Comoção entre os tradicionalistas, que parecem os únicos réprobos em todo o mundo.

Por Francisco José Fernández de la Cigoña | Tradução: Fratres in Unum.com* – O Vaticano decidiu intervir na Congregação Religiosa dos Franciscanos da Imaculada. É um poder de Roma que nenhum católico pode negar. Quando a Igreja percebe desvios morais, disciplinares, teológicos, administrativos… deve aplicar, e às vezes aplica, as correções necessárias. E delegam a autoridade no Instituto a um encarregado a quem todos devem submeter-se como se fosse seu superior geral.

Os Franciscanos da Imaculada são uma cisão dos Franciscanos Conventuais ocorrida nos anos setenta do século passado e que, nestes dias de decadência das ordens e congregações religiosas, apresentam um crescimento notável. Afeitos a forma extraordinária da missa, ainda que não a mantenham com exclusividade, aparentemente eram um modelo de ortodoxia, piedade, pobreza, manutenção do hábito religioso, abundância de vocações… O que não estávamos acostumados a ver em muitos outros institutos regulares. Digo aparentemente porque não há registro de desvios. Se houver, não são conhecidos no momento.

Aceito sem problemas que haja alguma dificuldade interna para que Roma adote medidas tão drásticas. Mas muito surpreende que as resoluções romanas vão sempre dirigidas a institutos tradicionais enquanto que os que se encontram em total decadência e em aberta contestação – por parte de alguns de seus membros – à própria Igreja sejam objetos de uma tolerância que há muitos parecerá conivência. Chegou a vez de severas medidas contra os Franciscanos da Imaculada e seria bom, para a própria autoridade de Roma, que nos explicasse a todos a causa de tão drástica intervenção. Que possui, ademais, sanções inexplicáveis, como a de proibir a seus sacerdotes a forma extraordinária da Missa, que, segundo o motu proprio de Bento XVI, está ao alcance e pode ser rezada por qualquer sacerdote católico. De modo que a medida adquire um caráter maldoso dificilmente compreensível, como se fossem também proibidos de rezar o rosário ou expor o Santíssimo, coisas que nada tem a ver com a correção de desvios no Instituto – no caso de eles existirem.

Daí que não poucos tenham pensado que estávamos ante a reação de dois impertinentes personagens: o prefeito da Congregação para os Religiosos e seu secretário, que manifestaram claramente sua ojeriza por uma Missa com a qual durante séculos se santificou a Igreja. E que aproveitaram a ocasião de desautorizar a vontade de Bento XVI, a respeito da forma extraordinária do rito latino, a qual evidentemente os contrariava. Envolvendo, ademais, o Santo Padre em uma medida que parece contradizer todas as suas declarações de respeito a abertura aos demais. Porque não se entende que os tradicionalistas estejam em uma condição muito pior que a dos gays, judeus, muçulmanos, protestantes ou ateus, para com os quais é raro não encontrar alguma manifestação de respeito; ou hoje os grandes inimigos de Deus e de sua Igreja são os tradicionalistas? Nem um louco pensaria tal coisa.

Do confuso Braz de Aviz e Frei Carballo, ainda que se pudesse esperar qualquer coisa pouco afortunada, não se poderia crer que chegariam a tais extremos, que podem superar a incompetência para cair na maldade e prevaricação. Causaram indignação no mundo tradicional, farto de condescendências com todos menos para com eles — devem ser as únicas pessoas no mundo que não merecem consideração e respeito por parte da Igreja. Mesmo sendo, como são, católicos exemplares. Ao menos comparados com muitíssimos outros que são objetos de tolerância sem limites, quando não de conivências mais que duvidosas. Hoje, a medida a respeito dos Franciscanos da Imaculada dá a muitos a impressão de que se trata de um ataque a mais, covarde e traiçoeiro, à Missa Tradicional. Obra de dois personagens rançosos e impertinentes que nada seriam sem o cargo que ocupam. Em minha terra, que é a do frei secretário que, como tal, assina tão preocupante documento, abundam umas árvores que levam o mesmo nome que ele. O fruto do carvalho é a bolota. E a bolota é de má qualidade…

Nosso agradecimento a um caríssimo amigo, futuro Sacerdote do Altíssimo, pela gentileza de providenciar a tradução.

