oração que preparou para a ocasião,depois foi a vez de chamar o pastor protestante que se dirigiu ao centro para fazer o mesmo.Dai para frente,não sei mais,pois levantei e fui embora.

    Fiquei surpreso,pois nunca tinha visto este tipo de cerimônia na Igreja São Francisco.Tenho quase certeza que foi a primeira vez,talvez encaixado como um evento das festividades de São Francisco.

    Confesso que foi estranho estar ali,mesmo por pouco tempo.Para mim foi constrangedor.Posso dizer que estive num mini Assis,por um breve tempo.

    Aproveito para pedir há algum amigo ou amiga a indicação de uma biografia consistente da vida de São Francisco qure tenham lido.Quero confrontar o São Francisco real com esta versão adoçicada que é vendida atualmente.Já li um livro sobre a vida de São Francisco,mas já faz muito,muito tempo,não lembro nem o titulo nem o autor.

    Fiquem com Deus.

    Flavio.

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  2. Bom , parece que São Francisco errou em ir pregar ao sultão e apresentar a religião católica como condição de salvação de sua alma.
    Isso fere o espirito ecumenico. Todas as religiões são boas e levam ao céu e não precisava o sultão ser batizado na fé católica .São Francisco deveria ter lido a Gaudium et Spes e o Decreto Unitatis Redintegratio para aprender a ser católico. Será que São Francisco era tradicional como os seguidores de Lefebvre . (risos)

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