FSSPX: Ecumenismo ou não?!

Por Pe. John Hunwicke[1]

Tradução: Fratres in Unum.com* – Na relação entre a Santa Sé e a Fraternidade São Pio X, há um enorme problema fundamental, o qual é tão óbvio que pouquíssimas pessoas o mencionam. Como membro de um Ordinariato, outro e bem sucedido esforço ecumênico de Bento XVI, eu tenho um natural interesse nesta questão e rezo para sua solução. Este é o locus standi desde o qual eu faço a seguinte pergunta.

Fraternidade e Vaticano… é matéria de ecumenismo ou de disciplina eclesiástica? A Fraternidade é um grupo de amados Irmãos Separados para os quais nós católicos devemos, de acordo com o mandato do Vaticano II, esticar cada um de nossos tendões a fim de conquistarmos a unidade… porque, com sua imensa riqueza espiritual, eles têm tanto a oferecer à Igreja Católica; ou é uma mera porção da Igreja Latina em uma situação canônica irregular que deve ser golpeado vigorosamente na cabeça, como os Franciscanos da Imaculada, até que se arraste abjetamente?

Pe. John Hunwicke
Pe. John Hunwicke

Ambas, Santa Sé e Fraternidade, de fato, conspiram para que se aplique o segundo modelo; Roma por causa de sua natural inclinação a exercer controle sobre a Igreja Latina; a Fraternidade porque se crê não só parte da Igreja Latina, mas até mesmo Sua única parte verdadeiramente saudável e doutrinariamente sólida.

Mas e se Roma, ao menos, tentasse o primeiro modelo? Suponhamos que se fosse tratar o “problema” que a Fraternidade tem com o Vaticano II da mesma maneira que Roma trata os “problemas” dos “nestorianos” ou “monofisitas”? Com estes, Roma está euforicamente contente em assegurar acordos Cristológicos, sem demandar explícita aceitação de Éfeso ou Calcedônia. Ou tomemos os anglicanos, aos quais, sem que aceitem as reais palavras de Trento, foi dito pelos Dicastérios, dentre os quais a Congregação para a Doutrina da Fé, que o último documento (“Clarificações”) da Seção sobre a Eucaristia da Comissão Internacional Anglicano-Católica Romana (N.T.: ARCIC, em seu acrônimo inglês) significava que “nenhum trabalho ulterior” era mais necessário nesta matéria? Ou, coloquemos de outra maneira: se o único obstáculo entre Roma e as Igrejas [Cismáticas] Russa e Grega fosse a Dignitais Humanæ, Roma realmente insistiria que nenhum progresso ulterior seria possível sem uma explícita submissão pelos Ortodoxos [sic] tanto ao documento conciliar quanto à “totalidade do Magistério pós-conciliar”?

(Pensemos nisso, dada a afeição que os hierarcas gregos e russos têm pelo conceito de Estado Ortodoxo e Bizâncio Redivivo, que esta minha última pequena fantasia não seja um cenário tão absolutamente inconcebível. Vocês leram acerca da última proposta de mudança na Constituição russa? Não seria divertido ver o Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos pedir às veneráveis comunidades do Monte Athos a elaboração de um comentário sobre a Dignitatis Humanæ para servir de base para o diálogo entre o Vaticano e a Fraternidade?)

Os burocratas da Cúria estão, pois, tentando tanto manter o bolo quanto o comer. Quando lhes apraz, eles tratam a Fraternidade como súditos desobedientes em vez de Irmãos Separados. Mas quando as exigências da polêmica o requerem, como ocorreu no final do ano passado, eles falam da Fraternidade como estando em cisma ou, até mesmo, de alguma maneira imprecisa excomungados. Mas fariam eles muito bem em pensar cuidadosamente acerca das implicações que tais juízos têm para o status do diálogo. Porque, se os membros da Fraternidade são cismáticos excomungados, então eles se qualificam ao tratamento que Unitatis Redintegratio prescreve para os Irmãos Separados[2].

Ou, para colocarmos o mesmo ponto (novamente) sobre um diverso prisma: A política do Vaticano é realmente de esperar um milênio ou meio para o tempo solidificar e amargurar ainda mais a separação entre Roma e a Fraternidade, e, uma vez que a ruptura seja suficientemente duradoura, acrimoniosa e definitiva, aí então, mas só então, proceder aos rituais fofos e sentimentais dos “braços abertos” para a “querida Igreja irmã” que constituem o processo ecumênico? Eu sei que tem um velho ditado acerca de Roma pensar em termos de séculos… mas é possível que isso seja realmente o plano?

Existe um plano?

A Unitatis Redintegratio do Vaticano II se concentrou sabiamente no que era positivo, aquilo que pode ser seguramente dito que a Igreja Católica e outros grupos têm em comum. (A mesma atitude foi adotada no que concerne às religiões não cristãs.)

Era mais ou menos como olhar a taça de vinho dos ortodoxos [sic] e dizer: “Que bom! Está três quartos (ou mais) cheia.” Mas no diálogo entre o Vaticano e a Fraternidade, o tempo todo foi gasto barganhando se a taça da Fraternidade estaria um miligrama ou dois menos do que cheio.

A Indústria católica de ecumenismo moderna não grita para o mundo ortodoxo [sic] “Vocês têm que aceitar cada palavra dos Decretos de Florença e o Magistério pós-florentino inteiro”. Ou, se faz, fá-lo silenciosamente demais para que eu possa ouvir. Um oficial da Cúria disse recentemente acerca da Fraternidade que “eles têm que mudar sua abordagem e aceitar as condições da Igreja Católica e o Sumo Pontífice”[3]. É essa a maneira que o Vaticano fala dos ortodoxos [sic]… ou dos metodistas…?

Eu penso que a situação concernente à Fraternidade é urgente. Embora o Arcebispo Lefebvre tenha sabiamente escolhido homens jovens para serem consagrados bispos, esses jovens estão agora 25 anos mais velhos. Aproxima-se o tempo em que o problema acerca da consagração de seus sucessores deverá ser encarado. Nós teremos realmente que revisitar, quando este tempo chegar, todos os argumentos intemperados e sem fim acerca do Estado de Necessidade e das Excomunhõe latæ sententiæ? Existe algum outro grupo eclesiástico para o qual a Santa Sé proporia tão lúgubre prospecto como o caminho a seguir para uma alegre reconciliação? Terá sido para nada que Bento XVI cortou aquele particular nó górdio[4] e, fazendo isso, incorreu nas falaciosas calúnias dos ignorantes e dos maldispostos?

O Papa Francisco tem críticos que acreditam que sua abertura, sua humildade, seu desejo de tirar o tapete vermelho, sua preferência por uma Igreja que faz alguma coisa ainda que cometa erros… que tudo isso seja pose e truque midiático. Eu creio que ele seja sincero e de oração.

Mas a crise que ele enfrenta é maior do que é frequentemente admitido. Se Roma não consegue arrumar um lugar sequer para a Fraternidade, com quem tem em comum todas as definições dogmáticas de todos os Concílios Ecumênicos e todas as definições ex cathedra dos Pontífices Romanos, qual a possibilidade real de fazer qualquer progresso com as igrejas e comunidades eclesiásticas mais distantes doutrinalmente? A própria possibilidade de reconciliação eclesiástica, de unitatis redintegratio, está em jogo. Se Roma pode tirar a Fraternidade da jogada, então qualquer coisa pode acontecer. Mas se não… esperamos ansiosamente…

Eu consigo pensar em uma (sólida) razão porque Francisco é o homem para concluir esse episódio. Se Bento o tivesse feito, todos os estúpidos previsíveis da media católica e não católica teriam dito que isso seria só mais uma evidência de que ele é um arquirreacionário. Francisco, resolvendo isso, criará uma perplexidade entre os estúpidos previsíveis, mas sua atual reputação midiática permitiria, se assim podemos dizer, que ele escapasse dessa. Esta é a hora, no início deste pontificado, esse é o momento, o καιρός divino, para tal ação, tempo que provavelmente não se repetirá. (Há evidências de que jornalistas mais perceptivos da mídia liberal estão começando a enxergar através de sua personagem.)

É viável, para o Santo Padre, resolver o “problema” da Fraternidade dentro de dias. O Romano Pontífice tem regularmente uma audiência, creio que quinta-feira à noite, com o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Próxima quinta, ele poderia dar suas ordens ao Arcebispo Müller. Na audiência seguinte, assinaria os documentos[5]. Na quarta seguinte, na Audiência Geral, entre os beijinhos nos bebês e os afagos nos aleijados, ele poderia abraçar em público Sua Excelência Monsenhor Fellay e os outros Reverendos e Reverendíssimos líderes da Fraternidade, na frente de todas as câmeras do mundo e dos jornalistas coçando a cabeça. E, assim como eletrizou o mundo com sua escolha dos pés a lavar e beijar em sua primeira Quinta-feira Santa, Francisco poderia usar uma dúzia de jovens clérigos da Fraternidade no lava-pés de sua segunda Quinta-feira Santa. (Afinal de contas, Paulo VI, quando dos festejos do levantamento das excomunhões de 1054 em Roma, desconcertou o pobre metropolita Meliton ao se prostrar por terra e beijar seus pés… humildade… você sabe, isso faz sentido…)

Então, ele poderia pronunciar um discurso sobre a Reconciliação. Poderia entrar para a história como seu Discurso da Barba de Aarão[6].

Ou, se o Santo Padre não for aventureiro o bastante ou não for suficientemente autônomo para fazer isso, o levantamento da excomunhão de Lefebvre [e do “Leão de Campos”, como é de se supor] poderia ser um primeiro e gracioso gesto.

E, por mais vácuas e pueris que você pense serem as minhas observações e opiniões, mais eu creio que você deva parar de rir e encarar as questões que eu levantei: existe um Plano, outro que não o de esperar por décadas para mudar em séculos a ruptura cristalizada? E: o Vaticano II é modelo de Ecumenismo?


* * *

[1] [N.T.] Pe. John Hunwicke é sacerdote do Ordinariato Pessoal Nossa Senhora de Walsingham para ex-anglicanos na Inglaterra e País de Gales. Quando da ereção do ordinariato, teve sua ordenação postergada por seu “exagerado” fervor católico.

