A aposta do Papa para promover o latim.

Bento XVI publicará um “motu proprio” para estabelecer a Pontifícia Academia Latinitatis. No Vaticano, traduzem “endereço de e-mail” por “inscriptio cursus electronici”.

Por Andrea Tornielli | Tradução: Fratres in Unum.com «Foveatur lingua latina». O Papa Ratzinger espera que cresça o conhecimento da língua de Cícero, de Agostinho e de Erasmo de Rotterdam no âmbito da Igreja, mas também na sociedade civil e na escola, motivo pelo qual está prestes a publicar um “motu proprio” no qual institui a nova Pontifícia Academia Latinitatis. Até agora, quem se ocupava de manter vivo o latim era a fundação “Latinitas”, sob controle da Secretaria de Estado, e que deixará de existir: além de publicar a revista de mesmo nome e organizar o concurso internacional “Certamen Vaticanum” de poesia e prosa latina, esta fundação se ocupou de traduzir para o latim um enorme quantidade de termos modernos.

A iminente instituição da nova Academia Pontifícia, que se juntará às onze já existentes (entre as quais as mais famosas, dedicadas às ciências e à vida) foi confirmada em uma carta que o Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, enviou ao Padre Romano Nicolini, um sacerdote de Rímini comprometido com o retorno das aulas de latim às escolas secundárias. Ravasi recordou que a iniciativa da Academia é um desejo “do Santo Padre” e que será promovida pelo dicastério vaticano que se ocupa da cultura: farão parte dela “eminentes estudiosos de diferentes nacionalidades, com a finalidade de promover o uso e o conhecimento da língua latina, tanto no âmbito eclesiástico como no civil e, portanto, escolar”. Uma forma de responder, conclui o Cardeal em sua carta, “a numerosos pedidos que nos chegam de diferentes partes do mundo”.

Passaram-se 50 anos desde que João XXIII, no limiar do Concílio, promulgou a Constituição Apostólica “Veterum Sapientia”, para definir o latim como língua imutável da Igreja e enfatizar a sua importância, pelo que pedia às escolas e universidades católicas que voltassem a ensiná-lo, caso tivessem cancelado ou reduzido sua presença nas grades escolares. O Vaticano II estabeleceria que se mantivesse o latim em algumas partes da missa, mas a reforma litúrgica pós-conciliar aboliria todo vestígio seu no uso cotidiano. Assim, enquanto há 50 anos todos os prelados do mundo conseguiam se entender falando o idioma de César e os fiéis mantinham um contrato cotidiano semanal com ele, hoje, na Igreja, o latim não goza de boa saúde; e são muitos ambientes leigos os que mostram interesse em promover esta iniciativa.

De toda forma, continuam trabalhando no Vaticano estudiosos que propõem neologismos para traduzir as encíclicas papais e os documentos oficiais. Um trabalho bastante árduo foi a tradução para o latim da última encíclica de Bento XVI, a “Caritas in veritate” (Julho de 2009), dedicada às emergências sociais e à crise econômico-financeira. Algumas decisões dos latinistas da Santa Sé foram criticadas por “La Civiltà Cattolica”, a prestigiosa revista dos jesuítas, que considerou discutíveis as traduções  «plenior libertas» para libertação e «fanaticus furor» para fanatismo. Entre as curiosidades, as expressões «fontes alterius generis» para traduzir fontes alternativas e «fontes energiae qui non renovantur» para os recursos energéticos não renováveis.

A decisão do Papa de instituir uma nova Academia Pontifícia é um sinal muito significativo de renovada atenção. “O latim educa para que se estime as coisas belas — explica Nicolini, que difundiu nas escolas secundárias italianas 10 mil cópias de um opúsculo gratuito de introdução à lingua latina e que está divulgando o pedido para que o latim volte a circular entre as matérias escolares — e também nos educa a dar importância às nossas raízes”.

