O Modernismo é ideológico, a Tradição, pelo contrário, é realista.

Por Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com – É o modernismo, com conceitos abstratos adotados da cultura dominante, que reivindicou transformar a vida e o pensamento católicos. A partir da filosofia moderna — idealismo, personalismo e a psicologia ideológica da modernidade –, o modernismo quis adaptar as verdades da Fé a vida real dos cristãos; fazendo-o, ele destruiu tudo e tornou a vida cristã, primeiramente falsa, e depois inútil e impossível de ser vivida.
No modernismo, tudo vem da ideologia; as reflexões de pensadores contemporâneos ateus e agnósticos são acolhidas acriticamente como boas; e há um desejo de forçar o pensamento católico a se adaptar a eles, de modo que não permaneça “fora da história”. É um contínuo desejo de “acompanhar os tempos”, fazendo com que o cristianismo não envelheça. Não é a realidade que comanda, mas a ideologia e as ideias de intelectuais.
A Tradição, pelo contrário, vem da realidade.
A realidade onde Deus Se revela é dada a conhecer, e a realidade do homem, pobre pecador, que tem necessidade da salvação que ele é incapaz de dar a si mesmo. Isto é o realismo e a simplicidade cristã. O homem que é humilde de coração e que não foi corrompido pelo orgulho dos últimos intelectuais da moda, experimenta este simples realismo que o permite encarar a sua existência e agir dignamente. Ele percebe que tudo na vida se torna claro.
O orgulho torna o homem delirante: faz com que ele complique a simplicidade de Deus e o faz perder o caminho da salvação. O orgulho – orgulho da inteligência e do coração – impede suas habilidades de raciocinar e o faz, assim, complicar tudo… e “o Senhor dispersou o orgulhoso na presunção de seu coração”.
Contudo, é necessário estar sempre vigilante.
Mesmo na Tradição esse orgulho pode “retornar”. Orgulho que arruína tudo. A Tradição deve ser vivida com simplicidade e não com arrogância. Toda ela deve ser vivida no firme realismo: a Missa de sempre deve ser celebrada e assistida porque salva o mundo do abismo. E não meramente como uma manifestação – como uma posição “política” – contra a modernidade. Uma peregrinação tradicional com a Missa de sempre deve ser realizada não como uma demonstração de força, como que para provar aos modernistas que essas coisas são mais bem feitas pelos conservadores. Antes, deve ser feita como um apelo urgente ao perdão e à graça de Deus, pela intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria e de todos os Santos, como, por exemplo, nós fizemos na segunda peregrinação a Oropa [Santuário dedicado à Virgem Negra próximo a Biella, Piemonte, Itália], que é parte da grande novena de nove anos que antecipa o centenário da coroação de Nossa Senhora.
É uma questão de vida ou morte; se cairmos na armadilha da ideologia, a Tradição estará em um beco sem saída. Manifestações tradicionais serão feitas aqui e ali, por vezes até solenes, mas não tocarão os corações, não comunicarão verdadeiramente a graça e não mudarão vidas. Nós queremos permanecer com aquele povo simples e grande que, por séculos, ajoelhou-se diante de Nosso Senhor, reconhecendo que precisa de tudo. Um povo humilde, porque é formado de almas que verdadeiramente pedem perdão por seus pecados. Um povo corajosamente firme, porque quanto às verdades da Fé, à forma da Missa Tradicional, à doutrina católica, ele não capitulará sequer em um iota, porque tudo isso foi dado pelo Senhor para a nossa salvação. Não são nossa propriedade.
Em contrapartida, o intelectual que ama a Missa Tradicional por conservadorismo, por um lado, quer esses momentos públicos para afirmar o seu gosto pelas coisas antigas, mas, ao mesmo tempo, torna-se fraco na batalha contra a heresia, por medo de ser excluído das assembleias públicas de hoje, ou, pior, da vida pública da Igreja; faz compromissos com o erro e a ambiguidade da Igreja modernizada, por conta da necessidade humana de vencer no tempo; ele não confia no Senhor e quer se assegurar de uma vitória que é puramente humana.
