Atualidade da mensagem de Nossa Senhora das Graças de Cimbres.

Por Hermes Rodrigues Nery 

A sua mensagem é atualíssima, diante dos acontecimentos históricos que ainda estamos vivenciando, no momento em que comemoramos oitenta anos das aparições.

41635647-055c-4e13-8fbd-09a6cf8ee621Com “O Diário do Silêncio”, a escritora Ana Lígia Lira apresenta a mais completa obra sobre as aparições de Nossa Senhora das Graças, no Brasil, ocorridas no pequeno povoado de Cimbres, distrito de Pesqueira, em Pernambuco, em 1936. A publicação do livro ocorre, portanto, próximo das comemorações dos oitenta anos das aparições, e com uma documentação inédita, de fontes primárias, com correspondências (especialmente as do Padre Kehrle, designado pelo bispo local a investigar o caso) e depoimentos que elucidam toda a história das aparições, como também da irmã Adélia, falecida em 13 de outubro de 2013 (na época, a menina Maria da Luz, uma das crianças a quem Nossa Senhora dirigiu suas palavras). Para o Padre Paulo Ricardo, a mensagem de Nossa Senhora das Graças de Cimbres “é bastante atual, principalmente para nós que vivemos num Brasil cada vez mais tomado pelo ideal do comunismo, do marxismo, porque foi exatamente aquilo que Nossa Senhora previu”1. Na verdade, a previsão foi a de que o Brasil seria tomado pelo comunismo e padeceria três castigos, evitados somente com a oração e a penitência. E que “o sangue correrá no Brasil”2.

Gostaria de me deter nesse artigo não tanto sobre os fatos em si da história das aparições (já abordados em relatos de outros autores), mas sobre alguns aspectos de conjuntura para auxiliar na compreensão da importância das aparições de Nossa Senhora das Graças, em Cimbres, especialmente nos dias de hoje, pois a sua mensagem é atualíssima, diante dos acontecimentos históricos que ainda estamos vivenciando, no momento em que comemoramos oito décadas das aparições.

Os três castigos

Os três castigos preconizados por Nossa Senhora das Graças, estariam, de certa forma, relacionados com as três tentativas de tomada do poder que os comunistas fariam no Brasil, ao longo desses últimos oitenta anos. A primeira delas, com a Intentona Comunista (1935), alguns meses antes das aparições em Cimbres. Depois, no governo de João Goulart, a segunda tentativa, que foi contida pelo regime militar (1964), especialmente na fase de combate às guerrilhas. E, em seguida, a terceira tentativa, com a redemocratização, na Nova República, principalmente nas gestões petistas, após 2003.

Nas duas primeiras tentativas, o sangue correu, assim como aconteceu nos países aonde o comunismo foi implantado. Na Intentona Comunista de 1935, vários defensores da pátria tombaram, dentre eles o herói-mártir da Polícia Militar, Luiz Gonzaga de Souza3. Também foram muitas as vítimas que tiveram o sangue derramado por terroristas e guerrilheiros comunistas na segunda tentativa, quando quiseram implantar a ditadura do proletariado no País, conforme depoimentos de conhecidas lideranças esquerdistas, que atuaram, naquela época4, reconhecendo que a luta contra o regime militar, inclusive por meios das guerrilhas, tinha como propósito a implantação de uma ditadura comunista5.

Mas, como bem destacou o Prof. Olavo de Carvalho, “o governo militar se ocupou de combater a guerrilha, mas não de combater o comunismo na esfera cultural, social e moral.”6 Por isso, criou-se o ambiente para a terceira e atual tentativa, ainda em curso, no Brasil, de complexa situação. Olavo de Carvalho explica que a parte da esquerda que não foi para a guerrilha, “se encaixou no esquema pregado por Antonio Gramsci, que é a revolução cultural, a penetração lenta e gradual em todas as instituições de cultura, mídia etc. Foi a facção que acabou tirando vantagem de tudo isso – até da derrota, porque a derrota lhes deu uma plêiade de mártires.”7 O fato é que a esquerda se apropriou de um discurso para se favorecer e buscar consolidar seu projeto de poder [daí a narrativa da controversa Comissão da Verdade], e até hoje, a base social aparelhada pela esquerda, de raiz filosófica marxista e até anarquista, continua como um barril de pólvora, num momento em que as forças conservadoras começam a reagir, sem saber como fazer, por estarem totalmente desorganizadas e sem estratégias e meios adequados para isso.

