O que é exatamente um tradicionalista?

Por Christopher A. Ferrara – The Remnant | Tradução: Teresa Maria Freixinho – Fratres in Unum.com

O fato de que hoje em dia existem católicos denominados “tradicionalistas” é algo sem explicação em toda a história anterior da Igreja Católica. Mesmo no auge da crise ariana — a situação mais análoga à nossa — a Igreja não estava dividida entre tradicionalistas e não tradicionalistas, mas sim entre aqueles que não abraçaram a heresia de Ário e os que o fizeram.

Católicos tradicionais assistindo a uma Missa Tradicional durante a Segunda Guerra Mundial? Não, apenas católicos assistindo À Missa durante a Segunda Guerra Mundial.
Católicos tradicionais assistindo a uma Missa Tradicional durante a Segunda Guerra Mundial? Não, apenas católicos assistindo À Missa durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas o que é exatamente um tradicionalista? Uma olhada no passado para vermos o modo como as coisas eram antigamente poderá ajudar a transmitir o significado do termo de maneira mais eficaz do que as tentativas habituais de uma definição formal:

–        Antigamente não havia rito de Missa traduzido para as línguas vernáculas do mundo. Havia apenas o idioma litúrgico universal de uma Igreja perene, como podemos ver no Rito Romano imemorial, cujo desenvolvimento orgânico havia prosseguido quase imperceptivelmente desde o século V, ou nos veneráveis ritos orientais, quase tão antigos, que, em grande parte, escaparam ao furioso vandalismo litúrgico que devastou a liturgia principal da Igreja.

–        Antigamente não havia altares-mesa no estilo luterano em nossas igrejas, mas somente altares-mores voltados para Deus, cuja própria aparência despertava o sentido de temor respeitoso e reverência nas pessoas.

–        Antigamente não havia leitores leigos, “ministros da Eucaristia” leigos ou meninas no presbitério, mas somente padres, diáconos a caminho do sacerdócio e os acólitos, que eram a fonte primária de geração após geração das vocações sacerdotais, que enchiam os seminários.

–        Antigamente não havia música profana durante a Missa, mas somente canto gregoriano ou polifonia, despertando a alma para a contemplação do divino, ao invés batidas de pés, palmas ou puro tédio.

–        Antigamente não havia abusos litúrgicos disseminados. No máximo, havia padres que celebravam a Missa tradicional de maneira deficiente, mas dentro de uma estrutura de rubrica, texto e música que, no entanto, protegia o seu mistério central de qualquer possibilidade de profanação e mantinha a dignidade suprema do culto divino contra a fraqueza humana.

–        Antigamente não havia “Máfia gay” nos seminários, nas cúrias e no próprio Vaticano, ou clérigos predadores que molestavam meninos ao redor do mundo, porque as autoridades da Igreja faziam valer a regra de que “os votos religiosos e a ordenação deveriam ser proibidos aos candidatos afligidos por más tendências ao homossexualismo ou à pederastia …”[1]

–        Antigamente não havia seminários vazios, conventos vazios, paróquias abandonadas e escolas católicas fechadas. Havia somente seminários, conventos, paróquias e escolas repletas de católicos fiéis provenientes de família numerosas.

–        Antigamente não havia “ecumenismo.” Havia somente a convicção de que a Igreja Católica é a Igreja única e verdadeira, fora da qual não há salvação. Os católicos seguiam o ensinamento da Igreja que “[diz] que os fiéis não podem de maneira alguma assistir ativamente ou participar de qualquer culto de acatólicos,”[2] e eles compreendiam, mesmo se apenas de maneira implícita, o que o Papa Pio XI insistia sobre: “Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes à reuniões de acatólicos: por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela. Dizemos à única verdadeira Igreja de Cristo: sem dúvida ela é a todos manifesta e, pela vontade de seu Autor, Ela perpetuamente permanecerá tal qual Ele próprio A instituiu para a salvação de todos.”[3]

–        Antigamente não havia “diálogo.” Havia somente evangelização pelo clero e apologistas leigos com o objetivo de converter as pessoas à verdadeira religião. E havia os convertidos, que entravam para a Igreja em números tão grandes que parecia mesmo que os Estados Unidos estavam se tornando uma nação católica, uma vez que 30 milhões de americanos ouviam o programa de rádio de Dom [Fulton] Sheen todo domingo.

