Sala Paulo VI, Vaticano, 28 de janeiro de 2015: Papa Francisco cumprimenta recém casados ao fim da audiência geral (Foto: CNS/Paul Haring).
Não passa despercebida a comoção da senhora abraçada ao seu marido, após ter recebido a saudação do Santo Padre. Certamente, a imagem demonstra o quanto vale a um fiel o cumprimento, a afeição, o amor paternal do Vigário de Cristo na Terra. Inversamente, e na mesma intensidade, ferem, sobretudo no coração de uma mãe cristã, as palavras despropositadas.
Rezemos para que Pastor e fiéis se reconciliem, na unidade e na expressão clara e inequívoca da verdadeira Fé e Moral da Igreja, da qual somos todos filhos.
De Rerum Natura – “A Virgem e o Coelho” (“Madonna del Coniglio“, no italiano original), é um óleo sobre tela do pintor italiano Tiziano Vecellio (1473? – 1590) que pode ser actualmente apreciado no museu do Louvre, em Paris. Tiziano é um dos principais representantes da escola veneziana do Renascimento Europeu, e este seu quadro referencia a pureza da fertilidade e da concepção imaculada de Maria, representada pela alvura, símbolo de pureza, do coelho enquanto espécie associada à fertilidade. Nesta pintura renascentista, Maria recebe de Catarina de Alexandria o menino Jesus. Este contempla um coelho branco bem seguro pela mão esquerda de sua mãe imaculada. As mãos de Maria fazem a interligação entre o menino Jesus e a pureza representada pelo coelho branco.
Como veremos mais à frente, há razões para uma intencionalidade para este simbolismo do coelho com a pureza e com a concepção sem pecado. Neste contexto, pode dizer-se que a obra faz uma alusão ao mistério da incarnação e da imaculada concepção de Maria, numa interpretação de Tiziano do culto mariano e dos novos evangelhos bíblicos. Mas note-se também na presença de um cesto semiaberto com fruta, uma maçã, numa alusão ao pecado original relatado nos Velhos testamentos.
Por Armando F. Valladares * | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Cuba, minha terra natal, acabou de completar 56 anos de martírio sob uma nefasta revolução comunista. Diante deste drama gigantesco e deste trágico aniversário, sobre a face da terra quase não se ouviu vozes de indignação por uma situação que clama ao céu. Muitos governos que anos após anos, rasgam suas vestes na ONU para condenar o chamado “embargo externo” dos Estados Unidos, enviaram mensagens de saudação aos tiranos castristas e nem sequer meia palavra disseram sobre o implacável “embargo interno” do regime contra 12 milhões de habitantes da ilha-prisão.
Estamos diante de um dos maiores exemplos de truque de publicidade de toda a História: um regime que durante décadas foi a ponta de lança de revoluções sangrentas na América Latina e na África, e que hoje continua tecendo cordões umbilicais ideológicos nas três Américas, de uma merecida imagem de agressor passou a ter a imagem mais mentirosa de vítima.
São inúmeros os casos de ajuda internacional ao regime cubano, que permitiram e permitem a sua sobrevivência. Depois do gigantesco respaldo financeiro da União Soviética até o seu colapso; da Venezuela Chavista até sua atual desintegração e do Brasil lulista-dilmista, agora com os cofres mais vazios, surge a partir da América o inesperado “eixo” Obama–Francisco. Um eixo político e espiritual sui generis que, independentemente das intenções dessas altas personalidades, passará a abastecer com rios de dinheiro e prestígio publicitário o aparelho repressivo do regime.
No dia 19 de dezembro, dois dias depois que em Roma, Washington e Havana foi anunciado simultaneamente o restabelecimento das relações diplomáticas entre o governo dos Estados Unidos e a ditadura cubana, uma embarcação da Guarda Costeira castrista, presumivelmente, em águas internacionais, começou a investir contra uma lancha na qual fugiam 32 pessoas, incluindo sete mulheres e duas crianças, até conseguir afundar a frágil embarcação. Esses cubanos simplesmente buscavam a liberdade e tentavam romper o ignominioso “embargo interno” que a tirania de Castro impõe aos seus habitantes.
ATAQUE À LANCHA DE REFUGIADOS POR CASTRISTAS.
Masiel González Castellano, uma sobrevivente, esposa de Leosbel Beoto Diaz, que morreu afogado, narrou por telefone mais tarde: “Nós estávamos gritando, pedíamos auxílio, que nos ajudassem porque o barco estava afundando. Mas eles não faziam caso. O que faziam era partir pra cima da lancha. Algumas pessoas se jogavam na água e outros ficaram ali enquanto a lancha ia se afundando. Eles sabiam que haviam crianças e mesmo assim continuavam se jogando pra cima de nós. Pouco lhes importava”.
Foi uma ação brutal por parte de um regime que se sente com as costas largas, protegidos por poderosos aliados. O fato criminoso que tanto comprometia o regime de Fidel Castro, teria merecido um clamor global de repúdio, todavia passou quase despercebido pela imprensa internacional, pelos governos ocidentais, organizações de defesa de “direitos humanos” e, oh dor! por eclesiásticos que deveriam imitar o Bom Pastor, dispostos a dar a vida por suas ovelhas.
No dia 31 de dezembro em Havana, coincidindo com os 56 anos de revolução, desencadeou-se uma onda de repressão contra opositores que estavam tentando apenas se reunir na Praça da Revolução, ilustrando, como se não houvesse qualquer dúvida, quais são as reais disposições do regime.
Nos Estados Unidos, diversos especialistas têm demonstrado de maneira documentada como a aproximação quase incondicional do governo dos EUA favorece o regime cubano e prejudica a causa da liberdade na ilha, cujos habitantes ficarão muito mais à mercê dos tiranos; e criticaram duramente o Presidente Obama (cf. “Dissidentes cubanos acusam Obama de traição”, Marc A. Thiessen, Washington Post, 29 de dezembro de 2014. “Obama dá ao regime de Fidel Castro em Cuba um resgate desmerecido” Editorial em Espanhol e Inglês, Washington Post, 17 de Dezembro., 2014).