Nós devemos rezar frequentemente, devemos assistir à Santa Missa Tradicional frequentemente, se possível diariamente, devemos receber os sacramentos, devemos amar a doutrina católica, de modo que fiquemos realista e humildemente ligados a Nosso Senhor. E o Senhor nos dará as graças, mesmo depois da mais escura das noites, mesmo depois da mais extraordinária crise da Igreja.
Possa a Santíssima Virgem nos conceder um coração puro e nos livrar do orgulho intelectual. E então será, realmente, Natal.
[Editorial: Radicati nella fede, dezembro de 2012, boletim da comunidade católica de Domodossola e Vocogno, Diocese de Novara, Itália – o sacerdote que guia este feliz povo já passou por aqui no Fratres in Unum]
O problema de muitos “tradicionais” é esse: orgulho de sobra e devoção (piedade, caridade, humildade, penitência, conversão) de menos.
Sem o retorno ao catolicismo dos nossos avós (e chegarmos à conclusão de que todo esforço catequético, sacramental, devocional culmina com a Missa, mas não pode se reduzir a ela sozinha), o catolicismo tradicional será oco e sem atrativos.
Todo mundo virou um “alter ego” de certos indelicados apologetas, cheios de pompa, a discutir o sexo dos anjos ou a novela “FSSPX versus Vaticano II e seus apóstatas”. Ninguém quer seguir o exemplo da senhorinha devota ou do senhorzinho manso e humilde de coração…
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Caríssimos,
Devemos ter sempre em conta que, na história do cristianismo, a regra é a Tradição e a exceção, o modernismo e seus conceitos. Pensar o contrário, certamente, faria com que nos arriscássemos transformar (como querem os modernistas) a Tradição em uma ideologia, como nos adverte “Radicati nella fede”.
OMNIA INSTAURARE IN CHRISTO
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Mesmo na Tradição esse orgulho pode “retornar”. Orgulho que arruína tudo. A Tradição deve ser vivida com simplicidade e não com arrogância.
Já voltou faz tempo! Tem gente que entra conta a bancária quando se sente ‘vencido’ e ainda mais por mulher.
Muito bonita a foto!
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Confiteor…
Caríssimos,
Realmente é tênue a linha que nos separa destas duas realidades!
Cogitei publicar um post para desencargo de consciência, como alguns o fizeram, porém, recordei-me : “Tira primeiro a trave do teu olho…” ou “ Aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra”.
Diante disso, me esquivando do orgulho e da impostura, percebi como este artigo havia se tornado um prato cheio para neo-conservadores, modernistas e, especialmente, para os hipócritas!
Compartilho a esperança de nosso amigo Luiz Fernando.
OMNIA INSTAURARE IN CHRISTO
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Frequento este site a pouco tempo. Ele tem me ajudado muito, no entanto, me incomoda a agressidade com que alguns (as vezes, com argumentos válidos) se dirigem a papas e bispos. Não nos motivos, mas na forma, me faz lembrar o anti-clericalismo da TL, excessivamente críticos a bispos e papas. De fato, por aqui, lemos certos comentários eivados de um orgulho que beira a soberba e que causam certo incômodo. Para os menos avisados pode soar como uma mudança de paradigma, a “facção da libertação” dar lugar a “facção da tradição” (com t minúsculo mesmo), ambos bastante contudentes em suas críticas à hierarquia e a Igreja como um todo.
Para o grupo da libertação o que vale é o Cristo histórico, o que o evangelho nos revela do Jesus de Nazaré. As demais manifestações da Igreja ao longo da história são cheias de coisas imperfeitas e transitórias. O Espírito só assistiu a Igreja no período apostólico ou no maxímo no início da patrística, e, depois de um longo silêncio, ele, o Espírito, voltou a soprar no CVII, mas se silenciou novamente, por causa do fechamento da hierarquia às ideias dos libertários pós-conciliares.