O processo de impeachment da presidente Dilma Roussef (ex guerrilheira no período do regime militar),  expôs a tensão desta terceira tentativa, cujos desdobramentos ainda são muito imprevisíveis. Terceira fase esta iniciada com a criação do Foro de São Paulo, em 1990 (por Fidel Castro e Lula), para viabilizar um projeto de poder totalitário, de integração regional latino-americana, a chamada Pátria Grande socialista. Projeto esse em que, antes da tomada do poder político, os comunistas buscaram criar uma base social aparelhada (seguindo a estratégia gramsciana), de aparelhamento das instituições, especialmente na área cultural, dos sindicatos, da imprensa, e até mesmo da Igreja Católica, se utilizando da teologia da libertação para influir e ampliar os setores progressistas dentro da instituição.

Com a eleição de Lula, em 2002, o PT alargou de modo desproporcional o aparelhamento do Estado, dando início à estratégia proposta pelo Foro de São Paulo, de fazer da democracia o método revolucionário, se utilizando inclusive de meios inteiramente amorais para captar recursos com volúpia desmesurada, não contando, porém, que seriam contidos nessa gula e obsessão de poder, pela Operação Lava Jato, o que ocasionou a gravíssima crise em que vivemos, aonde não sabemos ainda como a terminará.

Não é a toa que, durante o processo de impeachment, os maiores defensores da ex-guerrilheira Dilma Roussef vieram justamente do PCdoB (com Aldo Rebelo como seu Ministro da Defesa, Jandira Feghali na Câmara dos Deputados, Vanessa Graziotin no Senado, etc.). O fato é que a terceira tentativa de implantação do comunismo no Brasil está em fase já bem avançada. Depois das jornadas de junho de 2013, do pleito de 26 de outubro de 2014 e das grandes manifestações pró-impeachment de 2015-2016, cresceram as apreensões sobre como o Brasil poderá vencer essa nova batalha contra o comunismo, expresso não apenas no lulopetismo, mas em todos os demais partidos e movimentos sociais e culturais de esquerda alinhados com o projeto de poder do Foro de São Paulo.

E o que mais se teme, em tudo isso, é que novamente corra o sangue [conforme previu Nossa Senhora das Graças, em Cimbres], num momento que o País está dividido entre uma maioria conservadora e cristã [mas desorganizada], e uma minoria aparelhada que deteve o poder de decisão nos últimos treze anos [e muito bem organizada]. Tal tensão levou o Brasil a um impasse político sem precedentes. E muitas forças do internacionalismo de esquerda e também das fundações internacionais querendo intensificar a agenda antivida e antifamília, que já vem fazendo correr o sangue humano inocente, no ventre materno, com a difusão cada vez maior da cultura do aborto e tudo mais. Como ocorreu na União Soviética, quando o comunismo foi lá implantado.

“Os padres e os bispos sofrerão muito?”8

Nas aparições em Cimbres, na gruta do Sítio da Guarda, Nossa Senhora das Graças dissera às crianças: “virão tempos sérios”9, e dentre muitas coisas preditas, a confirmação de que o comunismo iria penetrar o Brasil, abrangendo todo o País (não no interior), e que tais coisas não viriam logo, mas que “os padres e os bispos sofrerão muito”10.

Nesse sentido e no contexto dos oitenta anos desde as aparições em Cimbres, cabe ressaltar que o sofrimento dos bons padres e bispos também está relacionado, de alguma forma, aos “erros da Rússia” espalhados pelo mundo, que não foram contidos, conforme pediu Nossa Senhora em Fátima aos pastorinhos, em 1917.