No entanto, poucos são os analistas que destacam o aspecto mais grave e trágico deste acordo: a responsabilidade que cabe ao seu artífice e mediador mais eminente, o Pontífice Francisco. No dia 17 de dezembro passado, no mesmo dia do anúncio do restabelecimento das relações diplomáticas, Francisco, juntamente com a reafirmação do seu papel como mediador, saudou a libertação de alguns “presos” sem sequer insinuar que em Cuba o regime comunista continua mantendo subjugados não apenas “alguns”, mas 12 milhões de cubanos. É extremamente doloroso dizer, mas a bota com que Castro continua a esmagar os meus irmãos da ilha, agora conta com um altíssimo aval.
É preciso recordar que do lado castrista, os “prisioneiros” eram, na verdade, espiões processados e condenados pela Justiça americana por cumplicidade no assassinato dos jovens da organização “Irmãos para o Resgate” e por planejarem transportar explosivos em Miami para realizar atos terroristas. Por tal motivo o líder dos “presos castristas” tinha duas penas de prisão perpétua.
PAPA FRANCISCO
Não é a primeira vez que Francisco, independentemente de suas intenções, adota atitudes que objetivamente favorecem às esquerdas continentais políticas e eclesiásticas. Por exemplo, foi realizado em Roma de 27 a 29 de outubro do ano passado, o Encontro Mundial dos Movimentos Populares Revolucionários que reuniu 100 líderes revolucionários mundiais, incluindo conhecidos agitadores profissionais latino-americanos, e que contou com a participação do próprio Francisco. É como se tivessem realizado uma espécie de “beatificação” publicitária , em vida, dessas figuras revolucionárias de inspiração marxista, beatos sui generis de uma “igreja de cabeça para baixo”, tudo ao contrário da doutrina social da Igreja, defendida por predecessores de Francisco (cf. “O Papa saúda e abençoa” L’Osservatore Romano, 28 de outubro de 2014; “Francisco, ‘beatificação’ publicitária dos revolucionários e ‘vendaval’ social”, Destaque Internacional, 02 de novembro de 2014).
Tive a oportunidade de comentar sobre outros eventos no mesmo sentido, como quando Francisco revogou a “suspensão a divinis” do sacerdote nicaraguense Miguel D’Escoto, da infame ordem Maryknoll, ex-chanceler sandinista e uma das figuras mais pró-castrista da teologia da libertação. O padre D’Escoto tinha sido disciplinado pelo Vaticano em 1984 por seu envolvimento na perseguição dos católicos nicaraguenses durante o primeiro governo sandinista da Nicarágua (cf. “Francisco, pró-castristas e confusão”, Armando Valladares, 6 de agosto de 2014).
Infelizmente, no que diz respeito a Cuba e à América Latina, esses dizeres, atos e gestos do Pontífice Francisco estão direta ou indiretamente favorecendo a opressão do povo cubano e a esquerdização do continente. Paira no ar a sensação de que, sob esses pontos, estaríamos na presença de um pontificado marcado pela confusão e até mesmo o caos, com consequências preocupantes para o futuro político, social e cristão das Américas.
Como Católico e ex preso político cubano que passou 22 anos nas prisões de Castro, e que viu sua fé fortalecida ao ouvir os gritos dos jovens católicos que morriam no “paredão de fuzilamento” gritando “Viva Cristo Rey, abaixo o comunismo” devo manifestar as perplexidades, angústias e dramas interiores que suscitam os fatos descritos acima. Trata-se de uma situação das mais dolorosas que pode existir, porque dizem respeito aos vínculos com a Santa Sé. Não obstante, como já tive ocasião de manifestar, a fé dos católicos deve permanecer intacta e até mesmo fortalecida diante desses dilemas, porque em questões políticas e diplomáticas nem mesmo os papas são assistidos pela infalibilidade. E não há nenhuma obrigação para os católicos de aceitar essas palavras e ações, na medida em que diferem da linha tradicional adotada pela Igreja em relação ao comunismo.
* Armando Valladares, escritor, pintor e poeta. Passou 22 anos como prisioneiro político em Cuba e é o autor do best-seller “Contra toda esperança”, que narra o horror das prisões de Castro. Ele foi embaixador dos Estados Unidos diante da Comissão de Direitos Humanos da ONU sob as administrações Reagan e Bush. Ele recebeu a Medalha Presidencial do Cidadão e Prêmio Superior do Departamento de Estado. Ele tem escrito numerosos artigos sobre a colaboração eclesiástica com o comunismo cubano e sobre a “Ostpolitik” do Vaticano em relação a Cuba.
Por Erick Marçal – Da Porta Sant’Anna: A 5 meses de os novos arcebispos metropolitanos, comumente, receberem os pálios pastorais das mãos do Papa em Roma, o jornalista norte-americano Gerard O’Connell, de America Magazine, teve acesso a uma novidade, que, contudo, retoma um antigo costume: em carta enviada aos Núncios Apostólicos, em 12 de janeiro passado, Mons. Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, comunicou que o Papa Francisco decidiu que eles serão, a partir de agora, também os Legados Pontifícios para entregar e impor a insígnia aos novos arcebispos em suas próprias dioceses.
Como aconteceu nas últimas 3 décadas, por iniciativa de João Paulo II, os Arcebispos com os pálios impostos pelo Papa na Missa da Solenidade de São Pedro e São Paulo, no Vaticano. Esta imagem é da ocasião em 2013, a primeira do Papa Francisco.
