Quantos equívocos sobre o acolhimento aos gays.

Por Roberto Marchesini – La Nuova Bussola Quotidiana | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: A pedido de um amigo, fui obrigado a ocupar-me do Sínodo Extraordinário atualmente em curso e  a ler o artigo de Marco Tosatti sobre “o acolhimento aos filhos gays.” Descubro então que neste Sínodo sobre a Família foi convidado um casal australiano que falou sobre a importância da sexualidade no casamento. Não se sabe bem por qual motivo, mas o fato é que esse casal achou oportuno acrescentar outra carne ao fogo falando de acolhimento aos “filhos gays.” Estas são suas palavras entre aspas relatados por Tosatti: “Nossos amigos estavam planejando a sua reunião de família para o Natal, quando seu filho gay disse que queria levar para casa o companheiro. Eles acreditavam piamente nos ensinamentos da Igreja e sabiam que os seus netos teriam gostado de vê-los acolhendo o seu filho e seu parceiro na família. Sua resposta pode ser resumida em três palavras: É o nosso filho “.

Obviamente (eu sabia, e queria evitá-lo), eu fui assaltado pelas perguntas: por que, em um Sínodo em que a presença de leigos não é admitida, esse casal foi convidado? Por quem? Por que eles? Por que eles introduziram o tema da homossexualidade? Quem os convidou sabia da sua intervenção? Sua afirmação conclusiva nos recorda um documento intitulado “Sempre nossos filhos”, publicado em 1997 pela Comissão sobre Casamento e Família da Conferência Episcopal dos Estados Unidos. Nove dias após a aprovação do documento, o então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Ratzinger, enviou aos bispos uma carta duríssima na qual ele pedia que fossem feitas pelo menos dez modificações e alguns acréscimos ao documento. A referência a esse documento seria intencional ou acidental?
Também no Vatican Insider, desta vez assinado por Andrea Tornielli, eu li que de acordo com um não identificado padre participante do Sínodo, “expressões tais como” intrinsecamente desordenados “(usado sobre a homossexualidade, ed) ou ” mentalidade contraceptiva” não ajudam a levar as pessoas a Cristo”.
Parece quase certo que os Padres sinodais decidiram aceitar as exigências da conferência internacional teológica “Streets of Love” (os caminhos do amor), promovido pelo Fórum Europeu dos cristãos LGBT e realizada com a contribuição  do Ministério da Educação da Holanda(?)
O que dizer?
Em primeiro lugar, podemos dizer que a Igreja prega de modo explícito o acolhimento das pessoas com tendências homossexuais desde 1975 (cfr. Pessoa Humana § 8;. Catecismo da Igreja Católica § 238), e o fato de que no Sínodo o convite ao acolhimento a essas pessoas soe como uma novidade é desconcertante.
Em segundo lugar, deve-se dizer que o acolhimento das pessoas com tendências homossexuais não implica de forma alguma na aceitação dessas mesmas tendências.  Este é o motivo pelo qual o Magistério não fala de “homossexual” ou “gay”, mas de “pessoas com tendências homossexuais”, fazendo uma clara distinção entre pessoa e tendências. É uma distinção importante, explicada pelos documentos, nos quais lemos (Homosexualitatis problema, § 16): “A Igreja oferece aquele contexto no qual hoje se sente uma extrema urgência em cuidar da pessoa humana, exatamente quando ela se recusa a considerar a pessoa puramente como um “heterossexual” ou “homossexual” e enfatiza que todos têm a mesma identidade fundamental: ser criatura e, pela graça”, um filho de Deus, herdeiro da vida eterna.
Ainda mais decisivo,  monsenhor Livio Melina, presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, escreve: “[…] As pessoas com inclinações homossexuais são homens e mulheres e, portanto, […] seria oportuno superar o termo “homossexual” e substituí-lo por “pessoa com inclinações homossexuais”, pois enquanto uma inclinação não assume significados relevantes, não pode definir exaustivamente o sujeito”. É a velha distinção aristotélica entre “substância” e “acidente”. Mas tudo isso, nesse Sínodo parece não ter o direito de cidadania, e assim se fala tranquilamente em “filho gay” (nem mesmo “homossexual”, apenas “gay” como se todas as pessoas com tendências homossexuais fossem ativistas ou homossexuais ativos), como se a homossexualidade fosse substância  (e não, como ensina o Magistério, acidente).
Enfim, que comentários poderíamos fazer sobre o que disse o anônimo padre sinodal segundo o qual, definir a homossexualidade como uma inclinação “objetivamente desordenada” não ajudaria a trazer as pessoas para Cristo? Começamos por dizer que (ainda) é o Magistério que define a homossexualidade como “objetivamente desordenada”, porque “é […] uma tendência, mais ou menos forte direcionada a um comportamento intrinsecamente mal do ponto de vista moral ” (Homosexualitatis problema § 3;. ver Catecismo da Igreja Católica § 2358). Os atos homossexuais, de fato, são considerados (sempre de acordo com o Catecismo) ofensas graves contra a castidade, simplesmente porque são atos sexuais praticados fora do casamento, “excluem do ato sexual o dom da vida, não são o resultado de uma verdadeira complementariedade afetiva e sexual “(ibid). Não vejo outros modos para não definir dessa maneira os atos homossexuais, senão se: 1) elevar o “casamento gay” a sacramento   (e, pelo menos sobre isso, não me parece que o Sínodo queira conceder tal abertura) ou 2) modificar a doutrina que considera lícitos somente os atos sexuais castos (ou seja, abertos à vida e que sejam o dom total de si ao outro).
Na verdade, se a proposta do Cardeal Kasper tivesse que ser aceita (permitir que divorciados que têm relacionamento sexual com um parceiro que não é o cônjuge se aproximem da Eucaristia, sem arrependimento, confissão e absolvição), esta seria, obviamente uma doutrina sem raízes. E então, por que continuar a considerar como pecaminosos os atos sexuais por exemplo, entre dois namorados? Desta forma, já não poderiam ser considerados como pecaminosos os atos homossexuais, e portanto a homossexualidade já não seria uma inclinação “objetivamente desordenada”.
O discurso poderia continuar questionando por que, a este ponto, se quer abolir apenas o o sexto mandamento da Lei de Deus? Por que não abolir também o quinto, o sétimo ou o oitavo? Por que não resolvem abolir de vez o primeiro mandamento que, falando com toda franquza, também não ajuda em nada a trazer as pessoas para Cristo?
Vou parar por aqui para não ser acusado de querer me auto intitular teólogo.
Resta apenas a impressão desoladora de que pelo menos parte dos padres sinodais, abandonando o uso do latim para o atual italiano como língua oficial, parecem abandonar também o Magistério para abraçar a mentalidade deste mundo como pensamento oficial.

