O silêncio cada vez mais angustiante por parte da hierarquia Católica frente à ofensiva homossexual e homófila está atingindo nosso país cada dia mais gravemente. Um autor alemão desmascara a ideologia de gênero o absurdo dos dois gêneros e o terrível caso de Bruce Reimer. A Teoria de Gênero nega a evidência mais contundente da natureza.
O silêncio cada vez mais angustiante por parte da Hierarquia Católica
Por Paolo Pasqualucci – Riscossa Cristiana | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com – Mario Palmaro, em sua recente, bela e forte carta ao Diretor do jornal “La Nuova Bussola Quotidiana”, expressou com grande eficácia, a angústia de todos nós pelo futuro da Igreja e dos Católicos, principalmente dos mais jovens. No tocante ao conteúdo de sua carta não podemos fazer outra coisa senão concordar em tudo e por tudo, especialmente quando ela denuncia o incômodo silêncio das autoridades eclesiásticas frente à ofensiva homossexual e homófila que está atingindo em cheio nosso país e cada dia mais agressivamente. Essa ofensiva parece que está para atingir sua meta, que é fazer com que sejam sancionadas leis libertinas e corruptas que se por um lado visam penalizar qualquer um em que ouse criticar o vício do homossexualismo, por outro forçará toda a sociedade civil a aceitar esse vício como algo perfeitamente normal desde o jardim da infância à universidade, nos programas de assistência social relacionados ao matrimônio e às adoções, enfim, por toda a parte.
Uma infiltração que se encontra em pleno curso sob o financiamento de Bruxelas [ndr: sede da União Europeia] e vem sendo conduzida por parte de bem conhecidas forças políticas, pessoas em altos cargos na máquina estatal que detém o poder de decidir até mesmo sobre a tutela de crianças em situações difíceis pelos chamados “casais gays”. O panorama geral é cada vez mais sombrio enquanto a hierarquia Católica continua a se fazer de surda e muda e, quando algum deles ainda fala alguma coisa, é justamente pra dar mais munição ao adversário (como naquele incrível exemplo do Cardeal Schönborn citado por Palmaro, ou na famigerada entrevista do atual Pontífice onde ele diz “Se um gay tem bom coração, quem sou eu pra julgá-lo?”). Entrevista desastrosa, porque foi interpretada pela Mídia como se o “não julgar” do Papa fosse uma aprovação implícita do homossexualismo.
De vez enquando até sai uma nota tímida em que algum prelado reafirma que uma criança necessita de um pai e uma mãe, que tem o direito de nascer em uma família composta de um homem e uma mulher… etc. Mas, mesmo assim, falta a coragem de dizer de modo claro e contundente: de uma família segundo a ordem natural, de uma família normal estabelecida por Deus. Creio que muitos se calam por medo. Mas, seguramente, existem aqueles que se calam porque pensam exatamente como o falecido Cardeal de Milão, Carlo M. Martini, Jesuíta como o atual Pontífice reinante, o qual dizia pouco antes de morrer que se a Igreja quisesse recuperar “os duzentos anos de atraso”, que segundo ele havia acumulado em relação ao mundo moderno, teria que modificar seu ensinamento e abrir-se ao oportuno reconhecimento dos (corruptos) costumes contemporâneos, incluindo aí o homossexualismo e seus supostos “direitos” pelos quais o finado prelado demonstrava uma particular simpatia. E existem outros, como o Bispo Domenico Moavero, que muito recentemente abriu a boca pra denunciar a corrupção dominante no cenário político italiano mas que contraditoriamente, ao professar sua incompreensível noção de “antropocentrismo”, defendeu o reconhecimento estatal dos casais conviventes de qualquer tipo, porque assim exige a “misericórdia cristã e os direitos universais da pessoa humana”.