Entre os que se ocupam de renovar o léxico latino, a fim de comunicar em nossos dias através da língua de Virgílio, encontra-se Padre Roberto Spataro, de 47 anos, professor de literatura cristã antiga e secretário do Pontifício Institutum Altioris Latinitatis, que Paulo VI instituiu na atual Universidade Salesiana de Roma. “Como traduziria ‘corvo’? Esperava esta pergunta… bem… diria: ‘Domesticus delator’ ou ‘intestinus proditor'”, responde o sacerdote. Também explica como nascem os neologismos latinos: “Existem duas correntes de pensamento. A primeira, que se poderia definir ‘anglo-saxã’, considera que antes de criar um neologismo para traduzir palavras modernas, é necessário buscar entre tudo o que se escreveu em latim ao longo dos séculos, e naõ só no latim clássico. A outra corrente, que por comodidade definirei ‘latina’, considera que podemos ser mais livres ao criar uma circunlocução que transmita bem a idéia e o significado da palavra moderna, mas mantendo o sabor do latim clássico ciceroniano”.

Spataro pertence à segunda corrente e convida a “folhear a última edição do ‘Lexicon recentis latinitatis’, editado pelo Padre Cleto Pavanetto, excelente latinista salesiano, e que foi publicado em 2003, com mais de 15 mil vocábulos modernos traduzidos ao latim”. Por exemplo, fotocópia se traduz como “exemplar luce expressum”, nota de dinheiro se converte em “charta nummária”, basquetebol se torna “follis canistrīque ludus”, best-seller é “liber máxime divénditus”, as calças jeans são “bracae línteae caerúleae”, enquanto o gol é “retis violátio”.

Os “hot pants” [ndr: micro shorts femininos absolutamente imodestos] se tornam ““brevíssimae bracae femíneae”, o IVA [ndr: “Imposto sobre Valor Agregado”, incidente sobre todos os produtos ou serviços na União Européia] se traduz como “fiscāle prétii additamentum”, a “mountain bike” é “bírota montāna”, o pára-quedas é “umbrella descensória”. No “Lexicon” faltam as referências à internet. “Efetivamente, elas não existem — explica Pe. Spataro –, mas nos últimos nove anos foram cunhadas novas expressões entre os que escrevem e falam latim. Assim, internet é ‘inter rete’ e endereço de e-mail é ‘inscriptio cursus electronici'”.

Agrava-se o estado de saúde do Cardeal Carlo Maria Martini.

Cardeal Carlo Maria Martini
Cardeal Carlo Maria Martini

Milão, Itália, 31 ago 2012 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Milão deu hoje conta do agravamento do estado de saúde do cardeal Carlo Maria Martini, de 85 anos, situação que está a ser acompanhada por Bento XVI, segundo o Vaticano.

O atual arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola, pediu “orações especiais, expressões de afeto e de proximidade neste momento delicado” para o antigo responsável pela diocese italiana, que sofre da doença de Parkinson.

Segundo o vice-diretor da sala de imprensa da Santa Sé, padre Ciro Benedettini, o Papa foi informado na noite de quinta-feira e “segue a situação” de perto, com a sua oração.

D. Carlo Maria Martino, jesuíta, foi arcebispo de Milão entre 1980 e 2002, tendo depois passado alguns anos em Jerusalém antes de regressar à Itália, em 2008.

A Rádio Vaticano recorda o último encontro entre Bento XVI e o “amigo jesuíta” no dia 2 de junho, à margem da viagem papal a Milão para o 7.º Encontro Mundial das Famílias.

Na reunião, em privado, o cardeal Martini admitiu que se vive “um momento muito difícil para a Igreja”.

Carlo Maria Martini, especialista no estudo da Bíblia, foi reitor da Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma, após ter dirigido o Instituto Pontifício Bíblico, tendo sido o único católico a integrar o comité ecuménico internacional que preparou a nova edição grega do Novo Testamento, como destaca a biografia oficial disponibilizada pelo Vaticano.

Foi eleito por João Paulo II para liderar a arquidiocese de Milão, a 29 de dezembro de 1979, e ordenado bispo a 6 de janeiro do ano seguinte, no Vaticano; o mesmo Papa polaco criou-o cardeal em fevereiro de 1983.

Entre 1987 e 1993 foi presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE)

O cardeal italiano recebeu o prémio Príncipe das Astúrias em Ciências Sociais no dia 27 de outubro de 2000.

D. Carlo Maria Martini é autor de vários livros sobre temas bíblicos e de espiritualidade, para além da obra ‘Em Que Crê Quem Não Crê?’, um colóquio com o autor italiano Umberto Eco através de cartas.