Foi João Paulo II que introduziu o costume de, anualmente, a 29 de junho, grande solenidade universal dos Apóstolos Pedro e Paulo, os arcebispos metropolitanos nomeados no último ano irem até Roma e receberem de uma só vez e de suas mãos o pálio pastoral. Era uma forma de expressar grandiosamente a comunhão mais estreita entre os Arcebispos e o Papa, da qual o pálio é o sinal permanente. Eles concelebravam a Missa, recebiam cada um o pálio e voltam para suas dioceses, somente dentro do território das quais portariam a mesma insígnia. Bento XVI, quando foi eleito Papa, manteve o costume. Antes disto, cada novo Arcebispo recebia, como agora será, o pálio em sua própria diocese, para o que o Papa nomeava um Legado, para impor a ele a insígnia em seu nome. Normalmente eram os Núncios, mas também, diante de alguma impossibilidade, outro Arcebispo ou outro importante Prelado.
Dom Manuel Monteiro de Castro, então Secretário da Congregação para os Bispos,
recebe de Bento XVI os pálios restantes da Missa do dia 29 de junho, para ir impô-los em suas próprias dioceses aos Arcebispos ausentes.
Mesmo nas últimas 3 décadas de Arcebispos se dirigindo a Roma de uma vez, a cada ano, para receberam os pálios das mãos do Papa, sempre houve um Legado Papal para ir pessoalmente à diocese de algum novo Arcebispo que, por motivo grave e imprevisto, não se fez presente no Vaticano no dia 29 de junho. Portanto, ao fim da imposição dos pálios, normalmente o Secretário da Congregação para os Bispos recebia do Papa os pálios restantes e depois levava e impunha a algum Arcebispo, tal como o rito previsto no Cerimonial dos Bispos, que deve ser feito no início de uma Missa.
Postos no túmulo de São Pedro no dia 24 de junho, os pálios aguardavam aí até o dia 29 de junho, quando eram levados para o altar e abençoados pelo Papa.
De fato, tanto a nova decisão do Papa Francisco recupera o antigo costume quanto aplica o que o Cerimonial dos Bispos prevê. Contudo, ainda este ano é previsto que mais de 40 Arcebispos recebam o pálio do próprio Papa, como era comum, a não ser Dom Blase Cupich, nomeado pelo Pontífice como Arcebispo de Chicago (EUA) em 1º de julho de 2014: ele concelebrará a Missa do dia 29 de junho em Roma, mas receberá o pálio de maneira diferente da parte do Papa, em forma simbólica. Após algum tempo, em sua própria diocese, será o primeiro Arcebispo a ter o pálio imposto pelo Núncio Apostólico.
A intenção disto é evidenciar a participação das dioceses neste importante fato na vida do Arcebispo, que tem a ver com a vida de seus fiéis. Para Roma, o clero e alguns leigos acompanhavam o Bispo. Agora, o pálio encontrará o Arcebispo em sua diocese e todos verão isto.
Roma, 29 de janeiro de 2015 – LifeSiteNews.com | Tradução: Fratres in Unum.com: O principal organizador do Sínodo do Vaticano sobre a Família revelou que o Papa Francisco aprovou o controverso relatório preliminar daquele encontro antes de ele ser divulgado. Até agora, o papel do Papa Francisco na publicação do documento era objeto de conjecturas.
A Relatio post disceptationem, como era chamada, foi prevista como um sumário provisório do debate da primeira semana do Sínodo. Mas, após ter sido publicada, foi duramente criticada por vários padres sinodais, inclusive os Cardeais Raymond Leo Burke, Gerhard Müller, George Pell, e Wilfrid Napier, alguns deles publicamente e outros internamente. Alguns críticos chegaram mesmo a descrevê-la como o pior documento oficiais da história da Igreja.
Baldisseri sendo criado cardeal por Francisco.
O Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, falou sobre o papel do Papa acerca dos documentos sinodais em uma entrevista a Aleteia na última semana, na conferência do Pontifício Conselho para a Família.
“Os documentos foram todos vistos e aprovados pelo Papa, com a aprovação de sua presença”, afirmou Baldisseri. “Mesmo os documentos durante o Sínodo [extraordinário], tais como a Relatio ante disceptatationem [relatório antes dos debates], a Relatio post disceptationem [relatório preliminar, ao longo dos debates], e a Relatio synodi [relatório final] foram vistos por ele antes de serem publicados”.
“Esse ponto é importante não só por conta de sua autoridade, mas também porque alivia [a responsabilidade] do Secretário Geral”, acrescentou o cardeal “ironicamente”, de acordo com Aleteia.
Em seus pontos mais controversos, a Relatio post disceptationem, “relatório pós-debate”, questionou se “aceitar e valorizar a orientação sexual [dos homossexuais]” poderia ser alinhado à doutrina católica; propôs permitir a Comunhão para católicos divorciados recasados em uma “base caso-a-caso”; e afirmou que os pastores deveriam enfatizar os “aspectos positivos” de estilos de vida considerados gravemente pecaminosos pela Igreja, inclusive o recasamento civil após um divórcio e a coabitação pré-nupcial.
As previsões mais controversas foram deixadas de foram do relatório final do Sínodo, a Relatio synodi, mas muitos críticos conclamara o Vaticano a, mesmo assim, anular o documento preliminar.
Dom Baldisseri também confirmou que o Papa ordenou que as várias partes controversas na Relatio synodi proposta, isto é, o relatório final, fossem incluídos na versão publicada, embora não tenham recebido os 2/3 de votos necessários dos padres sinodais.
“Foi decisão do Papa incluir os pontos que não tiveram a maioria de 2/3”, disse.
“O Papa disse: ‘Estes três pontos tiveram uma maioria absoluta. Não foram, portanto, rejeitados com um ‘não’, já que receberam mais de 50% de aprovação. Eles são, assim, assuntos que ainda precisam ser desenvolvidos. Nós, como Igreja, queremos consenso. Estes textos podem ser modificados, é claro. Uma vez que houver uma reflexão maior, eles podem ser modificados”.
Esses trechos foram republicados como parte do Lineamenta, sem nenhuma observação de que foram rejeitados, e enviados ao bispos do mundo para discussão em vistas do Sínodo de outubro de 2015.
