Entrevista do Papa Francisco à Rádio Renascença: Crise imigratória, Igreja acidentada, Sínodo, reforma no processo de nulidade, etc.

Entrevista do Papa Francisco à Rádio portuguesa Renascença publicada hoje:

Para um Papa que vem do “fim do mundo”, como olha para Portugal e para os portugueses?

Em Portugal, só estive uma vez no aeroporto, há anos, quando vinha para Roma, num avião da Varig que fazia escala em Lisboa, por isso, só conheço o aeroporto. Mas conheço muitos portugueses. E, no Seminário de Buenos Aires, havia muitos empregados, emigrantes portugueses, gente boa, que tinha muita familiaridade com os seminaristas. E o meu pai tinha um colega de trabalho português. Lembro-me do seu nome, Adelino, bom homem. E uma vez conheci uma senhora portuguesa, com mais de 80 anos, que me deixou boa impressão. Quer dizer, nunca conheci um português mau.

No seu discurso aos bispos portugueses, além de elogiar o povo português e olhar para a Igreja com serenidade, o Santo Padre manifesta duas preocupações: uma em relação aos jovens e outra em relação à catequese. O Santo Padre usa uma imagem, dizendo que “os vestidos da primeira comunhão já não servem aos jovens”, mas que há “certas comunidades que insistem em vestir-lhos”. Qual é o problema?

É uma maneira de dizer. Os jovens são mais informais e têm o seu próprio ritmo. Temos de deixar que o jovem cresça, temos de o acompanhar, não o deixar sozinho, mas acompanhá-lo. E saber acompanhá-lo com prudência, saber falar no momento oportuno, saber escutar muito. Um jovem é inquieto. Não quer que o incomodem e, nesse sentido, pode-se dizer que “o vestido da primeira comunhão não lhes serve”. As crianças, pelo contrário, quando vão comungar, gostam do vestido da primeira comunhão. É uma ilusão. Os jovens têm outras ilusões que, muitas vezes, são muito boas, mas há que respeitar, porque eles mesmos não se entendem, porque estão a mudar, estão a crescer, estão à procura, não é? Por isso, é preciso deixar o jovem crescer, há que o acompanhar, respeitar e falar-lhe muito paternalmente.

Porque, ao mesmo tempo, há uma exigência a propor, mas essa exigência, muitas vezes, não é atractiva!

Por isso, há que procurar aquilo que atrai um jovem e exigir-lho. Por exemplo, um caso concreto: se você propõe a um jovem – e vemos isto por todo o lado – fazer uma caminhada, um acampamento ou fazer missão para outro sítio, ou por vezes ir a um “cotolengo” [obra fundada por sacerdote italiano de acolhimento de doentes com grave deficiência  múltiplas, abandonadas pelas famílias e em situação de risco] para cuidar dos doentes, durante uma semana ou quinze dias, entusiasma-se porque quer fazer algo pelos outros. Está envolvido.

“Involucrado”?

Sim, fica por dentro, compromete-se. Não olha a partir de fora. Envolve-se, ou seja, compromete-se.

Então, porque é que não fica?

Porque está a caminhar.

E qual é o desafio que a Igreja, então, deve enfrentar? O Santo Padre também falou de uma catequese, que muitas vezes permanece teórica e onde falta esta capacidade de propor o encontro…

Pois é importante que a catequese não seja puramente teórica. Isso não serve. A catequese é dar-lhes doutrina para a vida e, portanto, tem de incluir três linguagens, três idiomas: o idioma da cabeça, o idioma do coração e o idioma das mãos. E a catequese deve entrar nesses três idiomas: que o jovem pense e saiba qual é a fé, mas que, por sua vez, sinta com o seu coração o que é a fé e, por sua vez, faça coisas. Se falta à catequese uma destas três línguas, destes três idiomas, não avança. Três linguagens: pensar o que se sente e o que se faz, sentir o que se pensa e o que se faz, fazer o que se sente e o que se pensa.

Escutando vossa Santidade, isto parece óbvio, mas, olhando à volta – sobretudo na velha Europa, na velha cristandade – não é assim. O que é que falta? Mudar a mentalidade? Como se faz?

Mudar a mentalidade, não sei, porque não conheço tudo, não é? Mas é verdade que, a metodologia catequética, às vezes, não é completa. Há que procurar uma metodologia da catequese que junte as três coisas: as verdades que se devem crer, o que se deve sentir e o que se faz, o que se deve fazer, tudo junto.

Santidade, para o centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, nós esperamos por si em Portugal. Três Papas já nos visitaram (João Paulo II por três vezes). O Senhor, que ama muito a Virgem, o que espera da sua visita em 2017?

Bom, vamos lá esclarecer as coisas. Eu tenho vontade de ir a Portugal para o centenário. Em 2017 também se cumprem 300 anos do encontro da Imagem da Virgem de Aparecida.

…. uma data estereofónica, em dois lados! (risos)

… por isso, também estou com vontade de lá ir e já prometi  lá ir. Quanto a Portugal, disse que tenho vontade de ir e gostaria de ir. É mais fácil ir a Portugal, porque podemos ir e voltar num só dia, um dia inteiro, ou, quanto muito, ir um dia e meio ou dois dias. Ir ter com a Virgem. A Virgem é mãe, é muito mãe, e a sua presença acompanha o povo de Deus. Por isso, gostaria de ir a Portugal, que é privilegiado.

E o que espera de nós, portugueses? Como podemos preparar-nos para o receber e também para seguir os pedidos de Nossa Senhora?

