Jornal do Vaticano explica a ‘canonização equivalente’ de Santa Hildegarda de Bingen.

Catholic Culture | Tradução: Fratres in Unum.com – O L’Osservatore Romano explicou o processo pelo qual o Papa Bento XVI declarou Santa Hildegarda de Bingen como santa.

O anúncio do Papa, em 10 de maio, foi um caso de “canonização equivalente,” explicou o jornal do Vaticano. O processo foi instituído no século XVIII pelo Papa Bento XIV. Ela ocorre “quando o Papa vincula a Igreja como um todo para que observe a veneração de um Servo de Deus ainda não canonizado pela inserção de sua festividade no calendário litúrgico da Igreja universal, com Missa e Ofício Divino”.

Uma “canonização equivalente” geralmente ocorre — como no caso de Santa Hildegarda de Bingen — quando a veneração do santo já está bem estabelecida nas tradições da Igreja, porém, por diversos motivos o processo formal de canonização não foi concluído. Outros santos que foram canonizados por esta forma incluem os santos Bruno, Margarete da Escócia, Estevão da Hungria e Wenceslaus, observou o L’Osservatore Romano.

12 comentários sobre “Jornal do Vaticano explica a ‘canonização equivalente’ de Santa Hildegarda de Bingen.

  1. Não fosse a oposição da CNBB, por considerá-lo politicamente incorreto, bem poderíamos pleitear uma canonização destas para o Beato José de Anchieta.

    Curtir

  2. Claro, né, Mauro, onde já se viu a CNBB, pleitar a canonização de um padre espanhol, que veio em missão, não para se inculturar com os indígenas, mas para catequizá-los, ensinar a Santa Doutrina Católica? E sem falar no “escândalo de se batizar índios”…

    Quanto as canonizações equipolentes, praxe instituida por Bento XIV, eram mais frequentes em outros pontificados, por exemplo de Leão XIII, que aprovou o culto de vários Santos, como os dos abades de La Cava. Bento XVI deveria proceder mais canonizações equivalentes.

    Curtir

  3. Talvez essa canonização equivalente poderia ser aplicada também ao beato José de Anchienta. Se não me engano, foi por um príncipio ou critério semelhante que o Papa João Paulo II o beatificou quando veio ao Brasil à primeira vez em 1981.

    Já faz muito tempo que eu li sobre a situação do processo de canonização do Pe. José de Anchieta e não me lembro mais dos detalhes. Mas eu me lembro de que a sua causa estava indo bem até que a Compahnia de Jesus foi extinta em Portugal no século XVI (1500) pela perseguiçaõ do Marques de Pompal e a causa de canonização parou por causa disso.

    Sobre o motivo pelo qual –atualmente – a canonização do Beato Anchieta não está indo adiante, segundo o que eu ouvi certa vez, é por ele ter dito as seguintes palavras a respeito dos índios:

    “… pelo que nenhum ou certamente muito pouco fruto se pode colher deles [dos índios], se a força e o auxílio do braço secular não acudirem para domá-los e submetê-los ao jugo da obediência”.

    Bem, não sei em que contexto exatamente foi dito essa frase e qual era a intenção do beato José de Anchieta. Mas muitos entendem que, com essas palavras, ele queria converter à força os índios, e, por isso, não poderia se tornar um exemplo de santidade.

    Se alguém souber tiver ou souber do texto completo em que o Pe. Anchieta disse essas palavras, pediria que me informassem onde se encontra esse texto, por favor.

    A fonte onde eu encontrei essa palavras está no artigo:

    O Espírito de Deus e o espírito do mal de Riolando Azzi. Publicado no suplemento Nº 14 da Revista Família Crista Nº 746, fevereiro de 1998, páginas 214-215.

    Curtir

  4. Se for útil a discussão desse assunto, gostaria de citar esse artigo completo, embora não seja um bom texto teológico por ser permeado do políticamente.

    A conversão dos índios e José de Anchieta

    Excerto do artigo O Espírito de Deus e o espírito do mal de Riolando Azzi. Publicado no suplemento Nº 14 da Revista Família Crista Nº 746, fevereiro de 1998, páginas 214-215.

    Segundo José de Anchieta, a obra de conversão era difícil, pois se tratava de subtrair os indígenas “do jugo de Satanás, que se tem deles senhoreado”. A finalidade do trabalho dos padres consistia em fazer com que se tornassem “o povo agradável a Cristo”. Na execução dessa tarefa – prosseguia – os religiosos passavam por muitas tentações da carne. “É necessário graça mui especial e fogo do Espírito Santo a quem houver de viver entre essa gente” – escrevia o mesmo jesuíta ao superior-geral Diogo Lainez, em janeiro de 1565.