–        Antigamente não havia defecções em massa do sacerdócio, das ordens religiosas, e de leigos, levando à “apostasia silenciosa” na Europa e em todo o Ocidente. Em vez disso, havia aquilo que um Padre do Concílio Vaticano Segundo descreveu no início do Concílio: “a Igreja, não obstante as calamidades que grassam no mundo, está experimentando uma era gloriosa, se vocês considerarem a vida cristã do clero e dos fiéis, a propagação da fé, e a influência universal salutar que a Igreja possuía no mundo de hoje.”[4]

–        Antigamente não havia “Católicos Carismáticos,” “Neo-Catecumenais,” ou outros “movimentos eclesiais” promovendo novos modos estranhos de culto inventados por seus fundadores. Havia somente católicos, que praticavam o culto da mesma maneira que seus antepassados com continuidade inquebrável durante séculos.

–        Antigamente não havia tradicionalistas, porque não havia necessidade de descrever qualquer católico com essa expressão. Todos os católicos aceitavam instintivamente o que uma série de papas havia prescrito como parte da própria profissão de nossa fé: “Admito firmemente e abraço as tradições apostólicas e eclesiásticas e outras observâncias e constituições da Igreja.”[5]

Antigamente as coisas eram assim. E quando foi essa época passada de que escrevo? Isso não foi há séculos, nem mesmo há um século, ou mesmo uma única era, mas há meros cinquenta anos, dentro da memória de vida de muitos milhões de católicos hoje em dia.

Então o que é um tradicionalista? Ele não é nem mais nem menos do que um católico que continua praticando a fé precisamente da maneira que a aprendeu em sua infância, ou que recebeu a mesma fé sem reconstrução de seus pais e que, em troca, a transmitirá a seus próprios filhos. Um tradicionalista, em outras palavras, é um católico que vive a fé como se as calamidades eclesiásticas da época pós-Vaticano II nunca tivessem acontecido – sem dúvida, como se o próprio Vaticano II nunca tivesse acontecido. E a verdade espantosa sobre o tradicionalista é que nenhuma doutrina ou regra disciplinar da Igreja o proíbe de acreditar e prestar culto a Deus dessa mesma maneira, muito embora a grande maioria de católicos não o façam mais.

O fato de existirem católicos que simplesmente continuaram crendo e prestando culto da maneira como os católicos sempre fizeram antes do Concílio, hoje em dia chamados de tradicionalistas — muitos de uma hora para outra em termos históricos —, e que a própria palavra tradição agora distingue esses relativamente poucos católicos da vasta maioria dos membros da Igreja, é um sinal inegável de uma crise como nenhuma outra que a Igreja jamais testemunhou. Aqueles que negam esse fato teriam que explicar porque somente dentro dessa vasta maioria transformada, corretamente descrita como neo-católicos, a fé está constantemente perdendo o controle sobre as pessoas, e muitas delas estão caindo completamente na “apostasia silenciosa” que João Paulo II lamentou em anos recentes após saudar por tantos anos uma “renovação conciliar”, que foi efetivamente um colapso maciço da fé e da disciplina.

Particularmente, eles teriam que explicar porque é que somente dentro dessa vasta maioria de “Católicos do Vaticano II” encontramos

–        mais de um quarto de todos os casamentos que acabam em divórcio,[6] com dez milhões de católicos divorciados e “recasados” no mundo todo, cujo adultério permanente o Cardeal Kasper deseja conciliar, com o aparente encorajamento do atual Papa reinante;

–        nascimentos, batismos, casamentos sacramentais, conversões e frequência à Missa diminuindo implacavelmente desde o Concílio;[7]

–        uma rejeição disseminada do ensinamento infalível da Igreja sobre assuntos fundamentais de fé e moral;[8]

–        uma perda repentina e dramática de vocações sacerdotais, deixando o sacerdócio católico ligeiramente menor hoje em dia do que ele estava em 1970, e um declínio drástico no número de religiosos desde então, apesar do dobro da população mundial.[9]

Eles teriam que explicar também porque é somente dentre a pequena minoria de católicos atualmente denominados tradicionalistas que nenhum desses sinais de declínio eclesiástico é evidente.