O que a Virgem pede sempre é que rezemos, que cuidemos da família e dos mandamentos. Não pede coisas estranhas. Pede que rezemos pelos que andam desorientados, pelos que se dizem pecadores – todos o somos, eu sou o primeiro. Mas a Virgem pede e há que se preparar através desses pedidos da Virgem, através dessas mensagens tão maternais, tão maternais… e manifestando-se às crianças. É curioso, Ela procura sempre almas muito simples, não é? Muito simples.

Esta entrevista acontece em plena crise dos refugiados. Santo Padre, como está a viver esta situação?

É a ponta de um icebergue. Vemos estes refugiados, esta pobre gente que escapa da guerra, que escapa da fome, mas essa é a ponta do icebergue. Porque debaixo dele, está a causa; e a causa é um sistema socioeconómico mau e injusto, porque dentro de um sistema económico, dentro de tudo, dentro do mundo – falando do problema ecológico –, dentro da sociedade socioeconómica, dentro da política, o centro tem de ser sempre a pessoa. E o sistema económico dominante, hoje em dia, descentrou a pessoa, colocando no centro o deus dinheiro, que é o ídolo da moda. Ou seja, há estatísticas, não me recordo bem (isto não é exacto e posso equivocar-me), mas 17% da população mundial detém 80% das riquezas.

E esta exploração das riquezas dos países mais pobres, a médio prazo traz esta consequência: a de estes todos que agora querem vir para a Europa…

E o mesmo acontece nas grandes cidades. Por que surgem as favelas nas grandes cidades?

O critério é o mesmo…

É o mesmo; é gente que vem do campo, porque o desflorestaram, porque fizeram monocultivo, não têm trabalho e vão para as grandes cidades.

Em África, também é igual…

Em África… ou seja, é o mesmo fenómeno. Então, esta gente emigrada que vem para a Europa – é a mesma coisa – à procura de um sítio. E, claro, para a Europa neste momento, é uma surpresa, porque até custa a crer que isto esteja a acontecer, não é? Mas acontece.

Mas o Santo Padre, quando foi a Estrasburgo, disse que era “necessário actuar sobre as causas e não apenas sobre os efeitos”. Mas parece que ninguém ouviu e, agora, os efeitos estão à vista…

Temos de ir às causas.

E ninguém o ouviu, muito provavelmente…

Onde as causas são a fome, há que criar fontes de trabalho, investimentos. Onde a causa é a guerra, procurar a paz, trabalhar pela paz. Hoje em dia, o mundo está em guerra contra si mesmo, ou seja, o mundo está em guerra, como digo, uma guerra em folhetins, aos pedaços, mas também está em guerra contra a Terra, porque está a destruir a Terra, ou seja, a nossa casa comum, o ambiente. Os glaciares estão a derreter-se, no Árctico, o urso branco vai cada vez mais para o norte para poder sobreviver.

E a preocupação pelo homem e pelo seu destino, parece ignorada. Como vê a reacção da Europa à vaga de refugiados? Uns constroem muros, outros escolhem os refugiados consoante a sua religião, outros aproveitam esta situação para fazer discursos populistas.

Cada um faz uma interpretação da sua cultura. E, por vezes, a interpretação ideológica, ou das ideias, é mais fácil do que fazer as coisas, que é a realidade. Mais longe da Europa, há um outro fenómeno que também me doeu muito: os “rohingya” [grupo étnico muçulmano, provavelmente, com origem na antiga Birmânia. Marginalizados por razões étnicas e religiosas, foram apontados pela ONU como uma das minorias mais perseguidas do mundo], que foram expulsos do seu país e que entram num barco e partem. Chegam a um porto ou a uma praia, dão-lhes água, dão-lhes de comer e depois, mandam-nos outra vez para o mar e não os acolhem. Ou seja, falta a capacidade de acolhimento da humanidade.

Porque não é tolerar; é mais do que tolerância: é acolhimento.

Acolher, acolher as pessoas, e acolher tal como vêm. Eu sou filho de emigrantes e pertenço à onda migrante do ano 29. Mas na Argentina, desde o ano 84 (1884), começaram a chegar italianos, espanhóis… portugueses, não sei quando chegou a primeira onda portuguesa; vinham sobretudo destes três países. E quando chegavam lá, alguns tinham dinheiro, outros iam para o hotel de emigrantes e daí eram enviados para as cidades. Iam trabalhar ou procurar trabalho. É verdade que, naquela época, havia trabalho, mas, os da minha família – que tinham trabalho quando chegaram, em 29 –, no ano 32, com a crise económica de 30, ficaram na rua, sem nada. O meu avô comprou um armazém com dois mil pesos que lhe emprestaram e o meu pai, que era contabilista, andava a fazer distribuição com a canasta; ou seja, tinham vontade de lutar, de vencer… Eu sei o que é a migração! E depois, vieram as migrações da Segunda Guerra, sobretudo do centro da Europa, muitos polacos, eslovacos, croatas, eslovenos e também da Síria e do Líbano. E sempre nos demos bem por lá. Na Argentina, não houve xenofobia. E agora, há migração interna na América, vêm de outros países da América para a Argentina, apesar de ter diminuído nos últimos anos, por falta de trabalho na Argentina.

E também do México para os Estados Unidos. Há todo um fenómeno…

O fenómeno migratório é uma realidade. Mas eu queria abordar o tema, sem censurar ninguém. Quando há um espaço vazio, a gente procura preenchê-lo. Se um país não tem filhos, vêm os emigrantes ocupar o lugar. Penso no nível dos nascimentos de Itália, Portugal e Espanha. Creio que é quase 0%. Então, se não há filhos, há espaços vazios. Ou seja, o não querer ter filhos, em parte, – e isto é uma interpretação minha, não sei se está correcta – é um pouco o resultado da cultura do bem-estar, não é? Eu ouvi, dentro da minha própria família, cá, há uns anos, por parte dos meus primos italianos dizer: “Não, crianças, não; preferimos viajar nas férias, ou comprar uma ‘villa’, ou isto ou aquilo”… e os idosos vão ficando sozinhos. Creio que o grande desafio da Europa é voltar a ser a mãe Europa…

E não a…

… a avó Europa. Perdão, há países da Europa que são jovens, por exemplo, a Albânia. A Albânia impressionou-me, gente com 40 anos, 45 anos… e a Bósnia-Herzegovina, ou seja, países que se refizeram depois de uma guerra, não é?