    Para a realização daquela tarefa, todos os membros da Companhia de Jesus deveriam estar penetrados por esse fogo divino, que iluminaria as trevas existentes na colônia, em conseqüência do pecado. Por isso, em carta escrita a um confrade, no dia de Pentecostes de 1587, Anchieta fazia a seguinte prece: “Que todos os da Companhia sejamos cheios do Espírito Santo, que hoje vem sobre os discípulos, e fiquemos confirmados com a graça; que nunca mais queiramos nem possamos ofendê-lo. Antes, tendo tão bom amigo e hóspede em nossas almas, perseveremos até o fim em seu divino amor”.

    Na concepção dos jesuítas, a “terra brasílica” era considerada como um espaço de luta entre o Príncipe das Trevas e o Divino Espírito da Luz. Através do pecado, o demônio havia transformado nosso território numa região de escuridão e de morte.

    Pela catequese era necessário mudar esse mundo tenebroso num reino de luz, através da graça, dom do Divino Espírito Santo. Em nossos dias, a tradição brasileira enfatiza essa idéia, num dos cantos populares: “A nós descei, Divina Luz” […].

    Mas, a dificuldade do índios em compreender as verdades da fé, transmitidas dentro do contexto da cultura ocidental, fez com que os missionários sentissem desânimo. Daí, a afirmação de Anchieta em setembro de 1554: “… pelo que nenhum ou certamente muito pouco fruto se pode colher deles, se a força e o auxílio do braço secular não acudirem para domá-los e submetê-los ao jugo da obediência”. A conversão, portanto, se tornava uma obra de cruzada.

    Curtir

  5. Mais politicamente seria canonizar ou ao menos beatificar FREI DAMIÃO, sobre quem a CNBB mantém um silêncio mais que monástico. O heróico capuchinho recomendava aos fiéis, entre outras coisas, que católicos estabelecessem relações de qualquer grau com protestantes só quando sumamente necessárias ou inevitáveis e, na rua, fazer o sinal-da-cruz quando um protestante se aproximava.

    Mas creio que Irmã Dorothy seja beatificada primeiro…

    Curtir

  6. Isso me lembra a história da santa do qual sou devoto, Santa Rita de Cássia. Ela só foi oficialmente canonizada em 1900! (sendo que ela viveu em 1300/1400) a devoção a ela foi amplamente divulgada, principalmente em Portugal e no Brasil, mesmo que ainda fosse só beata, já era chamada de Santa das Causas Impossíveis. O dia dela é 22 de maio, a propósito *-* (terça-feira que vem)

    Curtir

  7. Mauro,

    Não serve. A canonização equipolente é um reconhecimento pela Igreja do culto já celebrado localmente de santos não canonizados formalmente e que tenham vivido antes da época em que o Papa avocou a si, exclusivamente, o processo de canonização. Não é uma alternativa atual ao processo formal para os santos que viveram após essa instituição.

    Um exemplo é Carlos Magno, beatificado equipolentemente, pelo reconhecimento indireto da Igreja a algumas dioceses francesas e alemãs.

    Curtir

  8. A Igreja é infalível na canonização de um santo?
    Aprendi que sim, depois ouvi que na opinião de alguns (muitos? importantes? não sei) teólogos, a Igreja seria infalível em propor que tais ou quais virtudes heróicas são modelo para a todos os fiéis, mas que não seria infalível em afirmar que tal santo o é realmente por fiar-se em testemunhos humanos (processo de canonização) sobre os quais não é infalível ao julgar.

    Se não fosse infalível nisso, em algum caso haveria desmentido ou questionamento. Então pergunto, já houve revisão de processo de canonização após se haver “batido o martelo”?

    Houve algum santo desmentido como tal? Eu nunca houvi falar que a Igreja já des-santificou alguém.
    A questão sobre a infalibilidade da Igreja sobre assuntos conexos ao dogma me intriga. Não sendo propriamente matéria de fé ou moral, mas verdades conexas ou mesmo verdades sobre fatos, a Igreja é infalível? Eu sinceramente acredito que sim, mas gostaria de saber se a Igreja diz que sim, ou se matéria discutida entre os teólogos.

    Parece que a FSSPX ou alguns tradicionalistas não acreditam que a Igreja seja infalível na canonização, pois não acreditam na santidade de José Maria Escrivá, Madre Tereza ou o Papa João Paulo II. E alguns sedevacantistas acreditam que a Igreja é infalível sim na canonização dos santos, e que se a “Igreja” errou em canonizações convenientes ao “espírito do Concílio”, essa igreja não é a Igreja católica.

    Como é que pode haver alguma dúvida em assuntos dessa natureza?

    Agradeço explicações.
    Flávio Mamede

    Curtir

  9. Pedro, mais fácil a CNBB requisitar abertura de processo para Zumbi dos Palmares do que para Frei Damião. Zumbi até já tem imagem no “santuário” de Aparecida.

    Curtir

  10. Alguém poderia me informar em que número do L’Osservatore Romano saiu esse texto? Eu pergunto porque um amigo meu que é religioso quer saber onde está. (Muitos conventos assinam o L’Osservatore. Imagino que ele queria ler na versão impressa e não online).

    Curtir

Os comentários estão desativados.