Papa sugere: quando não se crê, é melhor ser “honesto” e deixar a Igreja.

Por John-Henry Westen – Life Site News | Tradução: Fratres in Unum.com – Cidade do Vaticano, 28 de agosto de 2012:

Em seu discurso no Angelus de domingo, o Papa Bento XVI falou da traição de Judas a Cristo, afirmando que o problema de Judas foi ter falhado em abandonar a Cristo quando já não mais acreditava — uma “falsidade”, afirmou o Papa, “que é uma marca do demônio”.

“Judas”, declarou o Papa Bento, “poderia ter deixado [Jesus], como fizeram muitos discípulos; de fato, ele teria abandonado, se fosse honesto. Pelo contrário, ele permaneceu com Jesus. Não por causa da fé, ou por causa do amor, mas com a intenção secreta de se vingar do Mestre”.

Segundo o diretor em Roma da Human Life International [HLI], Monsenhor Ignacio Barreiro, os comentários são muito relevantes para a atual situação na Igreja Católica. Mons. Barreiro, doutor em teologia dogmática, disse ao LifeSiteNews que “para aqueles Católicos que não podem se convencer a crer nos ensinamentos formais da Igreja sobre questões relacionadas à vida e à família, seria mais honesto deixar a Igreja, em vez de trai-La”.

Mas, acrescentou, “nós lamentamos muitíssimo que a pessoa seja tão propensa [a isso] e desejamos que tenha uma conversão, passando a crer verdadeiramente”.

O Papa Bento, em suas observações, fez uma distinção entre crer e compreender, notando que alguns discípulos se afastaram de Cristo porque não acreditavam. Todavia, disse ele, mesmo aqueles que permaneceram, acreditaram antes de compreender plenamente.

O diretor em Roma da HLI comentou: “dificuldade intelectual não é desobediência”. E explicou: “Pode haver ensinamentos que  você acha difíceis de aceitar. Contudo, (nessas circunstâncias) é virtuoso acreditar, uma vez que você faz um sacrifício da sua própria vontade, tomando como sua a mente da Igreja”.

Mons. Barreiro recordou que a submissão da vontade e do intelecto é exigida quando se trata de ensinamentos oficiais da Igreja, e não de opiniões prudenciais. “Por exemplo”, declarou, “[a submissão] é necessária para o ensinamento sobre o aborto, mas pode haver diferenças legítimas de opinião entre os Católicos sobre como prestar auxílio aos pobres”.

Dando outro exemplo, ele ressaltou que “enquanto a Igreja nunca pode ordenar mulheres ao sacerdócio, pode haver diferenças sobre como assegurar a todos o acesso a cuidados de saúde”.

O Papa concluiu com uma oração, pedindo a Deus que “nos ajude a crer em Jesus, como fez São Pedro, e a ser sempre sinceros com Ele e com seu povo”.

Youcoun: o Vaticano II explicado aos jovens. “Depois das Escrituras, o Vaticano II é um texto central” (!)

Associação francesa tem objetivo de celebrar o concílio e encorajar o diálogo

ROMA, quarta-feira, 29 de agosto de 2012 (ZENIT.org) – A associação francesa YouCoun, abreviação das palavras em inglês para Conselho da Juventude (Youth Council), tem como objetivo “divulgar aos jovens o concílio Vaticano II”.

O projeto, que é mencionado no site da Conferência Episcopal da França, foi criado por Samuel Grzybowski, 20 anos, fundador do movimento juvenil Coexister, por ocasião do 50º aniversário da abertura do concílio. Para Grzybowski, “depois das Escrituras, o Vaticano II é um texto central. Tudo o que se vive hoje como Igreja vem desse texto. A liturgia, a missa em francês, o padre se dirigindo à assembleia, e assim por diante“.

No entanto, diz o criador do projeto, “a maioria dos jovens ignora o conteúdo do concílio”. Diante disto, o YouCoun tem um duplo objetivo: “entender, celebrar e promover” o concílio e “estabelecer um novo diálogo entre os jovens católicos”.