Em dias recentes a crise eclesiástica que nos acompanha há mais de meio século parece ter atingido uma profundidade da qual não pode haver recuperação sem uma intervenção divina miraculosa. O mundo está cantando hosanas ao novo Papa, incentivando-o à conclusão final, per impossibile, do processo de autodemolição eclesial que Paulo VI passou seus últimos anos lamentando, embora ele mesmo o tivesse desencadeado. Ainda assim, o sistema neo-católico continua a sua marcha confiante para além do ponto sem volta, justificando todas as evidências de desastre, ao mesmo tempo em que defende os tradicionalistas como especialistas obstinados de nostalgia, cujas “sensibilidades” podem ser conciliadas, mesmo se eles não se preocupam mais com o futuro da Igreja. Porém, na verdade, os tradicionalistas são o futuro da Igreja, como a história de nosso tempo irá registrar quando for escrita.

O que é exatamente um tradicionalista? Ele é o que todo católico foi outrora, e será novamente quando a crise passar.

* * *

[1]“Instrução sobre a Seleção e Treinamento Criteriosos dos Candidatos para os Estados de Perfeição e Ordens Sagradas” [1961])

[2]Can. 1251, §1, CIC (1917),

[3]Mortalium animos (1928), n. 10.

[4]Wiltgen, O Reno se Lança no Tibre, p. 113 (citando o Patriarca Armênio da Cilícia).

[5]Papa São Pio X, Pascendi (1907), nº 42 (citando e afirmando a validade contínua  de uma profissão de fé prescrita por Pio IV e o Beato Pio IX).

[6]Cf. análise estatística da Universidade Georgetown pelo Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado (CARA), http://nineteensixty-four.blogspot.ca/2013/09/ divorce-still-less-likely-among.html.

[7]Cf. Análise de tendências estatísticas CARA, http://nineteensixty-four.blogspot.com/2010/08/there-will-likely-be-fewer-catholic.html

[8]Cf. Pew Research Poll,18 de março de 2013, http://www.pewforum.org/2013/03/18/us-catholics-happy-with-selection-of-pope-francis/.

[9]Cf. Tabela estatística CARA, http://cara.georgetown.edu/caraservices/requestedchurchstats.html.

29 comentários sobre “O que é exatamente um tradicionalista?

  1. Antigamente não havia e não continuará a haver pelos séculos dos séculos e aí, muita gente vai chorar de verdade pelos séculos dos séculos sejam eles papas, bispos, padres e leigos.

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  2. Maravilhoso o texto. Fiquei muito emocionado. Obrigado e que Deus lhes pague! Foi como ver Nossa Senhora acenando do Céu com saudade de seus filhos. Para mim, foi isso. Estou muito emocionado!

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  3. Parabéns! Como Deus é bom!
    Faço minhas as palavras do Leonardo com sua síntese. Deus abençoe aos Christopher A. Ferrara e a Teresa Maria Freixinho. Parabéns ao Fratres que se supera a cada dia e se torna para nós católicos, um ponto de encontro, aprendizado e troca de informações.

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  4. Como bem o texto disse, não precisávamos destas tantas denominações para sermos realmente católicos. Haviam os frouxos, hipócritas e os fervorosos…Mas, todos assistiam a mesma Santa Missa, o Santo Sacrifício de Nosso Senhor. E os padres pregavam o que impunha o evangelho, os mandamentos da igreja, o que dizia o doce Cristo na Terra, quando dizia (pq. não era pra todo dia tanta “novidade”) e as mães (principalmente), pensando nas famílias, completavam o resto…
    Onde estão as mães?
    Onde estão os padres?
    O que fizeram com a Santa Missa? O Santo Sacrifício incruento de Nosso Senhor no Calvário?

    E agora temos católicos que se digladiam por estas divisões esdrúxulas estabelecidas…e nos, amantes do catolicismo tradicional – que não precisava deste nome – parecemos ser de outro mundo…alguns de nós parecem protestantes aos olhos dos “comuns”…e Nossa família não nos entende, mas queriam que sejamos “bons”, mas um conceito de bondade frouxo e parcial.

