De novo, em pauta a questão do aborto. Estamos num ano eleitoral, os partidos vão costurando suas alianças e, como não podia deixar de ser, na pauta dos ajustes também entram questões polêmicas, em discussão há mais tempo pela opinião pública e também no Congresso Nacional.
Há quem gostaria que certos temas delicados não estivessem nos grandes debates político-eleitorais, talvez para não exigir uma tomada de posição clara perante os eleitores; prefere-se, então, qualificá-las como “questões religiosas”, das quais o Estado laico não se deveria ocupar, nem gastar tempo com elas na discussão política… Não penso assim. Decisões sobre a vida e a morte de outros seres humanos, sobre o modelo de casamento, família e educação, sobre justiça social e princípios éticos básicos para o convívio social são questões do mais alto interesse e relevância política. Dizer que são “temas religiosos” significa desqualificar a sua discussão pública, relegando-os à esfera da vida privada, ou ao ativismo de grupos voltados mais para interesses particulares do que para o bem comum. Tirar da pauta política esses temas também poderia sugerir que pessoas sem religião não precisam estar vinculadas a valores e convicções éticas, o que é falso e até ofensivo.
Preocupo-me quando ouço que, no Brasil, a cada ano são realizados mais de 1 milhão de abortos “clandestinos” e que tantas mil mulheres (número bem expressivo!) morrem em consequência de abortos mal feitos! Há algo que não convence nesses números e afirmações. Sendo clandestinos, como pode alguém afirmar com tanta certeza dados tão impressionantes? Maior perplexidade ainda é suscitada quando isso é afirmado por uma autoridade representativa do Estado, mostrando que tem, supostamente, conhecimento seguro de uma violação aberta e grave da lei e nada fazendo para que ela seja respeitada para preservar tantas vidas! De fato, continua valendo a lei que veta o aborto indiscriminado no Brasil.
Esses números assombrosos ou estão pra lá de superdimensionados e manipulados para pressionar e atingir, de maneira desonesta, objetivos almejados, ou, então, alguém está faltando com seu dever de maneira consciente e irresponsável, deixando que a lei seja violada impunemente, em casos tão graves, nos quais vidas humanas inocentes e indefesas são ceifadas, às centenas de milhares, ou até na conta dos milhões!
É lamentável a morte de cada mulher em consequência de um aborto clandestino e mal feito. Lamentável também, e muito, é a sorte trágica de cada ser humano que tem a sua vida tolhida antes mesmo de ter visto a luz. Se há um problema de saúde pública a ser encarado, a solução não deveria ser a instrumentalização dessa tragédia humana para promover a legalização do aborto. Dar roupagem legal à tragédia curaria a dor e faria sossegar a consciência? Questão de saúde pública deve ser enfrentada com políticas voltadas para a melhoria da saúde e das condições de vida, e não para a promoção da morte seletiva. Uma campanha de conscientização sobre a ilegalidade das práticas abortistas protegeria melhor a mulher e o ser que ela está gerando. Haveria muito a fazer para alertar contra os riscos do recurso às clínicas – nem tão clandestinas – de “interrupção da gravidez”. Alguém conhece alguma campanha do governo ou alguma política pública para desestimular práticas abortivas contrárias à lei e arriscadas para a saúde da mulher? Não seria o caso de fazer?
Está em curso a discussão sobre a reforma do Código Penal Brasileiro; em muitas coisas, certamente, ele deverá ser revisto e adequado. Chama, no entanto, a atenção e merece uma reflexão atenta da sociedade a proposta relativa ao artigo 128, sobre novos casos de aborto “não puníveis”, além dos dois casos já previstos – risco de vida para a mãe e gravidez resultante de estupro (cf. http:/migre.me/845Dp).
No inciso I do artigo 128, propõe-se que não haja crime “se houver risco de vida ou à saúde da gestante”. A alusão ao “risco à saúde da mulher” é absolutamente vaga e, por si só, já ofereceria base para a universalização do aborto legal. No inciso II, propõe-se que não haja crime se a gravidez resultar de “violação da dignidade sexual, ou do emprego de técnica não consentida de reprodução assistida”. O que se pretende qualificar como “violação da dignidade sexual“? O delito, neste caso, não aparece configurado e poderia ser facilmente alegado, sem que ninguém fosse capaz de comprovar a real ocorrência dos fatos. Além disso, a “reprodução assistida” já está legalizada e regulamentada no Brasil?