Como bem expôs  Valdis Grinsteins:

“Defensores do permissivismo moral, os comunistas aprovaram leis favorecendo o amor livre e o divórcio e, em 1920, durante o governo de Lenine, a Rússia foi o primeiro país do mundo a permitir o crime do aborto. O resultado dessa lamentável situação não tardou a aparecer: divórcios numerosos, trazendo como consequência famílias cada vez menores, nas quais o número de filhos era limitado em função da perspectiva de estabilidade do ‘cônjuge’, do trabalho, da moradia ou do capricho dos pais. Filhos abandonados ou entregues a orfanatos, dos quais fugiam depois para formar pequenos bandos de criminosos, logo se tornaram uma praga nacional. Uma geração que crescia sem conhecer o que fosse respeitar os outros. O crime chegou a tais níveis que, visando limitar seus efeitos, Stalin modificou a legislação em 1936, chegando a proibir o aborto. Como não houve nenhum arrependimento verdadeiro, mas apenas interesse político, pouco depois da Segunda Guerra Mundial o aborto voltou a ser introduzido na legislação comunista, bem como todos os outros ditos ‘avanços’. E a situação tornou-se ainda pior.”11

O comunismo, como um dos maus frutos do modernismo, adentrou dentro da Igreja, sob várias formas. E conforme advertira São Pio X, visou corroer, por dentro a sã doutrina católica. Os padres e bispos seduzidos pelo modernismo, anuíram com correntes de pensamento contrárias à fé, abrindo brechas para distorções e equívocos, agravados ainda mais pelo atual relativismo. Debilitar o cristianismo, especialmente a doutrina católica, foi estratégia dos comunistas, principalmente gramscianos para, por dentro da Igreja, promover a rebelião e a apostasia. Com isso, os bons padres e bispos foram encontrando dificuldades em defender a fé, num ambiente cada vez mais hostil à sã tradição católica. E mais: passaram também a difundir que o comunismo era coisa do passado, principalmente depois da queda do muro de Berlim e o desabamento da União Soviética, no Natal de 1991. Mas justamente na América Latina, e mais ainda no Brasil, com o Foro de São Paulo, o internacionalismo de esquerda instrumentalizou os setores progressistas da Igreja Católica para difundir os males do comunismo [com faces novas e diversificadas]. O próprio Fidel Castro, após o fracasso das guerrilhas no Brasil, entendeu que era preciso utilizar-se das estruturas e capilaridade da Igreja, para aparelhá-la por dentro, e propiciar assim a extensão da revolução cubana em todo o continente latino-americano, especialmente no Brasil. Para isso, foi utilíssimo espalhar a cizânia da teologia da libertação, gestada pela KGB, conforme revelou Ion Mihai Pacepa12.

Mas por que a Igreja não reagiu contra esta nova investida do comunismo? E por que o relativismo grassou de tal forma, minando toda e qualquer resistência na defesa da sã doutrina católica?

O Prof. Roberto de Mattei explica que um dos fatos relevantes para isso foi porque não houve uma condenação explícita do comunismo no Concílio Vaticano II (1962-1965), período em que se intensificou a segunda tentativa de implantação do comunismo no Brasil, detido – como dissemos – pelo regime militar.

O fato é que o Concílio foi “uma oportunidade extraordinária para as correntes progressistas”13 em que, em muitos aspectos, “a condenação do erro”14 deixou de ser vista como “uma obra de misericórdia”15. A nova forma de organização, através de conferências episcopais, especialmente a CNBB e o CELAM, contribuíram muito para afofar o terreno, em que foi possível emergir mais facilmente todas as tendências modernizantes. A não condenação do comunismo no Concílio favoreceu a instrumentalização dos setores progressistas da Igreja para a subversão da sã doutrina por dentro da instituição. Formou-se então uma rede cada vez mais fraterna de prelados progressistas, “entre bispos e teólogos europeus e latino-americanos”16, sob a liderança de Dom Hélder Câmara, rede esta descrita por François Houtart, o mesmo que, anos mais tarde, ministraria um curso no Partido Comunista cubano para convencer os militantes marxistas de que era possível conciliar cristianismo e socialismo, e que eles precisariam da estrutura da Igreja, para difundir essa concepção revolucionária.

