É bom esconder o que se passou?

Por Jean Madiran | Tradução: Fratres in Unum.com

A maior parte dos católicos não esteve presente, evidentemente, em 27 de outubro de 1986, na cidade de Assis, e mesmo que tenham ouvido falar na televisão ou em seu jornal, eles nem sempre souberam exatamente, e com precisão, o que realmente se passou.

No início deste ano, a [agência] Correspondance européenne, dirigida por Roberto de Mattei, publicou um testemunho coletivo sobre “Assis 1986”. Nele se lê particularmente:

“Nós nos recordamos dos representantes de todas as religiões reunidos em uma igreja católica, a igreja de Santa Maria dos Anjos, com um ramo de oliveira à mão: como significasse que a paz não passa por Cristo, mas, indistintamente, por todos os fundadores de um credo, qualquer seja ele (Maomé, Buda, Confúcio,Kali, Cristo).”

Tal é exatamente o essencial do que se questiona.

“O espírito de Assis já sopra”, anuncia-nos o [jornal católico francês] La Croix: ele nos descreve a instalação, quase em todas as partes, de um programa de cortejos religiosos polivalentes, um ramo de oliveira à mão, e a “leitura dos textos sagrados das diferentes religiões”, certamente “em vínculo” (antecipado) com a comemoração de 27 de outubro.

Em suma, o “espírito de Assis” nos é apresentado como crença comum obrigatória dos homens de boa vontade, enquanto Jesus Cristo fica facultativo, uma crença específica entre as outras.

Mas justamente, prossigamos nossa leitura do testemunho publicado na Correspondance européenne, vamos aos fatos de 27 de outubro de 1986:

“Nos recordamos da oração dos muçulmanos em Assis, a cidade de um santo que havia feito da conversão dos muçulmanos um de seus objetivos”.

“Nos recordamos da oração dos animistas, a sua invocação aos espíritos dos elementos, e da oração dos outros crentes ou representantes de “religiões ateístas”, como o jainismo”.

Eis ainda mais grave:

“Nos recordamos com consternação dos frangos decapitados sobre o altar de Santa Clara segundo os rituais tribais, e o santuário da igreja de São Pedro profanado por uma estátua de Buda colocada sobre o altar, sobre as relíquias do mártir Vitorino… nos recordamos dos padres católicos que se prestaram aos ritos de iniciação de outras religiões…”

Antes disso, Michel de Jaeghere, enviado especial de seu jornal, havia escrito:

“Posso falar como testemunha ocular. Vi com meus olhos coisas que são objetivamente escandalosas, como a profanação das igrejas por cultos pagãos: o Dalai-lama dançando diante do tabernáculo, sobre o qual havia um buda; os indígenas da América invocando os quatro ventos, seus irmãos, na igreja de São Gregório; os feiticeiros animistas,colocados em pé de igualdade com o Vigário de Cristo; a ocultação do crucifixo; a missa católica, o único rito excluído (…). Tal como ocorreu, a jornada de Assis foi um escândalo público, uma ofensa ao primeiro mandamento…”

Estes bacanais não foram, do que é de nosso conhecimento, oficialmente denunciados, nem mesmo lamentados. Que se saiba, não foram objeto de cerimônias reparadoras. Talvez seja necessário esperar (mas nada o anuncia) que a comemoração prevista para o próximo27 de outubro seja, enfim, ocasião de uma celebração solene de reparação. Continuar a esconder o que realmente se passou provém de uma pastoral muito arriscada.

Seja como for, para evitar o pior, a menor das precauções será, parece, manter, durante esta jornada de 27 de outubro, todas as igrejas de Assis rigorosamente fechadas.

Artigo extraído do n° 7452 de Présent de quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Fonte: Le Forum Catholique

17 comentários sobre “É bom esconder o que se passou?

  1. “Se me prometeres que tu e os teus vos convertereis a Cristo, permanecerei de muito bom grado entre vós. Mas se duvidas em abandonar a lei impura de Maomé pela fé santíssima de Cristo, ordena imediatamente que se faça uma grande fogueira e teus sacerdotes e eu nos lançaremos ao fogo, a ver se deste modo compreendes a necessidade de abraçar a fé sagrada que te anuncio” (São Francisco de Assis ao Sultão da Babilônia, em http://www.paxetbonum.net/biographies/major_legend2_pt.html#9)

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  2. Frangos decapitados sobre o altar de Santa Clara, frente ao tabernáculo de Nosso Senhor. Quem João Paulo II pensava que era?