Diana Montagna, de Aleteia, informa que esses comentários de Baldisseri foram feitos em resposta a uma pergunta de um representante de uma organização pró-família da Venezuela, que pediu anominato. Esse homem expressou o “choque” e “preocupação” que foram a reação de muitos católicos espalhados pelo mundo, particularmente aqueles envolvidos na luta em defesa da vida e da família.
Baldisseri declarou, no entanto, que o “choque” era inapropriado. “Nós devemos ficar chocados quando há uma posição diferente da ‘doutrina comum'”, disse.
Ele garantiu aos 300 participantes da conferência que “não há motivo para se escandalizar quando um cardeal ou teólogo afirma algo que é diferente do que se considera ‘doutrina comum’. Isso não implica uma oposição. Significa reflexão. Porque o dogma tem a sua própria evolução; seu próximo desenvolvimento, não mudança”.
Montagna declarou a LifeSiteNews.com que ela quis ser “justa” com o Cardeal, então, ela gravou todos os seus comentários para garantir que ela reproduziria as citações corretamente.
Ela escreve: “O Cardeal também nos informou que as 46 questões pulicadas no Lineamenta foram trabalho do Secretariado Geral e dos 15 membros do Conselho do Secretariado. As respostas são esperadas até 15 de abril”.
Os comentários de Baldisseri confirmam as afirmações de outro alto prelado da Igreja, o Cardeal Reinhardt Marx, membro do conselho privado do Papa formado por nove cardeais , e chefe da Conferência Episcopal Alemã. Marx declarou que foi o Papa Francisco quem “abriu as portas” a esses assuntos.
“Até agora, esses dois tópicos eram absolutamente inegociáveis. Embora não tenham tido a maioria de 2/3, a maior parte dos padres sinodais, todavia, votou favorável”, disse a Die Ziet.
“Eles ainda são parte do texto”, afirmou Marx. “Eu especialmente pedi isso ao Papa, e o Papa disse que queria todos os pontos juntos com todos os resultados da votação. Ele queria que todos na Igreja vissem em que ponto estamos”.
O que alguns argumentaram é que o aparente programa do Sínodo de relaxar a oposição da Igreja ao adultério, homossexualidade e outros pecados sexuais instigaram alguns prelados a identificá-lo como um dos maiores pontos de crise da história da Igreja. Dom Athanasius Schneider, que não participou do Sínodo, mas afirmou ter refletido profundamente sobre os procedimentos, disse que trata-se de um sinal de que a Igreja está entrando em um período comparável àqueles dos tumultuosos primeiros séculos.
“Estamos vivendo em uma sociedade anti-cristã, em um novo paganismo”, declarou Schneider em uma entrevista após o fim do Sínodo.
“A tentação de hoje para o clero é querer adaptar ao novo mundo, ao novo paganismo, tentação de ser colaboracionista. Estamos em uma situação similar às do primeiros séculos, quando a maioria da sociedade era pagã e o cristianismo era discriminado”.
E continuou: “Infelizmente, havia nos primeiros séculos membros do clero e mesmo bispos que colocavam grãos de incenso diante da estátua do Imperador ou de um ídolo pagão, ou entregava as Sagradas Escrituradas para serem queimadas”.
Em nosso tempo, disse, não se pede a padres e bispos que queimem incenso para o imperador, mas que “colaborem com o mundo pagão de hoje na destruição do sexto mandamento e na revisão da forma como Deus criou homem e mulher”. Esse clero, observou, seriam “traidores da Fé; eles estão participando, em última análise, no sacrifício pagão”.
Por Manoel Gonzaga Castro | Fratres in Unum.com:Como se sabe, há uma grande e lamentável divisão entre os católicos tradicionais. Recentemente, apesar dos problemas internos do “movimento tradicional” e do status canônico diverso, os tradicionalistas tanto da recém-fundada União Sacerdotal Marcel Lefebvre (dissidência da Fraternidade São Pio X, popularmente conhecida como “Resistência”) quanto do Instituto do Bom Pastor sofreram reveses por causa da oposição das autoridades eclesiásticas de Minas Gerais.
Clique para ampliar.
Em meados de dezembro de 2014, o Bispo da Diocese de Itabira, Dom Marco Aurélio Gubiotti, fez circular em todas as paróquias de sua jurisdição um comunicado (imagem à direita) alertando os fiéis a não participarem das Missas Tridentinas da “Missão Cristo Rei” ou “Associação Santo Atanásio”. O motivo disso seria o fato de que “esse grupo, ao não aceitar o Concílio Vaticano II e nem as orientações atuais da Igreja, se coloca fora da comunhão e fora da Igreja”.
Por sua vez, o Instituto do Bom Pastor, fundado em 2006 como Instituto de Direito Pontifício, por determinação do senhor Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também está proibido de atuar em Belo Horizonte. Já há algum tempo, os reverendíssimos Pe. Renato Coelho e Pe. Luiz Fernando Pasquotto, instalados em São Paulo, visitavam regularmente a capital do estado de Minas com o intuito de estender o apostolado e, segundo alguns, eventualmente estabelecer ali uma casa do instituto. A última visita ocorreu no dia 03 de janeiro, sábado, quando o Pe. Pasquotto deu uma palestra e atendeu confissões, além de celebrar a Santa Missa.
Todavia, apesar das contínuas tempestades com as autoridades eclesiásticas, as rusgas internas não se aquietam. Na ocasião, alguns fiéis que assistiam à Missa do Pe. Pasquotto relataram perplexos o aviso que teria sido dado pelo jovem sacerdote de que pessoas que frequentam as capelas da chamada “Resistência” e da FSSPX, sem maiores distinções, não poderiam comungar em uma missa do IBP.