[2] Há ainda um aspecto canônico e pastoral disso. Escritores contrários à Fraternidade comumente afirmam que os casamentos da Fraternidade são inválidos. Mas se a Fraternidade está fora da Igreja, então são tão válidos quanto os casamentos metodistas ou luteranos. E as absolvições são tão válidas quanto a práxis vaticana julga as absolvições ortodoxas [sic]. Não seria, de qualquer forma, um admirável gesto pastoral para a Semana da Unidade dos Cristãos que Roma concedesse jurisdição nestas matérias aos padres da Fraternidade e emitisse uma sanatio para todos os casamentos prévios da Fraternidade? Isto teria a mesma grandiosidade, a mesma generosidade, que o levantamento das excomunhões por Bento XVI.

[3] https://fratresinunum.com/2013/12/23/prefeito-da-congregacao-para-a-doutrina-da-fe-dom-muller-lefebvrianos-sao-cismaticos-de-facto-o-fundador-da-teologia-da-libertacao-sempre-foi-ortodoxo/

[4] [N.T.] Nó górdio é uma metáfora de base mitológica para um problema insolúvel, no caso as excomunhões.

[5] Como os vaticanistas frequentemente assinalam, a solução óbvia seria de “conceder” à Fraternidade precisamente aquilo que, de facto, ela já tem. Isso preservaria a Santa Sé da indignidade das negociatas e reduziria muito consideravelmente o risco de rachas dentro da própria Fraternidade. Dever-se-ia incluir somente duas outras provisões extra, ambas tiradas da Anglicanorum Coetibus: (1) exigir que a Fraternidade delibere junto aos ordinários locais sobre o desenvolvimento de sua missão sem conceder aos ordinários nenhuma possibilidade real de veto; e (2) proporcionar ao Conselho da Fraternidade que envie uma terna à Roma quando de uma vacância episcopal. Poderia, então, ser finalmente nomeado um substituto para Monsenhor Williamson.

[6] [N.T.] Referência ao salmo que dá nome a este site.

* Nosso agradecimento a um caro amigo por sua gentileza e generosidade ao fornecer esta tradução.

40 comentários sobre “FSSPX: Ecumenismo ou não?!

  1. Esse padre definitivamente não sabe do que está falando ou nunca teve uma conversa direta com Dom Fellay.

    “A Fraternidade é um grupo de amados Irmãos Separados para os quais nós católicos devemos, de acordo com o mandato do Vaticano II, esticar cada um de nossos tendões a fim de conquistarmos a unidade… porque, com sua imensa riqueza espiritual, eles têm tanto a oferecer à Igreja Católica”.

    Discordo dessa afirmação. A Fraternidade nunca se separou da Igreja. Foi a Igreja Conciliar que se abandonou essa imensa riqueza espiritual que agora poucos lutam pra conservar, entre esses, a Fraternidade.
    Não é a Fraternidade que tem “riqueza espiritual” pra oferecer à Igreja, mas sim a Igreja que tem o dever de transmitir o tesouro espiritual doado pelo próprio Cristo e salvaguardado por todos os Papas e santos do passado a todos os fiéis.
    A Fraternidade não tem rito e doutrina próprias. O que ela tem sempre foi parte do patrimônio da Igreja.
    Quanto à situação canônica, é sabido que Bento XVI tinha toda a intenção de regularizá-la sem impor nenhuma exigência ou condição, do mesmo modo que ele fez com a anulação das excomunhões. No entanto os senhores Muller e Levada estão entre os primeiros que se levantaram e gritaram que sem a aceitação do Vaticano II ou da “hermenêutica da continuidade” nada feito!
    O fato de Francisco confirmar esses mesmos impostores na Cúria é sinal claro de que tudo continua como antes no quartel de Abrantes.

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    1. Gercione, ele não está afirmando, mas questionando as autoridades da Santa Sé sobre que elas pensam. A oração continua: “A Fraternidade é um grupo de amados Irmãos Separados para os quais nós católicos devemos, de acordo com o mandato do Vaticano II, esticar cada um de nossos tendões a fim de conquistarmos a unidade… porque, com sua imensa riqueza espiritual, eles têm tanto a oferecer à Igreja Católica… ou é uma mera porção da Igreja Latina em uma situação canônica irregular… ?”

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  2. O sacerdote nao percebe que o motivo pelo qual se defende o ecumenismo e’ o mesmo que justifica a atitude romana para com a FSSPX. A raiz do problema e’ teologica, algo que nao se quer tocar. Enquanto nao se abrir a caixa de Pandora teologica, retificando o que deve ser retificado, esclarecendo todos os pontos de forma inequivoca, ficar-se-a’ no atual estado de coisas. Ora, enderecar os problemas teologicos inevitavelmente levara’ ao questionamento do proprio ecumenismo, novidade sem precedentes na historia da Igreja. Mais, levara’ ao questionamento das proprias conviccoes das atuais autoridades, algo intoleravel para a maioria. Existe um abismo, de fato, pois as geracoes de clerigos formados de 1960 para ca’ tem mentalidade diferente de seus antecessores. Nao conseguem compreender as razoes alegadas pela FSSPX, pois partem de principios diferentes. Em sua visao de mundo, as razoes da FSSPX nao sao importantes, porque partem de principios limitados e reducionistas, ja ultrapassados pela ‘nova mentalidade’ conciliar (letra e espirito do Vaticano II). Tudo se limitaria, portanto, a um problema disciplinar, com repercussoes teologicas no sentido de que a FSSPX estaria a se fechar num integrismo exagerado e engessado que redundaria num cisma. Estao comprometidos em manter um concilio em que acreditam e tal como acreditam, sem jamais por duvida a visao que tem dele. Falam muito, mas sao incapazes da autocritica que tem como bandeira. Como esperar que abracem a FSSPX se esta nao aceita esta nova mentalidade conciliar? Este novo proceder? So’ ha’ lugar na neo-Igreja para os liberais, desde o progressismo mais avancado aos conservadores filo-tradicionalistas rallies (acordistas), cujo ponto em comum e’ formalmente figurar em ‘plena comunhao’ uns com os outros. A FSSPX justamente se nega a esta comunhao, pois a comunhao sempre teve como fundamento a fe’, nao a politica; ela alega que Roma – leia-se, as autoridades que ocupam ha’ algumas decadas os postos de autoridade – defende erros de fe’ e moral, ainda que sem o desejo de exercer verdadeira autoridade, impondo-os aos fieis. Ora, nao ha’ como estar em comunhao com tais autoridades sem a certeza de que sao integralmente catolicas. Noutras palavras, tais autoridades podem ser catolicas, enquanto pertencentes ‘a alma da Igreja, mas isso nao e’ suficiente para publicamente afirmar que estamos em ‘plena comunhao’: sua doutrina deve ser catolica para que isto seja possivel, sua moral deve seguir os principios tradicionais etc. Nao queremos plena comunhao com liberais, com quem defende o erro. Comunhao nao e’ time de futebol ou selo de aprovacao meramente exterior. Ao falar em comunhao, devemos considerar o conteudo da palavra. Nao ha’ como estar em comunhao com quem cre em algo diferente de nos, ainda mais se defende algo que sabemos ser falso! Nao existe, portanto, incoerencia na atitude romana. Contudo, ja’ o Cardeal Ottaviani notava, em se tratando da reforma paulina, que o novo rito se afastava dos usos orientais. Isto e’ hoje usado como argumento pelos cismaticos contra a Igreja Catolica. O ecumenismo do Vaticano II e’ para os protestantes e olhe la’. A comunhao vem da fe’; fora isso, e’ mera politica.

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    1. “…as autoridades que ocupam ha’ algumas decadas os postos de autoridade – defende erros de fe’ e moral, ainda que sem o desejo de exercer verdadeira autoridade, impondo-os aos fieis.”
      Cristo garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam sobre a Igreja. Vc crê na Igreja Católica ou na FSSPX?

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  3. Se não me falha memória eu havia tomado conhecimento desse artigo no ‘new liturgical movement’. Que bom que há almas generosas dispostas a fazer tais traduções… destaco essa parte, onde mostra a grande mentira do ecumenismo:

    “Se Roma não consegue arrumar um lugar sequer para a Fraternidade, com quem tem em comum todas as definições dogmáticas de todos os Concílios Ecumênicos e todas as definições ex cathedra dos Pontífices Romanos, qual a possibilidade real de fazer qualquer progresso com as igrejas e comunidades eclesiásticas mais distantes doutrinalmente?”

    O ecumenismo é uma fraude… Se o documento no CV II é NO MÍNIMO ambíguo (até não poder mais) e com uma pastoral imprudente que expões os católicos ao perigo do indiferentismo, as práticas dos pastores da Igreja nessa área (sempre chamando o CV II como razão de suas ações) se mostram todas condenadas e censuradas por documentos do magistério pré-conciliar, como a mortalium animos e a humani generis de Pio XII. Os dois fatos pesam contra o concílio. O próprio texto e as práticas dos papas conciliares. Isso é de uma força evidente inquestionável. Talvez, e há razões para se pensar isso, nunca tenha sido objetivo de nossos pastores o ” fazer qualquer progresso com as igrejas e comunidades eclesiásticas mais distantes doutrinalmente” visando a conversão desses, fazendo com que eles professem a genuína doutrina católica em sua clareza e integridade. Todos os gestos e ações das autoridades romanas nos fazem pensar que o protestantismo ou os cismáticos seriam uma outra forma da verdadeira religião cristã (algo condenado pelo syllabus) que mantem uma certa unidade com a Igreja Católica e que deveriamos nos unir professando o que temos em comum, ou seja, ora a divindade de Nosso Senhor, ora o Amor de Deus, sempre deixando de lado e ignorando os demais dogmas para a prática de um cristianismo liquido.