Por isso, o Santo Padre os visitou…

Ah sim, claro. É um sinal para a Europa.

Mas este desafio do acolhimento a estes refugiados que estão a entrar, na sua perspectiva, pode ser muito positivo para a Europa? É um benefício, uma provocação? Finalmente, de algum modo, a Europa pode despertar, mudar de rumo?

Pode ser. É verdade e reconheço que, hoje em dia, as condições de segurança territorial não são as mesmas de outra época porque, na verdade, temos, a 400 quilómetros da Sicília, uma guerrilha terrorista sumamente cruel, não é? Então, existe o perigo da infiltração, isso é verdade.

E que pode chegar até Roma.

Ah sim, ninguém assegurou que Roma seja imune a isto, não é? Mas podem-se tomar precauções e pôr toda a gente que vem a trabalhar. Mas também há outro problema, é que a Europa atravessa uma crise laboral muito grande. Há um país, melhor, vou falar de três países, mas que não vou nomear, dos mais importantes da Europa, em que o desemprego juvenil dos jovens com menos de 25 anos, num país é de 40%, noutro país é de 47% e noutro é de 50%. Há uma crise laboral, o jovem não encontra trabalho. Ou seja, misturam-se muitas coisas. Nisto, não podemos ser simplistas. Evidentemente, se chega um refugiado, com as medidas de segurança de todo o tipo, há que recebê-lo, porque é um mandamento da Bíblia. Moisés disse ao seu povo: “Recebei o forasteiro porque não esqueçais que vós fostes forasteiros no Egipto”.

Mas o ideal era que eles não tivessem fugido, que ficassem nas suas terras, não?

Isso, sim.

No Angelus de 6 de Setembro, lançou o desafio às paróquias para que acolham refugiados. Já houve reacções? O que espera em concreto?

O que eu pedi foi isto: que cada paróquia, cada instituto religioso, cada mosteiro, acolha uma família. Uma família, não uma pessoa. Uma família dá mais segurança de contenção, um pouco para evitar que haja infiltrações de outro tipo. Quando digo que uma paróquia deve acolher uma família, não digo que tenham de ir viver para a casa do padre, para a casa paroquial, mas que toda a comunidade paroquial veja se há um lugar, um canto num colégio para aí se fazer um pequeno apartamento ou, na pior das hipóteses, que arrendem um modesto apartamento para essa família; mas que tenham um tecto, que sejam acolhidos e que se integrem na comunidade. Já tive muitas reacções, muitas, muitas. Há conventos que estão quase vazios.

Há dois anos, o Santo Padre já fez esse apelo e que resultados é que houve?

Só quatro. Um deles, dos jesuítas (risos); muito bem, os jesuítas! Mas o assunto é sério, porque aí também há a tentação do deus dinheiro. Algumas congregações dizem “Não, agora que o convento está vazio, vamos fazer um hotel e podemos receber pessoas e, com isso, sustentamo-nos ou ganhamos dinheiro”. Pois bem, se quereis fazer isso, pagai os impostos! Um colégio religioso, por ser religioso está isento de impostos, mas se funciona como hotel, então, que pague os impostos como qualquer vizinho do lado. Senão, o negócio não é limpo.

E o Santo Padre já disse que, aqui no Vaticano, acolhe duas famílias.

Sim, duas famílias. Já me disseram ontem que as famílias já estavam localizadas e as duas paróquias do Vaticano encarregaram-se de as procurar.

Já estão identificadas?

Sim, sim, sim, já estão. Quem o fez foi o cardeal Comastri, que é o meu vigário-geral para o Vaticano, juntamente com o encarregado da Esmolaria Apostólica, monsenhor Konrad Krajewski, que trabalha com os sem-abrigo e foi quem fez os duches debaixo da colunata, o serviço de barbearia – realmente, uma maravilha – é o que leva os que vivem na rua a ver os museus e a Capela Sistina.

E estas famílias ficam até quando?

Até quando o Senhor quiser. Não se sabe como isto vai acabar, não é? De todas as maneiras, quero dizer que a Europa tomou consciência, e eu agradeço-lhe. Agradeço aos países da Europa que tomaram consciência disto.

A Renascença aderiu em Portugal a uma iniciativa, que reúne instituições cristãs e também de outras religiões, para acolher e movimentar-se a favor dos refugiados. Pode dizer algumas palavras a quem participa nesta plataforma?