Ainda não está claro o motivo da decisão de Dom Walmor, pois o IBP, diferentemente da “Resistência”, não é considerado um grupo separado em situação canônica irregular, mas se encontra em plena comunhão com a Igreja, já que oficialmente subordinado à Comissão Ecclesia Dei e à sua orientação de leitura dos documentos do Concílio Vaticano II conforme a já famosa “hermenêutica da reforma na continuidade”. Para explicar a decisão do arcebispo, os fiéis especulam sobre fatores diversos: 1) a resistência do clero progressista local à liturgia tradicional, o que justifica as medidas para controlar sua expansão; 2) a acusação de que os sacerdotes do IBP manteriam uma posição “cripto-lefebvrista” em relação ao Vaticano II e à Missa de Paulo VI; 3) e também a já estabelecida e consolidada presença da Administração Apostólica São João Maria Vianney.
Segundo fiéis locais, uma carta foi enviada ao Superior do IBP, que se encontra na França e que esteve recentemente em Belo Horizonte, sobre os motivos da proibição. Espera-se que o instituto esclareça o ocorrido em breve.
Fiéis da diocese de Osasco, em São Paulo, noticiam que o IBP também foi proibido de atuar lá, o que faz que esses dois sacerdotes fiquem restritos basicamente ao atendimento espiritual dos membros do grupo Montfort, do qual participam.
Felizmente, as Missas tradicionais continuam em Belo Horizonte regularmente, todos os domingos, na Capela Nossa Senhora do Monte Calvário, às 09:30, a cargo da Administração Apostólica São João Maria Vianney e do Padre Íris Mesquita, sacerdote diocesano.
Enquanto o IBP não retorna a BH, cabe esperar que haja paz e respeito entre católicos – leigos e sacerdotes – que se dedicam à liturgia e à doutrina tradicional, apesar das divergências — que merecem e devem ser debatidas, com civilidade. E que eles sejam pelo menos tolerados pelas autoridades eclesiásticas do Brasil na atual situação de crise da Igreja: fratres in unum.
* * *
[Atualização – 29 de janeiro de 2015, às 15:02] Com o compromisso de informar aos católicos do Brasil, deixamos nosso blog à disposição do reverendíssimo Pe. Luiz Pasquotto e do Instituto do Bom Pastor para todo e qualquer esclarecimento que julgarem oportuno divulgar.
[Atualização – 31 de janeiro de 2015, às 10:03] O leitor Eugenio relata: “A missa que ocorreu a recusa da comunhão a um fiel da resistência não foi dia 03 de janeiro e sim dia 4/10/2014. O Padre Pasquoto no início da homilia disse o seguinte: “Sei que existem pessoas aqui que frequentam missas dos padres da dita resistência, como por exemplo Padre Cardozo. Estes padre comungam de idéias que não são católicas […] Quem compartilhar destas idéias espero que não se aproxime da eucaristia.” A pessoa a quem foi endereçada esta fala é um amigo pessoal que pode confirmar a qualquer momento o que foi dito”.
Reforçamos que estamos à disposição do IBP para divulgar seus esclarecimentos.
O teólogo e metropolita Ioanniz Zizioulas, que recebeu o doutorado «honoris causa» na Faculdade Teológica de Milão: os teólogos que no passado nos dividiram agora nos devem unir.
Por Andrea Tornielli – Vatican Insider | Tradução: Marcos Fleurer – Fratres in Unum.com: «O Sínodo pan-ortodoxo será dedicado à solução de alguns problemas internos das Igrejas ortodoxas. A Igreja Católica, com o Concílio Vaticano II, tinha maiores ambições. Mas o desejo de unidade é muito forte».
Iohannis Zizioulas
Disse o metropolita Iohannis Zizioulas, um dos teólogos vivos mais importantes, dialogando com o Vatican Insider por ocasião da cerimônia na qual recebeu o doutorado «honoris causa» por parte da Universidade Católica de Milão, conferido pelo Cardeal Arcebispo da cidade, Angelo Scola, na qualidade de chanceler da Faculdade teológica. «É um privilégio poder presidir este solene ato acadêmico – disse Scola. Que seja uma expressão a mais do caminho comum em que estamos comprometidos. O gesto que estamos levando a cabo documenta a impossibilidade de estudar teologia sem a presença de mestres e de uma escola». Zizioulas pronunciou uma «lectio magistralis» dedicada ao valor da pessoa humana que deriva da Trindade. Foi uma conferência exemplar tanto por sua profundidade como pela claridade da exposição.
Eminência, pode explicar qual é o objetivo do Sínodo pan-ortodoxo que se celebrará em Istambul em 2016?
«O resultado mais importante, antes de tudo, é realizar este Sínodo. Porque durante mais de mil anos não temos realizado um Sínodo pan-ortodoxo. O evento em si mesmo é verdadeiramente importante. Em segundo lugar, devemos resolver alguns problemas internos: encontrar acordos sobre alguns problemas canônicos relacionados com nossas Igrejas, a autocefalia, a autonomia, etc… E, em terceiro lugar, teremos que nos expressar sobre o estado no qual se encontram as relações entre os cristãos e sobre os problemas do mundo moderno, relacionados, por exemplo, ao ser humano. Estamos preparando agora os documentos para o Sínodo de 2016. Este é o objetivo.»
É possível comparar o próximo Sínodo pan-ortodoxo com o Concílio Vaticano II, com tudo o que este último representou para a historia da Igreja Católica?
« O Concílio Vaticano II tinha ambições maiores em relação às nossas; nós temos objetivos muito mais modestos e não tomaremos decisões dogmáticas. O Vaticano II, pelo contrário, assumiu decisões dogmáticas. Nós nos limitaremos e concentraremos nisso: em resolver alguns problemas internos, específicos, que afetam as Igrejas ortodoxas, e também tomar uma posição frente a situação do mundo atual. E nada mais.»
Então, não se discutirá sobre o tema do primado do bispo de Roma…
«Esta é uma discussão ainda aberta no diálogo teológico oficial entre os católicos e os ortodoxos; estamos esperando os resultados deste diálogo, e o Sínodo não poderá dizer nada oficial a respeito. Mas, obviamente, o Sínodo animará a prossecução deste diálogo. Esperamos ter outro Sínodo pan-ortodoxo dedicado a este tema específico.»
