Summorum Pontificum em Buenos Aires.

Recebemos a seguinte tradução do leitor Klaus Kurten, cuja gentileza agradecemos.

Como o Summorum Pontificum foi bloqueado e espezinhado em Buenos Aires

Por Rorate Caeli – Uau, as pessoas que não sabem nada da situação na Argentina de repente sabem bastante. Realmente não é o suficiente para saber o que “dulce de leche” é ou o que é a terra do tango para se estar ciente do que se passa em Buenos Aires. E alguns estão espalhando desinformação sobre uma diocese que eles nem mesmo conhecem! Inacreditável. Mas voltemos aos fatos não de gringos, mas de nossos correspondentes portenhos que conhecem, vivem e sofrem eles.

Primeiro, nunca dissemos que o Summorum não tivesse sido aplicado em nenhum lugar na Argentina. O Cardeal Bergoglio não era o único bispo de toda a Argentina, mas o arcebispo de Buenos Aires. Naturalmente, seus poderes eram limitados à Arquidiocese de Buenos Aires, que é territorialmente muito pequena, limitada à área da própria Capital Federal *** – e, mesmo assim, não nas igrejas do Ordinariato Militar, como em todos os países . Então o que aconteceu lá que nos levou a dizer que a aplicação do Summorum naquela arquidiocese era “inexistente” e Marcelo González a falar que “um jurado inimigo da Missa Tradicional, ele só permitiu imitações dela nas mãos de inimigos declarados da antiga liturgia”?

Ah, dizem os pesquisadores-do-Google, cuja única experiência da Argentina foi assistir Evita em uma de suas viagens da Broadway, ele “permitiu” uma Missa Summorum imediatamente após ela entrar em vigor: lá está ela, nesta matéria do Clarín – enviada por muitos leitores e postado por muitos… Bem, sob o Summorum, um bispo não “permite” ou “implementa” qualquer coisa – que era regime da Ecclesia Dei. Naturalmente, sob a Ecclesia Dei, nada foi “permitido” em Buenos Aires, embora a Argentina tenha a maior comunidade católica tradicional na América do Sul. De qualquer forma, sob o Summorum, um lugar foi designado pela Arquidiocese na igreja de São Miguel Arcanjo.

Um grande alívio, certo? Na realidade, isto foi apenas o início dos problemas. A missa era celebrada apenas no quarto domingo de cada mês, na cripta da igreja de São Miguel Arcanjo. E mais, como relatado em 2010 pela Página Católica, um dos mais confiáveis blogs na assuntos Católicos Argentinos que tem estado no nosso roll de blogs desde o seu início:

Ao contrário do que dita o senso comum e a Ecclesia Dei esclareceu, Padre Dotro [o “capelão” para a Missa Tradicional especificamente escolhido pelo Arcebispo Bergoglio] segue o calendário da forma ordinária, lendo, portanto, as leituras desta forma. Mas, como ele não se limita a esta inovação, ele não os lê, mas deixa-os serem lidos pelos fiéis. A missa modificada é, portanto, deixada sem a Epístola, Gradual, ou Evangelho. Conforme informado pela mídia [como informado acima pelo artigo do Clarin], em 16 de setembro de 2007, o primeiro dia em que foi celebrada pelo que em breve seria o capelão dos tradicionalistas, uma centena de pessoas lotaram o Cripta de São Miguel . […] Destas cem pessoas que estavam presentes na missa no primeiro dia, não mais do que dois ou três restaram… Uma vez por mês! Porque o “modernismo” litúrgico não é do interesse dos fiéis que aderem à tradição. Para isso, é suficiente, e mais [do que o suficiente], o número de paróquias de Buenos Aires que, sob o olhar do cardeal-primaz, fazem o que querem na forma ordinária. Padre Dotro e seu superior, que não pode ignorar o que está acontecendo, dessa forma zomba dos tradicionalistas dos quais devia cuidar. O pobre blogueiro, para não ser acusado de falsificar alguma coisa, até gravou as novas (1970) leituras do lecionário lidos na missa-de-uma-vez-por-mês … [Uma tradução completa do post deve ser postada por nós em breve.]