    Tende piedade de nós Senhor…

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  5. Outro dia eu estava vendo um episódio do Doctor Who, uma série britânica de ficção científica e fantasia, chamado “This Stolen Earth” (Essa Terra Roubada) 12 episódio da 4 série nova. Na história o Doutor estacionava a sua espaçonave, a Tardis (que se parece com uma cabine policial inglesa antiga) na Inglaterra e quando ele voltava para dentro da nave ele ouvia um barulho imenso e quando olhava para fora a Tardis já não estava na Terra, ao olhar os instrumentos ele via que a nave estava ainda no mesmo lugar de antes, girando em torno do Sol e a Terra é que havia desaparecido.
    O Doutor logo ficava desesperado tentando descobrir quem havia sequestrado o planeta inteiro e para onde o haviam levado mas não conseguia descobrir pista nenhuma!
    Claro que isso me deixou pensando que eu estava vendo uma analogia do que aconteceu com toda a Igreja a partir do Concílio Vaticano II, alguns grupos pequenos como a FSSPX e outros institutos tradicionalistas e muitos leigos ficaram girando em torno do Sol que é a Santíssima Trindade, recebendo a luz e o calor que emana da doutrina de sempre que a Igreja tem ensinado ao longo desses dois mil anos, enquanto que um poder simplesmente sumiu com a maior parte do mundo católico e quase todo o clero levando-os para bem longe e cada vez mais para longe do Sol, para os matar.
    Agora, vocês que conseguem enxergar essa situação, parem para meditar na enormidade do que estamos presenciando! um evento totalmente apocalíptico! e a maior parte da humanidade sequer consegue ver que algo está acontecendo! a Igreja foi roubada, e hoje resta muito pouco dela.

    O que é ser Tradicionalista? significa reter o que você recebeu e guardar a Fé até o fim, significa ficar no seu lugar, ficar na Fé e girar em torno do nosso Sol que é Cristo, mesmo que a Terra inteira desapareça de debaixo dos seus pés!
    E com um único Católico verdadeiro, Deus pode resgatar toda a Igreja, e de fato ele não precisa nem mesmo de um.
    Faltam poucos minutos agora, importa que aqueles que são fiéis sejam provados até o fim, para que recebam uma recompensa completa e não apenas uma parcial, e importa que aqueles que são infiéis sejam tentados pelo demônio a mergulharem na imundície mais e mais para que recebam um castigo completo e não apenas parcial.
    Não existe mais espaço para nada entre essas duas opções. Nãos se espantem se o Clero cair aos montes como moscas, como já está acontecendo, não existe mais espaço para aparências, ou você é de Cristo ou não é.
    A Igreja está sendo provada, não são nossos prédios, nossos livros, nossa Bíblia, nossos Sacramentos, nossos símbolos que estão sendo postos a prova, mas nós seres humanos.
    E só quem estiver realmente ligado a Cristo resistirá, aos que conseguem enxergar essa situação, não se orgulhem pois essa prova ainda não acabou, e olha que, pelo menos para nós no mundo ocidental, ainda não custou nossas vidas e já estamos vendo tanto vir abaixo! imagine se custasse…
    Aos que ficaram resta apenas uma possibilidade, seguir mais a Doutrina de sempre e se unir mais a Cristo, ou nós também podemos ser levados…

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  6. Posso ser sinceros?

    Eu exulto de alegria quando vejo uma publicação do The Remnant no Fratres in Unum.

    Tem a minha total aceitação e acolhimento. Respeito muito a luta que os valentes de site travam.
    E respeito e sou muito agradecido pelos tradutores.
    Tens o meu total apoio e incentivo para continuar nas traduções.

    E sei que não é política do Fratres in unum solicitar apoio financeiro, mas para para esse caso em específico podem contar comigo para que for necessário, de forma direta (o que não é a política do blog) ou de forma indireta.

    Meus sinceros agradecimentos.

    Viva os valentes que não se rendem.

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  7. Aí está um resumo que é um verdadeiro católico. O verdadeiro católico, deve unir a este ensinamento. Na realidade, este título de tradicionalista. É uma força de expressão, de todo católico. O verdadeiro católico vive tudo isso aí que foi escrito pelo autor deste blog. O resto, é pedaço de católico. Aliás, o católico verdadeiro, tem que está unido em tudo que a Santa Igreja nos ensinou e continua ensinando. Ou seja: Ligando o passado com o presente e o futuro. Não pode haver contradição. Passado, presente e futuro.Caso contrário. Deus seria contraditório, ou mentiroso. Isto é uma blasfêmia à Deus que é a sabedoria infinita. São Pio X. Foi quem um dia disse esta frase: “Os verdadeiros católicos são os tradicionalistas”. Então todos nós estamos bem acompanhados. O maior Papa do século XX.
    Joelson Ribeiro Ramos.