19 comentários sobre “Comoção entre os tradicionalistas, que parecem os únicos réprobos em todo o mundo.

  1. Vale mais o “moto proprio” do Papa Bento XVI do que a “bolota” do Cardeal brasileiro que como disse o autor do texto, os ditos cardeais são personagens rançosos e impertinentes que nada seriam sem o cargo que ocupam. Não poderiam dizer melhor.

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  2. Eu compreendo a dor e o espanto em relação a essa intervenção da Santa Sé; no entanto, vejo que os Franciscanos da Imaculada estão disposto a se deixarem crucificar. Vejam

    Declaration about Some Recent Facts
    [The Franciscan Friars of the Immaculate] “APPEALS TO ALL to maintain SILENCE, RESPECT AND PRAYER regarding the matter, in order to allow the competent authorities to carry out their task in peace for the good of the Church and of the Institute.”

    http://maryvictrix.com/2013/08/02/declaration-about-some-recent-facts/

    TRADUÇÃO

    [Os Franciscanos da Imaculada] apelam (solicitam) que TODOS mantenham SILÊNCIO, RESPEITO E ORAÇÃO em relação a esse assunto (da visitação apostólica), a fim de permitir às competentes autoridades a realização de sua tarefa em paz e pelo bem da Igreja e do Instituto [da Ordem].”

    Eu sei que isso também é um escândalo, como o escândalo da cruz, mas eu também acredito que eles obterão a vitória pela Cruz! Ou será que algo parecido com o que aconteceu com os Templários irá acontecer com os Franciscanos da Imaculada?! Tornar-se-ão uma Ordem extinta?!… Espero que não!

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  3. Na verdade ele querem esfacelar essa instituição… o texto é primoroso: como vc diz a um padre para que ele não celebre uma Missa? Missa essa que é universal??? Vão proibir que se reze de joelhos? Vão abolir alguns mistérios do Rosario??? Absurdo! Vejo isso como um golpe de satanas por meio dos ditos “gerentes” eclesiasticos…. Até hj nunca se puniu Frei Beto, porque se pune religiosos que só defendem a ortodoxia? mas por outro lado vejo que os religiosos deveriam protestar e não simplesmente aceitar o que Roma determina, pois se ha verdade um mentira não deve vigorar. E´por causa desse respeito idiota que o catolicismo vai se destruindo completamente.

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  4. Tudo se resume ao seguinte : tentativa desesperada de salvar o CV II de uma cada vez maior e mais sistemática oposição.

    No fundo a questão toda é essa : misericórdia aos amigos , severidade para os inimigos!

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  5. “De modo que a medida adquire um caráter maldoso dificilmente compreensível, como se fossem também proibidos de rezar o rosário ou expor o Santíssimo, coisas que nada tem a ver com a correção de desvios no Instituto – no caso de eles existirem.”

    Uma bofetada de luvas de pelica no rosto dos infiéis e hereges do Vaticano! Segue outra:

    “(…) uma medida que parece contradizer todas as suas declarações de respeito a abertura aos demais. Porque não se entende que os tradicionalistas estejam em uma condição muito pior que a dos gays, judeus, muçulmanos, protestantes ou ateus, para com os quais é raro não encontrar alguma manifestação de respeito; ou hoje os grandes inimigos de Deus e de sua Igreja são os tradicionalistas? Nem um louco pensaria tal coisa.”

    Temos que ferver de cartas e e-mails contra esses “primeiros-ministros” da “demon-cracia” pós-conciliar.

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  6. Os Franciscanos da Imaculada deveriam oferecer ao tal Comissário Apostólico a porta pra rua, a mesma pela qual ele entrou, como a serventia da casa e devolvê-lo a Dom João Braz junto com os modernistas que reclamaram da “excessiva” celebração da Santa Missa Tridentina em detrimento do maldito e sacrílego rito de Paulo VI.
    Louvado sejam os Leões de Tulle e de Campos, Monsenhor Marcel Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer que tiveram a Santa coragem de dizer “NÃO” ao credo satânico recitado pela seita do concílio.
    Franciscanos da Imaculada, tenham a mesma coragem; digam não à autodemolição da Igreja, não tomem parte disto; estejam certos que Deus também irá cobrar-lhes, muito mais do que por uma suposta desobediência.