Ora, o concubinato seja de adúlteros como de sodomitas representam hoje uma das piores formas de corrupção e destruição da família e do matrimônio cristão, pregados e defendidos pela Igreja durante mais de 2000 anos. Todos aqueles Bispos, como o Bispo Moavero, chamados por Deus para serem nossos pais espirituais e mestres para nos conduzir à vida eterna, ao fazerem apologia do erro e do pecado, se colocam explicitamente contra a ética que sempre foi ensinada pela Igreja e sobre a qual repousa a Verdade Revelada em Nosso Senhor Jesus Cristo. É, portanto, nosso dever como Católicos recordá-los sempre das severas advertências de Cristo: “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que querem entrar” (Mt 23, 13). Maus pastores que se tornaram perversos depois de tantos anos de impunidade, sem que a Autoridade Suprema da Igreja os chamasse à ordem e à disciplina, não fugirão da ira divina no dia do Juizo! Pelo contrário! Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma e Gomorra, no dia do Juízo, do que para esses que hoje se tornaram seus paladinos e defensores (Mt 11,24).
Um autor alemão desmascara a Ideologia do Gênero.
Devido à trágica atualidade assumida pelo fenômeno, resolvi chamar a atenção dos Católicos para o breve, mas contundente estudo do jornalista e publicista alemão Volker Zastrow, que em três edições entre 2006 e 2010 analisa de modo crítico e exemplar a “filosofia do gênero”, uma ideologia parida pela sub-cultura feminista e gay que defende uma suposta natureza “social” e não natural do sexo. [1] Essa ideologia está sendo utilizada como se fosse algo sério, para justificar a difusão do homossexualismo tanto masculino como feminino por parte dos governos. Na Alemanha e Suíça, na área próxima aos Católicos fiéis à Tradição da Igreja, desenvolveu-se uma série de publicações com provas bem documentadas que demonstram a total inconsistência dessa ideologia [2].
Esse ótimo estudo demonstra em particular a absoluta falsidade da pretensão do pensamento homossexual segundo o qual a ciência teria comprovado a natureza “social”e “cultural” e não “natural”do sexo. O estudo se baseia para tal finalidade numa precisa reconstrução do cruel “caso Reimer”, o rapaz canadense que junto ao seu irmão gêmeo (ambos se suicidaram) se tornaram vítimas das experimentações da recém nascida “filosofia do gênero”. As pretensões da Genderphilosophie, além de serem um insulto ao bom senso e à razão, representam uma ofensa grave a Deus que criou o homem e a mulher como seres complementares para que se unissem em um legítimo matrimônio, procriassem filhos em uma família constituída por eles e populassem a terra. Essa ofensa está se tornando cada vez mais grave e podemos esperar que os castigos em curso e tornem ainda piores.
Um claro exemplo de ofensa a Deus podemos encontrar até em documentos ou formulários de todo tipo pela internet, onde há algum tempo, quando se trata de declarar sua própria “identidade sexual”, são oferecidas três opções: homem, mulher e OUTRO. Pasmem! Esse incrível “outro” nos documentos é fruto da filosofia “gender mainstreaming”. O que significa “gender mainstreaming”? Todo mundo fala e ninguém sabe o que é. É uma característica clássica do “politicamente correto” servir-se de termos ambíguos que só aqueles que lhes dão origem sabem realmente o que significam e como utilizá-los para atingir um fim preciso.
Aqui no caso, os fautores do termo são as feministas e os militantes do movimento homossexual. No inglês, o termo é obscuro e quase difícil de ser traduzido ao pé da letra. Implica na idéia de conduzir ou reconduzir alguém ou qualquer coisa à corrente (stream) principal (main). Geralmente é uma palavra utilizada como adjetivo que designa o pensamento ou gosto corrente da maioria da população. É muito utilizado atualmente referindo-se às artes em geral (música, literatura, filmes, etc.). O termo mainstream inclui tudo que diz respeito a cultura popular, e é disseminado principalmente pelos meios de comunicação em massa. O contrário do Mainstream seria chamado de underground, ou alternativo, ou seja, o que não está ao alcance do grande público, sendo restrito a cenas locais ou públicos restritos. Mas é na linguagem da revolução sexual que o termo está sendo empregado como verbo. A entidade que teria que ser reconduzida e re-endereçada na corrente principal, ou seja, que teria que cair no imaginário popular seria os “gêneros” masculino e feminino, os dois sexos. Mas pode existir uma “corrente-mestra” concernente aos dois sexos que não seja aquela que todos nós sempre subentendemos? No subtítulo da obra, eles nos dão a sua livre tradução do termo em questão. Literalmente significa “Política de desconstrução dos sexos”. “Jogar na corrente principal a noção de gêneros, reconduzi-los ou reendereçá-los representa exatamente o quê? A perfeita igualdade entre sexos ou gêneros que representariam, por sua vez, a verdadeira sexualidade. E tal ação deve ser conduzida através de meios políticos e mediante legislação estatal e internacional (União Européia e ONU).