Felicito-vos e agradeço-vos pelo que estão a fazer e dou-vos um conselho: no dia do Juízo Final, já sabemos sobre o que vamos ser julgados, está escrito no capítulo 25 de São Mateus. Quando Jesus vos disser “Estive com fome, deste-me de comer?”, vocês vão dizer “Sim. “E quando estive sem refúgio, como refugiado, ajudaste-me?”, “Sim”. Pois, felicito-vos: vão passar no exame! E também queria dizer uma coisa sobre o trabalho com jovens desocupados. Creio que aqui é urgente, sobretudo para as congregações religiosas que têm como carisma a educação, mas também os leigos, os educadores leigos, que inventem cursos, pequenas escolas de emergência. Então, para um jovem que está desocupado, se estudar, durante seis meses, para ser cozinheiro ou canalizador, para fazer pequenas reparações – há sempre um tecto para arranjar – ou para pintor, com esse ofício, terá mais possibilidade de encontrar um trabalho, ainda que parcial ou temporário. Fazer o que nós chamamos de “biscate”, um trabalho ocasional e com isso não está totalmente desocupado. Mas hoje é o tempo da educação de emergência. Foi o que fez Dom Bosco. Dom Bosco, quando viu a quantidade de crianças que havia na rua, disse “tem de haver educação”, mas não mandou as crianças para a escola média ou secundária, sim aprender ofícios. Então, preparou carpinteiros, canalizadores, que os ensinavam a trabalhar e, assim, já tinham com que ganhar o pão. Dom Bosco fez isso. E agora gostava de contar um episódio sobre Dom Bosco. Aqui em Roma, perto do Trastevere, onde…

Era uma zona pobre.

Sim, era uma zona muito pobre, mas que agora é zona da moda para os jovens, para a “movida”, não é? Pois Dom Bosco passou por ali, ia de carruagem – ou de carro, não sei – e atiraram-lhe uma pedrada que partiu o vidro. Ele mandou parar e disse: “Este é o lugar que onde vamos ficar!”. Ou seja, perante uma agressão, não a viveu como agressão, viveu-a como um desafio para ajudar aquela gente, as crianças, os jovens que só sabiam agredir. E hoje, existe ali uma paróquia salesiana que forma jovens e crianças, com as suas escolas e as suas coisas. Assim, volto ao tema dos jovens: o importante é que hoje se dê, aos jovens que não têm trabalho, uma educação de emergência sobre algum ofício que lhes permita ganhar a vida.

É muito crítico também sobre o estilo de vida ocidental e da Europa, o chamado primeiro mundo, muito centrado no bem-estar. O que é que o incomoda mais?

Bem, quer dizer, também nas grandes cidades americanas, quer da América do Norte, quer da América do Sul, existe este mesmo problema, não é só na Europa…

…é o chamado primeiro mundo.

Sim, nas grandes cidades… Em Buenos Aires há um grande sector da cultura do bem-estar e, por isso, também há esses cordões à volta das cidades, as favelas e todas essas coisas, não é? Eu, em relação à Europa, hoje, não lhe atiraria à cara este tipo de coisas. Há que reconhecer que a Europa tem uma cultura excepcional. Realmente, são séculos de cultura e isso também dá um bem-estar intelectual. Em todo o caso, o que eu diria da Europa, é a sua capacidade de retomar uma liderança no concerto das nações. Ou seja, que volte a ser a Europa que define rumos, pois tem cultura para o fazer.

Mas mantém a identidade, hoje em dia, a Europa? Está em condições de afirmar a sua identidade?

O que eu disse em Estrasburgo, pensei muito antes de o dizer. Ou seja, volto a repetir um pouco isso: a Europa ainda não morreu. Está meia-avozinha [risos], mas pode voltar a ser mãe. E eu tenho confiança nos políticos jovens. Os políticos jovens tocam outra música. Há um problema mundial, que afecta não só a Europa, mas o mundo inteiro, que é o problema da corrupção. A corrupção a todos os níveis… e isso também revela um baixo nível moral, não é?

O Santo Padre fala disso na sua última encíclica e pede para as populações estarem mais conscientes. No entanto, verifica-se muita abstenção. Se vemos os resultados das eleições, a abstenção é quase maior do que um partido…

Porque a gente está desiludida. Em parte, por causa da corrupção, em parte pela ineficácia, em parte pelos compromissos assumidos anteriormente. E, no entanto, a Europa – volto a dizer o que disse em Estrasburgo – tem que desempenhar o seu papel, ou seja, recuperar a sua identidade. É verdade que a Europa se enganou – não estou a criticar, mas só a recordar –, quando quis falar da sua identidade sem querer reconhecer o mais profundo da sua identidade, que é a sua raiz cristã, não foi? Aí enganou-se. Bom, mas todos nos enganamos na vida… está a tempo de recuperar a sua fé.

O que é que pode tocar a liberdade de alguém que “faz o que quer” e que foi educado desde pequeno com um conceito de felicidade para quem “a felicidade é não ter problemas”? Em geral, educam-se as crianças com este desejo de que a felicidade é “não ter problemas e fazer o que se quer”.

Uma vida sem problemas é aborrecida. É um tédio. O homem tem, dentro de si, a necessidade de enfrentar e de resolver conflitos e problemas. Evidentemente, uma educação para não ter problemas, é uma educação asséptica. Faça você mesma a experiência: pegue num copo de água mineral, de água comum, da torneira, e depois pegue num copo com água destilada. Mete nojo, mas a água destilada não tem problemas… (risos) é como educar as crianças no laboratório, não é? Por favor!

Arriscar é importante?

Correr o risco, propor sempre metas! Para educar, faz falta usar os pés. Para educar bem, há que ter um pé bem apoiado no chão e o outro pé levantado mais à frente e ver onde o posso apoiar. E quando tenho apoiado o outro, levanto este [faz o gesto com os pés] e… isso é educar: apoiar-se sobre algo seguro, mas tentar dar um passo em frente até que o tenha firme e, depois, dar outro passo.

Dá mais trabalho educar assim…

É arriscar! Porquê? Porque talvez piso mal e caio… pois bem, levantas-te e segues em frente!

Na onda individualista em que vivemos – falou nisso em Estrasburgo – parece um capricho exigir direitos, sempre mais direitos separados da busca da verdade. Crê que isto é também um problema na maneira de viver a fé?