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  8. Sensacional texto!!Anos atrás eu era anticatólico cresci com uma educação hostil à Santa Imaculada Igreja Católica.Eu entrava em debates com católicos nominais, tíbios e mornos e eram presa fácil para mim.Até que um dia bati de frente com um verdade católico o da Tradição.Eu levei uma “surra” de argumentação tão racional e lógica que fui forçado a usar a frieza da técnica investigativa inerente a todo autêntico pesquisador histórico.E a investigação dos indicios me levou a infindáveis evidências que a Santa Imaculada Igreja católica é a Religião única revelada por Deus.

    Graças aos católicos (as) da Tradição descobri que Fé e razão não são contraditórias pois se fosse, Deus não seria Deus pois Deus não pode se contradizer.

    Graças aos católicos (as) da Tradição descobri o que é ser verdadeiro cristão e o que é ser herege e cismático.O verdadeiro cristão não se contradiz, não é incoerente.

    Aprendi com os católicos da Tradição a denunciar e enfrentar os hereges modernistas que se passam por católicos.

    OBRIGADO CATÓLICOS (AS) DA TRADIÇÃO POR ME MOSTRAR POR MEIO DA RACIONALIDADE E DA LÓGICA A VERDADEIRA E ÚNICA RELIGIÃO REVELADA POR CRISTO DEUS!!

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  9. As intenções do autor são obviamente as melhores possíveis, mas ele está gravemente errado num ponto essencial.

    Os católicos do passado não eram tradicionalistas. Eram tradicionais. Eles não tinham consciência de que necessitavam preservar alguma coisa. Eles faziam o que viam seus pais e avôs fazerem. Mais nada. Era basicamente seguir a corrente e fazer o que todos faziam. Um católico tradicional jamais leria um blog como o Fratres in Unum. Um católico tradicional não estudaria teologia por conta própria e confiaria inteiramente em seu bispo em matéria de fé e moral.

    Hoje, isso é impossível. Depois de 50 anos de Vaticano II, é impossível ser apenas “católico tradicional”.

    A imensa maioria dos tradicionalistas não vem de famílias tradicionalistas. A imensa maioria dos tradicionalistas não foi batizada e nem fez primeira comunhão seguindo o rito antigo. A imensa maioria dos tradicionalistas não assiste à mesma missa que seus pais e avôs assistiam nos anos 70 e 80. Perguntem a seus pais se eles sabem rezar o terço em latim. Hoje, infelizmente, praticar a Tradição exige um esforço consciente.

    É isso que, infelizmente, diferencia um “católico tradicional” de um “católico tradicionalista”.

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  10. Caros amigos, pra se evitar fazer certas confusões é necessário conhecer a origem da palavra “tradicionalista” e seu significado que está muito longe da conotação pejorativa que alguns assumem.
    Numa época em que o Papa São Pio X teve que combater correntes heréticas que se infiltravam na Igreja sob diversos “ismos” : americanismo, agnosticismo, ateísmo, racionalismo, anti-clericalismo…etc, (que ele muito apropriadamente compilou como “modernismo- a síntese de todas as heresias juntas”), esse santo Papa cunhou esse termo o qual usou com muita propriedade em sua encíclica: NOTRE CHARGE APOSTOLIQUE sobre os erros do Sillon
    Nessa Carta Apostólica promulgada em 25 de Agosto de 1910, ele diz:

    “…a Igreja, que jamais traiu a felicidade do povo em alianças comprometedoras, não precisa livrar-se do passado, bastando-lhe retomar, com o auxílio de verdadeiros operários da restauração social, os organismos quebrados pela Revolução, adaptando-os, com o mesmo espírito cristão que os inspirou, ao novo ambiente criado pela evolução material da sociedade contemporânea; porque os verdadeiros amigos do povo não são revolucionários, nem inovadores, mas tradicionalistas…”

    Foi daí que nasceu o termo tradicionalista, um termo que é usado pejorativamente pelos modernistas. Daí segue-se a necessidade de conhecer a fundo o que vem a ser um modernista, pois devido ao peso da condenação de São Pio X, os adeptos dessa corrente passaram a se auto-denominar “Católicos Progressistas”.
    São Pio X, nos dá uma visão abrangente do fenômeno em sua Carta PASCENDI DOMINICI GREGIS que pode ser lida em português no próprio site do Vaticano:
    http://www.vatican.va/holy_father/pius_x/encyclicals/documents/hf_p-x_enc_19070908_pascendi-dominici-gregis_po.html