O projeto foi lançado em 11 de outubro de 2011: cerca de trinta membros de vários movimentos, entre os quais a Jeunesse Ouvrière Chrétienne (JOC) e o Mouvement Eucharistique des Jeunes (MEJ), assinaram um texto conjunto, definindo os anos letivos de 2012 a 2015 como “três anos jubilares”.

Durante estes três anos, o YouCoun organizará três eventos: o lançamento do cinquentenário do concílio, em 11 de outubro de 2012; uma peregrinação nacional em 2014 e uma manifestação de encerramento na França em 8 de dezembro de 2015, por ocasião do quinquagésimo aniversário da conclusão do Concílio.

A associação também lançará o site http://www.youcoun.fr (em construção) e um aplicativo para smartphones, o Icoun, para oferecer textos do concílio e comentários de teólogos e especialistas, além de notícias.

Será ainda constituído um grupo de jovens de diversos movimentos para promover o diálogo entre os jovens e grupos de “diferentes sensibilidades”. O grupo terá também a tarefa de criar um manual impresso para uso nas dioceses e nos movimentos, sempre com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre o concílio. O documento, a ser lançado em novembro, terá uma tiragem de 20 mil exemplares.

O YouCoun responde assim ao apelo feito aos jovens pelo papa Paulo VI, na véspera do encerramento do Concílio Vaticano II, na mensagem de 7 de dezembro de 1965: “São vocês que receberão a tocha das mãos dos seus pais e viverão no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história”, disse Montini. “É para vocês, os jovens, especialmente para vocês, que ela (a Igreja), com o seu concílio, acendeu a sua luz, que ilumina o futuro, o futuro de vocês”.

Eis a liberdade da “elite pensante” republicana e democrática.

O Fratres in Unum se solidariza e oferece suas orações por nosso príncipe Dom Bertrand.

Falta de respeito: Estudantes da Unesp atacam trineto de Dom Pedro durante palestra

Franca Notícias.com – O trineto do imperador Dom Pedro II foi praticamente atacado por estudantes da Unesp em Franca.

Dom Bertrand de Orleans e Bragança esteve em Franca na noite de terça-feira (28), e pretendia realizar uma palestra na universidade, mas o evento foi marcado por manifestações de estudantes.

A palestra falaria sobre a importância da monarquia no país, mas assim que chegou a sala, o palestrante foi chamado de nazista e acusado por vários estudantes de ferir a dignidade humana.

Muitos universitários acabaram xingando o trineto de Dom Pedro e fizeram gestos obscenos em direção ao palestrante.

Diante da situação, a palestra teve que ser transferida para a faculdade de direito, onde Dom Bertrand foi recebido de uma forma mais educada.

Em relação aos universitários da Unesp, o descendente do Imperador afirmou que foi uma estupidez.

Episódios de falta de educação na Unesp de Franca não são novidades, tempos atrás, estudantes em protesto defecaram na frente do reitor da universidade durante a realização de um evento no antigo campus na centro de Franca.

Créditos ao leitor: Lucas Janusckiewicz Coletta

Ecumenismo será tema do encontro do Papa com seus ex-alunos.

Canção Nova Notícias – A partir de quinta-feira, 30, até segunda, 3, os ex-alunos do professor Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, se reunirão para o tradicional encontro anual de verão, em Castel Gandolfo. O grupo é formado por docentes religiosos e leigos que discutiram teses nos anos em que Bento XVI foi professor.

O encontro deste ano terá como tema “Resultados ecumênicos e questões de diálogo com o Luteranismo e o Anglicanismo”, e será inspirado no livro do presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper,.

Os participantes serão acolhidos na manhã de sábado pelo Papa, que participará do dia de trabalhos. No domingo, 2, o grupo estará no pátio da residência, para a oração do Angelus. O encontro se encerrará oficialmente na segunda-feira, 3, depois da celebração da missa.

A 36ª edição do encontro terá a presença, dentre outros, do presidente da Conferência Episcopal Austríaca, Cardeal Christoph Schoenborn, e do presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Ecumênico, Cardeal Kurt Koch. Também estará lá o representante evangélico Ulrich Wilckens, que traduziu e comentou o Novo Testamento e cujas obras têm grande importância para o ecumenismo.