5 comentários sobre “Quantos equívocos sobre o acolhimento aos gays.

  1. … “eu li que de acordo com um não identificado padre participante do Sínodo, “expressões tais como” intrinsecamente desordenados “(usado sobre a homossexualidade, ed) ou ” mentalidade contraceptiva” não ajudam a levar as pessoas a Cristo”.
    O pior é tratar-se de fato real: “não ajudam a levar as pessoas a Cristo”, concordo sim, no entanto com toda certeza conduzem direto para Sodoma e Gomorra!
    Pobres católicos! Que N Senhora se compadeça dos degredados filhos de Eva, gemendo e chorando nesse vale de lágrimas, sendo que dezenas de milhões já foram subvertidos na alienação bandeando para as seitas, ou por muitos vermelhos sacerdotes, relativizando-os nas doutrinas da religião comunista do ódio a Deus, da inveja e da cobiça dos bens alheios e, para aumentar o caos, hoje governados por marxistas – caso Brasil – em que infiltram todas as instancias, doutrinam o povo desde a infancia no niilismo marxista, alienam-no e ainda via lutas de classes, incentivam o caos ao instigarem os ódios recíprocos!
    Estaríamos governados por Satã e suas legiões revestidos sob aparências de certas pessoas que desafiam ostensivamente as leis de Deus? Se não o é, pareceria!
    Muito alegre com o Sínodo, certo padre na tv – seria socialista – disse: “um grupo de solteiros querendo dar opiniões para casados, tem-se que abrir mesmo…

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  2. Australianos. Ateus, materialistas, socialistas e neo pagaos por excelencia. O Pais eh o grande experiment gramsciano, 50% dos casamentos falidos, isto quando casam. Este casal vergonhoso so podia ter vindo daqui…

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  3. Parece q estamos todos um pouco saturados dessa estória do Sínodo. Muita decepção, é verdade, mas também algum conforto vindo da corajosa tomada de posição de muitos prelados em favor da doutrina católica. Seja como for, parece q esse tipo “discussão” apresenta contornos muito mais amplos q os próprios temas propostos na Aula Sinodal. Quero dizer: a questão é mais geral, e tudo se passa como a Igreja pudesse estar equivocada (até agora) acerca de matérias tão relevantes; como se a Igreja não entendesse nada de misericórdia; como se a Igreja nada soubesse sobre a verdadeira natureza do pecado e da graça. Trata-se, pois, de uma falta de fé na Igreja, e, consequentemente, no Espírito Santo q a rege indefectivelmente. Tudo se passa como se os Santos Doutores, Pontífices e mestres da verdade católica ao longo dos séculos nada tivessem entendido realmente: suas vidas, seus milagres, a excelência de sua doutrina tudo isso é nada. Quando muito, assemelhar-se-iam aos justos do Antigo Testamento, q caminhavam em meio às figuras e prefigurações. Para os inovadores, a verdade custodiada pela Igreja padeceria da mesma precariedade de tudo o q é deste mundo. Mas se é verdade q a Igreja está no mundo, sobretudo é verdade que ela não é do Mundo: Ela é o anti-mundo, o sinal de contradição.

    Não dá para escusar a má fé q se manifestou tantas vezes ao longo do Sínodo. Paira uma pesada sombra não apenas sobre a retidão doutrinal, mas também sobre o caráter dos verdadeiros fautores da desordem e da confusão levada a cabo mediante uma ampla variedade de falcatruas e desmandos, e, é claro autoritarismo.

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  4. O Arcebispo Bruno Forte, foi escolhido e nomeado para ser um dos consultores da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que atualmente está sob a presidência de sua eminência Dom João Braz de Aviz, (a quem paira a suspeita de intimas relações com a maçonaria), justamente às portas do Ano dos Religiosos.
    Agora entendo porque toda a pressão para esmagar os frades Franciscanos da Imaculada, é que eles não encaixam no perfil misericordioso que a Congregação deseja instalar, bem aos moldes que defendeu o Arcebispo Forte no “Relatio” do Sínodo, dando às boas vindas por meio das ordens religiosas.
    Intensifiquemos os clamores: Maranatha, Vem Senhor Jesus.

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    1. Levanta-te, Senhor Deus, com teu poder
      E afugenta os inimigos da tua Igreja.
      Apavora, Senhor, os inimigos que te odeiam!
      Que os espíritos do mal se humilhem na tua presença.

      Como a fumaça que no ar se desvanece,
      Assim se dispersem todas as forças do mal!
      Como a cera que ao calor do fogo derrete,
      Diante do fogo do amor do Senhor todo mal se derreta!

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