Não faltaram apelos contra o comunismo durante o Concílio. Roberto de Mattei conta que “o arcebispo vietnamita de Hué, Ngô-Dinh-Thuc, por exemplo, definia o comunismo como ‘o problema dos problemas’, a mais importante questão do momento”.17 Mas empenhado na promoção do ecumenismo, e para garantir a presença do Patriarca de Moscou, que, na época, “estava  notoriamente  nas mãos do Kremlim”18, o Cardeal Bea conseguiu estabelecer “um acordo com base no qual o Patriarca de Moscou acolherá o convite pontifício se o Papa garantir que o Concílio se absterá de condenar o comunismo”19. E foi o que aconteceu. O Concílio se silenciou sobre a questão do comunismo, mesmo o Santo Ofício tendo reafirmado, em 1959, pouco antes, “a validade da excomunhão de 7 de janeiro de 1949, contra todo tipo de colaboração com o comunismo”20, pois já prevalecia, entre muitos altos prelados, de que “no fundo, os comunistas andam a procura da justiça e são gente que sofre”21. A partir dessa omissão e dessa nova mentalidade é que foi possível espalhar o cancro da teologia da libertação na América Latina, ainda quando se desejava impor o comunismo por meio da guerrilha.

“Quase” como na Espanha 

Ao ser indagada se o sofrimento causado pelos castigos seria “como na Espanha” (que vivia, na época das aparições, o início da Guerra Civil Espanhola), Nossa Senhora respondera às crianças: “quase”.

Esse “quase” pode estar relacionado à posição do clero em relação à divisão ideológica que a Espanha viveu, ao longo da guerra civil (1936-1939), quando morreram milhares de pessoas, especificamente mais de seis mil religiosos. No entanto, o clero espanhol comparou a guerra contra o comunismo na Espanha, naquele período, como uma “cruzada moderna”22. O mesmo não se pode dizer do clero brasileiro atual, imbuído de relativismo, com um bom número de bispos conservadores (especialmente após o pontificado de Bento XVI), mas com padres e bispos progressistas em postos estratégicos de decisão, muitos alinhados ainda à esquerda, com paróquias e OnGs católicas (e até universidades como as PUCs) como base social aparelhada pelo lulopetismo. Dada a complexidade da situação, no cenário brasileiro atual, muitos padres e bispos se dizem impotentes para fazer qualquer coisa, e de se pronunciar a respeito. Por isso, se constata o silêncio e a omissão de muitos em relação ao permissivismo moral (especialmente da classe artística), evitando se posicionar ideológica e politicamente contra os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff. Daí a posição de neutralidade da conferência episcopal em relação ao processo de impeachment, quando a maioria do povo brasileiro (conservador) foi às ruas clamando “Fora Dilma, Fora PT, Fora Foro de São Paulo”. Significativo foi o ato em que fiéis leigos ergueram após a missa de encerramento da 54ª assembleia da CNBB23, na Basílica de Aparecida, diante de todos os bispos que passavam em direção à sacristia, com os dizeres; “Por uma Igreja livre do PT e do comunismo”, imagem essa que teve um número enorme de curtidas e compartilhamentos nas redes sociais, comprovando assim (nesse aspecto) o sentimento da maioria do povo brasileiro, que clama por posições de pastores mais em consonância com a doutrina moral e social da Igreja, sem ambiguidades, mas de modo firme e cristalino, de modo especial contra o comunismo.

Nesse sentido, os três castigos preconizados por Nossa Senhoras das Graças, às crianças, em Cimbres, podem também estar associados (tendo em vista o que ocorreu durante a Guerra Civil Espanhola), a tais fatores e consequências:  1º) a divisão ideológica do País; 2º) a anarquia social provocada por instituições e grupos aparelhados; 3º) o derramamento de sangue. Mas o “quase” predito pode significar que é possível evitar as situações extremas de tais fatores e consequências, se principalmente as autoridades eclesiásticas exortarem o povo à oração e à penitência, e se, enfim, o comunismo for rechaçado mais explicitamente e condenado (recorrendo aos documentos já existentes da doutrina social da Igreja) por aqueles que tem o dever de orientar os fiéis católicos dos perigos que representam as correntes de pensamento e os partidos políticos que tem como premissa ideológica o ideário comunista. O clero, portanto, não pode estar omisso quanto a isso, para que tais fatores não acarretem tais consequências.