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  7. – O Santo Padre Bento XVI, libertou no passado 27-1-2013, as pombas da janela de seu apartamento com visão da Praça São Pedro, após fazer uma oração pelas vítimas do Holocausto, uma semana antes da renúncia…
    As aves voaram e foram surpreendidas por uma gaivota que encurralou a mais nova contra a janela conseguindo esta libertar-se?
    – Lembram a mesma gaivota em cima da chaminé do conclave?
    A espécie da gaivota é a prateada europeia, cujo nome científico é LARUS ARGENTINUS. (Fim dos Tempos.Net).

    Lá diz o ditado: “Gaivotas em terra, tempestade á vista!”

    -Lembram o raio na cúpula da Basílica de S. Pedro, passadas horas, no dia da renúncia do Santo Padre?
    Verificando-se outros sinais no céu…

    O Imaculado Coração de Maria triunfará! Que este ilumine o Papa Francisco. Rezemos.

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  8. Discordar de algo é possível, porém adjetivar de modo pejorativo um cardeal da Igreja, não o é. Não é aceitável, de alguém que se diz católico, o desrespeito para com um cardeal, sem que tenha bom motivo para isso. Infelizmente esse tem sido um mal muito comum nos meios tradicionalistas. Atacam de forma desmedida, grosseira e truculenta todo aquele que parece discordar de sua interpretação e depois não sabem o pq geram forte antipatia de outros setores.

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  9. Muito bem feita esta comparação: é como se eles fossem proibidos de rezar o rosário ou expor o Santíssimo…daí dá para todos perceberem o absurdo que tal castigo é na realidade. Às vezes as pessoas não entendem a linha de pensamento de tal fato e quando damos um exemplo claro ou elas entendem ou nos enxergam como loucas. Ontem debati com 2 pessoas que não se incomodaram com a lei do aborto e me disseram: “quem quer fazer faz de todo o jeito, a lei não vai piorar os índices” e eu respondi:- então não vamos punir mais todos os bandidos, vamos abrir as portas de todos os presídios e deixá-los impunes porque eles vão roubar e matar mesmo …imaginem a reação delas…disseram : não tem nada haver,…bla´blá blá
    O que podemos esperar de católicos assim? estavam estas 2 pessoas aclamando o Papa Francisco e falando absurdos de Bento XVI, muito triste mesmo…não vou mais debater com pessoas assim pois elas se sentem seguras na sua cegueira e casos tão graves como este que está acontecendo com os Franciscanos da Imaculada jamais seriam compreendidos em sua íntegra. Poucos são os que querem saber da Verdade, das coisas de Deus e querem sair do seu mundinho para fazer algo.
    Vamos rezar pois só rezando muito. Paz e bem.

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  10. Quando vejo estas coisas acontecerem, fico cada vez mais preocupada e lembro das profecias de Fátima. Por falar nisso, gostaria que vocês fizessem uma matéria a respeito.

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  11. Belíssimo artigo: parece que dentre as “tentações” que Francisco identificou, a mais problemática seja o “pelagianismo tradicionalista”. Ora, nada mais falso e equivocado. Agora é pecado ser fiel à Igreja? Pelo amor de Deus…

    O único problema de algumas correntes tradicionalistas é o questionamento à legitimidade do Concílio Vaticano II. E nisto estão sumamente errados: o Concílio é magistério autêntico da Igreja, por mais que seja um concílio de natureza pastoral. Agora, justamente por um concílio de natureza pastoral é que não o faz infenso à críticas. Pelo contrário, se há algo dentro da Igreja que se permite a todo tipo de crítica se chama Concílio Vaticano II. E são justamente os tradicionalistas os que melhor indicam os seus muitos pontos problemáticos, que tanto afetaram e ainda afetam a Igreja.