O primeiro encontro do então professor Ratzinger com seus doutorandos foi depois de sua nomeação como arcebispo de Munique e Frisinga, em 1977. Desde então, o evento se repete a cada ano, centrado em um tema escolhido pelo Pontífice dentre uma série de propostas.

Vaticano: Vida cristã exige «martírio» da fidelidade, diz Bento XVI.

Castel Gandolfo, Itália, 29 ago 2012 (Ecclesia) – O Papa frisou hoje em Castel Gandolfo, próximo de Roma, que o cristianismo requer sacrifício da parte dos fiéis e que a oração é essencial para a eficácia do apostolado.

“A vida cristã exige, por assim dizer, o ‘martírio’ da fidelidade quotidiana ao Evangelho”, sublinhou Bento XVI na audiência geral dedicada a São João Batista, de quem a Igreja Católica evoca hoje a morte.

Perante centenas de peregrinos reunidos no exterior da residência pontifícia de férias, o Papa vincou que a “oração não é tempo perdido, não é roubar espaço à atividade, mesmo à apostólica, mas é exatamente o contrário”.

“Só se formos capazes de ter uma vida de oração fiel, constante, confiante, é que o próprio Deus nos dará capacidade e força para viver de modo feliz e sereno, superar as dificuldades e testemunhá-lo com coragem”, acrescentou.

Bento XVI recordou que, segundo a narrativa da Bíblia, João Batista testemunhou “com o sangue a sua fidelidade aos mandamentos de Deus, sem ceder ou transigir, cumprindo até ao fim a sua missão”.

“O nascimento do Batista é assinalado pela oração: o canto de alegria, de louvor e de agradecimento que Zacarias [o pai] eleva ao Senhor e que recitamos todas as manhãs nas Laudes, o ‘Benedictus’, exalta a ação de Deus na história e indica profeticamente a missão do filho João: preceder o Filho de Deus que se fez carne para lhe preparar o caminho”, explicou.

João Batista, também chamado de “precursor”, foi o anunciador mais próximo de Cristo, tendo preparado a sua aparição pública ao fazer a apologia do arrependimento das faltas através de uma vida que, segundo as descrições evangélicas, foi pautada pela ascese.

A veneração ao único santo do qual a Igreja celebra o nascimento, a 24 de junho, e a morte, é “antiga e profunda”, salientou o Papa.

Na alocução em língua portuguesa Bento XVI dirigiu uma “saudação particular aos fiéis de Chã Grande, Natal e do Rio de Janeiro”.

“Que o exemplo e a intercessão de São João Batista vos ajudem a viver a vossa entrega a Deus sem reservas, sobretudo por meio da oração e da fidelidade ao Evangelho, para que Cristo cresça em vós, guiando os vossos pensamento e ações”, disse.

Após a catequese o Papa recebeu algumas personalidades no denominado “beija-mão”, entre as quais o embaixador da Santa Sé (núncio apostólico) na Venezuela, país a quem Bento XVI dirigiu terça-feira uma mensagem a propósito da explosão de uma refinaria que causou cerca de 50 mortos, além de dezenas de feridos e desalojados.

Os mártires, termo que no original grego significa testemunhas, eram as pessoas que viram Jesus, mas após a sua morte e ressurreição a palavra passou a designar os fiéis que morriam por fidelidade a Cristo.

Cardeal Brandmüller: a Missa de Paulo VI não é a Missa do Concilio. A Sacrosanctum Concilium nunca foi realmente implementada.

De uma entrevista concedida pelo Cardeal Walter Brandmüller ao Vatican Insider e publicada hoje. A última resposta, sobre a revolução litúrgica que nunca deveria ter acontecido e que destruiu o desenvolvimento orgânico do culto sagrado, é particularmente relevante.

Por Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com

O Concílio Vaticano Segundo foi um Concílio Pastoral que também ofereceu explicações dogmáticas. Já houve algo semelhante anteriormente na história da Igreja?

Cardeal Walter Brandmüller.
Cardeal Walter Brandmüller.

[Brandmüller:] Parece, de fato, que o Vaticano II marcou o início de um novo tipo de Concílio. A linguagem utilizada no seu transcorrer e a totalidade dos textos mostram que os padres conciliares não estavam tão motivados pela necessidade de passar um julgamento sobre novas questões eclesiásticas e teológicas polêmicas, mas sim pelo desejo de voltar a atenção à opinião pública dentro da Igreja e todo o mundo, no espírito do anúncio.