Para alguns do grupo da Tradição, o que vale são os escritos patrísticos, de alguns doutores da Igreja e dos papas pré-conciliares, e sempre os textos mais agressivos. Do CVII em diante a Igreja deixou de ser assistida pelo Espírito e não sabemos quando ele voltará para Igreja, combatamos então esta hierárquia herética e este simulacro de Igreja.
Discorri sobre este assunto porque me chamou atenção o artigo acima e o comentário do Márcio: “O problema de muitos “tradicionais” é esse: orgulho de sobra e devoção (piedade, caridade, humildade, penitência, conversão) de menos. ”
Esse “orgulho de sobra” a que se refere o Márcio depõe contra os “tradicionais” e corre o risco de fazer com que o patrimônio da Tradição da Igreja seja compreendido como uma ideologia de mais um grupo radical.
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A tradição é o meio através do qual o caráter corruptor do tempo é abolido!
É assim que eu entendo.
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O orgulho de sobra dos tradicionais (erros das pessoas) não significa que o catolicismo tradicional (enquanto doutrina) seja orgulhoso: basta ver a humildade dos devotos antigos e a sabedoria da doutrina tradicional.
O Espírito Santo nunca abandonou a Igreja; mas Ele só consegue falar através das bocas devotas e humildes, não através de pessoas comprometidas com o mundo.
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Concordo totalmente com o Álvaro. O que ele disse é exatamente o que penso. Também frequento há pouco tempo o site e tenho a mesma opinião. A Tradição tem de ser “simples como as pombas e prudente como as serpentes”, mas as vezes dá a impressão que falta a primeira exigência e se torna semelhante aos que combatem, escandalizando alguns e diluindo a força de bons argumentos por causa do jeito de argumentar.
Contudo, continuemos em frente, gente, cientes que o inimigo não poupa ninguem, e a todos que usar pra seus intentos. Mas se tivermos a humildade e a simplicidade do Senhor nós o venceremos.
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Um verdadeiro tradicional é humilde, sábio, caridoso. Os “neo-tradicionais” é que costumam ser orgulhosos, topetudos e agressivos. Isso é uma fase a ser superada com a instrução catequética, a devoção e a prática de boas ações.
Não isento os outros (neo-conservadores e os “em plena comunhão”) da possibilidade do orgulho; e ainda acrescento os perigos da impiedade e do farisaísmo do “católico de domingo” liberal, que acaba na apostasia.
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DEVERIA SER A IGREJA TRADICIONAL ADAPTADA AOS TEMPOS MODERNOS, MAS SEM ALTERAR A REVELAÇÃO – O MUNDO QUE SE ADAPTE A ELA – NÃO AO CONTRARIO.
O Vaticano II foi infiltrado de maçons, protestantes e muito mais, vindos esses reflexos desde a Rebelião Protestante de Lutero, e tem acirrado cada vez mais; o homem se “libertando”, se materializando e começando a querer dar rumos a si mesmo, idolatrando-se, sem Deus, instigado por ideologias a cada instante.
Exs.: No Shopping tal seu verdadeiro Natal; o Resort tal é o paraíso; se fizer tal, ficará rico para sempre…
O VII, por sinal, por meio desses e desacertos de pessoas de dentro, falsos membros, passou correntes de pensamentos e ações proprias para confundirem os católicos e a midia falsificou por meio de seus agentes pagos em especial por sociedades secretas anti Igreja, como os “Illuminat”ou maçonaria e seus subsidiarios comunistas e protestantes, os principais.
Daí surgiram novas doutrinas como a Teologia da Libertação, de arcabouço marxista, para confundir os católicos com falsa doutrina, assim como a RCC de inspiração protestante no mesmo ideal, sentir muito prazer em praticar a fé, sentindo enlevos espirituais; idem seitas e religiões orientais todas elas de fundo orgulhoso.
Sabemos que as ideologias matam mais do que canhões e com a perversão das mentes por ideologias vazias com constante doutrinação por longos períodos sem refutação à altura têem mudado e confundido as mentes de milhões, criando igrejas católicas paralelas, de facilidades, LIGHT, o ideal das ideologias modernas a se aplicar na Igreja Tradicional para a subverter.
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