    Eles tem uma enorme dificuldade em professarem que ‘fora da Igreja Católica não há salvação’ e como ensina o syllabus, não se deve ‘esperar bem da salvação eterna daqueles todos que não vivem na verdadeira Igreja de Cristo’, pois só a ignorância invencível pode permitir que alguém fora da verdadeira Igreja seja salvo, desde que pratique a religião natural… Por isso um ‘proselitismo’ tão condenado por Francisco na Igreja do pré-concilio… É que eles empregavam todos os esforços possíveis para converterem infiéis, hereges, cismáticos, etc. pois sabiam que se esses não se convertessem, seus destinos eternos poderiam ser o pior possível…

    Há uma outra parte do texto que questiona se o vaticano irá esperar 500 ou mil anos para iniciar essa política adultera do ecumenismo com a sspx, mostrando toda a incoerência das autoridades. Quanto mais tempo uma ruptura fica sem ser curada, mais ela se firma. Isso para mim é claro. É o vaticano que está perdendo a oportunidade de regularizar a sspx e não a fraternidade que perdeu uma chance graças as ‘mãos estendidas’ de Bento XVI… porque não houve mão estendida coisíssima nenhuma… exigiu-se a adesão de doutrinas que em sua formulação e na prática das autoridades vaticanas,não estão em perfeita continuidade com a Tradição e o magistério anterior. A fraternidade recusou no passado e recusou no presente.

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  4. Não adianta fingir que o problema está aonde ele não está e a verdade é que o problema não está na FSSPX, se a Igreja Católica sediada em Roma se corrigir e seguir tudo aquilo que ela vem ensinando desde Cristo, passando pelos Papas e Santos desde então, cortando todas as baboseiras que alguns grupos vem tentando inserir nela, irá descobrir que subitamente a FSSPX deixou de representar qualquer problema ou ameaça e nada a separa da Igreja.
    Como o clero católico vem abandonando a doutrina do Cristo para seguir um humanismo barato de fundo de quintal, fenômeno totalmente inegável hoje em dia e facilmente verificável, irá considerar como problemático qualquer grupo que tentar ser genuinamente católico dentro da Igreja, se comportando como um organismo doente que busca destruir seus próprios anticorpos e portanto apressando o seu próprio falecimento, vide o caso dos Franciscanos da Imaculada.

    O bom médico é que aquele que logo no início da doença do paciente já a identifica e logo busca ministrar-lhe a cura correta, e o mau médico é que aquele que vê o paciente já as portas da morte, insiste em continuar com o tratamento desastroso sem mudança alguma e ainda lhe diz: Você nunca esteve tão bem quanto agora!

    Estou é claro falando de Dom Lefebvre e do Papa Francisco, que posso dizer? a verdade é a verdade…

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  5. O questionamento feito pelo Pe John mostra a sinuca de bico em que se meteram as autoridades da Santa Sé.

    Eu tambem, como fez Pedro Henrique, destaco aquele trecho do discurso do Pe John.

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  6. Pelo texto, percebe-se que o reverendíssimo sacerdote não está a par de tudo que aconteceu e acontece entre o Alto Clero Romano e a FSSPX, mas as observações dele são interessantes por tratar-se da visão de alguém que veio “de fora”.

    Entretanto, o que separa a FSSPX e o Alto Clero Romano é muito mais do que o que separa os cismáticos russos, por exemplo. Estes divergem em pontos da Doutrina e principalmente questões políticas, mas a FSSPX possui toda uma visão de mundo contrária ao preconizado em documentos do Concílio Vaticano II.

    Resumidamente, é impossível conciliar o Syllabus com o anti-Syllabus (Gaudium et Spes)!

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  7. Pedro Henrique,

    O Ecumenismo é o diálogo com as outras comunidades separadas da Igreja Católica, e é diferente de conversão. Eu acho que o ecumenismo é uma boa iniciativa do CVII na sua essência, porque só é possível passar para a conversão quando existe um diálogo. E para iniciar um diálogo, temos de partir de pontos comuns.
    Na prática, acho que o ecumenismo querido pelo CVII está a ser desvirtuado por quem o pratica, pois está-se a querer unir a àgua com o azeite, quando o foco deveria ser converter a àgua em azeite. Está-se a obscurecer verdades de fé católica em nome de uma união dos cristãos. Creio que não era este o ecumenismo idealizado pelos Padres Conciliares… Num diálogo ecuménico é preciso muita astucia e muita clareza em pontos doutrinais chave, mas o sucesso desse diálogo é sempre dado pelo Espírito Santo. Devemos crer firmemente nesta verdade e confiar no diálogo ecuménico sadio e verdadeiro.
    Relativamente à questão levantada pelo Padre e que o Pedro destacou, é uma questão pertinente. Não está a existir progresso nenhum nas relações Roma – FSSPX porque Roma está a perder a identidade católica no diálogo ecuménico! No lado oposto, nas relações Roma – Protestantes não está a existir nenhum progresso exatamente pelo mesmo motivo: não podemos converter um protestante se não apresentamos clareza na nossa própria Fé. Só a força da Verdade aliada à Fé do interlocutor pode operar uma conversão que, recorde-se, é sempre uma obra do Espírito Santo.
    Resumindo: sim, o ecumenismo na sua essência é uma coisa boa e louvável; não, o ecumenismo não está a ser bem conduzido quer com a FSSPX quer com os protestantes; o motivo do insucesso em ambos os casos é a perda de identidade católica no diálogo com ambas as partes. Isto é a minha honesta e falível opinião

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  8. A falha na argumentação é tratar Roma como se fosse a mesma Roma do passado.
    Se ela fosse a mesma Roma desses últimos 1960 anos, NÃO EXISTIRIAM os tradicionalistas, porque todos seriam simplesmente católicos sem nenhuma nomenclatura que os diferenciasse.

    Roma NÃO QUER MAIS a Tradição, ela criou uma nova igreja e uma nova fé, o que ela mesma ensinava é agora impiedosamente combatido e renegado.
    Roma sempre disse que é a única Igreja Verdadeira, fora da qual não há salvação. Ela permite esse ensinamento agora?
    O papado sempre foi uma monarquia, o clero atual aceita esta realidade?
    Não vou mais adentrar, porque poderia perguntar inúmeras coisas que são dogmas da Igreja e que hoje são negados por Roma.

    Este texto, por muito inteligente que for, pecou neste aspecto.

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    1. Bruno pergunta: O papado sempre foi uma monarquia, o clero atual aceita esta realidade?
      Respondo: Pode não obedecer como deveria, mas faz de suas paróquias pequenos reinos com direito a muita mordomia e súditos dispostos a tudo, mas tudo mesmo.

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  9. O Padre percebeu as contradições do ecumenismo.

    Diálogo é só com os hereges e cismáticos. Com os tradicionais, nunca. Farisaísmo puro. Qualquer criança pode perceber isso, menos os “grandes”.

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  10. FRATRES;
    Roma parecer ser muito compreensiva com os antigos “adversários”, com abraços, aproximações e muita simpatia.
    Porém, como brilhantemente ressaltado pelo Pe. Jhon, em relação à FSSPX, a situação é diferente e desconcertante.
    Atualmente, existem divisões internas na Fraternidade, o que parece “agradar” Roma, pois, uma parcela, em nome da “unidade” parece inclinar-se a “ceder em algumas coisas”…
    O momento, como bem sabemos, é propício para nossa Oração e penitência, suplicando ao Bom Deus, por intercessão do Imaculado e Doloroso Coração de Maria, que purifique Sua Igreja e que abrevie este tempo de triste noite da alma, que assola a nossa Santa Fé!
    FRATRES, rezemos e nos preparemos, porque, infelizmente, ao que tudo indica, coisas piores, muito piores virão por aí…
    Em união de Orações;

    Felipe e Helena Leão.

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  11. “Quanto à situação canônica, é sabido que Bento XVI tinha toda a intenção de regularizá-la sem impor nenhuma exigência (sic) ou condição (sic), do mesmo modo que ele fez com a anulação das excomunhões”.

    Meu Deus do céu, em que planeta esta senhorita mora?

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  12. “A Indústria católica de ecumenismo moderna não grita para o mundo ortodoxo [sic] “Vocês têm que aceitar cada palavra dos Decretos de Florença e o Magistério pós-florentino inteiro”. Ou, se faz, fá-lo silenciosamente demais para que eu possa ouvir. ”

    E precisa? Nem mesmo os Cismáticos Ortodoxos acreditam na honestidade dos ecumenistas de Roma e continuam inflexíveis em suas posições.
    Engana-se o Católico que acredita nessa mentira de que Católicos Ortodoxos estão recebendo com alegria essa “mão- estendida” da Igreja Conciliar. Aqui está um claro exemplo da posição e da opinião dos Ortodoxos a respeito do Ecumenismo Pós- Conciliar que eu tive o cuidado de traduzir:

    http://myorthodoxjourney.blogspot.ca

    “Os Católicos Romanos ecumenistas parecem convenientemente ignorar o fato de que ainda existem muitos e sérios pontos de desacordo doutrinal entre eles e a Comunhão de Igrejas Ortodoxas. Eles se comportam como num relacionamento em que houve um rompimento e uma das partes continua insistindo que eles ainda são um casal embora a outra parte reafirme claramente que não. É triste ver Católicos em foruns de internet, em igrejas, em encontros ecumênicos propagando o absoluto mito de que não existem maiores desacordos. Isto é simplesmente ridículo.
    Eu vou direcioná-los para o blog da minha amiga Anastásia onde ela recorda um incidente no qual um Católico Romano durante um encontro ecumênico se levantou e fez essa falsa declaração, cuja resposta dada por ela vale a pena ser lida. ( Postei a tradução mais abaixo)

    http://anastasias-corner.blogspot.ca/2014/01/some-major-differences-in-catholic-and.html

    Ela pergunta como é possível um real diálogo com a Igreja Católica Romana que sabe muito bem que sair por aí dizendo que não existe desacordo doutrinal entre Roma e os Ortodoxos é inequivocadamente falso. A resposta é simples: “nós não podemos e não devemos”.
    Se os Católicos Romanos não querem ser honestos pra admitir o fato de que ainda existem sérias divisões, eles estão usando no mínimo de má-fé.
    A questão que se levanta é por que eles agem dessa forma? Eles não podem alegar ignorancia porque acredito que estão sendo ativamente instruídos por seu clero e hierarquia.
    Eu acredito que os Católicos Romanos agem dessa forma porque eles sabem bem que sua crença está totalmente sujeita ao Papa o qual julgam possuir primado universal sobre a Doutrina. E isso é anathema para nós Ortodoxos.
    Eles não podem insistir nesse ponto pois caso contrario o diálogo imediatamente se encerraria.
    Então eles vão continuar negando a existencia de diferenças na esperança de manter o diálogo aceso até o momento em que a tinta ainda estiver fresca na assinatura de um documento que indique “comunhão-plena”. Aí então algum Cardeal saltará pra fora do bolo gritando:
    _ Vocês são papistas agora.
    Diálogo só funciona quando uma das partes se aproxima da mesa de negociaçao com absoluta honestidade. Infelizmente os Católicos Romanos não estão sendo honestos e quando são flagrados em sua desonestidade se fazem de desentendidos.”