    Talvez os tradicionalistas sejam tão detestados porque falam o óbvio e indesculpável, sem subterfúgios ou eufemismos: o Concílio Vaticano II foi um fracasso pastoral indiscutível nas regiões tradicionalmente católicas do mundo (América Latina, Europa Centro-Ocidental e Nordeste da América do Norte, especialmente os estados do Quebec e Nova York). O Concílio só tem utilidade “prática” em regiões de evangelização precária, em áreas de missão, aonde os católicos são minorias e só. Na África, o CVII foi um sucesso, mas um sucesso relativo, pois as limitações graves do Concílio não permitem aos católicos africanos se aprofundarem na sua fé. Por essa razão, odo o projeto de Nova Evangelização cunhado por Bento XVI era uma forma de ir a um lugar insensível às pretensões superficiais do CVII: o catolicismo profundo, aonde há fé católica, mas precisa-se enriquecê-la, não “convertê-la”. O CVII nivelou a evangelização da Igreja por baixo, passou a tratar a comunidade de fieis de regiões profundamente católicas com o mesmo tom – e as mesmas concessões – com que se lida com selvagens massai no meio da África. Resultado: evasão em massa.

    Por exemplo,o nosso caso: um país como o Brasil, que na década de 70 tinha uma população católica de 90%, precisava do que: “conversão” ou aprofundamento da sua fé? Obviamente que precisava de aprofundar a sua fé católica. Porém, na linha do CVII, optaram por tornar as linhas pastorais da Igreja em uma “eterna conversão”, um estado de missão permanente, como se precisássemos de ser “convertidos”. Veja bem, talvez para uns cardeais e teólogos “modernosos” que lá estiveram, o Brasil devia ser aos olhos deles uma taba com 90 milhões de índios. Bem, deu no que deu, o catolicismo brasileiro praticamente recuou 30% no percentual total sobre a população. “Viva o CVII, que maravilha, 50 anos de…” 50 anos de demolição da obra do Senhor, essa é a verdade.

    O tradicionalismo não é um apego à velharias, como as línguas maldosas dos progressistas insistem sibilar, mas justamente uma resposta legítima a uma demanda igualmente legítima por uma fé mais profunda e rica do que a que o CVII nos apresenta como possível. O tradicionalismo é um convite a um mergulho mais íntimo com Deus, para católicos já seguros de sua fé. Se isso é “pecado”, querer ser mais católico, querer ter uma relação mais próxima com a Tradição da Igreja, informar-se sobre a Doutrina e a Teologia, bem, então eu quero ser um pecador também!

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    1. Não questiono quem deseja se apegar à tradição da Igreja, até estimulo se for da vontade do indivíduo fazê-lo. Porém, questiono a legitimidade da maior parte dos conservadores criticarem outros setores da Igreja que tem carisma distinto do deles.

      Esse papo de “rock não é música de Deus”, “o CVII foi ruim”, “tudo que foi feito no passado é o certo” e etc, me parecem tentativas de uniformizar a Igreja, semeando discórdia e intolerância dentro dela.

      80% do que leio de conservadores cheira a intolerância. Por graça de Deus, o Santo Papa parece estar atento a esse mal.

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  12. “Se isso é “pecado”, querer ser mais católico, querer ter uma relação mais próxima com a Tradição da Igreja, informar-se sobre a Doutrina e a Teologia, bem, então eu quero ser um pecador também!”

    Fechou com chave de ouro.

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  13. Algumas décadas atrás tradicionalismo era algo absolutamente excêntrico e inaudito para a maioria do povo católico. Excêntrico porque bandeira de organizações atípicas como a TFP. Mas gradativamente o tradicionalismo tomou corpo, tomando espaço principalmente pelo insucesso das mudanças conciliares e pela discreta e eficiente ação da Fraternidade São Pio X. Hoje o tradicionalismo já ameaça os primados conciliares. Logo, medidas virão para que o fogo não se alastre.

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  14. o autor do artigo não é nada suspeito de “tradicionalismo”.

    Tem toda razão. Uma vez mesmo aqui no site escrevi um post pensando numa bobagem que o sr. desse site escrevera. Mas devemos reconhecer que o artigo foi primoroso. Talvez uma desagravo aos católicos tradicionais, visto que ser ‘tradicionalista’ é apenas ser fiel à Igreja e são os novos tradicionalistas que criam essa divisão.

    Atenção aos desdobramentos do caso ‘Franciscanos da Imaculada’… muita publicação vem aparecendo em espanhol…

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