Pode ser… sempre com mais exigências, sem a generosidade de dar. Ou seja, é exigir só os meus direitos e não os meus deveres perante a sociedade, não é? Eu creio que direitos e deveres caminham juntos. Senão, isso, cria a educação do espelho; porque a educação do espelho é o narcisismo e hoje estamos numa civilização narcisista.

E como é que se a vence, como se combate?

Com a educação, por exemplo, com direitos e deveres, com a educação dos riscos razoáveis, procurando metas, avançando e não ficando quieto ou a olhar ao espelho… não vá acontecer-nos como aconteceu ao Narciso que, de tanto se olhar espelhado na água e se achar tão lindo, tão lindo, “blup”, afogou-se. [risos]

Diz que prefere uma igreja acidentada a uma igreja estagnada. O que entende por “igreja acidentada”?

Sim, eu explico: é uma imagem de vida. Se uma pessoa tem em sua casa uma divisão, um quarto, fechado durante muito tempo, surge a humidade, o mofo e o mau cheiro. Se uma igreja, uma paróquia, uma diocese, um instituto, vive fechada em si mesmo, adoece (acontece o mesmo com o quarto fechado) e ficamos com uma Igreja raquítica, com normas rígidas, sem criatividade, segura, mais que segura, assegurada por uma companhia de seguros, mas não segura! Pelo contrário, se sai – se uma igreja, uma paróquia saem – lá para fora, a evangelizar, pode acontecer-lhe o mesmo que acontece a qualquer pessoa que sai para a rua: ter um acidente. Então, entre uma igreja doente e uma Igreja acidentada, prefiro uma acidentada porque, pelo menos, saiu para a rua.

E aqui, quero repetir uma coisa que já disse noutra ocasião: na Bíblia, no Apocalipse, há uma coisa linda de Jesus, creio que no segundo capítulo (no final do primeiro ou no segundo), em que está a falar a uma Igreja e diz: “Estou à porta e chamo” – Jesus está a bater – “Se me abres a porta, entro e vou comer contigo”. Mas eu pergunto: quantas vezes, na Igreja, Jesus bate à porta, mas do lado de dentro, para que O deixemos sair a anunciar o reino? Por vezes, apropriamo-nos de Jesus só para nós, e esquecemo-nos que uma Igreja que não está em saída, uma Igreja que não sai, mantém Jesus preso, aprisionado.

Foi por causa disso que foi eleito Papa?

Isso pergunte ao Espírito Santo! [risos]

Desde que é Papa, considera que a Igreja está mais acidentada?

Não sei. Sei que, pelo que me dizem, Deus está a abençoar muito a sua Igreja. É um momento que não depende da minha pessoa, mas da bênção que Deus quis dar à sua Igreja, neste momento. E agora, com este Jubileu da Misericórdia, espero que muita gente sinta a Igreja como mãe. Porque pode acontecer à Igreja o mesmo que aconteceu à Europa, não é? Ficar demasiadamente avó, em vez de mãe, incapaz de gerar vida.

É este é o motivo do Jubileu da Misericórdia?

Que venham todos! Que venham e sintam o amor e o perdão de Deus. Conheci, em Buenos Aires, um frade capuchinho, um pouco mais novo do que eu, que é um grande confessor. Tem sempre uma grande fila, com muita gente, está todo o dia a confessar. Ele é um grande “perdoador”, perdoa muito. E, às vezes, tem escrúpulos por ter perdoado muito. Então, uma vez, em conversa, disse-me: “Às vezes, tenho escrúpulos”. E eu perguntei-lhe: “E o que fazes, quando tens esses escrúpulos?”. “Vou diante do sacrário, olho para o Senhor e digo-lhe: Senhor, perdoai-me, hoje perdoei muito, mas que fique bem claro que a culpa é toda vossa, porque fostes Vós a dar-me o mau exemplo!”

Por isso o Santo Padre, neste sentido, também decidiu, nesta carta [a monsenhor Rino Fisichella sobre o Jubileu da Misericórdia] propor o perdão às situações mais difíceis e agora mesmo publicou estas cartas [de “motu proprio”, iniciativas do Papa que têm normalmente a forma de decreto] que aceleram os processos de nulidade. Isto também tem a ver com o Jubileu?

Sim, simplificar… Facilitar a fé às pessoas. E que a Igreja seja mãe…

A razão destas cartas “motu proprio” para a nulidade qual é, exactamente, é agilizar?

Agilizar, agilizar os processos nas mãos do bispo. Um juiz, um defensor do vínculo, só uma sentença, porque até agora havia duas sentenças. Não, agora, é só uma. Se não houver apelo, já está. Se houver apelo, vai para o metropolita, mas agilizar. E também a gratuidade dos processos.

O Santo Padre fez isto a pensar também no Sínodo e no Jubileu?

Está tudo relacionado.

Já sei que não quer falar do Sínodo, mas, no seu coração de pastor universal, o que pede?

Peço que rezem muito. Sobre o Sínodo, vocês os jornalistas, já conhecem o “Instrumentum Laboris”. Vai-se falar disso, do que lá está. São três semanas, um tema, um capítulo, para cada semana. E esperam-se muitas coisas, porque, evidentemente, a família está em crise. Os jovens não se casam. Não se casam. Ou então, com esta cultura do provisório, dizem “ou vivo junto ou me caso, mas só enquanto dura o amor, depois, tchau…”

E que diz a quem vive uma moral contrária à indicação da Igreja e que tem esta ansiedade de perdão?

Lá no Sínodo vai-se falar de todas as possibilidades de ajudar estas famílias. Que uma coisa fique clara – e que o Papa Bento o deixou bem esclarecido: as pessoas que vivem uma segunda união não estão excomungadas e têm de ser integradas na vida da Igreja. Isso ficou claríssimo. E eu, no outro dia na catequese, também o disse claramente: aproximar-se da missa, da catequese, na educação dos filhos, nas obras de caridade… há mil coisas, não é?

