Cardeal Burke: tese Kasper não foi bem recebida por todos os Cardeais.

Depois de declarar não crer que a exortação apostólica “Evangelii Gaudium” faça parte do Magistério Pontifício, o Cardeal Raymond Leo Burke, prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, em nova entrevista a Raymond Arroyo, da ETWN, fala sobre o discurso (aplaudido por Francisco) do Cardeal Kasper no último Consistório. Trata-se da segunda manifestação pública de discordância vinda de um Cardeal [ver manifestação do Cardeal Caffarra]. A seguir, o vídeo da entrevista e nossa transcrição:

Entrevista do Cardeal Leo Burke a Raymond Arroyo da EWTN

RA: Ao longo das últimas semanas ouvimos muita coisa a respeito da possibilidade de a Igreja alterar a maneira de como ela lida com os católicos divorciados e recasados e sua admissão aos Sacramentos. Temos ouvido muitas conversas. O Cardeal Walter Kasper, em seu discurso de abertura do encontro preparatório para o Sínodo sobre a família, que está por vir, deixou muito claro e disse: “Talvez seja necessário uma prática penitencial canônica”; “uma via entre o rigorismo e o laxismo”. Ele disse isso ao falar sobre esses católicos divorciados e recasados. Isso é possível?

CB: Em minha avaliação como canonista eu não penso que isto seja possível. Penso que isto poderia potencialmente criar bastante desilusão, dando às pessoas a impressão de que, de alguma forma, nós poderíamos defender a verdade a respeito do matrimônio […] E aqui não estamos falando de uma verdade que se desenvolveu ao longo dos tempos, mas das próprias palavras de Cristo em pessoa, no evangelho, nas quais ele ensinou, e ninguém o nega, a indissolubilidade do matrimônio…

Há várias dificuldades com o texto do Cardeal Kasper. Eu o digo publicamente e já o tinha dito. E eu espero que nos próximos dias… — já que este texto está sendo cada vez mais usado, como uma espécie de instrumento de campanha para pessoas que creem erroneamente que a disciplina da Igreja a este respeito poderia mudar — eu espero que o erro desta abordagem se torne cada vez mais claro. 

RA: Houve discordância naquele encontro?

É claro que houve!… Supostamente o encontro deveria ter acontecido de forma secreta. Mas o próprio cardeal (ou alguém, não sei quem) autorizou a publicação do texto de tal forma que ele se tornou um documento público. Por isto, eu… sente-se a obrigação de dizer que, bem, o fato de ele ter pronunciado o texto diante do Colégio dos Cardeais não significa, de forma alguma, que ele tenha sido bem recebido por todos os cardeais.

[24/03/2014, às 16:34] Nosso agradecimento a um caríssimo amigo pelas sugestões de melhorias na tradução.

19 comentários sobre “Cardeal Burke: tese Kasper não foi bem recebida por todos os Cardeais.

  1. É preciso colocar os cardeais ortodoxos em evidência, de todos os modos. É preciso a espada para separar o que presta do que não presta. É preciso dizer que nem tudo vai bem, muito pelo contrário.

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  2. Que Deus olhe por sua Igreja. Tenho grande respeito pelo Cardeal Burke, que Deus o ilumine.

    Santa Mãe de Deus rogai por nós.

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  3. O estrago já está feito. O texto foi publicado e também se tornou publica a aprovação do Papa. Embora a prática de admitir aos sacramentos os “recasados” não esteja oficialmente legitimada, o discurso contra ela está enfraquecido. Agora, todos podem dizer que “essa é a vontade do Papa”, que há base histórica e teológica, que tudo é uma questão de tempo porque, como já dizem, na Igreja as coisas se desenvolvem de maneira mais devagar.

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  4. Caro Ferreti,
    Me parece que o cardeal Burke disse “de alguma forma não podemos sustentar a verdade sobre o matrimônio”, onde está marcado com um [?].

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  5. Logo, o corpo Nosso Senhor Jesus Cristo, salvador dos homens, presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, será entregue como degustação para adúlteros e lascivos, que abandonaram seus legítimos matrimônios para viverem em concubinato e em adultério. Preparem-se, é uma das últimas barreiras ainda de pé. Logo depois virá a união de sodomitas, com toda a sua repugnância, e o segundo casamento feito na igreja.