Na recente viagem do Papa Francisco a Istambul, na visita ao Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, as palavras de ambos deixaram evidente o caminho percorrido e também o profundo desejo de unidade. Mas não faltaram algumas resistências internas…
«Creio que o desejo de caminhar a passos velozes para a unidade é verdadeiramente forte. Mas os teólogos nos dividiram no passado, e agora nos devem unir; não podemos seguir sem eles. Devemos esperar que os teólogos encontrem um acordo…»
Então, o senhor não concorda a brincadeira que fez o Patriarca Atenágoras a Paulo VI, e que resgatou o Papa Francisco: «Ponhamos a todos os teólogos em uma ilha para que pensem. E nós seguiremos sozinhos em adiante»?
«Não é possível; devemos seguir estudando e dialogando, mas ao mesmo tempo seguir nos aproximando uns dos outros, para que nossos fiéis estejam unidos entre si antes que os teólogos, e isso já está acontecendo.
UOL – Na primeira missa alternativa que realizou, anteontem, em Bauru (340 km de São Paulo), Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, reuniu 500 pessoas e substituiu as canções tradicionais religiosas por músicas populares como “Tempos Modernos” e “Toda Forma de Amor”, de Lulu Santos; “A Paz”, de Gilberto Gil; e “Eu quero apenas”, de Roberto Carlos.
A comunhão foi ao som de “Imagine”, de John Lennon.
A missa alternativa seguiu o roteiro da celebração tradicional da Igreja Católica, mas deixou de fora alguns ritos que só existem na celebração católica: a leitura do salmo responsorial e a profissão de fé, por exemplo.
Ao final da celebração, Beto disse que não pretende fundar uma nova religião, mas reafirmou que irá continuar a realizar as missas alternativas aos domingos.
* * *
A diocese de Bauru divulgou em seu site, no último dia 25, um comunicado sobre o triste fim de Pe. Beto. Vale a leitura.
Por Juanjo Romero – InfoCatólica | Tradução: Alexandre Oliveira – Fratres in Unum.com: A preparação do Sínodo da Família de 2015 continua. O Conselho Pontifício para a Família reuniu em Roma (22-24 de janeiro) os responsáveis pelos principais movimentos leigos com a finalidade de conhecer sua opinião sobre as 46 questões que serão a base do “Instrumentum Laboris”.
A reunião foi bastante discreta. Recuso-me a pensar que não publicaram[i] as conclusões porque o resultado não foi o esperado pela Secretaria do Sínodo. Em geral, o clima era de satisfação entre os participantes. Como conta o sacerdote Santiago Martín, fundador dos Franciscanos de Maria: “Leigos Católicos: ‘concessões[ii], não, obrigado’”:
Quase todos os movimentos presentes em Roma estavam a favor da manutenção da doutrina tradicional.
[…] O resultado não poderia ser mais claro e contundente. Quase todos os movimentos presentes em Roma, cerca de oitenta — entre os quais o mais importantes e numerosos – estão a favor da manutenção da doutrina tradicional. Todo mundo quer que se acelerem as nulidades matrimoniais, sem cair no divórcio católico, e que se tratem os divorciados com o máximo amor para que eles não se sintam excluídos da Igreja, mas sem implicar a desvalorização da Eucaristia e sem se permitir que se tenha acesso a ela sem o estado de graça. A base tem claramente disse: “não, nadade concessões”.
Dom Lorenzo Baldisseri, então Núncio no Brasil, abraça um companheiro de guerra.
E é que os leigos têm muito mais daquela parresia pedida pelo Papa Francisco para o Sínodo, porque, exceto por um grupo de valentes cardeais, os demais parecem figurantes.
No entanto, o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário do Sínodo, tirou sua máscara para alguns dos participantes e:
– defendeu o direito do Cardeal Kasper dizer que a Sagrada Comunhão deve ser permitida aos adúlteros (“divorciados, que vivem em casamentos não reconhecida pela Igreja”);
– disse que os participantes não devem “se surpreender” porque há teólogos que contradizem a doutrina da Igreja;
– afirmou que os dogmas podem evoluir e que “não faria nenhum sentido a realização de um sínodo para simplesmente repetir o que sempre já se disse”;
– e sugeriu que “ainda que haja um entendimento particular de 2.000 anos, isso, por si só, não significa que tal entendimento não possa ser questionado.
A reação foi rápida. Patrick Buckley, o enviado internacional da “Society for the Protection of Unborn Children”, comentou:
“O ensinamento da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio é baseado nas palavras de Jesus Cristo. Estas palavras podem ter sido ditas há 2000 anos, mas, para os católicos, permanecem como mandamentos imutáveis de Deus.”
Maria Madise, diretora do “Voice of the Family”, une-se à queixa e narra os acontecimentos com mais detalhes:
“O cardeal Baldisseri corrigiu publicamente um delegado, que protestou contra os ataques à doutrina católica. É notável que tenha se recusado a fazer o mesmo quando o ensinamento da Igreja sobre a contracepção foi negado momentos depois por um delegado diferente. A impressão dada é que o único pecado, hoje, é defender o que a Igreja sempre ensinou. Tudo parecia posto em dúvida nesta conferência, inclusive questões já claramente resolvidas pelo Magistério da Igreja. Tal discussão distrai da tarefa de encontrar soluções reais para problemas reais que as famílias enfrentam. Fale-se apenas de graves males, como o aborto, a eutanásia e os atentados contra os direitos dos pais. Estas são algumas das questões-chave também omitidas do relatório final do sínodo 2014. Famílias que sofrem (de verdade) não são socorridas por sofismas de dissidentes profissionais, quer clérigos ou leigos”.
Agora, perdoem-me, mas eu acho terrível e preocupante que o Sínodo não seja “para as famílias”, mas sim para “não repetir o que sempre se disse”. É tão terrível que eu prefiro não continuar a discutir a situação hoje. Preocupa-me muito ser o Secretário do Sínodo que o está conduzindo nessa direção.[iii]
Podemos esperar qualquer coisa. Ele (Baldisseri) já nos deu amostras na “primeira parte” quando, de acordo com a versão dos jornalistas bajuladores, houve um exercício de “transparência”.
