O ensaio Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã, é considerado um marcante prenúncio da Revolução Protestante do século XVI. Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, tem o seu arremedo da obra de Erasmo — como que consolidando o liberalismo no outrora baluarte católico norte fluminense — no baixíssimo Elogio da Indecência escrito por seu bispo, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, em sua coluna semanal divulgada pelo site da diocese.
Nela, Dom Roberto relata sua viagem a Buenos Aires, no último mês de setembro, em que participou do V Encontro de Centros Culturais Católicos do Cone Sul, cujo um dos objetivos era “anunciar e implementar a Via Pulchritudinis (o caminho da beleza), para evangelizar e iluminar a cultura de hoje”.
E qual obra o sucessor de Dom Antônio de Castro Mayer cita para ilustrar este propósito? “A pintura de Gustave Cubert (sic), que coloca a genitália feminina num primeiro plano, na pintura denominada ‘A origem do mundo’, nos convida a posicionarmos e dar razão de nossa atitude e doutrina sobre a arte e a estética sob o olhar da Palavra de Deus”.
Após explicar que “nem todo nu é pornográfico” e recordar que “é necessário integrar com o pudor e a castidade o que o pecado esfacelou e dividiu”, vem então o indecente, o deplorável, o abismal “posicionamento” do bispo de Campos: “A pintura de Curbet é um grito desesperado para sair da banalização e da trivialização do sexo, a que somos levados pela cultura midiática hedonista e permissiva”.
Excelência, faça-nos um favor! A pintura do anarquista Courbet (e não Curbet) é um grito desesperado de indecência, de desacato ao pudor, enfim, uma verdadeira e grosseira obscenidade que não poderia ser mais inoportuna na boca de um Sucessor dos Apóstolos: “Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos” (Efésios 5, 3).
Por questão de respeito aos nossos leitores, à moral e ao pudor, não colocamos a imagem da “obra” no post e nem recomendamos que a busquem na internet.