O Concílio não deveria ser declarado um fracasso, já que após cinquenta anos os fiéis não o acolheram calorosamente? Bento XVI alertou contra uma interpretação errônea do Concílio, particularmente em termos de hermenêutica da [ruptura]…

[B:] Essa é uma daquelas questões clichês que remontam a um novo sentimento existencial; aquele sentimento de confusão, que é típico de nossos tempos. Porém, o que significa cinquenta anos, afinal de contas?! Retroceda o seu pensamento ao Concílio de Nicéia, em 325. As disputas ao redor do dogma deste Concílio – sobre a natureza do Filho, ou seja, se Ele é da mesma substância do Pai ou não – continuaram por mais de cem anos. Santo Ambrósio foi ordenado Bispo de Milão por ocasião do cinquentenário do Concílio de Nicéia e teve que lutar duro contra os arianos que se recusavam a aceitar as disposições nicenas. Pouco tempo mais tarde veio um novo Concílio: o Primeiro Concílio de Constantinopla de 381, que foi considerado necessário a fim de concluir a profissão de fé de Nicéia. Durante este Concílio, Santo Agostinho recebeu a tarefa de tratar de solicitações e refutar hereges até a sua morte, em 430. Francamente, mesmo o Concílio de Trento não foi muito frutuoso até o Jubileu de Ouro de 1596. Foi necessária uma nova geração de Bispos e prelados para amadurecer no “espírito do Concílio” antes que seu efeito pudesse efetivamente ser sentido. Precisamos nos conceder um pouco mais de espaço para respirarmos.

Agora falemos sobre os frutos que o Vaticano II produziu. O senhor pode comentar sobre isso?

[B:] Primeiramente, é claro, o “Catecismo da Igreja Católica” em comparação ao Catecismo Tridentino: após o Concílio de Trento, o Catecismo Romano foi lançado a fim de oferecer aos párocos, pregadores e etc. diretrizes sobre como pregar e anunciar o Evangelho ou evangelizar.

Mesmo o Código de Direito Canônico de 1983 pode ser considerado uma consequência do Concílio. Preciso enfatizar que a forma da liturgia pós-conciliar com todas as suas distorções não é atribuível ao Concílio ou à Constituição sobre a Liturgia estabelecida durante o Vaticano II, que, a propósito, não foi efetivamente implementada mesmo hoje em dia. A retirada indiscriminada do Latim e do Canto Gregoriano das celebrações litúrgicas e a construção de inúmeros altares não foram absolutamente atos prescritos pelo Concílio.

Com o benefício de retrospectiva, voltemos nosso pensamento particularmente à falta de sensibilidade demonstrada em termos de cuidado pelos fiéis e na falta de cuidado pastoral demonstrado na forma litúrgica. Basta pensar dos excessos da Igreja, reminiscente da [crise iconoclasta] que ocorreu no século XVIII. Excessos que impulsionaram inúmeros fiéis ao caos total, deixando muitos andando no escuro.

Quase tudo foi dito sobre esse assunto. Nesse meio tempo, a liturgia chegou a ser vista como uma imagem em espelho da vida da Igreja, sujeita a uma evolução histórica orgânica que não pode – como sem dúvida ocorreu – ser repentinamente alterada pelo decreto par ordre de mufti. E ainda estamos pagando o preço hoje em dia. [Fonte, adaptado]

Ratzinger, o Vaticano II e aquele verão de 1962.

IHU – Há meio século, o futuro papa estava “sob pressão” por causa de seu papel de consultor teológico em vista do iminente Concílio.

A reportagem é de Gianni Valente, publicada no sítio Vatican Insider, 24-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No quieto verão de Castel Gandolfo, Bento XVI concluiu a escrita do seu último livro sobre a vida de Jesus, e dizem que ele está definindo as principais linhas da sua quarta encíclica papal.

Há 50 anos atrás, também, o Joseph Ratzinger de 35 anos – que naquele período lecionava teologia fundamental na Universidade de Bonn – estava lidando com os fascículos para estudar, os rascunhos para corrigir e os textos para preparar.

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