Trata-se, portanto, de uma radical desconstrução (Umwandlung) política do gênero. Isto é, de uma “política de desconstrução ou inversão dos sexos”. Tal política vem sendo agressivamente imposta pelo governo alemão, embutida estrategicamente em programas sociais que fingem ter como objetivo promover a perfeita igualdade (Gleichstellung) entre o homem e a mulher. Tais programas são quase sempre elaborados por feministas. No website do Ministério da Família Alemã, a palavra “Gender mainstreaming” é frequentemente usada, sem no entanto ser jamais traduzida ou explicada. Mas é fácil entender que a noção de “Gender mainstreaming” implica na “modificabilidade” dos papéis característicos aos dois sexos, como sempre foram entendidos no contexto social e cultural tradicional (op. cit., pp. 7-10; 14-15).
Essa, sem dúvida, é a noção-chave: a modificação dos papéis tradicionais de ambos os sexos. É óbvio que a palavra inglesa “gender” acabou adquirindo um novo significado que não pode ser entendido como a simples tradução da palavra portuguesa “gênero” ou do seu equivalente em alemão (Geschlecht): gênero humano, gênero (sexo) masculino, feminino. Mas então qual seria a origem desse novo significado? Esse é um ponto particularmente importante. O novo termo nasceu das elocubrações de psicólogos especialistas em sexologia. Eles fabricaram um termo ou um fundamento teórico que pudesse atender às exigências e sensibilidades dos transexuais. Ou seja, homens ou mulheres perfeitamente normais sob o ponto de vista biológico que alegam não se identificarem psicologicamente com seu corpo natural, o qual para eles é um “corpo falso”.
Trata-se de indivíduos que possuem uma sensibilidade anômala. Visando contentá-los, alguns desses psicólogos inventaram a teoria segundo a qual existem dois “gêneros”, e aqui não se trata do gênero feminino e gênero masculino, mas sim o “gênero biológico”, ou seja, o sexo de nascimento como realidade física, e o “gênero no sentido psico-emotivo” como uma realidade metafísica, completamente independente (abgelösten) do sexo natural” (ivi, p. 11).
O gênero no sentido “psico-emotivo “ seria, portanto, o gênero por excelência. Aquele que deve ser aceito pelo “mainstream”. Se trata de uma identidade sexual que cada um fabricaria pra si próprio, segundo seu próprio desejo ou orientação.
O absurdo desses dois “gêneros”.
O fundamento lógico e científico de uma teoria dessa espécie foge ao bom senso de qualquer pessoa com dois neurônios. Foge pelo simples motivo que não existe. Inevitavelmente o Movimento Homossexual se apoderou da “teoria” e dela elaborou a noção de gênero como “gênero social”. O gênero social seria o gênero que a sociedade quer impor e nesse caso seria a heterossexualidade (ivi, p. 11). A heterossexualidade (atração e relação física, afetiva e sentimental natural entre os dois sexos) está sendo concebida agora de um modo totalmente errôneo e distorcido. Segundo a teoria do gênero, a heterossexualidade ou “heteronormalidade” não faz parte da natureza humana, mas teria sido construída e imposta pela sociedade, por uma cultura patriarcal e machista.
O termo foi criado pelo ativista homossexual Michael Warner, em 1991, em uma das primeiras grandes obras sobre a teoria do gênero. Segundo ele, a heterossexualidade não seria outra coisa senão uma ideologia, uma construção política pela qual orientações sexuais diferentes da heterossexual são marginalizadas, ignoradas ou discriminadas por práticas sociais, crenças ou políticas. O componente lésbico por sua vez, sempre esteve presente no movimento feminista, mas hoje se tornou algo predominante e esse grupo em especial se jogou de cabeça nessa teoria elevando-a ao extremo. As lésbicas gritam hoje que “toda mulher é bisexual por natureza e que ser mãe e dona de casa não é outra coisa senão escravidão imposta pela sociedade, cada vez mais dominada por homens” (ivi, pp. 13-17)!