Os castigos previstos podem ser evitados com a oração e a penitência

Os oitenta anos das aparições de Nossa Senhora das Graças, em Cimbres, coincidem com o momento mais crítico da crise econômica e política que colocou em xeque o lulopetismo no País, podendo comprometer assim o projeto de poder do Foro de São Paulo e frear a terceira tentativa de implantação do comunismo. Por isso, se houve previsões de “tempos calamitosos para o Brasil”24, a Mãe do Céu dissera às crianças Maria da Conceição e Maria da Luz que os castigos previstos poderiam ser evitados pela oração e penitência. Esta exortação (em sintonia com todas os apelos feitos por Nossa Senhora, em La Salette, em Lourdes, em Fátima e em todas as demais aparições pelo mundo) indicam as armas pelos quais os cristãos devem se empenhar no combate ao mal. Assim como os cristãos venceram em Lepanto (1571), fazendo do Rosário a “arma da vitória”25, assim também foi a força do Rosário capaz de evitar o derramamento de sangue no difícil processo abolicionista, no séc. XIX, em que a Princesa Isabel fez triunfar a libertação dos escravos, com a Lei Áurea, vencendo também pela oração os desafios das turbulências políticas de sua época.

Nossa Senhora apresentou-se às crianças como “a Mãe da Graça”, e se veio “avisar ao povo que se aproximam três grandes castigos”26, também apareceu com o Menino Jesus em seus braços como “a Mãe do Céu”, “a Mãe de Deus”, para dizer também que é com a oração e a penitência que é possível desviar-se de tais castigos, invocando-a como Nossa Senhora das Graças, e apresentando ainda as devoções ao Coração de Jesus e a ela própria, como práticas para afastar tais males.

A leitura, portanto, de “O Diário do Silêncio”, de Ana Lígia Lira (competente pesquisadora e escritora), torna-se imprescindível para que conheçamos, em detalhes, o que ocorreu em Cimbres, e o quanto atual é a mensagem de Nossa Senhora das Graças, e a validade da sua exortação à oração e a penitência, para vencer a terceira (e mais complexa) tentativa de implantação do comunismo no Brasil.

Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email:

Notas:

  1. https://padrepauloricardo.org/episodios/o-alerta-de-maria-para-o-brasil.
  2. http://aparicoes.leiame.net/brasil/pesqueira.html
  3. http://museuvitimasdoscomunistas.com.br/saloes/ver/intentona-comunista-1935-
  4. https://www.youtube.com/watch?v=cP5PGY08vbs
  5. https://www.youtube.com/watch?v=cP5PGY08vbs
  6. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/olavo-de-carvalho-esquerda-ocupou-vacuo-pos-ditadura
  7. Ibidem.
  8. http://aparicoes.leiame.net/brasil/pesqueira.html
  9. Ibidem.
  10. Ibidem.
  11. http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/B29467EA-3048-560B-1CD5958C0D784589/mes/Agosto2006
  12. http://www.acidigital.com/noticias/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao-28919/
  13. Roberto de Mattei, O Concílio Vaticano II – Uma História nunca escrita. Porto, 2012, p. 167.
  14. Ib. p. 173.
  15. Ibidem.
  16. Ib. p. 189.
  17. Ib. 152.
  18. Ib. 147.
  19. Ib. pp. 149-150.
  20. Ib. p. 152.
  21. Ibidem.
  22. http://historia-portugal.blogspot.com.br/2009/05/guerra-civil-espanhola.html
  23. https://www.youtube.com/watch?v=Xi6WMq2cQq0
  24. http://aparicoes.leiame.net/brasil/pesqueira.html
  25. http://imperiobrasileiro-rs.blogspot.com.br/2015/12/integra-da-palestra-princesa-isabel.html
  26. http://aparicoes.leiame.net/brasil/pesqueira.html

 

A linguagem revolucionária do Papa Francisco.

Por Roberto de Mattei, “Il Tempo”, 18-05-2016 | Tradução: FratresInUnum.comNa história da Igreja houve muitos papas “reformadores”, mas o Papa Bergoglio parece pertencer a outra categoria, até agora alheia aos Romanos Pontífices, a dos “revolucionários”.