    *********************************

    E aqui mais abaixo a tradução do link da Ortodoxa Anastasia Theodoridis:

    “Sexta-feira, 17 janeiro, 2014

    Algumas diferenças importante entre a Doutrina Católica Romana e Doutrina Ortodoxa:

    Ontem à noite, em nosso grupo de discussão ecumênica, eu mais uma vez ouvi um Católico Romano dizendo que depois de tudo, não temos diferenças teológicas significativas. A muitos católicos, se não for a maioria, estão ensinando isso. É falso e eu achei que seria útil mostrar, de forma muito resumida o por que. Então, aqui estão apenas algumas das principais diferenças.

    Nós Ortodoxos negamos a alegação de supremacia papal, a não ser num sentido honorário. ( Nossos patriarcas em nenhum sentido tem a intenção de agir como papas rivais e nem foram ensinados a agir assim). Vocês Católicos não considerariam isso como uma diferença insignificante , não é?

    Negamos a alegação de infalibilidade papal. Estas duas negações não são meras objeções isoladas. Como se tais negações não fossem algo em si mesmo grande, elas também refletem toda uma eclesiologia diferente ( doutrina da Igreja ) . Nós diferimos sobre o que é a Igreja , como ela opera, como ela é governada e o papel que ela desempenha em nossas vidas. Isso é pouca diferença ?

    Opomo-nos à Doutrina do Filioque . Normalmente, este item parece coisa de pessoas obtusas, arcaicas, ligadas a picuinhas doutrinárias, mas suas conseqüências são reais, profundas e de longo alcance . O Filioque é construído sobre toda uma triadologia diferente ( doutrina da Santíssima Trindade) da Ortodoxa. Isso significa que temos dois entendimentos diferentes de quem Deus é, o que não é pouca coisa em si, mas que por sua vez resulta em dois diferentes e conflitantes pontos na vida devocional. A doutrina do Filioque provoca também, do ponto de vista Ortodoxo, as implicações eclesiológicas erradas .
    ” Palamismo “, para usar o termo pejorativo dos Católicos, também nos divide. O que São Gregório Palamas estava defendendo tão vigorosamente, era o fato de que um Católico pode e tem uma experiência direta e pessoal de Deus, um ponto claramente negado pelo Escolasticismo. Obviamente que esse não é um assunto trivial, mas é apenas mais uma das implicações do que São Gregório Palamas defendeu. Uma vez eu fiz uma lista de razões importantes pra não se ter diálogo com Católicos, e se bem me lembro, havia 13 itens nela .

    Espero que isto seja o suficiente para mostrar que o sistema inteiro está em desacordo e em jogo no nosso diálogo católico-ortodoxo . Mas há mais, muito mais . Esta manhã eu peguei o Catecismo da Igreja Católica e cinco vezes abri uma página aleatória para achar ali pelo menos cinco vezes alguma divergência do ensino Ortodoxo. O Novo Catecismo da Igreja Católica está totalmente errado quando afirma : “Com as Igrejas ortodoxas , esta comunhão [ com os católicos ] é tão profunda ” que falta muito pouco para atingir a plenitude que permitiria uma celebração comum da Eucaristia do Senhor. ” ( 838 )

    Isto está muito longe de ser verdade e o que realmente me incomoda (e a outros Cristãos Ortodoxos , você pode ter certeza ) é que apesar de estar cheia de estudiosos, acadêmicos informados, inteligentes e sofisticados, Roma insiste em espalhar essa falsidade. Como é que vamos ter qualquer diálogo real diante disso ?”
    POSTADO POR ANASTASIA THEODORIDIS

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  13. Os modernistas, os piores inimigos da Santa Igreja, fizeram propósito de permanecer no seio da Santa Igreja, esperando uma hora azada para levantarem a cabeça. Desde o Concílio Vaticano II conseguiram seu intento; e talvez mais do que imaginavam: tomar os mais altos postos da Santa Igreja. A partir daí não temos dificuldade em entender porque os Tradicionalistas, os verdadeiros católicos, são relegados e perseguidos e para eles não há “ecumenismo”. Pois, na verdade, os modernistas têm ódio à Tradição, e ecumenismo para eles é aceitar como meios de salvação todas as religiões. Como para os comunistas, a Religião Católica é o ópio do povo, assim para os modernistas é-o a Tradição. . Mas a Igreja é divina. Esta crise passará e então os verdadeiros católicos serão recebidos de braços abertos, e os modernistas que não quiserem se converter, serão anatematizados. Nosso Divino Mestre disse: “Ó pequeno rebanho, tem confiança, porque eu venci o mundo”. Nossa Senhora disse: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará”. Ouso dizer que a Igreja nunca esteve tão bem para os modernistas, mas que, no Reinado do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria Santíssima, a Santa Madre Igreja nunca estará tão bem para os verdadeiros católicos. Mas não esqueçamos que Jesus Cristo espera o nosso testemunho.

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  14. Sr. Francisco de Mello e Silva,
    Cristo prometeu que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Mas, Ele não disse que as mesmas portas infernais não tentariam prevalecer.
    Cristo também não prometeu infalibilidade total e absoluta a São Pedro e a seus sucessores (o Concílio Vaticano I, de 1870, dá as condições especificas em que essa infalibilidade é exercida).
    Se não fosse assim, São Pedro (o primeiro Papa), já sendo Papa, não teria negado Cristo tres vezes e nem teria errado com relação à circuncisão, ao evitar os cristãos não-circuncidados, fato este que lhe valeu uma dura reprimenda dada por São Paulo (pois a conduta de São Pedro – a conduta do Papa – era repreensivel – ver carta aos Galatas).
    Se não fosse assim, a Igreja não teria ficado por cinqüenta anos sufocada pela heresia ariana, que seduziu grande parte do clero, enquanto os padres fieis ‘a doutrina verdadeira foram chamados de hereges e cismaticos. Por um tempo, a heresia pareceu ganhar.
    Portanto, Sr. Francisco de Mello e Silva, o erro tenta prevalecer no interior mesmo da Igreja. Ha ocasioes em que cresce, seduz pessoas de alta posição na Hierarquia. Pretende ganhar almas, para perde-las; pretende vencer. E, as vezes, parece mesmo ter vencido.
    Mas, a negação de S. Pedro não prevaleceu, e nem seu erro com relação à circuncisão.
    Tambem não prevaleceu o arianismo. Pareceu vencer, mas no final foi derrotado.
    Como tambem não prevalecera’ o cativeiro modernista que ora vivemos.
    Prevalece e prevalecera’ sempre a Palavra do Salvador, que não passa.
    O senhor, Sr. Francisco de Melo e Silva, com ar de indignação, pergunta ao Sr. Thomas: “Vc crê na Igreja Católica ou na FSSPX?”
    Essa pergunta (o senhor me desculpe), ou é ingênua ou é bem maliciosa. A doutrina que a Fraternidade São Pio X defende não é dela. Não existe doutrina da Fraternidade São Pio X. O que ela defende é a doutrina que a Santa Igreja Católica sempre defendeu e propagou, a qual se encontra em seus catecismos, em seus Concilios infaliveis e em documentos importantes de alcance universal. O senhor não conhece esses documentos? Se não conhece, procure conhece-los.
    E e’ um fato – dolorosissimo – que desde o Concílio Vaticano II as autoridades da Igreja, a começar pelo proprio Papa, professam idéias e praticam atos já condenados pelo Magisterio dos Papas precedentes. O senhor não percebe isso? O senhor desconhece tudo isso? Nunca leu a respeito?
    O senhor não sabe, por exemplo, o que ocorreu no primeiro encontro ecumenico de Assis em 1986? Ou o senhor acha que o Papa foi iluminado por Deus quando deixou colocarem uma imagem de Buda em cima do Sacrario? Ou quando o Papa não quis a entrada da estatua de Nossa Senhora para não ofender os protestantes? Ou quando o Papa, so’ ao fazer aquele encontro, deu a entender (talvez não intencionalmente) a todo o mundo catolico que a Igreja nao era mais necessaria ‘a salvação? O Cardeal Ratzinger reconheceu a ruptura quando afirmou que a “Gaudium et Spes” era uma espécie de anti-Syllabus, contrapondo-se a esse importante documento. O Syllabus condena o ecumenismo.
    O senhor conhece o “Syllabus”, do bem-aventurado Pio IX? E’ um documento muito odiado pela modernidade. Se não conhece, procure conhece-lo. Depois, compare-o com a “Gaudium et Spes” e veja a diferenca.
    Leia depois – se ainda não a conhece – a enciclica “Mortalium Animos”, de Pio XI, que condena o ecumenismo. E a seguir compare com o documento conciliar sobre a unidade dos cristãos e com a pratica que se seguiu depois.
    Vera’ que a diferenca e’ um verdadeiro abismo.
    Quem quiser optar pelas novidades (que, alem de ja condenadas pelos Papas no passado, estão demolindo a Igreja) fique ‘a vontade. Mas, aos que optarem pelo Magisterio de sempre, pelo Magisterio de antes do Vaticano II, por favor, Sr. Francisco de Mello e Silva, não va’ perguntar-lhes: “voces acreditam na Igreja ou na Fraternidade São Pio X?” Pois uma tal pergunta – repito – ou e’ ingenua ou e’ bem maliciosa.