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  6. Somente quem vive esta situação de “recasados” sabe o sofrimento que passam. Quem tem a vocação para o casamento e para a família, como conseguirá viver feliz longe de sua vocação não concretizada pelo seu par que por motivo ou outro resolveu ir embora? Por vários motivos muitas uniões não dão certo e por mais que um queira recomeçar o outro não quer e daí? Como ficamos? Castidade? Pra quem não tem vocação para o celibato? Para um religioso é mais fácil viver o cumprimento do celibato pois ele escolheu a sua vocação ele não foi obrigado a viver a castidade e sim, foi uma escolha livre e para um divorciado ele é obrigado a viver a castidade e viver sozinho para sempre porque a Igreja não abre exceções para acolher quem realmente não está na baderna, na sacanagem e somente quer viver uma nova união e ser feliz. A igreja precisa ouvir os casais de segunda união e analisar quem está vivendo seriamente ou quem está de brincadeira e orientar de forma não oficial a cada um em particular se ele pode ou não participar da Eucaristia. Se a Eucaristia não fosse essencial para esses casais porque então sofrem tanto? O povo da Aliança viveu e vive a poligamia que é muito pior. Vejam Davi, Salomão, tinham harém de mulheres. Agora nós povo pagão que fomos aceitos pela fé em Cristo não temos a condição de poder ser feliz? Rezo para que a Igreja centrada no que Jesus ensinou possa encontrar uma solução digna para os casais que querem viver a sua verdadeira vocação, que é a família.

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    1. Cara Gisele,
      Certamente que os casais recasados sofrem muito com a situação de não poderem receber os Sacramentos, especialmente o da Eucaristia. Me compadeço da situação desses nossos irmãos e recomendo sempre que esses casais busquem a possibilidade da nulidade matrimonial no Tribunal Eclesiástico. Depois de julgado, caso o matrimônio tenha sido considerado legítimo, aconselho que o casal abrace a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos amou e se entregou por nós. Esta união com Cristo no sofrimento, que se dá de maneira sublime na Santa Missa, já é comunhão com o Senhor. Por isso, não comungar do Corpo e do Sangue de Cristo não significa que estamos separados Dele. Ainda que estes casais não estejam em comunhão plena com Cristo e com a Igreja, eles mantém certa comunhão e devem participar da vida da Igreja, da Santa Missa (ainda que não comunguem sacramentalmente, podem comungar espiritualmente) e de pastorais. Abraçar a cruz de Cristo com amor é nos unir ao Senhor em seus sofrimentos tem grande mérito diante de Deus. Por isso, recomendo mais uma vez que estes casais abracem a cruz e caminhem juntamente com tantos homens e mulheres que sofrem na mesma situação ou em situações ainda mais difíceis (doenças graves, perseguição, violência…) na esperança da comunhão plena com Cristo no Reino dos Céus. Que Deus abençoe nossos irmãos recasados e a Virgem Maria os conduza pelos caminho do Seu Filho.