E então foi esta a grande e generosa aplicação do Summorum Pontificum na Arquidiocese de Buenos Aires? Um Novus Ordo-Missa Tradicional híbrido uma vez por mês. E, como acontece com qualquer Missa Tradicional mal celebrada, o número de assistência dos fiéis rapidamente caiu dos cem a um punhado. E, naturalmente, ela foi descontinuada. Assim, como corretamente mencionado no WikiMissa, não há atualmente uma única missa tradicional real estritamente de acordo com o Missal de 1962, celebrada por sacerdotes diocesanos da Arquidiocese de Buenos Aires. E cada sacerdote que tentou realmente implementar o Summorum em sua paróquia – isto é, de sua própria iniciativa, sem “autorização” do Bispo – foi ordenado a parar. É o que aconteceu com um pobre padre que tentou fazê-lo na capela do Sagrado Coração de Jesus, em Outubro de 2007, e foi ordenado pessoalmente pelo arcebispo a parar em Novembro de 2007. [O post completo do evento vergonhoso, também mencionado pela Página Católica, em um post de 2011, também será traduzido e publicado em breve.]

É assim que o então arcebispo aplicou o Summorum em sua diocese. Agora, será que isso terá alguma influência em sua atual posição Suprema? Vamos ver. Nós certamente temos um novo papa muito litúrgico, com determinados pontos de vista litúrgicos, aplicados desde seus primeiros minutos como papa. Se estes pontos de vista serão agradáveis a alguns que estão agora nos criticando é um assunto completamente diferente. Por outro lado, aqueles que estão acostumados a se curvar certamente não terão nenhum problema com as mudanças.

*** Isto também é importante: as Missas Tradicionais diocesanas mencionadas pelo querido Padre Finigan como ocorrendo na Argentina não incluem nenhuma na Arquidiocese de Buenos Aires, que se limita à Capital Federal (Cidade Autônoma de Buenos Aires, que, apesar do nome, é fora da Província de Buenos Aires, numa situação comparável à do Distrito de Columbia e de Maryland), precisamente porque não há nenhuma lá. As três missas mencionadas por ele estão na Província de Buenos Aires: Villa Celina (La Matanza Partido, Diocese de San Justo), Rawson (Chacabuco Partido, Diocese de Mercedes-Luján), e La Plata (Capital da Província de Buenos Aires, Arquidiocese de La Plata). O território do Arcebispo se tornou uma área livre de Summorum.

15 comentários sobre “Summorum Pontificum em Buenos Aires.

  1. Gente, sendo sincero, assustado estou com essa eleição. Mas confio em Deus e na Virgem. E também confio em Bento XVI, na sua decisão tomada.

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  2. Mis excusas por escribir en español.
    En la arquidiócesis de Buenos Aires hubo dos lugares designados para la aplicación del MP Summorum Pontificum: la Cripta de la parroquia San Miguel Arcángel y la parroquia Nuestra Señora del Carmen, de la calle Rodríguez Peña, en el centro de la ciudad.
    Los encargados fueron los padres Dotro y Larken. El primero, con veleidades de liturgista, con sus innovaciones, desalentó de facto a los fieles que asistieron a las primeras celebraciones. Por su parte, el P. Larken, más prolijo en la celebración, utilizaba el propio del Novus Ordo.
    En la parroquia castrense – ubicada en el territorio de la arquidiócesis de Buenos Aires – S.E. Mons. Baseotto, antiguo Obispo Castrense, celebró varias veces la Misa.
    Algunos sacerdotes de diócesis sufragáneas celebran con consentimiento del obispo diocesano la Misa tradicional, por ejemplo en las diócesis de San Justo y San Miguel. También hay Misa tradicional en la arquidiócesis de La Plata. En todos estos casos, celebrada dignísimamente y por sacerdotes muy idóneos,
    En Buenos Aires, el entonces arzobispo, desalentó a todos aquellos sacerdotes que quisieron celebrar la Misa de San Pio V. En algunos casos fueron enviados al ostracismo.

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  3. Inimigo da Missa Católica, do Santo Sacrifício que remonta São Dâmaso e São Gregório Magno, de fato, isto basta e nem é preciso dizer mais nada …

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  4. Enfim, eis as coisas como realmente são e a matéria postada pelo Fratres in Unum.

    Viva O Papa, Viva Bento XVI!