O autor destaca a íntima conexão entre o movimento feminista, o lesbianismo e a proliferação de feministas nos quadros de dirigentes políticos tanto do Governo Alemão como em Órgãos internacionais como a ONU. Mas não é de hoje que se pode notar, mesmo fora da Alemanha, a influência dessa rede homossexual-feminista em quase todas as entidades de influência cultural e política nos países considerados “ocidentais”.
Igualmente influentes são as redes “acadêmicas” que povoam as endinheiradas cátedras das Universidades dedicadas aos considerados “estudos femininos” sobretudo no mundo anglo-saxônico. Alguns estudos que aparentemente são inócuos se revelam fundamentais na elaboração da ideologia do gênero, já que contribuem ativamente pra difundir em grupos de estudo, pesquisas e publicações que custam milhões de dólares ao bolso do contribuinte. A subcultura feminista e homossexual se esforça para contrapor o gênero autêntico ao “gênero falso” que seria aquele fabricado pela sociedade. O absurdo da impostura é gritante. No gênero supostamente “autêntico” concebido totalmente independente do seu substrato biológico é possível expressar todas as compulsões da nossa subjetividade e fazer tudo que se deseja. Esse depende do gosto pessoal de cada um. Deveríamos portanto ser considerados como “gendernautae” [sic], ou seja neutros, livres navegantes no mainstream da sexualidade sem fronteiras, vivendo uma sexualidade livre de diferenças entre masculinidade e feminilidade (que é o ponto que interessa de fato) já que as diferenças seriam de ordem puramente psicológicas ou sociais.
A realidade biológica não interessa.
A militância homossexual finge ter encontrado na ciência médica um fundamento válido para a sua teoria. Chegam ao absurdo de se referir ao famoso caso Reimer que praticamente caiu no esquecimento. A segunda parte do estudo de Zastrow se ocupa detalhadamente desse aspecto, colocando às claras a impostura que ainda predomina (ivi, pp. 35-58).
O caso Reimer
David Reimer nasceu na cidade de Winnipeg, no Canadá, no dia 22 de agosto de 1965. Seu nome original era Bruce e era em tudo idêntico ao seu irmão gêmeo Brian. Aos seis meses ele foi diagnosticado com fimose e seus pais o levaram pra se submeter a uma circuncisão. No dia 27 de abril de 1966, o cirurgião encarregado de fazer a operação usou um instrumento de eletrocauterização ao invés de um bisturi para retirar o prepúcio de Brian, procedimento que destruiu completamente seu órgão sexual. Pouco depois, os pais dos gêmeos Brian e Bruce viram, por acaso, na televisão canadense, uma entrevista do psicólogo Dr. John Money, da Johns Hopkins University, de Baltimore, na qual ele propunha a “teoria da neutralidade de gênero” assegurando que os bebês nasciam “neutros” e teriam sua identidade definida como masculina ou feminina (identidade de gênero) exclusivamente em função da maneira pela qual seriam criados.
Tal informação lhes pareceu muito apropriada para a resolução do problema do filho mutilado. Logo procuraram aquele especialista, que imediatamente se dispôs a atendê-los, quando indicou uma mudança cirúrgica de sexo, que, realizada, transformou Bruce numa menina, “Brenda”.