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  7. Pois é Gisele, o povo da Aliança viveu a poligamia que é muito pior e Deus tolerou só até certo ponto devido à dureza daqueles corações pois ainda andavam nas trevas…O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz (Is 9,2). Essa luz é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós!
    De fato, tanto Davi como Salomão, tinham harém de mulheres, mas ainda assim tinham respeito pelas prescrições divinas e quando desobedeciam o castigo vinha a cavalo.
    Pense na Arca da Aliança que era apenas símbolo da Presença de Deus em meio ao povo! A Eucaristia é a Real Presença de Deus em meio ao seu povo!
    Pois é, até no tempo dos Patriarcas e Profetas do Antigo Testamento haviam regras e disciplina.
    Mas é claro que o homem por sua natureza pecadora e desobediente sempre acha que basta seguir seu instinto infalível, seu “bom coração” que Deus aceita tudo!
    Mas já que você tocou no pecado dos Patriarcas, deixa eu te contar uma historinha sobre o rei Davi. Davi era um homem muito amado por Deus e durante seu reinado, aconteceu um incidente muito sério em Israel. Naqueles dias Eli era o sacerdote e o profeta Samuel, ainda um menino que servia no templo. Naqueles dias Israel estava em guerra contra os filisteus e os filhos do sacerdote Eli tiveram a “brilhante idéia” de levar a Arca até o local da batalha pra evitar uma derrota dos Hebreus.
    O problema é que a Arca da Aliança não era itinerante pra ficar indo pra cima e pra baixo como fazem algumas ministretes com a Eucaristia, nem talismã pra dar sorte como alguns pensam a respeito das hóstias consagradas.
    Por causa dessa desobediência Israel perdeu vergonhosamente a batalha para os filisteus e pra piorar os filisteus ainda tomaram a Arca da Aliança como despojo de guerra.
    Mau negócio para os filisteus porque seu sacrilégio também não ficou sem castigo e humilhados por tanta tragédia que aconteceu em seu meio, eles resolveram se livrar da Arca, temendo que coisas piores viessem a acontecer.
    A Arca foi então devolvida à Israel mas não ao local de onde foi indevidamente retirada.
    Davi resolveu então buscar a Arca da Aliança e convocou todo o povo para ir com ele. Foi muita gente, todo mundo alegre, cantando, dançando com harpas, saltérios, tamborins, címbalos, trombetas e toda sorte de instrumentos musicais daquela época. Parecia até um cortejo da Renovação Carismática atrás do Santíssimo Sacramento dentro da Basílica de Aparecida!
    Davi mandou fazer um carro de bois novinho para carregar a Arca e designou dois homens para guiar o carro, Uzá e Aió. A festa corria solta e Davi ia à frente do povo louvando a Deus e dançando. Até aí tudo corria bem, porém os bois tropeçaram e Uzá estendeu a mão para segurar a Arca e foi fulminado por Deus. Uzá morreu porque estendeu a mão e tocou na Arca. Deus não gostou nem um pouquinho daquilo.
    Nem precisamos dizer que a festa acabou na hora. Davi ficou profundamente consternado, afinal a intenção era a melhor possível, por que Deus ficou tão bravo? É, pessoal, de boas intenções o inferno está cheio. Não adianta boas intenções se você não segue as regras determinadas por Deus.
    Aquilo tudo parecia lindo, mas a Lei de Moisés diz claramente que só quem pode tocar na Arca da Aliança são os levitas e só depois de se purificarem e que a Arca só pode ser transportada nos ombros dos levitas.
    Aquele carro de bois todo enfeitado como carro alegórico na Sapucaí não fazia parte da regra. Os melhores condutores de carro de bois de Israel, Uzá e Aió, podiam até ser excelentes no ofício de conduzir carros de bois, mas não eram levitas.
    A Lei Mosaica era rigorosa no tocante ao transporte da Arca, que deveria ser sempre levada nos ombros dos levitas. Havia todo um ritual instituído por Deus que não podia ser ignorado, mas Davi ignorou as instruções de Deus pra seu próprio risco.
    Deus é justo! Se Uzá tocasse a Arca e nada lhe acontecesse, qualquer um então poderia fazer o mesmo e aí se abriria um precedente pra qualquer um duvidar da eficácia ou da seriedade das prescrições de Deus.
    O exemplo de Davi deveria servir de alerta tanto para os Cardeais presentes no Consistório como para qualquer Católico que acha que a Real Presença na Eucaristia é um “direito” de qualquer um e que a Casa de Deus é a Casa da Mãe Joana.
    Três meses depois Davi aprendeu como deveria transportar a Arca e fez tudo dentro dos conformes, então ele convocou todos os sacerdotes e levitas e disse-lhes:” Vós sois os chefes dos pais entre os levitas; santificai-vos, vós e vossos irmãos, para que façais subir a arca do Senhor Deus de Israel, ao lugar que lhe tenho preparado. 1 Crônicas 15:12” (1 Crônicas 15:12). Pronto, deu tudo certo!
    Agora nós povo pagão que fomos aceitos pela fé em Cristo não temos a condição de poder ser feliz? Claro que sim. Se quer ser feliz e entrar na vida eterna, guarde os Mandamentos.
    Receber Eucaristia em estado de pecado mortal de nada aproveita para a salvação de quem recebe. Muito pelo contrário! Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
    (1 Coríntios 11:29-30)

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  8. Gisele o povo da Aliança não vive a poligamia, uma vez que a Aliança hoje é o sangue de Cristo oferecido a Deus Pai na Santa Missa, portanto os católicos batizados é que são o povo da Aliança . Te aconselho também a repensar sua noção de castidade. E por fim recasado nunca realizará sua vocação ao matrimônio pois isso exige união íntima com Cristo,
    coisa que a segunda união não permite.

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  9. Procede a colocação da Gisele Aparecida. Agora imaginem um casal, jovem, recém casados e se separaram por adultério de uma das partes? Nesse dilema pergunto também: existe vocação sacerdotal sem o celibato? A teoria é uma coisa, na prática há abismo enorme, Quem se habilita a responder?

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  10. Quem se habilita a responder? São Paulo te responde com a autoridade recebida de Cristo na I Carta aos Coríntios:
    “Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido.
    Se, porém, se separar que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”.
    Aí está de forma explícita a fonte de onde vem a Doutrina da Igreja. É pegar ou largar! Tá achando que é mole seguir a Cristo? Quando Ele falou que era necessário que comessem de sua carne e bebessem de seu sangue os discípulos também murmuraram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60).
    Depois das palavras de Jesus, “muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com ele” (Jo 6,66). Eles partiram, não acompanharam mais o Senhor. Fizeram igualzinho certos Católicos que por não suportarem a sã doutrina ou ficam na igreja murmurando ou vão atrás desse monte de “seitas de garagem” que torcem e distorcem a Biblia ao seu bel prazer pra agradar quem gosta de ser enganado e encher o bolso do pastor com o dízimo dos revoltadinhos.

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  11. alguem pelo amor de Deus indique ao Cardeal uma aula de história sobre as infelizes consequencias de querer ser mais que Deus!

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