    Já sei, ele não sabia de nada disso!

    Senhor, abandonai-nos, não somos dignos de Vós. Merecemos tamanho castigo!

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  3. “…a jornada de Assis foi um escândalo público, uma ofensa ao primeiro mandamento…”

    Graças a Deus também foi negada a autorização da entrada da imagem da Santíssima Virgem de Fátima no evento. Onde Maria não pode entrar certamento não é um bom lugar .

    Em sua ânsia de ecumenismo custe o que custar o beato João Paulo II não via problemas em humilhar a Igreja ao pedir perdão a inimigos e hereges pelos “erros do passado” , mas nunca soube que ele tenha pedido publicamente perdão pelos erros de seu pontificado e que não foram poucos.

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  4. Foi uma das inúmeras realizações do beato beijador de pista de aeroporto. Destrinchar galinha em altar, isto na minha terra se chama “macumba”…

    Do Encontro de Assis disse o Cardeal Silvio Oddi: “O escândalo estava em meu coração”.

    Dois anos mais tarde o papa das multidões, escandalizadíssimo, excomungaria dom Lefebvre, dom Mayer e o mundo tradicionalista, abrindo a cratera que hoje seu sofrido Sucessor tenta tapar.

    Gente como o beato JP II se encaixa naquela amargurada queixa de Nosso Senhor aos fariseus: “Vós filtrais um mosquito e engolis um camelo!”

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  5. Pessoal,

    Diante dessa matéria, gostaria de não ler nenhuma lamentação, nenhum chororô.
    Explico.
    Tudo não foi querido, planejado e patrocinado por um Bem-Aventurado, o Sumo Pontífice João Paulo II, segundo alguns “Magno”?
    Isso mesmo pessoal, o mesmo que excomungou Dom Lefvbre.
    Opa, estava esquecendo, o amigão/chapa de “Nuestro Padre” Marcial Maciel.
    Xi, …aquele que manteve o “grande perito em liturgia”, Dom Piero Marini (inimigo da missa tradicional), por quase duas longas e intermináveis décadas, sem, no entanto, perceber as suas excentricidades litúrgicas oriundas da ojeriza por algum traço romano no rito novo.
    Precisa dizer mais alguma coisa ou já chega?
    Claro, claro, mas há quem diga que o Papa não sabia de nada e que não havia nenhum colaborador mais próximo pra dar um toque.
    Ahã, conta outra…
    Tô certo ou tô errado? (Em homenagem ao Sinhôzinho Malta (alguém dele se recorda?) rs
    Só pela fé pra continuar em frente…
    Nossa Senhora do Bom Conselho, rogai por nós.
    Rezemos muito por Bento XVI.

    Abraços

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  6. Desejaria expressar mais uma vez minha admiração por esse notável escritor católico Jean Madiran.
    Realmente, a melhor coisa a ser feita em Assis é manter fechadas as portas de todas as igrejas de Assis.
    Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

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  7. E bem fechadas Pe. João Batista.

    Pe João, se todos os seminários ensinam “doutrina católica”, em que local a maioria dos padres aprendem doutrinas tão estranhas?

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  8. Que coisa triste de se ler. Uma dúvida que me acompanha e angustia meu coração é como Deus permitiu a beatificação de JPII sendo que foi ele que patrocinou tal evento.

    Que Deus me perdõe,mas refletindo sobre tudo isso para mim é imcompreensivel sua beatificação tendo JPII patrocinado tal ato.

    Fiquem com Deus.

    Flavio.

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  9. É essa nova maneira “deserigreja” como se declaram e defendem os idiotizados defensores da teologia da libertação (de satanás). Uma igreja rebaixada ao nível de feiticeiros, adoradores de divindades pagãs, reencarnacionistas, apóstatas, ateus, uma igreja sem hierarquia, sem autoridade, sem a Verdade que a criou e que por ela deve ser defendida e propagada.

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  10. A beatificação de JPII certamente será revista quando a Santa Igreja Romana Católica trriunfar sobre seus inimigos. “As portas do inferno não prevalecerão contra Ela”.

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