Transparência esta que se manifestou na decisão de não se publicar os discursos e declarações dos padres sinodais. Transparência manifestada em trazer à “Relatio intermedia”, três pontos que não correspondiam às discussões ocorridas Sínodo, como relatado por vários cardeais. Transparência manifestada em distribuir tal ‘relatio’ à imprensa antes que a todos os Padres Sinodais, para que se criasse uma pressão desde fora. Como o Cardeal Napier disse, não importavam mais as correções que pudessem ser feitas dentro das sessões, pois o mal causado já não se podia controlar. Transparência a que acorreu para não se publicar os resultados dos “pequenos grupos”, publicação esta a que (Baldisseri) foi forçado em virtude de uma petição feita ao Papa por vários cardeais.
O jornalista Edward Pentin tentou entrar em contato com o “escritório” do Cardeal Baldisseri, para possibilitá-lo de esclarecer os fatos. Até à presente data, silêncio. Transparência.
Confirmados esses pontos, e sabendo o que ele fez há alguns meses, eu não consigo parar de me preocupar com o documento de discussão do próximo Sínodo.
“Voice of the Family” incentiva a todos a rezar pelos frutos do Sínodo e pelos Padres sinodais. Eu me pergunto quantos de nós o fazemos.
* * *
Atualização (16:30) por Edward Pentin | Tradução: Airton Vieira de Souza – Fratres in Unum.com: O Cardeal Baldisseri respondeu às informações de Voice of the Family:
«As declarações a mim atribuídas por Voice of the Family não correspondem a meu pensamento. Provavelmente, falando em italiano, algumas frases poderiam ter sido limitadas pela tradução simultânea. Por isso convido a ler o texto de meu discurso»
O discurso pode ser encontrado aqui.
«Voice of the Family» respondeu à explicação do cardeal dizendo:
«As declarações recolhidas foram feitas pelo Cardeal Badisseri em resposta a uma pergunta formulada depois do discurso por um delegado preocupado, portanto não se encontram no texto».
Sinceramente, espero que isto não seja outra kasperada, porque as acusações de Voice of the Family são graves.
* * *
[i] “que no hayan transcendido”, no original.
[ii] “Rebajas”, no original.
[iii] “Tan preocupante que sea el Secretario del Sínodo lo esté dirigiendo en esa dirección.”, no original.
E agora senhores bem-intencionados conservadores, é a mídia malvada quem está deturpando as palavras do Santo Padre e forjando uma ruptura inexistente em relação ao Magistério Pré-Conciliar ou será que algo não foi bem traduzido pelo serviço de informação do Vaticano? Será que doravante o sentido oficial da unidade dos cristãos será tão somente a união das diversas denominações cristãs em prol da “paz” e da “cultura do encontro”? Mas, esperem um pouco, como fica aquele documentozinho do Papa Pio XI em face a essa mudança de rumo?
Trechos selecionados da Carta Encíclica Mortalium Animos do Papa Pio XI:
Católicos conservadores e o difícil exercício de conversar sobre a crise na Igreja.
“Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar de suas assembléias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.”
“Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela.”
“Assim, de que vale excogitar no espírito uma certa Federação cristã, na qual ao ingressar ou então quando se tratar do objeto da fé, cada qual retenha a sua maneira de pensar e de sentir, embora ela seja repugnante às opiniões dos outros?
E de que modo pedirmos que participem de um só e mesmo Conselho homens que se distanciam por sentenças contrárias como, por exemplo, os que afirmam e os que negam ser a sagrada Tradição uma fonte genuína da Revelação Divina?
Como os que adoram a Cristo realmente presente na Santíssima Eucaristia, por aquela admirável conversão do pão e do vinho que se chama transubstanciação e os que afirmam que, somente pela fé ou por sinal e em virtude do Sacramento, aí está presente o Corpo de Cristo?
Como os que reconhecem nela a natureza do Sacrifício e a do Sacramento e os que dizem que ela não é senão a memória ou comemoração da Ceia do Senhor?
Como os que crêem ser bom e útil invocar súplice os Santos que reinam junto de Cristo – Maria, Mãe de Deus, em primeiro lugar – e tributar veneração às suas imagens e os que contestam que não pode ser admitido semelhante culto, por ser contrário à honra de Jesus Cristo, “único mediador de Deus e dos homens”? (1 Tim 2, 5).”
* * *
CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS
NA SOLENIDADE DA CONVERSÃO DE SÃO PAULO APÓSTOLO
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de São Paulo Extra-muros
Domingo, 25 de Janeiro de 2015
[Encerramento da Semana anual de Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro)]
Na sua viagem da Judeia para a Galileia, Jesus passa através da Samaria. Não tem dificuldade em encontrar os samaritanos considerados hereges, cismáticos, separados dos judeus. A sua atitude leva-nos compreender que o confronto com quem é diferente de nós pode fazer-nos crescer.
Jesus, cansado da viagem, não hesita em pedir de beber à mulher samaritana. Sabemos que a sua sede estende-se muito para além da água física: é também sede de encontro, desejo de abrir diálogo com aquela mulher, oferecendo-lhe assim a possibilidade de um caminho de conversão interior. Jesus é paciente, respeita a pessoa que tem à sua frente, revela-Se-lhe progressivamente. O seu exemplo encoraja a procurar um confronto sereno com o outro. As pessoas, para se compreenderem e crescerem na caridade e na verdade, precisam de se deter, acolher e escutar. Desta forma, começa-se já a experimentar a unidade. A unidade faz-se a caminho, jamais se fará parados. A unidade faz-se caminhando.
Tara Curlewis, Secretária Geral do Conselho Nacional das igrejas da Austrália, espera a chegada do Papa Francisco por ocasião das vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, domingo, 25 de janeiro de 2015. Foto: ClickVaticano.
