Provando do próprio veneno.

Triste constatação: a obediência que se pede hoje não foi respeitada nos tempos de Pio XII pelos mentores do Vaticano II. Uma resposta do teólogo italiano dissidente Vito Mancuso em entrevista a Vatican Insider:

Portanto, a desobediência pode ser um caminho para renovar a Igreja?

O próprio papa, na sua homilia, se perguntou se a desobediência é uma via para renovar a Igreja. A pergunta, obviamente, era retórica, porque, para ele, a resposta é um explícito “não”. A mim, parece que também pode ser “sim”, na medida em que a desobediência exterior tem como fim uma maior obediência interior à lógica evangélica que se diz como bem concreto dos indivíduos concretos. Sem a desobediência da teologia na primeira metade do século XX (um nome dentre todos, Teilhard de Chardin), não teríamos tido o Vaticano II e a reviravolta radical acerca da liberdade religiosa, ecumenismo, relação com os judeus e as outras religiões, apenas para citar as inovações mais marcantes. É preciso continuar nesse caminho profético.

14 comentários sobre “Provando do próprio veneno.

  1. Meu Deus, este teólogo ultrapassou todos os limites da teologia católica e é expressamente um dissidente de primeira. A Congregação para a Doutrina da Fé tinha que se manifestar sobre seus escritos e até mesmo pensar numa possível excomunhão. O Evangelho não é uma Lei, é uma práxis, um dinamismo? Quando o jovem pergunta a Jesus o que deve fazer para alcançar a vida eterna o Senhor responde que ele precisa observar os mandamentos, deixar tudo e segui-lo. Cristo remiu o mundo por sua obediência ao Pai. Pai, que seja feita a tua vontade e não a minha. O pecado entrou no mundo por causa da desobediência, é isso que ela gera, o mal. Um cristão só pode desobedecer para praticar os mandamentos de Deus e da Igreja. Se o Estado nos proíbe de assistir o Sacrifício da Missa, nós não o iremos obedecer, etc. A Igreja precisa de excomunhões e a Hierarquia até agora não percebeu as confusões que essas inovações causaram na Igreja.

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  2. É profético para ele, não nos enganemos, porque um profeta secreto, disse a ele como seria a igreja católica atual. Se alguém que vivesse na década de 60 viesse para hoje, diria que os religiosos e os leigos enlouqueceram. Mas as coisas vão mudando devagarzinho – hoje não há a barreira de horror para muitas coisas. Eu já vejo se aproximar a ordenação feminina, o casamento homossexual dentro da Igreja, e vá lá saber quais outras “profecias” prepararam os falsos profetas. O bispo de São Carlos já soltou que era hora de fazer um Concilio Vaticano III…

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  3. “Desobediencia”: eis a palavra-chave que guiou tudo. A comecar pela introducao da primeira grande “inovacao” na Humanidade; o pecado original, com a consequente perda da graca santificante e todo o triste cortejo de miserias humanas que passamos a viver desde entao. E agora, um teologo “progressista” (por cujas palavras ja sabemos de que “progressos” ele e’ capaz!) confessa publicamente o que ja sabiamos ha muito tempo: que a heretica “nova teologia”, condenada por Pio XII, desembocou no Vaticano II e foi vitoriosa nele. Que foi a desobediencia dos teologos ao longo dos anos que nos fez chegar ao Concilio e aos seus frutos. Como e’ oportuno ouvir tal confissao! “Oh, teologo modernista, tu o disseste”. Agora, deseja-se mais desobediencia: doutrinal, liturgica, disciplinar… Para que? Para uma “uma maior obediência interior à lógica evangélica”? Nada disso. Palavras bonitas que nao nos enganam e nao passam de “conversa pra boi dormir”. O objetivo e’ destruir a Igreja e perder as almas. Para isso, se quer padres casados, mulheres sacerdotisas, comunhao aos divorciados em segundas nupcias, aceitacao das unioes homossexuais, missas show, missas dancantes, o maior numero possivel de profanacoes do Santo Sacrificio… e outras tantas “inovacoes” que sabemos muito bem aonde levam. E o Papa que diga o que quiser. Os modernistas dizem abertamente que nao obedecerao. Como e’ grande a “coerencia” deles! Quando Paulo VI impos a Missa Nova, disseram a todo o povo: “obedecam, voces tem que obedecer”. E quando a FSSPX se posicionou contra as inovacoes conciliares (ecumenismo, colegialidade, liberdade religiosa), ja condenadas pelo Magisterio da Igreja, o que disseram a Monsenhor Lefebvre? Disseram: “obedeca, obedeca, obedeca”. “Voce esta’ pecando, pois esta’ desobedecendo ao Papa, esta’ desobedecendo ao Concilio”. Isso mostra bem que para os modernistas a obediencia nao tem valor nenhum. Ela so’ serve como instrumento para impor ao povo inovacoes “convenientes”. Mas, quando e’ para obedecer ao que a Igreja sempre ensinou, quando e’ para ter uma liturgia digna, uma moral de acordo com os dez mandamentos e uma vida religiosa conforme aos conselhos evangelicos, ouvimos o brado “nao obedeceremos”, dito com a maior audacia. Na recente questao do “por muitos” tambem parece que tudo vai permanecer como esta’.
    Aproveitemos o mes de maio, mes de Nossa Senhora, para intensificar a reza do rosario pelas intencoes Santo Padre, o qual “tera’ muito que sofrer”. Alguem ainda duvida da realidade e da atualidade dessas palavras profeticas pronunciadas por Nossa Senhora? Nao e’ com forcas humanas que essa horrenda crise desaparecera’, mas com a forca do Alto.