O interesse de Money no caso de Bruce não poderia ser maior. Como defendia a idéia de que as diferenças de comportamento entre os sexos eram decorrentes de fatores socio-culturais e não biológicos (nature versus nurture) – tese aclamada pelas feministas de então -, a mutilação de Bruce oferecia-lhe uma excelente oportunidade pra colocar à prova sua teoria. Havia – em sua opinião – a indicação para a mudança cirúrgica de sexo, os pais tratariam a criança conforme sua orientação e o experimento teria uma contraprova natural, pois havia um irmão gêmeo idêntico, univitelino, que serviria de parâmetro de controle. O que os pais de Bruce-Brian não sabiam era que Dr. Money – um psicólogo nascido na Nova Zelândia — era uma espécie de guru da sexualidade e preconizava comportamentos sexuais ousados, dentro do espírito da revolução sexual dos anos 60. Defendia o casamento aberto onde os casais poderiam ter amantes com consentimento mútuo; estimulava o sexo grupal e bissexual, além de, em alguns casos favorecer o incesto e a pedofilia. Money tinha se tornado famoso nos procedimentos pioneiros de “realinhamento sexual” (sex reassignment) em crianças com hermafroditismo.
Mas Bruce foi a primeira criança nascida normalmente (com definição sexual masculina) a ser submetida a esse processo. As publicações de Money no decorrer da década de 70 davam a entender que a experiência teria sido um grande sucesso. Os gêmeos estariam felizes em seus papéis estabelecidos. Brian seria um menino forte e travesso enquanto “Brenda”, sua ‘irmã’, era uma doce menininha. Em função dessa experiência, Money ficou mais famoso. A revista TIME dedicou-lhe uma longa matéria e o incluiu num capítulo sobre gêmeos em seu famoso livro Man & Woman, Boy & Girl. Como inexplicavelmente deixou de publicar as evoluções do caso, o fato chamou a atenção de um pesquisador rival, Dr. Milton Diamond, da Universidade do Havaí, que procurou informações e reconstruiu a verdade sobre o caso, publicando-o num artigo em co-autoria com Keith Sigmundson, nos Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine.
A verdade descrita por Diamond era muito diferente da versão sustentada por Money. Money por sua vez havia se tornado uma celebridade no meio científico e feminista. Uma célebre feminista, a lésbica americana Kate Millet, se apoiou nas teorias de Money pra escrever seu best-seller Sexual Politics (1970), onde tentava demonstrar que a heterossexualidade não era outra coisa senão ideologia e que sexo não era outra coisa senão uma criação da cultura e da educação. Baseando-se na experiência de Bruce Reimer, o famoso “New York Book Review” decretou que “se alguém diz a um menino que ele é uma menina e o cria como tal, ele se comportará em tudo como uma menina””(pp. 43-44). O “caso Reimer” era citado nos livros científicos e até o ano 2004 a literatura feminista ousava usá-lo com demonstração viva de suas “teorias” sobre a natureza exclusivamente cultural do “gênero”.
Era tudo uma impostura.
Mas na realidade como andava o experimento? Exatamente o oposto do que dizia a propaganda feminista. O pobre menino desde os dois anos como “Brenda” rasgava suas roupas de menina e se recusava a brincar com bonecas, disputava com o irmão Brian seus brinquedos. Na escola, era permanentemente hostilizado pelo comportamento masculinizado e pela insistência em urinar de pé. Queixava-se insistentemente aos pais por não se sentir como uma menina. Mantendo as orientações de Money, os pais diziam-lhe que era uma “fase” que logo passaria. Os pais levavam periodicamente os dois filhos para sessões de “psicoterapia” com Dr. Money.
Segundo consta, tais sessões foram profundamente traumáticas para ambas as crianças. Nelas, possivelmente num esforço de estabelecer as diferenças de comportamento sexual entre homem e mulher, Money lhes mostrava fotos sexuais explícitas e teria feito as crianças encenarem posições sexuais. Aos 11 anos “Brenda” já falava em suicídio e seus algozes planejavam novas intervenções cirúrgicas para aperfeiçoar sua feminilidade. Aos 13 anos, as visitas ao Dr. Money cessaram de uma vez. Aos 14 anos, quando não suportava mais aquela situação, os pais consultaram um psiquiatra de sua cidade, que sugeriu dizer toda a verdade para “Brenda”. Tal informação teve um efeito profundo e transformador. Posteriormente, “Brenda” revelou: “De repente, tudo fazia sentido. Ficava claro por que me sentia daquela forma. Eu não estava louco”.