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    1. Segundo sua tese, Roma vem ensinando após o Vaticano II erros e doutrinas estranhas. Se isso fosse verdade as portas do Inferno já teriam prevalecido sobre a Igreja pois Cristo garantiu para sua noiva a infalibilidade e a inerrância em questões de Fé (doutrinárias) e moral. A I Igreja errou e caiu em apostasia? Impossível, pois o Espírito Santo não erra nem comete enganos! Existe uma velha máxima que diz: “Onde está Pedro, aí está a Igreja”. Pedro por acaso está na FSSPX? Devemos como Católicos obedecer ao Papa ou a Dom Fellay? A Cátedra de Pedro foi transferida de Roma para Econe na Suiça? Não é necessário ser um pós-doutor em doutrina católica para responder essas perguntas e constatar quem está no erro.

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    2. Francisco de Mello fez uma tréplica que na verdade não responde, pois ignorou a réplica escrita pelo J. Marques.

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    3. Francisco de Mello e Silva, olhe para sua volta. Você vê católicos sendo realmente católicos? Você vê a Doutrina Católica em sua integralidade sendo pregada em algum lugar? Se sim, você não sabe a sorte que tem, porque onde quer que eu vá, só tem padres ou da TL ou da RCC, que mudam a Doutrina e Liturgia a favor das modas que seguem, e isso não é a Igreja Católica, que não é vencida pelo mundo, pelas modas do mundo, porque a Igreja Católica antes vence o mundo e suas modas. E progressivamente a igreja que segue o mundo, que anda com o mundo, é absorvida pelo mundo, é corrompida, é vencida, cai e não leva mais ninguém à Salvação; é uma igreja que abandona o que o Espírito Santo diz, pelo que o mundo quer ouvir (substitui Éfeso, Calcedônia, Trento, Vaticano I, por Vaticano II).

      No momento que a Igreja muda o que não se deve mudar para agradar ao mundo (e ao inferno, pois o mundo jaz no maligno, como diz a Bíblia), a Igreja deixa de vencer o mundo. Você, Francisco, não percebe? Cristo, mesmo sendo crucificado, venceu o mundo, não foi corrompido pelo espírito do mundo, as portas do inferno, sobre Ele, não prevaleceram, e Ele não agradou ao mundo: Ele foi odiado, porque o mundo e suas coisas são passageiras, já Cristo tem palavras de vida eterna. A Igreja é o Corpo de Cristo, Cristo é a Cabeça e os católicos os Seus membros, e num Corpo saudável, o que a Cabeça manda, o Corpo obedece, e se a Cabeça não serve ao mundo, isto é, não muda segundo o mundo quer que mude, o Corpo também não serve ao mundo, a Igreja não muda o que é de Deus para agradar ao que é do mundo. O Corpo hoje não está saudável, enquanto alguns membros obedecem à Cabeça, outros, a maioria, só obedece ao que lhes convêm, se revoltam contra a Cabeça, e é
      evidente. Será que Cristo e o Corpo saudável de Cristo, a Igreja sem a doença do modernismo, permitiriam que o herege van Balen continuasse se chamando católico e ainda profanasse uma igreja e a missa?

      Pense um pouco, a Igreja não tem modas, Jesus é sempre o mesmo, como disse Nossa Senhora de Fátima!

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  15. Pelo que se vê hoje, não é bom que a FSSPX faça acordo com Roma, não enquanto o Vaticano II não for invalidado, porque hoje já é mais do que óbvio a via terrível que a Igreja trilha seguindo esse concílio.

    Percebam que na igreja do concílio, se concede a Missa Tradicional para os poucos que a preferirem (e a procurarem com muito esforço) e missas carismáticas (e até heréticas como as do frei Van Balen) para os muitos que gostam de novidades e modas. Ora, eu pesquisando sobre outras religiões, como o judaísmo depois de Cristo, o anglicanismo, o luteranismo, metodismo, islamismo, etc. verifiquei a mesma coisa: todas têm grupos mais fiéis aos princípios de suas seitas e outros mais audazes, revolucionários, de vanguarda… O relativismo presente nessas religiões, como é evidente, contaminou oficialmente a Igreja Católica desde o concílio Vaticano II, que escandalizou os fiéis e levou muitos à perdição ao mundanizar a Igreja, a rebaixando ao patamar das modas, das outras religiões do mundo, que mudam com as modas!

    A Igreja Católica não segue modas, é uma só, não muda no que é essencial, e a evangelização, a Missa, a doutrina são essenciais.

    O mundo erra e como um reino dividido terá fim, como as outras religiões que são do mundo também divididas entre si pelos muitos pensamentos humanos também têm um fim, não são eternas; e se a Igreja aproxima-se e quer assemelhar-se com este mundo, a Igreja sacrifica sua infalibilidade e incorruptibilidade. E em troca de quê? De divisões, de relativismo, de preguiça pela busca da verdade, de abominações diante de Deus, como nos últimos 50 anos os católicos, como os protestantes há 500 anos e os judeus há 2000 anos, veem. Por quê? Porque se afastaram da verdade, do que Deus havia revelado como certo e foram inventar coisas humanas, falíveis e caducas!

    Todas as falsas religiões começam a ruir quando se dividem em partidos e quando os errados não admitem o erro e não voltam-se para o que é certo. Os judeus têm a coragem de dizer que é a religião de Moisés, que a religião mostrada no Pentateuco? Os anglicanos, luteranos e outros protestantes têm ainda a coragem de dizer que são cristãos, se estão todos divididos e os valores cristãos estão cada vez mais vilipendiados, mesmo com sempre mais aparecendo seitas se dizendo cristãs?

    Nossa Senhora em Fátima disse palavras que só admitem uma interpretação:

    “Hão de vir umas modas que hão de ofender muito a nosso Senhor.

    As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo.”

    Minha queixa contra a FSSPX é que na minha cidade ela não está, porque erro doutrinário eu não vejo nela!

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    1. O islamismo não é bem uma religião que segue a moda, mas é pior, é como se alguns inventassem a própria moda, e numa religião violenta isso é perigoso. O islamismo não tem mais um líder universal, que mantenha a ordem entre todos os membros, o que permite que radicais, cada vez em maior número, partam para violência, e que outros distorçam sua doutrina, modernizando-a para fazer propaganda aos ignorantes. Há divisões, como em todas as religiões falsas, e mesmo se ainda tivesse algum líder, seria para o erro. A soberba dos homens não suporta servir a líderes por muito tempo, e se tiver a oportunidade destrói o líder que está no poder.

      Mas a Igreja Católica tem um papa, um líder visível, então não tem divisões… dizem uns. Se o papa ainda agisse como o Papa, condenando prontamente os erros e punindo os hereges para defender e confortar os cristãos, ninguém de BOA VONTADE ficaria escandalizado para se dividir.

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  16. “rezemos e nos preparemos, porque, infelizmente, ao que tudo indica, coisas piores, muito piores virão por aí…”

    Amém!

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  17. Caríssimos Irmãos e Sr. G. M. Ferretti,

    Vou traduzir aqui um pequeno artigo saído ontem no Rorate Caeli, no qual se descreve um trecho de uma entrevista de Dom Gerhard Müller a Kathweb.

    Vide KathWeb http://www.kathpress.co.at/site/nachrichten/database/60545.html
    Vide Rorate Caeli http://rorate-caeli.blogspot.com/2014/02/cdf-prefect-muller-door-remains-open.html

    Eis o artigo:

    [Início]

    Em uma entrevista concedida à agência católica de notícias austríaca KathPress, o arcebispo Gerhard Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, refuta acusações de ser um “oponente conservador” do Papa Francisco. Isso deve ser claro, obviamente, tendo em vista que Müller foi um dos primeiros a ser confirmado no cargo de prefeito pelo novo Pontífice (Francisco não é daqueles que escondem sua vontade, como ele mesmo provou na não confirmação do Cardeal Piacenza como Prefeito do Clero).

    Entre muitas confirmações de afirmações feitas por ele nos últimos meses, Müller igualmente diz o seguinte:

    “O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé confirma que uma reconciliação com a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X é possível. A Congregação tinha apresentado um preâmbulo dogmático claro [a FSSPX]. ‘A porta está aberta, e não fechada’, diz Müller. ‘Não há entradas escondidas’. A Congregação segue com os esforços de unificação ‘com perseverança e firmeza’, assim como foi convocada pelo Papa Francisco”.

    Quiçá os três Bispos da FSSPX poderiam ser convidados para um simples almoço na Casa de Santa Marta?

    [Fim do Artigo]
    ____

    Um final de semana abençoado para todos.
    Per christum Dóminum nostrum.

    PS. Traduzi de primeira, ou seja, pode haver imperfeições, mas acredito que é suficiente para o entendimento.

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  18. Francisco de Mello e Silva, nenhum católico diz que Pedro não está em Roma. Católicos dizem que onde está Pedro aí está a Igreja, e Pedro não é só Francisco e Paulo VI, mas também Pio XII, São Pio XI, Leão XIII, Pio IX, e todos os Papas que não se curvaram às modas do mundo, mas somente se curvaram para Cristo. Pedro não pode contradizer Pedro, e lendo, por exemplo, a exortação Evangelii Gaudium e a Encíclica Pascendi Dominici Gregis, não se pode conceber algo diferente de que Pedro está confrontando Pedro e mudando o que Pedro sempre disse guiado por Deus, porque o que a Pascendi Dominici Gregis condena, o modernismo, a Evangelii Gaudium pratica jubilosamente.

    Então vem a pergunta: será que Pedro está convertido e conforta os seus irmão na Fé Católica, ou ainda é Simão necessitando de oração para que satanás não o joeire como trigo? (Lucas 22,32: Simão, Simão, eis que satanás vos busca com instância para vos joeirar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, conforta os teus irmãos.)

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    1. Mais uma correção que faço a um comentário meu… Peço desculpas à moderação.