Santidade, gostaria de terminar com perguntas sobre a sua vocação. No início de Março de 2013, preparava-se para ir para a “reforma”. Já tinha decidido onde ia ficar a viver, etc.. No entanto, tornou-se um dos homens mais famosos a nível mundial. Como vive esta circunstância?

Não perdi a paz. É um dom… a paz é um dom de Deus. É um dom que Deus me deu, algo que eu não imaginava, pela idade que tenho e por tudo isso. E, mais ainda, eu até já tinha previsto o meu regresso, pensando que nenhum Papa seria escolhido na Semana Santa. Então, se demorássemos a elegê-lo, teríamos de nos despachar até sábado, antes do Domingo de Ramos. E comprei um bilhete de regresso, para poder celebrar Missa no Domingo de Ramos e até deixei preparada, na minha escrivaninha, a homilia. Foi uma coisa que eu não esperava e, em Dezembro, deixaria o cargo para o qual ia ser nomeado um sucessor. Assim…

…há toda uma aventura, agora, à sua frente.

Tudo… mas não perdi a paz. Não perdi a paz.

O Papa Francisco é amado em todo o mundo, a sua popularidade cresce, como revelam as sondagens, e tantos querem vê-lo candidato ao prémio Nobel. Mas Jesus avisou os seus: ”Sereis odiados por causa do meu nome”. Como é que se sente, Santidade?

Muitas vezes me pergunto como será a minha cruz, como é a minha cruz… As cruzes existem. Não se vêem, mas estão lá. E também Jesus, num certo momento, foi muito popular e, depois, acabou como acabou. Ou seja, ninguém tem garantida a felicidade mundana. A única coisa que eu peço, é que me conserve a paz do coração e que me conserve na sua Graça, porque, até ao último momento, somos pecadores e podemos renegar a sua Graça. Consola-me uma coisa: que São Pedro cometeu um pecado muito grave – renegar Jesus – e, depois, fizeram-no Papa… Se com este pecado o fizeram Papa, com todos os que eu tenho, consolo-me, pois o Senhor cuidará de mim como cuidou de Pedro. Mas Pedro morreu crucificado, enquanto eu não sei como vou terminar. Que Ele decida, desde que me dê a paz, que Ele faça o que quiser.

Como é que vive a sua liberdade sendo Papa? Apareceu de surpresa numa missa em S. Pedro, de manhã cedo, foi ao oculista arranjar os óculos… Precisa do contacto com as pessoas?

Sim, tenho necessidade de sair, mas ainda não chegou a altura certa… mas, pouco a pouco, vou tendo contacto com as pessoas às quartas-feiras e isso ajuda-me muito. Sim, a única coisa que estranho em relação a Buenos Aires é sair a “callejear”, andar na rua.

E terminamos com umas perguntas rápidas: o que lhe tira o sono?

Posso dizer-lhe a verdade? Durmo como uma pedra! [risos]

E o que o faz correr?

Sempre que há muito trabalho.

O que nunca é urgente, que pode esperar?

O que não é urgente? As pequenas coisas que podem esperar até amanhã, ou depois. Há coisas que são muito urgentes e outras que não são urgentes… mas não saberei dizer-lhe, em concreto, que isto é mais urgente do que aquilo.

Com que frequência se confessa?

Todos os 15 dias, 20 dias. Confesso-me a um padre franciscano, o padre Blanco, que tem a bondade de vir cá confessar-me. E nunca tive de chamar uma ambulância para o levar de regresso, assustado com os meus pecados! [risos]

Como e onde gostaria de morrer?

Onde Deus quiser. A sério… onde Deus quiser…

A última: como imagina a eternidade?

Quando era mais novo, imaginava-a muito aborrecida [risos]. Agora, penso que é um Mistério de encontro. É quase inimaginável, mas deve ser algo muito bonito e maravilhoso encontrar-se com o Senhor.

Obrigada, Santo Padre.

Obrigado eu, e uma grande saudação a todos os ouvintes desta rádio. E, por favor, peço-vos que rezem por mim. Que Deus vos abençoe e que a Virgem de Fátima vos proteja.

24 comentários sobre “Entrevista do Papa Francisco à Rádio Renascença: Crise imigratória, Igreja acidentada, Sínodo, reforma no processo de nulidade, etc.

  1. Brincandeira de mau gosto dizer que a causa da crise migratória na Europa é um sistema sócio-econômico mau e injusto!!!

    “Um colégio religioso, por ser religioso está isento de impostos, mas se funciona como hotel, então, que pague os impostos como qualquer vizinho do lado. Senão, o negócio não é limpo”.

    Hotel de Aparecida vai pirar com essa!!

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  2. Um leigo catolico que nunca tenha ido a Fatima entende-se pode ser pobre para viajar! um seminarista dificilmente terminara o seu percurso sem ter essa expectativa de devoçao a Mãe de Deus cumprida de visitar Fatima um sacerdote so se for da Teologia da libertaçao , um bispo ?! bom um bispo como se pode eleger um ispo que nunca tenha ido a Fatima acho que seria o proprio a dizer que não estaria em condiçoes com essa lacuna vergonhosa no seu curriculo .Agora um ” PAPA ” a cristandade pirou dai se vê de onde pode vir tanta apostasia heresia e sacrilegio é sinal da ausencia da Mãe de Deus ! VERGONHOSO

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  3. “…se uma igreja, uma paróquia saem – lá para fora, a evangelizar, pode acontecer-lhe o mesmo que acontece a qualquer pessoa que sai para a rua: ter um acidente.”