Não obstante a administração de grande quantidade de hormônios femininos, “Bruce-Brenda” imediatamente se engajou numa busca pelo sexo perdido. Fez inúmeras cirurgias para recompor a genitália masculina com a implantação de próteses de pênis e testículos e para a retirada dos seios crescidos a base de estrógenos. Significativamente, não quis retomar seu nome inicial escolhendo chamar-se “David”. Nesse meio tempo, a mãe, que se sentia culpada e desorientada com a situação da “filha”, tinha entrado em depressão e, a certa altura, tentara suicídio. O pai desenvolveu um alcoolismo grave e o irmão gêmeo Brian começara a usar drogas e a praticar atos delinqüenciais ao atingir a adolescência.
“Brenda”, agora “David”, apesar de todas as cirurgias e da nova identidade masculina, mergulhara também numa séria depressão e tentou suicídio pela primeira vez aos 20 anos. Aos 30 anos, David foi encontrado por Diamond, que, como dito acima, desconfiara do motivo que levara Money a interromper, sem maiores explicações, o relato de um caso que reputava ser de tanto sucesso. David soube que, até então, seu caso era mundialmente conhecido, apresentado na literatura médica como um grande sucesso e usado para legitimar procedimentos de alteração cirúrgica de sexo em crianças hermafroditas ou que sofreram algum tipo de mutilação. Tal como Diamond e Sigmundsen, David ficou indignado com tal impostura, e resolveu colaborar com os dois profissionais, dando origem ao trabalho que recolocou a verdade em circulação, engajando-se numa campanha para evitar que outros passassem pelos mesmos sofrimentos que ele tivera de suportar. O trabalho de Diamond foi largamente divulgado e chegou à grande mídia, jornais e televisões norte-americanos.
Infelizmente após seu irmão Brian, (com quem estava brigado,) ter se suicidado com uma overdose de medicação para esquizofrenia, em 2004 David Rheimer também se suicidou com um tiro quando estava com apenas 38 anos de idade.
A partir de 1980, Money não mencionou mais o caso Reimer em suas publicações. Mas continuou a sustentar a validade de suas teorias, juntamente com as feministas, como era óbvio. Mas o experimento que teria servido pra provar a validade de sua teoria de gênero ( ou seja que o ser homem ou mulher depende exclusivamente da educação e da cultura) demonstrou ter sido um tremendo fracasso. A charlatania de Money se mostrava cada vez mais evidente. Seus métodos “terapêuticos” contestados e sua “Gender Identity Clinic” fechada definitivamente em 1979. Foi abandonado então o método desumano de se intervir cirurgicamente em hermafroditas antes que esses atinjam a puberdade. As intervenções são limitadas ao mínimo e apenas com o consentimento dos interessados.Quando a verdadeira história do pobre David Reimer saiu ao descoberto, assaltado pelas críticas, Dr Money se defendeu respondendo que todas as criticas dirigidas a ele não passavam de um monte de “preconceitos antifeministas”.
Ele correu pra se esconder debaixo das saias das feministas. No seu dizer, todos aqueles que sustentavam a diferença genética entre homem e mulher queriam “aprisionar a mulher em seu papel tradicional acorrentada entre a cama e a cozinha”. Suas respostas eram sempre polêmicas, privadas de qualquer base científica, por motivos bem evidentes. Todavia, a influência desse charlatão, como sublinha Zastrow, ainda se fazia sentir pelo menos até o fim do século recém passado. Sem o trabalho sujo de Money a “teoria de gênero” dificilmente teria despontado no horizonte do feminismo mundial a ponto de ser adotada pela linguagem burocrática da República Federal da Alemanha.O que Money propagandeava em 1965, hoje pode ser facilmente encontrado no website da ministra alemã para questões femininas, onde se lê: …ao contrário do gênero biológico, o papel dos gêneros é aprendido exclusivamente no contexto social. Seria portanto, fruto da cultura e não da natureza.