      É São Pio X, não “São Pio XI”

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    2. Por incrível que pareça vc usou os mesmos argumentos de Lutero ( com as devidas atualizações, é claro) quando compareceu a Dieta de Worms para defender o Credo Luterano diante do Imperador apontando os erros e contradições do magistério da Igreja Romana frente aquilo que ele achava que as Escrituras ensinavam . Não foi a toa que D. Muller comparou os lefebvristas aos luteranos pois os argumentos usados pelos dois grupos cismáticos são idênticos. Um dos sinais para se descobrir onde está a Igreja é descobrir onde está Pedro. Pedro são todos os Papas , e não apenas aqueles que falam o que está de acordo meu pensamento: isso é questão de Fé, pois nós católicos sabemos que o Papa é guiado e escolhido pelo Espírito Santo para governar a Igreja. E já que Pedro não está em Econe mas continua em Roma é ali na cidade eterna que está a Igreja.
      E se vc acha que Pedro contradiz Pedro, o erro não está em Pedro, mas na interpretação incorreta daquilo que Pedro diz (livre exame do magistério eclesiástico – mais uma semelhança entre luteranos e lefebvristas), pois o Espírito Santo não se contradiz ou erra.

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    3. O Espírito Santo não se contradiz nem erra, isto é correto, é o âmago da questão. Olhe o que o Espírito Santo disse entre o século I e a primeira metade do século XX pelos Papas e compare com o que os papas depois do concílio disserem; aí você, Francisco de Mello e Silva, verá quem está próximo de Lutero. Em XVI séculos o Espírito Santo conduziu a Igreja, e Lutero não aceitou o que o Espírito Santo, prometido por Cristo, operava na Igreja. Em XX séculos, o Espírito Santo não se contradisse nem errou, continuou conduzindo a Igreja, mas modernistas não aceitaram tal condução, e modificaram a Igreja. Tanto a igreja de Lutero como a igreja dos modernistas, abandonando o poder do Espírito Santo e entregando-se aos pensamentos humanos, em vez de crescerem, se desfragmentaram e levaram milhões à apostasia, a voltarem ao paganismo e à perdição.

      Ou vai dizer que foi o Espírito Santo que conduziu os protestantes e a igreja do Vaticano II a ensinar coisas erradas aos fiéis e a perdê-los para o mundo? Cuidado que pecar contra o Espírito Santo não tem perdão para Deus!

      Porque é óbvio que a FSSPX está defendendo a Igreja Católica e o Espírito Santo justamente dos argumentos de Lutero, que negam que a Igreja Católica tem o Espírito de Cristo, o que seduz muitos soberbos e os leva à apostasia, e Francisco de Mello e Silva diz que é o contrário…

      O que Lutero dizia? Dizia que o Papa não representava Cristo, dizia que a Igreja Católica mentia e não tinha o Espírito Santo, etc. Inventou sua igreja, que hoje aceita “casamento” homossexual, aborto, “sacerdócio” feminino e tudo que hoje os progressistas querem que a Igreja Católica aceite, porque para eles, usando os argumentos de Lutero, a Igreja é uma invenção humana, para eles Cristo não fundou uma Igreja; logo a Igreja é comandada por homens e para os homens, então pode-se permitir tudo – é claro, aos poucos.

      A FSSPX, como Igreja Católica, repetindo o que a Igreja Católica disse contra a absurda doutrina de Lutero, é contra justamente a protestantização da Igreja Católica, contra a autossuficiência dos que agora dirigem a Igreja Católica, a transformando numa outra igreja de Lutero. Se uma pessoa não percebe isto, que é evidente hoje mais do que nunca, ou é uma pessoa de inteligência muito débil, ou uma pessoa que quer a destruição da Igreja de Cristo.

      O Papa não é o líder da Igreja por si, é o Vigário de Cristo, é a cabeça visível da Igreja, não é a Igreja nem a Cabeça Universal da Igreja. A Cabeça da Igreja é Cristo, a Cabeça dos Papas é Cristo. Se um papa passa a ignorar ou a adulterar o Evangelho de Cristo, este papa é um impostor, alguém que por arrogância quer usurpar o poder de Cristo. A Igreja é de Cristo, não do Papa, o Papa que é da Igreja e de Cristo, é o servo dos servos de Deus. O Evangelho de Cristo não é infrutífero nem leva ninguém a perder a fé, ao contrário, como a Igreja desde o século I prova ao converter tantos a Palavra do Senhor Jesus. Mas o Evangelho adulterado, como o protestantismo e o modernismo infiltrado na Igreja adulteraram, só engana as pessoas e as faz apostatarem, como o mundo inteiro é testemunha.

      Veja os frutos, Francisco. Quantos santos a Igreja Católica formou entre o século I e o XVI? E quantos santos a mesma Igreja Católica formou entre o séculos XVI e XX? Muitíssimos, sempre mais nos dois períodos, como frutos do verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, suas obras não deixam mentir. Agora, quantos santos o protestantismo formou desde o século XVI? O protestantismo nem considera os santos, mas pelas obras deles, podemos ver que não formaram muitos: hoje nos países protestantes nem fé em Cristo eles têm, eles sequer creem que Jesus existiu! Quantos santos também a igreja do Vaticano II formou? Evidente que o tempo de aplicação é pouco se comparado aos outros exemplos, porém os frutos do Evangelho adulterado já são mais do que claros: milhões perderam a fé, milhões aceitam abominações diante de Deus e milhões, como os protestantes, já não creem nem mais em Cristo sinceramente!

      Creio que o senhor Francisco de Mello e Silva esteja brincando… espero que o senhor Francisco só esteja brincando para o bem de sua alma!

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  19. Acredito que o status quo da FSSPX não consista numa mera irregularidade canônica, pois a Fraternidade tem poder pleno de autogoverno e seus comandos independem de sanção externa. A FSSPX é independente, soberana externa e internamente em suas decisões, tem seu próprio regulamento jurídico e seus membros elegem o Superior Geral conforme as normas próprias da fraternidade. Talvez a fraternidade enquadre-se na definição de “Igrejas particulares” que não estão em perfeita comunhão com a Igreja Católica, na definição que o então Cardeal Ratzinger fazia referência na Constituição Dominus Iesus, quando que era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé…

    A FSSPX, porém, que a meu ver, igualmente NÃO é cismática, sequer herética, incorre numa situação SUI GENERIS. Como disseram, de fato a “imensa riqueza espiritual” da fraternidade, na verdade é patrimônio da Santa Madre Igreja… O próprio venerável Lefebvre dizia: Tradidi quod et accepi, isto é, literalmente, apenas transmitiu o que recebeu. Quanto ao suposto cisma, numa interpretação teleológica/finalística dos elementos caracterizadores do instituto, há que se considerar que a recusa de sujeição da FSSPX ao Pontífice Romano Francisco não tem fim em si própria, como uma mera insubordinação que pretende subverter o escalonamento hierárquico da Igreja, mas ampara-se no estado de necessidade de fato/putativo de insubordinação que tem o fito de preservar de máculas a doutrina católica, o que descaracteriza definitivamente o elemento subjetivo do instituto, o animus de provocar o cisma por obstinada rejeição da doutrina da jurisdição universal do Romano Pontífice.

    Em todo caso, as sucessivas exortações de natureza ecumênica da Igreja aos clérigos não trazem restrições para a fraternidade: “Proceda” [o bispo] “com humanidade e caridade para com os irmãos que não se encontram em plena comunhão com a Igreja católica, fomentando ainda o ecumenismo, tal como a Igreja o entende.” Cân. 383, § 3, Código de Direito Canônico.

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  20. Sr. Francisco de Mello e Silva,

    O senhor me diz:
    “Segundo sua tese, Roma vem ensinando após o Vaticano II erros e doutrinas estranhas”.
    Não, senhor. Segundo “minha tese”, não.
    Segundo os fatos. São os fatos que mostram isso.
    É fato que altas autoridades da Igreja, desde o pós-Concílio Vaticano II, ensinam e praticam coisas já condenadas pela própria Igreja no passado. Essa é a raíz da crise e da confusão geral.
    Permita-me, por favor, responder a alguns sofismas presentes na sua resposta (que podem até não ser intencionais, mas lá estão).

    1o sofisma: a idéia de que o erro já prevaleceu só pelo fato de existir e se espalhar entre membros da Igreja por determinado tempo.
    Para o senhor, se “Roma vem ensinando após o Vaticano II erros e doutrinas estranhas”, isso significaria que “as portas do Inferno já teriam prevalecido sobre a Igreja.”
    Isso é falso. O erro (no caso presente a heresia modernista), pelo fato de estar espalhado, sendo defendido até por membros da alta Hierarquia, não prevaleceu. A guerra contra tais erros não acabou, Sr. Francisco. O senhor não compreende isso? Ou finge que não compreende?
    Para o senhor, o fato de um erro existir e se espalhar entre os membros da Igreja significa que ele já prevaleceu.
    Assim, São Paulo devia ter ficado com a boca calada e pensado: “se eu disser que Pedro está errado, estou reconhecendo que o erro prevaleceu e, portanto, a promessa de Cristo foi falsa”.
    Mas, São Paulo não pensou assim. E resistiu a São Pedro, cujo comportamento era repreensível.
    Então, das duas uma: ou erro de São Pedro em relação à circuncisão virou verdade só porque foi defendido por ele (que era o Papa); ou, então, continuou sendo erro. Se continuou sendo erro, então, na concepção do senhor, o erro prevaleceu. E se prevaleceu, a promessa de Cristo é falsa. Logo, a Igreja não seria divina.
    A mesma coisa teria acontecido no período da crise ariana. Ou o arianismo teria virado verdade de Fé por ter sido abraçado por boa parte do clero da Igreja (e até favorecido por um credo ambíguo aprovado pelo Papa Libério), ou, então, o arianismo continuou sendo erro. Se continuou sendo erro (e é claro que continuou sendo), na concepção do senhor ele prevaleceu só porque chegou a se espalhar entre o clero. E se prevaleceu, então é falsa a promessa de Cristo de que as portas do inferno não prevaleceriam sobre a Igreja.
    Viu aonde leva seu raciocínio?
    Veja bem: o senhor não levantou esses exemplos. Estou apenas aplicando seu raciocinio a eles.