No inciso III do mesmo artigo, propõe-se que não haja punibilidade quando “comprovada a anencefalia, ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado pelo médico”. Além da anencefalia, já em discussão no Supremo Tribunal Federal, acrescentam-se outras “graves e incuráveis anomalias”, o que é preocupante, pois isso abriria as portas para uma inaceitável, do ponto de vista ético, “seleção pré-natal” dos indivíduos considerados “aptos” a viver e o descarte de outros, considerados “inviáveis”. É o controle de qualidade aplicado ao ser humano, já praticado em tempos passados por regimes condenados quase universalmente por suas práticas eugênicas. Vamos legalizar isso no Brasil agora?! No inciso IV, propõe-se que, “por vontade da gestante até a 12.ª semana de gestação, quando o médico constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade”, o aborto poderia ser praticado sem penalidades. Passa-se ao médico o peso da decisão sobre a vida ou a morte de seres humanos. Acho isso absolutamente inadequado!
É preciso refletir muito, para não legalizar a banalização da vida humana.
CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO
Nossa o que aconteceu, D. Odilo tomou chá de coragem….
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Sexta-feira passada, uma comissão de juristas – entre eles o badalado Luiz Flávio Gomes – entregou ao Congresso a proposta de nova redação do art. 128 do Código Penal.
Art. 128. Não há crime se:
I – se houver risco à vida ou à saúde da gestante.
II – a gravidez resulta de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida;
III – comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por dois médicos.
IV – por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação, quando o médico constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade.
§ 1º Nos casos dos incisos II e III, e da segunda parte do inciso I, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro.
Acordem, o aborto está no átrios da aprovação sem consulta popular. Sites, blogs, perfis do facebook e twitter. Bombardeiem a rede.
E mais, há uma massa gigante que não usa a internet.
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Gostaria de parabenizar o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo P. Cardeal Scherer, por esse excelente artigo publicado no Estadão contra a falácia dos milhões de abortos propagada pelo governo mentiroso do PT.
Todo o bispo, em sua diocese, deveria fazer o mesmo e instruir seus fiéis contra o golpe que é essa reforma do Código Penal.
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Caramba! Até que em enfim dom Odilo faz um pronunciamento claro, incisivo e corretíssimo. Está ótimo!
Parabéns Dom Odilo! Por favor, faça mais pronunciamentos assim para o bem da Igreja.
Deo Gratias!!!!
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Bom pronunciamento. Espero que ele faça uma sequência de artigos assim, e seja cada vez mais incisivo, porque quando os que vestirem a carapuça surgirem, então será sinal de que ele está tocando no xis da questão.
Poderia denunciar o aborto como crime nazista do século XXI, eugenia propagada pelo estado, e a tentação do aborto como mais uma prova de como um mundo sem Deus e preocupado apenas em satisfazer os próprios caprichos esmaga qualquer coisa ou qualquer pessoa que a isso se oponha. Também poderia denunciar o aborto como péssimo exemplo educativo, em que se ensina as pessoas a não ter responsabilidade por seus atos, mas a simplesmente contornar seus “problemas” através de soluções fáceis, porque neste mundo pagão as pessoas querem apenas “curtir a vida”, se entregar a todos os prazeres e sensações sem medir às consequências, e depois que ilicitamente engravidam, não querem assumir sua irresponsabilidade, mas transferem justamente ao inocente o peso de seu desregramento. Ou seja: a culpa da gravidez não é a luxuria dos envolvidos, mas a existência de quem não pediu para nascer, mas que uma vez concebido, tem tanto direito a viver quanto qualquer ser humano.
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Para quem defendeu aquela estória de nossa senhora do crack, é é alguma coisa.
Será pq os homnes da Igreja tem medo de falar a palavra comunismo? Lembrei do acordo de 1962…
Pq n se pronunciaram antes da era molusca? Parece que ninguém sabia que nos estatutos do pt sempre teve aborto e outras coisinhas.
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Eminência…Deus continue vos dando mais e mais coragem e força para levantar a voz, enquanto vossos irmãos Bispos, em sua maioria esmagadora, continuam como cães mudos…calados…medrosos…
Que grande e significativa atitude, ainda mais partindo de um Cardeal de SP, que mostra que o Bispo é independente da CNBB, politiqueira e socializante, que só sabe produzir milhões de papéis para serem queimados, em tratando de assuntos como o aborto, e de tantos mais, sobretudo os relacionados à fé.