E a mesma linguagem é encontrada ainda num guia para informação respeitosa sobre as pessoas LBGT, um manual publicado em 2013 pelo Departamento pela Iguadade de Oportunidades”, que não passa de outro laboratório intelectual da mesma falsidade. O vademecum da ministra, como demonstra o brilhante e corajoso estudo de Zastrow, é construído inteiramente sobre o vazio, ou seja, sobre uma mentira colossal. A mesma mentira difundida pelo ícone do feminismo mundial, a corruptíssima Simone de Beauvoir, a amante bissexual do famoso filosofo existencialista, o igualmente pervertido Jean-Paul Sartre: “mulher não se nasce, se torna” (Zastrow fala mais sobre isso nas, pp. 35-36 de seu estudo). A essa altura sabemos de experiência que a mentira é o pão de cada dia do “politicamente corretto”. Ao acusar o antigo regime soviético, Alessandro Solgenitsin disse, em uma celebre conferencia, que nem os povos e nem os indivíduos podem “viver na mentira”. A nossa decadente democracia euro-americana propaga hoje em dia as piores mentiras, e entre essas o “gender mainstreaming” ocupa seguramente um posto de honra. E quem, senão o próprio Demônio é o pai de todas essas mentiras ?(João 8, 44)? A “teoria de gênero” nega as evidências fornecidas pela própria natureza.
Sem a pretensão de dar por encerrada a questão é necessário que façamos algumas considerações finais. Segundo a teoria do gênero, as diferenças naturais entre homens e mulheres não seriam precisamente um produto da natureza , mas da “cultura” socialmente dominante, de modo que o sexo verdadeiro seria aquele que o indivíduo escolhe pertencer , hetero, gay , trans , etc . Essa ” tese ” implica na suposição de que na natureza os caracteres sexuais não são bem marcados ou distintos no homem ou na mulher, nem do ponto de vista fisiológico nem do ponto de vista anatômico. Mas isso é insustentável porque vai contra as evidências mais elementares.
Os aparelhos reprodutivos dos homens e das mulheres são construídos de forma diferente mas de modo interdependente, ou seja, no sentido de ser um complemento para o outro já que estão perfeitamente integrados para efeitos de concepção da prole. E são assim por obra da natureza, é claro, pois homens e mulheres nascem assim desde que existe a humanidade.Esta complementaridade não resulta apenas da fisiologia mas também anatomia. O útero da mulher é construído de modo a ser capaz de ser penetrado pelo espermatozóide masculino para ser fertilizado e dar origem e formação ao feto. Em vez disso, a parte final do intestino que chamamos reto, com a sua própria estrutura muscular (esfíncter) demonstra ser um órgão anatomicamente construído apenas para ser um canal de evacuação das fezes e não para outros usos. E se tal canal é utilizado para fins sexuais, seja entre homens ou entre homens e mulheres, se trata evidentemente de um uso contra a natureza como sempre foi considerada e com razão.
Contra a natureza não só pelo caráter repulsivo da coisa, mas pelo simples fato de aliviar a própria concupiscência através de um órgão que a natureza não criou para tal uso, mas sim para a evacuação, como demonstra claramente a nossa anatomia. A condenação moral e estética desse uso perverso é portanto, baseada principalmente sobre o fato objetivo da estrutura anatômica do ser humano . E em seguida, sobre a natureza do próprio homem criado por Deus em sua anatomia perfeita e completa . Nenhuma pessoa sensata pode de fato argumentar que nossa anatomia de seres humanos é um produto da ” cultura”.Os sistemas de reprodução de seres humanos são semelhantes aos de outros mamíferos. Eles nos tornam semelhantes aos animais, mas somente no tocante à natureza, constituída de modo a ser capaz de se reproduzir e se perpetuar.