    …”E visto que os modernistas (tal é o nome com que vulgarmente e com razão são chamados) com astuciosíssimo engano costumam apresentar suas doutrinas não coordenadas e juntas como um todo, mas dispersas e como separadas umas das outras, afim de serem tidos por duvidosos e incertos, ao passo que de fato estão firmes e constantes, convém, Veneráveis Irmãos, primeiro exibirmos aqui as mesmas doutrinas em um só quadro, e mostrar-lhes o nexo com que formam entre si um só corpo, para depois indagarmos as causas dos erros e prescrevermos os remédios para debelar-lhes os efeitos perniciosos”.

    Eu aconselho a todos lerem com muito carinho essa encíclica de linguagem simples e precisa. Leiam principalmente o capítulo em que ele descreve AS CAUSAS DO MODERNISMO. Se no final você conseguir enxergar a raiz de toda a crise que se abateu sobre a Igreja e concordar com os remédios prescritos por São Pio X pra erradicá-la, então você é um Católico tradicionalista.

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  11. Hoje ser tradicionalista na Igreja, requer esforço. Há 50 anos atrás era simplesmente ir à Igreja.

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  12. Artigo maravilhos!
    Perfeito!
    Um bálsamo em meio às duras pancadas que a atual neo-igreja vem desferindo contra aqueles que Guarda a Fé!
    Impecável, equilibrado, com a clareza devida!
    Parabéns!

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  13. Hoje ser tradicionalista na Igreja, requer esforço. Há 50 anos atrás era simplesmente ir à Igreja. (2)

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  14. Meus parabéns pelo texto ,em resumo um tradicionalista não e nada mais nada menos do que um ser fiel a NOSSO SENHOR.

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  15. Alguns leitores já postaram louvores ao artigo de Ferrara sobre o tradicionalismo. Não vejo que seja necessário fazer mais algum acréscimo.
    Detenho minha atenção naquilo que notei de mais fraco e insuficiente na argumentação do polemista norte-americano. A sua falha aparece naquilo que é a própria tese central de seu artigo: a definição do que é exatamente um tradicionalista.
    Se o católico tradicionalista for apenas o que Ferrara apontou, temo que não venha a ser “o futuro da Igreja”, como ele espera. Pois define um tradicionalista como “um católico que continua praticando a fé precisamente da maneira que a aprendeu em sua infância”; como “um católico que vive a fé como se as calamidades eclesiásticas da época pós-Vaticano II nunca tivessem acontecido”; “como se o próprio Vaticano II nunca tivesse acontecido”.
    A meu ver, ainda que há uma “intervenção divina miraculosa”, mas seguida de uma mera volta ao status quo dos anos cinqüenta, à época em que não havia a série de calamidades descritas por Ferrara, o problema não estará resolvido. Passa-se uma geração e voltam os mesmos problemas, e até agravados pela hidra revolucionária que renasce com mais força e desejo de destruir a Igreja. Por isso não se pode esquecer que existiram o Concílio Vaticano II e seus calamitosos frutos!
    Há um precedente histórico muito eloqüente, que mostra a insuficiência desse estado de espírito que se contenta e acomoda quando as coisas voltam a ficar como antes. É o dos nobres franceses que fugiram da França durante a Revolução e voltaram depois que a situação ficou mais tranqüila. Eles “nada esqueceram e nada aprenderam”. Com a restauração da monarquia essa gente se alegrou, se reinstalou e acomodou. Julgaram que a Revolução nunca mais voltaria. Mas trinta anos depois estalava novamente nas ruas de Paris.
    Não basta salvar a missa tridentina, nem basta retornar aos tempos de Pio XII. É insuficiente ser tradicionalista no sentido apontado por Ferrara. É preciso ser católico tradicionalista contra-revolucionário. E estar muito atento e vigilante.
    A Revolução realizou a diabólica conquista das mentalidades e das instituições da sociedade, aparelhou com os seus agentes os postos de comando da Igreja e do Estado. As técnicas de Gramsci e de outros deram aos inimigos da Igreja a hegemonia cultural e espiritual no mundo atual, a Sodoma de nossos dias.
    Para haver o triunfo de Maria, o Reino do Seu Imaculado Coração, é preciso que o espírito dEla reine nas mentalidades, nos costumes, nos modos de ser, nas leis e instituições. Se queremos a instauração duradoura do reino de Cristo, é preciso que os que venham a construí-lo, tenham muita vigilância: Orai e vigiai.