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  4. Interessantes os artigos sugeridos no link indicado no início do artigo (http://www.ihu.unisinos.br/noticias/508830-a-desobediencia-tambem-pode-renovar-a-igreja-entrevista-com-vito-mancuso), sobretudo pela que aí se diz de sua visão de alma impessoal, que levará, é claro, a um conceito impessoal de divindade, a meu ver, terreno fértil e caminho direto para o relativismo religioso. Sugiro, dentre outros, o artigo http://www.ihu.unisinos.br/noticias/508132-a-teologia-da-liberdade-por-que-a-fe-deve-dialogar-com-o-pensamento-heretico, bem complementado por http://www.ihu.unisinos.br/noticias/502893-deus-e-pessoa-um-dialogo-com-vito-mancuso
    Muitos querem e dizem ser católicos, inclusive os que não concordam com o catolicismo. Mas o ser é o que é e não o que queira ou pense ser. Ah, UNISINOS!

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  5. Um dos grandes problemas a respeito da criminalidade no Brasil é a impunidade… Um dos grandes problemas da heresia na Igreja ”conciliar” é também a impunidade.

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  6. O testemunho é insupeito. Só não entende quem não quer. Ou já é um relativista conforme todo modernista condenado por S. Pio X.

    A quem interessar, há no site da Permanência (http://permanencia.org.br/drupal/node/913) um artigo escrito em 1947 pelo então Mons. Antônio de Castro Mayer para a REB (dos bons tempos!) a respeito da Nova Teologia e os novos teólogos onde esclarece, baseado nos escrito do P. Garrigou-Lagrange, sobre os seus desvios, principalmente, quanto aos novos conceitos posteriormente propostos nos documentos redigidos pelos teologos-peritos no Concílio Vaticano II.

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  7. Hummmm! Não entendi: Teilhard de Chardin, Padre Ratzinger e outros eram inovadores ao efetivar a desobediência? Ou eram desobedientes ao efetivar as “inovações”?!

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  8. Osíres, o Papa admitiu a priori (em certo sentido) aquilo que se lê sobre a desobediência. Fez isto ao escolher o Urso de São Columbano para fazer parte de seu brasão. Mas me parece que ao diagnosticar os problemas do Concílio, como um problema hermenêutico, seguiu outro caminho.

    No mais, recomendo aos amigos, a leitura do texto (de outro amigo – Renato Salles):

    Nouvelle théologie (A Nova Teologia) – Parte 2
    Johann Adam Mohler (1796–1838)
    http://renatosalles.blogspot.com.br/2012/04/nouvelle-theologie-nova-teologia-parte.html

    Fiquem com Deus.

    Abraço

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  9. Não concordo com o teólogo Mancuso. O Santo Padre, evidentemente inspirado pelo Espírito Santo, vem pregando incessantemente uma hermenêutica prudente para as resoluções do Concílio Vaticano II. Assim, a DESOBEDIÊNCIA, deixemo-lá para a ocasião em que ela seja realmente inevitável, como fora, por exemplo, na época de Santo Atanásio.

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  10. Sandra os dois. Essa hermenêutica na continuidade é uma piada só quem NÃO quer ver, NÃO há continuidade do CVII com a tradição bi-milenar da Igreja.

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