    Se contirnuar nesse liberalismo desregrado, teremos um acidente fatal.

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  4. Não é o primeiro papa que afirma que a Santa Igreja tem que ser criativa(?) e que é melhor Ela se acidentar(?) no meio do caminho do que permanecer doente(?)
    O papa João XXIII na época da abertura do Concílio Vaticano Dois, também tinha uma história parecida com a de Francisco. Falou sobre uma Igreja que estava meio estagnada, meio mofada, meio paradona e que iria abrir suas janelas para sair o mofo e entrar uma lufada de ar fresco. Seria uma nova primavera na Igreja.
    Saiu o mofo? Entrou ar fresco?
    Não! Pelo contrário!
    Saíram os padres as carradas, milhares deles, e milhares de religiosos e religiosas retornaram à vida secular. Na Europa e na América do Norte as vocações se tornaram raríssimas e segundo o próprio papa Paulo VI
    “Por alguma fissura, o fumo de Satã tinha entrado no Templo de Deus”- essa era a queixa do papa Paulo VI em 29 de junho de 1972.
    Cadê a lufada de ar puro e fresco? Seria a apostasia das nações outrora católicas? Seria o indiferentismo religioso atual? Seria a perseguição e a matança de cristãos?

    ” A Igreja se acha em uma hora de inquietude, de autocrítica, diríamos mesmo de autodemolição. É como uma instabilidade interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio. É como se a Igreja se golpeasse a si mesma.” Paulo VI Discurso de 7/12/1968.

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  5. … Sim, simplificar… Facilitar a fé às pessoas. E que a Igreja seja mãe…
    “Sim, simplificar”: de fato, prolixidade nada resolve; mas de forma que não altere o conteúdo.
    “Facilitar a fé das pessoas”: facilitar as conveniências da fé das pessoas – que fé? – eu escolho de como deve ser o atendimento à minha “fezinha” pessoal, bajulando meu ego?
    “E que a Igreja seja mãe” : existem as mães e as supostas mães, ou seja, cada qual a seu modo, desde que seja mãe, sem normas pré-estabelecidas e/ou mais rígidas?
    Teriam sido algo aéreos os 2 últimos posicionamentos ou facilitadores da cultura modernista do bem-estar que acima foi combatido?
    Ou fui eu quem não entendi corretamente?

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  6. “Por vezes, apropriamo-nos de Jesus só para nós, e esquecemo-nos que uma Igreja que não está em saída, uma Igreja que não sai, mantém Jesus preso, aprisionado.”

    Para isso existiam as Missões, Santo Padre, que a igreja moderna jogou no lixo.

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    1. Pois é, agora que acabaram com os religiosos, vem com essa de querer uma igreja que saia para evangelizar; ora! Quer evangelizar? É só motivar as pessoas a seguirem a vocação religiosa que atentaram a destruir.

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  7. Sou muito mais crítico nas análises do santo padre, mas esta resposta aqui me deixou muito satisfeito:

    “O Papa Francisco é amado em todo o mundo, a sua popularidade cresce, como revelam as sondagens, e tantos querem vê-lo candidato ao prémio Nobel. Mas Jesus avisou os seus: ”Sereis odiados por causa do meu nome”. Como é que se sente, Santidade?

    Muitas vezes me pergunto como será a minha cruz, como é a minha cruz… As cruzes existem. Não se vêem, mas estão lá. E também Jesus, num certo momento, foi muito popular e, depois, acabou como acabou. Ou seja, ninguém tem garantida a felicidade mundana. A única coisa que eu peço, é que me conserve a paz do coração e que me conserve na sua Graça, porque, até ao último momento, somos pecadores e podemos renegar a sua Graça. Consola-me uma coisa: que São Pedro cometeu um pecado muito grave – renegar Jesus – e, depois, fizeram-no Papa… Se com este pecado o fizeram Papa, com todos os que eu tenho, consolo-me, pois o Senhor cuidará de mim como cuidou de Pedro. Mas Pedro morreu crucificado, enquanto eu não sei como vou terminar. Que Ele decida, desde que me dê a paz, que Ele faça o que quiser.”

    Talvez estejamos – no tocante a este papado, não quanto a história da igreja – no Domingo de Ramos, ante o mundo (não nossa opinião). Mas o Santo Padre ter plena noção que a Cruz estará lá, e ele terá o seu momento, me bastou para toda entrevista.

    A.M.D.G.

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  8. No dia 12 de setembro os poloneses saíram as ruas na capital Varsóvia para relembrar a Batalha de Viena e a derrota que os islamitas tiveram frente ao rei católico polonês João Sobieski.

    Assim é que iremos receber os “refugiados” maometanos, modernistas, comunistas, … e por fim o Imaculado Coração de Maria triunfará.

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    1. Bem lembrado, Lucas!

      Percebendo toda a transcendência do perigo turco, o Papa de então, o Bem-aventurado Inocêncio XI, fez todo o possível para procurar auxílio em prol da ameaçada Áustria: “Conjuro-te pela misericórdia de Deus — escrevia a Luís XIV — que acudas em auxílio da oprimida Cristandade, para que não caia sob o jugo do horrível tirano”.(4) O monarca francês respondeu evasiva e friamente, com vãs desculpas e com acusações à corte de Viena.

      O Soberano Pontífice apelou então para a Polônia. João Sobieski não foi surdo ao pungente apelo. Sabia bem que se Viena caísse, a Polônia tornar-se-ia fácil presa para o Islã.

      “Em 31 de março de 1683, por mediação do Papa, ajustou-se uma aliança defensiva e ofensiva com o Imperador, contra os turcos, da qual se fez garantia o Papa, e que não só juraram os dois soberanos [o Imperador e Sobieski], mas também seus plenipotenciários e os cardeais” que os representavam.