A mulher de Sicar interpela Jesus sobre o verdadeiro lugar da adoração a Deus. Jesus não toma partido em favor do monte nem do templo, vai mais além, vai ao essencial derrubando todo o muro de separação. Remete para a verdade da adoração: «Deus é espírito; por isso, os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4, 24). É possível superar muitas controvérsias entre cristãos, herdadas do passado, pondo de lado qualquer atitude polémica ou apologética e procurando, juntos, individuar em profundidade aquilo que nos une, ou seja, a chamada a participar no mistério de amor do Pai, que nos foi revelado pelo Filho através do Espírito Santo. A unidade dos cristãos – é nossa convicção – não será o fruto de sofisticadas discussões teóricas, onde cada um tenta convencer o outro da justeza das suas opiniões. Virá o Filho do Homem e encontrar-nos-á ainda nas discussões. Temos de reconhecer que, para se chegar à profundeza do mistério de Deus, precisamos uns dos outros, encontrando-nos e confrontando-nos sob a guia do Espírito Santo, que harmoniza as diversidades e supera os conflitos, reconcilia as diversidades.
Pouco a pouco, a mulher samaritana compreende que Aquele que lhe pediu de beber é capaz de a saciar. Jesus apresenta-Se-lhe como a fonte donde jorra a água viva que mata a sua sede para sempre (cf. Jo 4, 13-14). A existência humana revela aspirações ilimitadas: busca de verdade, sede de amor, de justiça e de liberdade. Trata-se de desejos apenas parcialmente saciados, porque o homem, do fundo do seu próprio ser, é movido para um «mais», um absoluto capaz de satisfazer definitivamente a sua sede. A resposta a estas aspirações é dada por Deus em Jesus Cristo, no seu mistério pascal. Do lado trespassado de Jesus, jorraram sangue e água (cf. Jo 19, 34): Ele é a fonte donde brota a água do Espírito Santo, isto é, «o amor de Deus derramado nos nossos corações» (Rm 5, 5) no dia do Baptismo. Por acção do Espírito, tornamo-nos um só com Cristo, filhos no Filho, verdadeiros adoradores do Pai. Este mistério de amor é a razão mais profunda da unidade que liga todos os cristãos e que é muito maior do que as divisões ocorridas no decurso da história. Por este motivo, na medida em que nos aproximamos humildemente do Senhor Jesus Cristo, acontece também a aproximação entre nós.
O encontro com Jesus transforma a samaritana numa missionária. Tendo recebido um dom maior e mais importante do que a água do poço, a mulher deixa lá o seu cântaro (cf. Jo 4, 28) e corre a contar aos seus compatriotas que encontrou o Messias (cf. Jo 4, 29). O encontro com Ele restituiu-lhe o significado e a alegria de viver, e a mulher sente o desejo de comunicá-lo. Hoje, há uma multidão de homens e mulheres, cansados e sedentos, que nos pedem, a nós cristãos, para lhes dar de beber. É um pedido a que não nos podemos subtrair. Na chamada a ser evangelizadores, todas as Igrejas e Comunidades eclesiais encontram uma área essencial para uma colaboração mais estreita. Para se poder cumprir eficazmente esta tarefa, é preciso evitar de fechar-se em particularismos e exclusivismos e também de impor uniformidade segundo planos meramente humanos (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 131). O compromisso comum de anunciar o Evangelho permite superar qualquer forma de proselitismo e a tentação da competição. Estamos todos ao serviço do único e mesmo Evangelho!
E, neste momento de oração pela unidade, quero recordar os nossos mártires de hoje. Dão testemunho de Jesus Cristo; são perseguidos e mortos, porque cristãos, sem que os perseguidores façam distinção entre as confissões a que pertencem: são cristãos e, por isso, são perseguidos. Isto, irmãos e irmãs, é o ecumenismo do sangue.
Recordando este testemunho dos nossos mártires de hoje e com esta jubilosa certeza, dirijo as minhas cordiais e fraternas saudações a Sua Eminência o Metropolita Gennadios, representante do Patriarcado Ecuménico, a Sua Graça David Moxon, representante pessoal em Roma do Arcebispo de Cantuária, e a todos os representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais aqui congregados na Festa da Conversão de São Paulo. Além disso, saúdo com grande prazer os membros da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, aos quais desejo um frutuoso trabalho na sessão plenária que terá lugar em Roma nos próximos dias. Saúdo também os alunos do Ecumenical Institute of Bossey e os jovens que beneficiam de bolsas de estudo oferecidas pelo Comité de Colaboração Cultural com as Igrejas Ortodoxas, operativo no Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Hoje estão presentes também religiosos e religiosas pertencentes a diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais que, nestes dias, participaram num convénio ecuménico organizado pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, em colaboração com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, por ocasião do Ano da vida consagrada. A vida religiosa, como profecia do mundo futuro, é chamada a dar testemunho, no nosso tempo, daquela comunhão em Cristo que ultrapassa toda a diferença e é feita de opções concretas de recepção e diálogo. Consequentemente, a busca da unidade dos cristãos não pode ser prerrogativa apenas de qualquer indivíduo ou comunidade religiosa particularmente sensível a tal problemática. O conhecimento recíproco das diferentes tradições de vida consagrada e um fecundo intercâmbio de experiências podem ser úteis para a vitalidade de toda a forma de vida religiosa nas diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais.
Amados irmãos e irmãs, hoje nós, que estamos sedentos de paz e fraternidade, com coração confiante invocamos do Pai celeste, por meio de Jesus Cristo único Sacerdote e Mediador e por intercessão da Virgem Maria, do Apóstolo Paulo e de todos os Santos, o dom da comunhão plena de todos os cristãos, a fim de que possa resplandecer «o sagrado mistério da unidade da Igreja» (Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o Ecumenismo Unitatis redintegratio, 2) como sinal e instrumento de reconciliação para o mundo inteiro. Assim seja.