    2o sofisma: atribuir infalibilidade a ensinamentos não infalíveis.
    O senhor diz: “pois Cristo garantiu para sua noiva a infalibilidade e a inerrância em questões de Fé (doutrinárias) e moral”. (melhor seria dizer “à Sua esposa”). Está correto. Porém, o senhor erra ao aplicar essa frase às novidades do Concílio Vaticano II, que não são infalíveis (não só isso, mas elas já foram condenadas pelos Papas anteriores). A resposta do Cardeal Péricles Felice aos padres conciliares diz claramente que tais novidades deveriam ser recebidas com reservas. Ora, o que deve ser recebido com reservas não é infalível. O senhor não conhece a doutrina do Concílio Vaticano I, de 1870, sobre a infalibilidade do Papa? Dê-se, ao menos, o trabalho de lê-lo. Pois o senhor aceita e professa uma infalibilidade total e absoluta do Papa fora das condições estabelecidas, e isso vai contra o ensinamento da Igreja, que diz que o Papa só é infalível em determinadas condições. Ele não tem poder de mudar a doutrina a seu bel-prazer.
    Repetindo o que lhe disse ontem: Nosso Senhor Jesus Cristo não quis dar infalibilidade absoluta ao Seu Vigário na Terra, e isso decorre claramente das Sagradas Escrituras e da doutrina da Igreja.

    3o sofisma: confundir a Igreja com os membros da Igreja.
    O senhor diz: “A I Igreja errou e caiu em apostasia?” Por favor, sr. Francisco de Mello e Silva, não confunda a Igreja com os membros da Igreja. São duas realidades diferentes. A Igreja (Corpo Místico de Cristo) não cai em apostasia, não erra e nem peca. Mas seus membros, leigos, religiosos, clero não só têm seus pecados como pode acontecer, infelizmente, de professarem erros, de aderirem a heresias e de cairem em apostasia. O senhor nunca ouviu falar das declarações do Cardeal Mario Luiggi Ciappi (teólogo pessoal de João Paulo II), segundo o qual o Terceiro Segredo de Fátima falava que a grande apostasia começaria no topo da Igreja? Apostasia levada a cabo por membros da alta Hierarquia Eclesiástica. Foi um Cardeal que falou isso.

    4o sofisma: atribuir ao Espírito Santo ensinamentos que não vieram dele.
    O senhor afirma: “Impossível, pois o Espírito Santo não erra nem comete enganos!” Sim, o Espírito Santo não erra e nem pode errar. Mas, o senhor esquece novamente que a doutrina do Espírito Santo é só aquela declarada de forma infalível pela Igreja – aquela que a Igreja manda crer com Fé divina, declarando anátema quem disser o contrário. Esqueceu também que essa infalibilidade não alcança as novidades do Vaticano II. Além do mais continuo crendo que aquilo que a Igreja, assistida pelo Espírito Santo, condenou como erro no passado, continua sendo erro. Aliás, diga-me: o Espírito Santo muda de idéia? O Espírito Santo modifica doutrina? Como pode o Espírito Santo condenar o ecumenismo, a colegialidade e a liberdade religiosa, e depois o mesmo Espírito Santo exaltar essas mesmas doutrinas e mandar praticá-las? Foi o Espírito Santo quem falou nos dois casos? Foi o Espírito Santo quem mudou de idéia? Se Ele muda, então uma coisa que foi pecado antes pode deixar de ser pecado amanhã.

    5o sofisma: a idéia de que concordar com a FSSPX é colocar-se contra a Igreja ou fundar uma outra igreja.
    Já lhe disse que a Fraternidade São PIo X não tem doutrina própria. Ela defende o que a Igreja sempre ensinou e que se encontra nos catecismos e nos ensinamentos dos Concílios infalíveis e em documentos solenes.
    E quem disse que Pedro está na FSSPX? Quem disse que a Cátedra de Pedro foi transferida de Roma para Econe na Suiça? Ninguém está dizendo isso, Sr. Francisco de Mello e Silva.
    O Papa chama-se Francisco. Ele é o sucessor atual de São Pedro. Não discutimos isso. Mas mesmo o fato de ser ele o Papa, não o impediu, por exemplo, de dar declarações desastrosas à imprensa, declarações que são repetidas em todo o mundo por quem é contra a doutrina católica.
    Sua Santidade, sem querer talvez, acabou dando munição aos inimigos da Igreja.
    Dom Fellay (e ele não foi o único) criticou o que o Papa falou.
    E nem por isso iremos dizer que Dom Fellay agora é Papa. O Papa permanece sendo Francisco.
    São Paulo, por ter repreendido São Pedro, não pretendeu usurpar o ofício de Papa. Pelo contrário: ele queria ajudar o Papa, e o ajudou. E a Sagrada Escritura testemunha que o Papa (São Pedro) estava errado, tanto assim que aceitou a reprimenda de São Paulo e se corrigiu depois.
    Talvez o senhor prefira não acreditar nas Escrituras.
    “Devemos como Católicos obedecer ao Papa ou a Dom Fellay?”
    Que pergunta mais capciosa, Sr. Francisco de Mello e Silva! Devemos obediência não só ao Papa, pois é ele – e não a Fraternidade São Pio X – quem governa a Igreja. Mas, devemos obediência também a toda a doutrina da Igreja (que está na Bíblia, na Tradição Apostólica, em seus Concílios infalíveis, em seus catecismos), ao que foi confiado desde o início para formar o Depósito da Fé. Até o Papa deve obediência a esses ensinamentos, que ele jurou manter e propagar e não tem a autoridade de modificar.
    E se um Papa defender erros (coisa que o senhor acha impossível), o que fazer?
    Foi um santo, São Vicente de Lerins, que levantou essa hipótese (e não só ele). E ele mesmo disse: deve-se opor a um Papa se este quisese destruir a Igreja.
    Isso é lógico. Pois, da mesma forma que um filho não se está obrigado a obedecer a um pai que o manda pecar, também não se está obrigado a obedecer um Papa que quisesse ir contra a Fé, levando seus filhos espirituais ao pecado.
    Claro que, apesar disso, há que se conservar sempre o respeito filial para com o Sucessor de Pedro, uma vez que ninguém (nem mesmo um Concílio) tem poder para depor um Papa.
    Concluindo.
    A crise atual, portanto, consiste em que erros condenados pela Igreja no passado, através de seu Magistério, são desde o Vaticano II propostos e colocados em prática pelos próprios homens da alta Hierarquia da Igreja. Daí decorrem dois resultados opostos e igualmente falsos, com terríveis conseqüências:
    1- Pensar que o erro não é mais erro e passar a praticá-lo;
    2- Pensar que o erro prevaleceu na Igreja e ou rejeitá-la, julgando que não é mais divina, ou cair no Sede Vacantismo.

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    1. Perfeito comentário o de J. Marques. Se Francisco de Mello e Silva ainda inventar desculpas sem fundamento, não se pode concluir outra coisa senão que ele é um dos que querem o fim da Igreja e acha que ela nunca esteve tão bem, com a maioria de seus membros defendendo pecados e irreconhecíveis como católicos.

      Seu comentário explicou muito bem, J. Marques. Qualquer católico poderá entendê-lo e concordar.

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  21. “A crise atual, portanto, consiste em que erros condenados pela Igreja no passado, através de seu Magistério, são desde o Vaticano II propostos e colocados em prática pelos próprios homens da alta Hierarquia da Igreja.”

    J. Marques , sua conclusão é falsa pois se fundamenta no livre exame do magistério eclesiástico. Conforme a doutrina católica e a santa tradição nos ensinam cabe unicamente e exclusivamente ao Papa e ao episcopado em plena comunhão com Ele a interpretação do magistério.
    Os erros ensinados pelos ultra-tradicionalistas e pelos modernistas fundamentam-se no livre exame oriundo do protestantismo.
    Os lefebvristas fundamentados no livre exame do magistério e em sua interpretação particular chegaram a conclusão que existem 2 Igrejas diferentes: a Igreja pré conciliar e a Igreja pós conciliar. Se isso não for heresia, o que mais será?
    A única e verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II é a do Papa.
    Vc afirma que desde o Vaticano II erros condenados pela Igreja no passado são aceitos e colocados em prática pela alta hierarquia da Igreja.
    É impossível que um Concílio Ecumênico ratificado por 5 Papas contenha erros contra a Fé e a Moral: é falta de fé, é desdenhar do poder do Espírito Santo, é colocar em dúvida as promessas de Cristo e duvidar providência divina!
    Em 50 anos, nenhum Papa (desde Paulo VI até Bento XVI e Francisco) encontrou erros no Concilio Vaticano II que atentem contra a tradição e as doutrinas da Igreja relacionadas a Fé e a Moral . A Igreja não erra!

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  22. Sr. Francisco de Mello e Silva,
    O senhor diz: “J. Marques , sua conclusão é falsa.”
    Mais uma vez lhe digo: “minha conclusão”, não. Porque essa conclusão não é só minha. E nem é falsa. Veja, por exemplo, o que disse Jean Guitton, insuspeito, pois foi participante e entusiasta do Concílio Vaticano II. É dele (e não minha) esta surpreendente confissão:
    ‘Quando leio os documentos concernentes ao Modernismo, tal como ele foi definido por São Pio X, e quando os comparo com os documentos do Concílio Vaticano II, não posso deixar de ficar desconcertado. Porque, o que foi condenado como uma heresia em 1906, foi proclamado como sendo e devendo ser doravante a doutrina e o método da Igreja. Dito de outro modo, os modernistas em 1906 me aparecem como precursores. Meus mestres faziam parte deles [os modernistas]. Meus pais me ensinavam o Modernismo. Como São Pio X pode repelir os que agora me aparecem como precursores?’ (Jean Guitton, Portrait du Père Lagrange, Éditions Robert Laffont, Paris, 1992, p.55-56). (citado no artigo http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cadernos&subsecao=religiao&artigo=vaticano2b&lang=bra)

    A tal conclusão, (essa mesma a que chegou Jean Guitton) segundo o senhor “se fundamenta no livre exame do magistério eclesiástico.” E acrescenta: “Os erros ensinados pelos ultra-tradicionalistas e pelos modernistas fundamentam-se no livre exame oriundo do protestantismo.”
    Mas, como o senhor pode ver, Jean Guitton, o amigo de Paulo VI, não era um “tradicionalista” e, portanto, não pode ser acusado de qualquer “livre exame” que seja. Agora, sr. Francisco, diga-me uma coisa: que tem a ver o livre exame protestante com a atitude da Fraternidade São Pio X e de outros grupos ditos “tradicionalistas”? O livre exame protestante recusa a interpretação da Bíblia feita pela Tradição da Igreja, e diz que qualquer pessoa pode interpretar a Bíblia como bem entender. Esse livre exame rejeita totalmente a Tradição, considerando-a falsa. Já a Fraternidade São Pio X e outros grupos que pensam como ela baseiam-se exatamente na Tradição da Igreja, em seus documentos infalíveis e mais solenes, para combater os erros atuais. Que tem a ver livre exame de Lutero com a adesão a documentos como o “Syllabus”, a “Immortale Dei”, a “Pascendi Domini Gregis”, a “Mortalium Animos”?