      Bem diferente de hoje. ….

      http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=5DFAE8C6-FCDC-F6C0-C734E7314BD2F332&mes=Janeiro2005

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  9. Essa história de abrir a Igreja para o mundo; abrir as “janelas para sair o mofo e entrar uma lufada de ar fresco”;…é conversa para boi dormir.

    As igrejas cismáticas orientais nunca abriram as suas tradições para coisa nenhuma e no entanto o que mais acontece dentro dessas igrejas é aumentar o número de fiéis.

    Todos aqueles que dizem que a Igreja Católica deve se adaptar ao mundo moderno, seja leigo ou sacerdote, está sob suspeita de querer destruir a Igreja de Cristo.

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  10. Meu Deus, faz pena ler isso… Sinto tristeza ao ler uma coisa dessas vinda de um Papa, como está enganado! Não parece ter má-fé, mas não se salva nem uma linha das suas palavras… Eu como mãe de adolescentes, sei por exemplo o quanto eles não querem ser “acompanhados” apenas. Querem ser dirigidos! Querem que alguém lhes mostre o caminho certo entre os muitos possíveis, e de preferência ainda lhes explique no que vai dar esse, aquele e aquele outro, e por que ainda que aquele primeiro é o único que termina bem. E eles acolhem! Podem até rebelar-se em alguma circunstância e dizer: “Não vou”. Mas ao final, quando dão o braço a torcer, já sabem por onde devem voltar e prosseguir para retificar a rota… É o que esperam de mim, e não essa “liberdade acompanhada” (um liberalismo chinfrim, na verdade, que não resiste à mais superficial análise), e que quase fatalmente leva a juventude inteira a dar com os burros n’água hoje em dia. Infelizmente esse Papa não entende nada do homem…

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  11. Qual será a reação de toda a Igreja, principalmente da Igreja em Portugal, se o Vigário de Cristo na Terra não for a Fátima por ocasião do centenário das aparições de Nossa Mãe e Senhora? Como disse um sacerdote, não é a Igreja quem impõe a mensagem de Fátima, mas a mensagem de Fátima que se impõe à Igreja.

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  12. De fato, maravilhosa a resposta do Santo Padre em relação à cruz que decerto virá! E bem no dia da exaltação da Santa Cruz!

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  13. O discurso sairia melhor, perdoem-me, se fosse proferido por um cura ordinario de qualquer localidade do Brasil: os lugares comuns, os chavões, as frases feitas, o modus mentis provinciano que se acha universal, mas que não vê as conexões mais óbvias, é lamentável ver saindo da boca do Papa! Vemos um espetáculo de limitação cognitiva que as vezes penso que se trata de alguém com sérios problemas de intelecção ou, por outro lado, o desenvolvimento de algum plano de ação dialética que tenta extrair do resultado uma “média” ponderada… O pragmatismo raso que tanto se pronuncia não atenta para as consequencias de médio e longo prazos, pois são focadas nas consequencias imediatas ou nas causas mais, digamos, evidentes para o entendimento latino-americano comum. A visão de uma Europa “mãe” e de um EUA mau dão bem uma ideia disto: uma Europa inclusivista, assistencialista e permissiva ao modo do projeto socialista e os EUA com a sua sanha egoísta/capitalista que não faz nada é só pensa em si; e precisa ser modificado desde dentro por uma nova mentalidade mais aberta e receptiva ao frescor dos novos tempos…

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  14. A mundividencia de Bergoglio está contaminando o Papa, pois não foi possível até o momento – e os fatos assim nos mostram – ver os efeitos da graça de estado surtirem seus efeitos. Podem falar o que forem, mas esse, realmente, é um papado beeeeeeeeem diferente dos anteriores: se os anteriores guardavam certas referências, resguardavam certos marcos, preservavam algumas externalidades, este de agora implode tudo naquela busca frenética pela criatividade criadora tanto PERSEGUIDA, mas nunca plenamente efetivada pelos sucessores recentes. Se alguns Papas anteriores queriam mudanças, mas não queriam algumas consequencias dessas mesmas mudanças, este Papa parece buscar e encorajar não só o novo rumo, mas aquele perigoso “abandonar-se” a Providência tão propagandeado por João XXIII.

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  15. Esse “Ano da Misericórdia” pode ser também o ano da confusão: sem atentar ou dando pouca importância às condições concretas da delegação de poderes centralizantes aos Bispos na questão das nulidades sacramentais dos casamentos, veremos uma enxurrada de processos que esvaziarão de objetividade obrigaste esses mesmos Sacramentos, pois as conseuqencias serão minimizadas ao mínimo ou serão nulificadas ao máximo e, como isso, acabar-se-ao com as ações de decoro, respeito, abnegação e auto-renuncia para com as coisas eternas… É isso em prejuízo da afirmação da própria pessoa humana; entidade tão propalada atualmente.

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  16. Entrevista PÍFIA e DECEPCIONANTE…

    Faltou uma simples e URGENTE pergunta ao santo padre, relativo às aparições de Fátima:

    Por quê motivo não foi feita, até hoje (2015), a consagração da Rússia conf. pedido de Nossa Senhora?
    Com a palavra o Estado do Vaticano….

    PS.: Embora dois papas (Pio XII e João Paulo II) tenham feito a consagração do MUNDO e não da Rússia (pedido expresso de Nossa Senhora), o Céu retribuiu tal gesto com dois fenômenos mundiais:

    1) Reviravolta dos rumos da Segunda Grande Guerra;
    2) Queda do Muro de Berlin (com reflexos nos países da cortina de ferro).

    Imagine se o papa tiver a coragem de consagrar a Rússia?

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