Esse instinto de reprodução, que, utilizando o desejo de prazer carnal, empurra macho e fêmea para o acasalamento, será que podemos ter ou não como instinto puro da mesma forma que os demais animais? Ou esse instinto nos animais deveria ser considerado como um produto da natureza ou de “cultura”? Os animais não têm nem a sociedade, nem “cultura”, então essa é a sua natureza que através dos instintos, provoca o acasalamento entre machos e fêmeas tendo em vista a reprodução. E se o que vale para os animais não vale para nós humanos, que parte da nossa natureza seria precisamente animal, subentendendo o termo no sentido puramente biológico? Além disso, a natureza não poderia ter criado uma orientação homossexual natural nos seres humanos ao mesmo tempo que os dotou com sistemas reprodutivos complementares, nas duas formas de masculino e feminino. Ela não poderia porque a homossexualidade é, por definição inerentemente estéril. Dizer que a natureza colocou no ser humano outras formas de sexualidade da mesma forma que a tendência natural da heterossexualidade, para que pudéssemos escolher de acordo com o nosso gosto, equivale dizer que a natureza programou sua própria extinção enquanto natureza. Isto é racionalmente insustentável. E se é verdade que a natureza colocou em nós tendências homossexuais naturais, por que razão teria nos equipado com dois sistemas reprodutivos que se complementam um ao outro e, ao mesmo tempo, tão diferentes nos dois tipos que compõem o masculino e o feminino? Só para perder tempo? Se as tendências homossexuais fossem algo natural , a natureza seria contraditória porque por um lado ela estaria construindo indivíduos como macho e fêmea, projetando-os fisiologicamente e anatomicamente para satisfazer o instinto natural de reprodução, o instinto de propagação da vida; mas por outro lado, estaria simultaneamente fornecendo um instinto totalmente oposto que é o instinto de morte, o qual faz com que alguns rejeitem o instinto da vida ao usar seus órgãos sexuais em atividades homossexuais que não cumprem a finalidade de sua anatomia e nem da sua fisiologia. Uma natureza minada por uma contradição deste tipo não teria realmente sido capaz de se manter por tanto tempo e , pensando bem , nem sequer existiria.
Dizer que o sexo não existe na natureza, pois é uma livre escolha do indivíduo, seja ela qual for, e que o Estado é obrigado a reconhecer e defender tal insanidade, porque na natureza em vez do masculino e feminino (de ambos os sexos) existiria ao invés um “gênero” inteiramente psicológico em si indeterminado, que compreenderia a masculinidade e a feminilidade ou “outros” como meras possibilidades para se explorar ao bel prazer, significa antes de tudo uma idéia errada sobre a natureza e o seu modo de funcionamento, hoje amplamente ilustrado pela ciência, a qual confirma na natureza, a existência de uma ordem baseada, (no que diz respeito ao mundo animal), na complementaridade fecunda dos dois sexos, masculino e feminino, cuja mútua atração instintiva atende ao requisito fundamental de reprodução, mediante a qual a própria natureza existe e se perpetua.
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[1] Volker Zastrow, Gender. Politische Geschlechtsumwandlung, mit Zeichnungen von Anke Feuchtenberger, Edition Sonderwege bei Manuscriptum, Waltrop und Leipzig, 2010³, pp. 58. www.manuscriptum.de. [Genere. La politica dell’inversione dei sessi. Incisioni di Anke Feuchtenberger]. In forma più ridotta una mia recensione a questo lavoro è apparsa sul trimestrale francese Catholica, n. 112, estate 2011, pp. 92-96, con il titolo: Le mensonge diabolique du Gender mainstreaming. Il testo è stato da me interamente rivisto e ampliato, modificato in più punti. Ringrazio la direzione della rivista per aver gentilmente consentito a questa riedizione in italiano.
[2] Vedi, tra gli altri: Manfred Spreng – Harald Seubert (a cura di Andreas Späth), Vergewaltigung der menschlichen Identität. Ueber die Irrtümer der Gender-Ideologie [La falsificazione dell’identità umana. Sugli errori dell’ideologia di genere], Verlag Logos Editions, Ansbach, 2012, pp. 110; Inge M. Thürkauf, Gender Mainstreaming. Multikultur und die Neue Weltordnung [Gender mainstreaming. Multiculturalità e nuovo ordine mondiale], Schweizerzeit-Schriftenreihe Nr. 55, “Schweizerzeit” Verlag, Flaach, 2013, pp. 47.
[3] Traduco letteralmente. Il testo dice: “[…] kastrierte und aus der Haut seines Hodensacks rudimentäre Schamlippen formte”, op. cit., p. 42. [4] Zastrow, p. 56: “…dass Geschlechtsrollen im Gegensatz zum biologischen Geschlecht nur erlernt seien”.