    O senhor prossegue: “Conforme a doutrina católica e a santa tradição nos ensinam cabe unicamente e exclusivamente ao Papa e ao episcopado em plena comunhão com Ele a interpretação do magistério.”

    (Melhor seria dizer interpretação da Tradição). Mas, pergunto: por acaso nos documentos anteriores ao Concílio Vaticano II os Pontífices não interpretaram autorizadamente a Tradição? Não a explicaram devidamente? Não deram orientações precisas, claras? Redigiram tudo em hieróglifos? Foi tudo obscuro? Ninguém entendeu nada? E esses Pontífices não fizeram nada em linha de continuidade uns com os outros? Por que o senhor não se dá o trabalho de conhecer esses documentos? Será que para o senhor esses documentos não valem nada? Podem ser descartados? Parece-me que duvidar desses documentos e ignorá-los, “é falta de fé, é desdenhar do poder do Espírito Santo, é colocar em dúvida as promessas de Cristo e duvidar providência divina!” Suas palavras também podem ser aplicadas aqui.

    Vamos adiante. O senhor afirma: “Os lefebvristas fundamentados no livre exame do magistério e em sua interpretação particular chegaram a conclusão que existem 2 Igrejas diferentes: a Igreja pré conciliar e a Igreja pós conciliar. Se isso não for heresia, o que mais será?”

    Sr. Francisco, o termo “igreja pós-conciliar” não foi cunhado pela FSSPX. Ele partiu de um Cardeal da Igreja (se não me engano, foi o Cardeal Bennelli que o cunhou). E não só ele, mas muitos clérigos progressistas quiseram e querem, exaltaram e exaltam essa “nova igreja”, segundo eles nascida do Vaticano II. Uma igreja com uma nova doutrina (hoje quantos padres acreditam no dogma da existência e da eternidade do inferno? hoje quantos dizem que todos vão para o céu? quantos dizem que as religiões falsas são caminhos de salvação?) Para eles, a Igreja de Cristo começou a partir do Vaticano II. É como se pudessem ser varridos os dois mil anos de Tradição que o precederam. Tradição que esses senhores sempre detestaram e detestam como coisa odiosa e pesada, da qual se querem ver livres. Quiseram jogar tudo no lixo. O termo “nova igreja”, portanto, não vem originalmente dos chamados “tradicionalistas”. Falar que deve haver uma nova doutrina, uma nova moral, um novo sacerdócio, veio dos progressistas. E muitos usam esse termo “nova igreja” sem nenhum pudor. É evidente que essa tal “nova igreja”, que espalha erros, é falsa. Uma “igreja” parasita – se se quiser usar essa imagem – alimentando-se do vigor da Única Igreja verdadeira.
    Quem é herege? Aquele que denuncia essa nova igreja e a rejeita como sendo contrária aos ensinamentos de sempre da Santa Igreja? Ou de quem defende essa “nova igreja” e a exalta?

    Passemos a outra afirmativa do senhor: “É impossível que um Concílio Ecumênico ratificado por 5 Papas contenha erros contra a Fé e a Moral: é falta de fé, é desdenhar do poder do Espírito Santo, é colocar em dúvida as promessas de Cristo e duvidar providência divina!”

    É espantoso como o senhor mais uma vez apresenta o seu sofisma, colocando as novidades do Vaticano II no mesmo nível dos dogmas de Fé e de Moral. A frase correta seria: é impossível que um Concílio Ecumênico infalível contenha erros (o senhor esqueceu o adjetivo infalível).
    Evidentemente, o Concílio Vaticano II repetiu verdades de Fé e moral já ensinadas infalivelmente por outros Concílios e por outros Papas. Mas, as novidades do Concílio Vaticano II (repetindo: o ecumenismo, a liberdade religiosa, a colegialidade) não são verdades de Fé e de Moral. Essas doutrinas não estão garantidas pela infalibilidade. Mais: elas sempre foram defendidas pelos piores inimigos da Igreja (e por isso, condenadas pelos Papas anteriores ao Concílio Vaticano II). E quando alguns Padres Conciliares pediram explicações sobre as mesmas, o Cardeal Péricles Felici disse que elas deveriam ser recebidas com as devidas reservas. Ora, o que é infalível não é para ser recebido com reservas. O que é infalível é imposto, e quem não o aceita é anátema. As novidades conciliares, ao contrário, não são nada disso.

    Vamos à sua última objeção:
    “A única e verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II é a do Papa. Em 50 anos, nenhum Papa (desde Paulo VI até Bento XVI e Francisco) encontrou erros no Concilio Vaticano II que atentem contra a tradição e as doutrinas da Igreja relacionadas a Fé e a Moral . A Igreja não erra!”
    Ao que lhe respondo: E ao longo de cento e cinqüenta anos ou mais, antes do Vaticano II, os Papas condenaram os erros do ecumenismo, da liberdade religiosa, da liberdade de consciência e da colegialidade, e isso clara, evidente e repetidamente durante longo tempo. E não venha dizer que isso é falso. Está nos textos. Posso colocá-los para o senhor, se quiser. O juízo sobre esses erros já foi dado por antecipação pelo Magistério dos Papas. Palavra da Igreja. A palavra desses Papas não vale nada?
    E, de novo, o senhor vem dizer que “a Igreja não erra”, esquecendo-se de especificar que a Igreja nossa Mãe, a Esposa de Cristo, não erra ao nos apresentar de forma infalível doutrinas de Fé e de Moral, proclamadas ex-Cathedra naquelas determinadas condições ditas pelo Primeiro Concílio do Vaticano. As novidades conciliares por não estarem naquelas condições, não são ensinamentos infalíveis (mais uma vez o senhor esqueceu de dizer isso). Cristo, Nosso Senhor, não quis conceder, e de fato não concedeu, infalibilidade total e irrestrita ao Seu Vigário na Terra.
    Claro que seria oportuna uma palavra ex-Cathedra do Papa hoje, confirmando o ensinamento de sempre da Igreja e anatemizando todos os “textos controversos” do Concílio, como tendentes a interpretações falsas (Dom Athanásius Schneider chegou a propor isso ao Papa Bento XVI). Porém, essa palavra não veio e não se sabe se virá.
    Enquanto isso, é interessante lembrar qual tem sido a atitude dos últimos Pontífices Romanos em relação a essa questão.
    João Paulo II, um ardente defensor do Vaticano II, já admitia que os pontos controversos do mesmo teriam de ser interpretados conforme a Tradição. Para usar uma expressão célebre: “colocar o Concílio nos trilhos da Tradição”. O Papa reconheceu, assim, haver pontos difíceis no Concílio, pois provavelmente não lhe escapava que determinados textos conciliares estão em contradição (real ou, no mínimo, aparente) com o Magistério anterior. Um problema já há muito percebido. E Bento XVI deu um passo adiante, reconhecendo que a estrada a percorrer é a da Tradição, com seus ensinamentos de dois mil anos, os quais não podem ser eliminados.
    Foi mais um avanço na solução do problema, mas não chegou ao cerne do mesmo. Sua Santidade reconheceu o problema, mas não nos textos. Remeteu tudo à interpretação. Haveria duas interpretações dos textos do Concílio: uma que vê as novidades em continuidade com os ensinamentos anteriores; e a outra, que rompe com o ensinamento constante da Igreja, querendo colocar em ação o contrário do que sempre foi ensinado. Essa segunda interpretação (chamada de “espírito do Concílio”), foi condenada por Bento XVI no seu famoso discurso à Cúria Romana no natal de 2005.
    Mas, João Paulo II e Bento XVI não quiseram admitir erros na “letra” do Concílio. Pelo menos publicamente não o fizeram. Se o fizessem, é quase certo que enfrentariam um cisma de proporções catastróficas, por parte de um clero rebelde cada vez mais numeroso e atrevido. Tentaram, então, salvar a “letra do Concílio”, remetendo tudo a uma questão de interpretação, admitindo que os textos difíceis devem ser interpretados de acordo com a Tradição.
    Essa mudança de rumo foi bem significativa, mas não resolve o problema, como se vê, pois se a questão é de interpretação, o que fazer com os textos do Concílio que mandam praticar o ecumenismo, a liberdade religiosa e a colegialidade, e cuja aplicação na prática resultou numa revolução sem precedentes na Igreja? Essa aplicação mudou a face da Igreja e a maneira dela se relacionar com o mundo moderno, fazendo as pazes com esse antigo inimigo, e isso não é pouca coisa. A partir daí, a autodemolição da Igreja tem sido constante.
    Teremos de esperar ainda.

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  23. Francisco de Mello e Silva, pela sua última postagem percebo que é um adepto da hermenêutica da continuidade. Já tive essa visão da crise na Igreja, mas depois de ler a “Pascendi” de São Pio X vi o quão insustentável é essa posição.

    Seu problema está na dificuldade de discernir o que é o Magistério Infalível da Igreja, o que já foi feito no Concílio Vaticano I. Um Papa pode ensinar algo em desacordo com a Doutrina da Igreja, como relatado por São Paulo, mas ele é infalível quando está amparado nas premissas definidas no Dogma da Infalibilidade Pontifícia.

    Para você, a resistência de São Paulo “é falta de fé, é desdenhar do poder do Espírito Santo, é colocar em dúvida as promessas de Cristo e duvidar providência divina”?

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