Ontem Foi D. Bergozini, D. Antônio Carlos, agora D. Odilo…
Também numa Missa que celebrou no RJ, transmitida pela Rede Vida, ontem, D. Orani tocou e lamentou, ainda que por cima, no assunto horripilante da retirada dos crucifixos…
Glória a Deus!!!
Deixe a dona cnbb se preocupar com suas milhares de reuniões e afazeres para nada resolver, afinal, com suas assessoras e assessores (freirocas de anel de tucum e padrecos macumbíferos) ela tem que mostrar serviço nas suas indigestas e intragáveis análises de conjunturas…rsssssssss.
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A coisa toda está a cada dia mais clara – a agenda pode ser a mesma – mas, o que vemos não é o comunismo e/ou maçonismo em ação, é o talmudismo.
Hoje, enviei a todos os senadores e alguns deputados, o que segue:
“São Paulo, 12 de março de 2012
Excelentíssimo deputado federal,
A Agência Senado informa que, na comissão especial com senadores no dia 8 de março passado, “O grupo de especialistas passou boa parte da reunião discutindo também mudanças nos crimes contra a dignidade sexual. Conforme decisão por votação, o estupro será subdividido em três modalidades: anal, oral e vaginal.”
Ou seja, gastou-se mais tempo discutindo a diferença entre buraco e orifício!
Isso, na moral cristã, tem nome: é depravação.
Chega de compartilhar a hipocrisia: não, “essa gente” não pode reivindicar o direito à morte.
Estes paradoxos anestesiam nossas mentes e corações: bater não pode, mas matar pode?!
Vossa Excelência não sabeis que agenda é essa? Pois os frutos abundantes já definem a árvore: diminuição de área agrícola produtiva, queda da industrialização, destruição de nosso sistema ferroviário, venda de reservas indígenas, a liberação das drogas é outro passo visível para o abismo da desintegração como nação. Querem matar o Brasil.
O bombardeio é imenso em várias frentes: pão e circo ao fim e ao cabo. A diferença entre agora e há trinta anos atrás é que o aeroporto não é mais a saída.
Grata pela vossa atenção, desejando a vós votos de lucidez e clareza,
Sandra Regina Sabella.”
Circula na internet uma história que, acho, deve ser piada do máximo culto de adoração ao homem: oração de defecação que todo Judeu macho é mandado recitar toda vez que ele se alivia: “Bendito seja tu, Senhor… que fez o humano em seus orifícios e buracos.”
Por aí, entendemos a diferença entre israelitas e os judeus repudiados por Nosso Senhor Jesus Cristo.
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E para mostrar que a coisa vem de longe, Moisés passou essa gente na espada por causa da adoração ao bezerro de ouro, ver Êxodo, 32, 26-28.
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Perdoe-me Senhor Editor do Frates in Unum.com, mas queria deixar o registro da minha perplexidade e do meu franco desconforto ao ler os comentários de forte teor antissemita da Sra. Sandra Regina Sabella, deixados nesta caixa de comentários. São incompreensíveis, extemporâneos, desnecessários e claramente preconceituosos, atentando contra os princípios editoriais desse blog, particularmente aquele que diz que: “Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post; toda polêmica desnecessária será prontamente banida”. Francamente, não entendi qual a relação entre a denúncia da legalização do aborto, feita por S. Exa. Revma. D. Odilo Scherer, e a “agenda do talmudismo em ação” revelada pela comentarista citada. Estaria essa agenda por trás da imposição da cultura de morte na opinião pública ocidental e de cunho anticristão? E esse trabalho demoníaco estaria – mais do que a o encargo de comunistas e “maçonistas”, inimigos juramentados da Igreja – ao mandato daqueles “judeus repudiados por N.S. Jesus Cristo”, que recitam preces toda vez que se aliviam?! Sr. Editor, isso cabe ser demonstrado, não acha? Leio todos os comentários aqui postados e tenho profundo respeito pelo direito de cada um ter e expor a sua opinião, mesmo que discorde. Mas meu limite é quando tal opinião descamba para a mentira e a injúria pura e simples, sem qualquer fundamento na verdade, que vem a ser um mandamento do próprio Cristo.
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perfeito e corajoso pronunciamento!!!!
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