Por Matteo Matzuzzi – Il Foglio, 17 de setembro de 2014 | Tradução: Fratres in Unum.com – Os bispos alemães estão unidos ao cardeal Walter Kasper no que diz respeito ao matrimônio e à família.
As teses do teólogo escolhido pelo Papa que abrirão as discussões do consistório sobre os temas no Sínodo bienal, prestes a acontecer, são compartilhadas e apoiadas pela maioria do episcopado alemão.
O Cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising, explicou isso durante uma mesa-redonda sobre o Diálogo na Igreja, que ocorreu na semana passada em Magdeburg.
O Cardeal Marx, há alguns meses presidente da Conferência Episcopal, está se movimentando rapidamente no Vaticano, onde também integra um grupo de nove cardeais que está estudando a reforma da Cúria. Ele também é o coordenador do Conselho de Economia.
O grupo, que é favorável à atualização da pastoral familiar em todas aquelas “situações inauditas até há poucos anos” e que foram discutidas em 1980, ainda que apenas de forma marginal, no Sínodo de João Paulo II sobre a Família, quis dizer isso diretamente ao cardeal Ludwig Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. A reunião foi “cordial” e a atmosfera “era boa”, Marx salientou, acrescentando que o chefe da delegação era o bispo de Osnabrück, Monsenhor Franz-Josef Bode.
Já há algum tempo o Cardeal Muller manifestou posições opostas em relação às de Kasper. Em julho, publicou o livro-entrevista “A Esperança da Família” (Edizioni Ares), onde reiterou que uma vez que “a misericórdia é o cumprimento da justiça”, ela nunca deve ser utilizada “como uma desculpa para suspender ou tornar os mandamentos e os sacramentos inválidos. Caso contrário – observou o chefe do antigo Santo Ofício – estaríamos seriamente manipulando a misericórdia autêntica”.
O Cardeal Marx também revelou que, assim que as discussões sinodais chegarem ao assunto principal, ele próprio, como presidente da Conferência Episcopal local, traria um documento para a assembleia que esclareceria a posição da maioria dos bispos alemães, que terão todos seus nomes assinados ao final do documento. Uma posição que seguiria as linhas traçadas por Kasper em seu longo relatório teológico exposto aos cardeais em fevereiro passado, e que ele tinha preparado como uma abertura para o debate franco e aberto desejado pelo Papa.
“Nós não podemos ser uma Igreja de missão, se não mantivermos um diálogo crítico e aberto dentro da própria Igreja”, acrescentou Marx em Magdeburg. A questão mais delicada, explicou o cardeal, é a reaproximação dos divorciados recasados à Eucaristia e a consideração a dar a muitos, vindos de um casamento fracassado, que pedem para ser admitidos novamente à Comunhão. Este assunto “não será apenas discutido aqui na Alemanha, mas em quase todas as Conferências Episcopais da Europa”, enfatizou o prelado aos participantes na mesa-redonda, entre os quais cerca de trinta bispos.
O Arcebispo de Munique, logo após o consistório no inverno passado, tinha esperança de que o debate se tornasse público, com teólogos e leigos discutindo a família e todos os seus problemas inerentes, que a partir de outubro e para os próximos dois anos seriam estudados na nova Aula pelos padres sinodais, os peritos e os auditores.
Os representantes do movimento progressista “Nós somos Igreja” disseram estar muito entusiasmados. Seus líderes de longa data Martha Heizer e seu marido foram excomungados há alguns meses porque haviam celebrado a Eucaristia em sua sala de estar – “Temos feito isso há anos, queríamos mostrar que havia uma solução para o problema da escassez de sacerdotes nas comunidades cristãs”, disse o ex-professor austríaco, justificando seu ato.
As palavras do Cardeal Marx, então, são bastante agradáveis ao movimento, desde que não fiquem só no papel: “Somente uma reforma cativante, rápida e centrada no ser humano pode contribuir para transpor o abismo que separa a doutrina tradicional da Igreja da realidade dos fiéis católicos a respeito da moralidade sexual.”
Tradução a partir da versão em inglês de Rorate-Caeli.