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    1. Talvez, o cume da proposição do caro senhor Salomão seja a promoção da devoção da Sagrada Escravidão a Nossa Senhora, como descrito por São Luís de Montfort.

      Salve Maria, Rainha Imaculada.

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  16. O texto é um pouco ingênuo. Há questão de 50 anos, tudo era uma maravilha. Conheço testemunhas viventes naquele tempo (e até antes) – clérigos e leigos – que têm outra versão para esse mundo católico às mil maravilhas.

    Além disso, o próprio tema do texto está furado. Claro que há bastante tempo se fala em tradicionalistas e modernistas. A Pascendi foi escrita para condenar aqueles. São Pio X não escreveria para um grupo de ninguéns…

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  17. Sr. Vinícius;
    Estude mais antes de escrever tolices!
    A Pascendi trada da heresia Modernista, e não do confronto entre “Tradição” e “Renovação Conciliar” (na verdade “Revolução Cãociliar!”).
    Portanto, estude, ok?

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  18. O texto é simplesmente maravilhoso! Mais uma vez o Fratres in Unum está de parabéns! Um texto assim mostra o vigor da tradição, apesar de tantos desastres, e serve para consolar-nos e estimular-nos em nosso caminho. Deo gratias!

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    1. Concordo plenamente. É um estímulo, antes de tudo. Vou salvar logo este texto antes que apareça algum “cãociliar” para calar o Fratres in unum…

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  19. Concordo com o Vinícius.

    Se tudo fosse tão romântico assim, os frutos de hoje com certeza seriam diferentes penso eu……

    “Não ha nada de oculto que não venha a ser revelado”

    As crises sempre existiram e a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo saiu vencedora. Pensar diferente disso é “derrotismo piscótico hard-trad”.

    A Igreja hoje não é somente um campo amaldiçoado, Jesus está vivo é Senhor.

    Esse paninho de sempre, ó vida, ó céus, ó CVII, ó isso, ó aquilo….

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  20. Foi o próprio João XXIII quem dissera que a Igreja, antes do concílio, estava vibrante de vitalidade. Mal terminou o CV II, e como consequência imediata a crise se instalou, chegando Paulo VI a afirmar, tempos depois, que a fumaça de Satanás havia se penetrado por alguma brecha na Igreja.

    Isso que eu disse é de conhecimento público para quem tem um mínimo de conhecimento superficial da história da Igreja nesse período. Eu disse o MÍNIMO.

    De uma Igreja em estado vibrante para esse odor pestilento da fumaça de Satanás, que antes do CV II circulava muro a fora das Igrejas e agora penetrou em quase tudo.

    Lógico que os textos ambíguos do CV II não possuem responsabilidade sozinhos.

    Toda a política de nomeações de bispos, elegendo os progressistas, em vez dos conservadores, também tem culpa no cartório.

    As omissões em condenar os erros e o ]s que erram, permitindo-os total liberdade para descristianizar as nações.

    Tudo isso tem responsabilidade. Tem um trecho do Pe. Vieira que eu gosto muito, eis:

    “O demônio, como espírito, e como espírito soberbo, atrevido, e sem temor nem reverência dos lugares sagrados, entra pelos claustros religiosos, passeia os corredores e dormitórios, e por mais fechadas que estejam as celas, sem gazua, com ser ladrão, se mete e mora nelas muito de assento. Por sinal, senhoras, que muitas o deixastes na vossa cela, e o achareis lá quando tornardes. Ninguém se benza, porque esta verdade, posto que não seja fé católica, é romana. É a novidade que de lá trago, para que vos peço nova atenção.”
    Sermão do demônio mudo

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  21. Ah, aí é bom citar os responsáveis pelas elevações a bispos e cardeais progressistas. Todos sabemos quem são os responsáveis. Os autores da crise de ontem e os beatos e santos de hoje.

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  22. Tradicionalista é, nada mais nada menos do que UM CATÓLICO, em toda extensão do seu ser… fiel à Igreja de Cristo, fiel ao que Ela sempre ensinou sem manchas nem mácula.

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