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  5. Olha, os fieis tradicionais não podem ficar parados esperando o pior. Tá na hora de uma grande mobilização de fieis da Missa de São Pio V para colocar claramente ao Papa Francisco quais são as reivindicações dessa parcela cada vez mais significativa do povo de Deus. Reivindicações legítimas, perfeitamente escudadas na doutrina, tanto pelo motu proprio Summorum Pontificum quanto pela Bula Quo Primum Tempore. Ora, por mais que o Papa não simpatize com a missa de sempre, isto não lhe confere o direito de refuta-la ou impedir a sua celebração.

    Acredito, inclusive, que se se demonstrar a Francisco as dimensões do tradicionalismo hoje na Igreja ele certamente se convencerá de que o povo da Missa Tridentina, clero e laicato, é dignatário de igual apreço, cuidado e zelo como todos os demais católicos do mundo.

    Todos os institutos tradicionais, os movimentos laicos, e, evidentemente, a própria FSSPX, devem deixar as inúmeras diferenças de lado em prol da preservação e propagação da Missa Tridentina. Não há tempo a perder.

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  6. No dia em que os tradicionalistas se unirem, ficarei muito feliz. E será muito útil para a Igreja Católica.

    Não temos liderança.Nem consenso…é apenas resistência teimosa e minguante em muitos.

    Da minha parte, vou moderar minha língua e não criticar mais o Santo padre gloriosamente reinante.Com certeza, esse não é o caminho.

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  7. ‎”No Terceiro Segredo é predito, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará pelo cimo.” Cardeal Mario Luigi Ciappi (foto), Teólogo papal de Sua Santidade, o Papa Pio XII.

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  8. Daí todo mundo se esquece que tudo isso foi feito quando D. Williamson regia o seminário da FSSPX. Quem vai à Missa Tridentina ou cria influência desse tipo NÃO PODE TER MISSA TRIDENTINA.

    Era conveniente ter Missa Tridentina nesse contexto? NÃO.

    Fratres in Unum: dizendo mentiras por fatos incompletos.

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  9. Caros internautas,
    Lendo vários dos comentários escritos aqui vejo a preocupação com determinados aspectos, para alguns, fundamentais no catolicismo. Contudo, não podemos esquecer da primacia da caridade. Um rito, uma tradição, a defesa de pontos de vista de um grupo, não justificam a perda da caridade e o respeito a qualquer outro ser humano, ainda mais o Papa.
    Vivemos um momento na historia da humanidade de respeito as minorias. Respeito a opnião de todos que se expressam neste blog, mas o mundo de hoje precisa de um Papa pastor, próximo ao coração e aos sofrimentos da contemporaneidade. E não uma Papa autoridade opulenta, preso a ritos e tradições que o impedem de cuidar, misericordiamente, do rebanho.

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  10. FernandoNf, qual a diferença da sua postura com a dos sedevacantistas ou dos TL? A Igreja não é uma democracia, como vc bem sabe, e muito menos se estrutura pela maioria. Se o novo Papa não favorecer a missa de sempre, ao mesmo tempo nos convidará a um ato de fé, escutando a voz daquele a quem o Senhor permitiu assumir a barca de Pedro. Conforta-me a certeza que a Igreja é de Cristo!

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  11. Pedrohqb, só para esclarecer os “fatos incompletos” de seu comentário mentiroso: La Reja sequer fica na arquidiocese de Buenos Aires, mas na diocese de Moreno, onde um certo bispo era muito próximo do Arcebispo de Buenos Aires: https://fratresinunum.com/2012/06/20/brincadeira-de-crianca/

    E mesmo se fosse: Dom Williamson não é mais reitor de La Reja desde o início de 2009. E depois disso, as necessidades dos fiéis quanto à missa tridentina deixaram de existir?

    A FSSPX tem uma grande capela em Buenos Aires e seus fiéis, que formam uma comunidade estável há décadas, não deixaram de frenquentá-la para criar influência na missa diocesana. Muito pelo contrário, eles têm a firme convicção de que as misssas diocesanas não são aconselháveis — ainda mais num lugar em que o Padre liturgista fazia o que bem entendia com o rito da missa!!

    Se o senhor for levado à sério, em toda cidade que tiver uma capela da FSSPX deve-se presumir que há certa influência de “lefebvrianos” e, logo, não pode haver missa tridentina.

    Seu comentário é tão ridículo que sequer leva em conta a realidade praticada há décadas pelos bispos diocesanos: é justamente onde a FSSPX está que eles se apressam em prover a missa tradicional! A sua sabedoria deveria ser comunicada a todos os antístetes do mundo!

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