Os reformadores de fato querem trazer a doutrina e os costumes de volta à pureza e à integridade originárias e, sob este aspecto, podem também ser chamados de “tradicionalistas”. Tais foram, por exemplo, Pio IX e Pio X.

Os revolucionários, pelo contrário, são aqueles que querem produzir uma fratura entre passado e presente, situando num utópico futuro o ideal a alcançar.

A ruptura do Papa Francisco com o passado é de ordem linguística, mais do que doutrinária, mas a linguagem, na era da mídia, tem um poder de mudança superior às ideias que ela forçosamente veicula. Não por acaso, na conferência de imprensa de apresentação da Amoris laetitia, o cardeal Schönborn definiu a exortação pontifícia como “um evento linguístico”.

A escolha de um “estilo” de linguagem – expresso através de palavras, gestos ou omissões – implica um modo de pensar e veicula implicitamente uma nova doutrina. Mas a pretensão de fazer uma revolução linguística, negando que esta seja também uma revolução doutrinária, conduz necessariamente à confusão, a qual, juntamente com a desorientação e certa esquizofrenia, parece ser a característica distintiva do atual pontificado.

Entre os exemplos mais recentes de confusão está aquele relacionado com o vocábulo “pobreza”. Confunde-se a pobreza do Evangelho com a pobreza da ideologia sociocomunista. A primeira é um estado de perfeição que nasce da escolha voluntária do indivíduo, a segunda é uma condição social imposta arbitrariamente de cima.

Além disso, se no plano pessoal os religiosos e os católicos em geral devem viver no espírito de pobreza, no sentido de não se apegarem aos próprios bens, a Igreja como instituição não deve ser pobre, mas dispor de todos os meios materiais necessários ao exercício de sua missão. Privá-la desses meios significa jugulá-la e enfraquecer a sua ação no mundo.

Sob esse aspecto, as intimações do Papa Bergoglio em favor da pobreza arriscam privar a Igreja de sua capacidade de mudar o mundo, para imergi-la no processo de secularização que está dissolvendo o que foi outrora o Ocidente cristão.

Foto da semana.

Escreve-nos o leitor Antonio Schanoski Jr, cuja gentileza agradecemos:

Caros senhores, Salve Maria!

Há 16 anos confeccionamos tapetes para a festividade de Corpus Christi [em Itu, SP] e, devido a grande crise que abala o papado, achamos por bem fazer um tapete com um pedido especial ao Papa: CLAREZA E FIDELIDADE.

Em artigo para a Folha, em 16 de Agosto de 1978, Dr. Plinio encerra seu texto com esta expressão (…) E o que há de mais justo, de mais lógico, de mais filial e de mais nobre do que pedirem os filhos da luz àquele a quem foi dito: “Tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, pedirem-lhe clareza? (http://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%2078-08-16%20Clareza.htm#.V0dkqrgrLcc)

O tapete alcançou grande repercussão positiva, e as pessoas de uma maneira geral se sentiram identificadas com o tema. Deixo para apreciação dos senhores algumas fotos.

Sem mais, despeço-me prometendo minhas orações e recomendado-me a dos senhores.

Reflexões sobre temas da Sagrada Escritura: Castidade – O celibato eclesiástico.

“Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem a respeito da sua mulher [não poder se  separar dela senão em caso de adultério e mesmo assim, se o fizer, não poder se casar com outra], não convém casar. Ele disse-lhes: Nem todos compreendem esta  palavra, mas somente aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que nasceram assim do ventre da sua mãe, há eunucos a quem os homens fizeram tais e há eunucos que a  si mesmos se fizeram [no sentido espiritual] eunucos por amor do reino dos céus. Quem  pode compreender compreenda” (S. Mateus
XIX, 10-12).

Por Padre Élcio Murucci | FratresInUnum.com

O Papa Pio XI, em 20 de dezembro de 1935, escreveu a Encíclica “AD CATHOLICI SACERDOTII”, Sobre o Sacerdócio Católico. Transcreverei apenas o que expôs o Papa sobre o celibato eclesiástico, nos números 65-73:

65.  Intimamente relacionado com a piedade anda outro ornamento gloriosíssimo do Sacerdócio católico, a castidade, cuja observância integral e perfeita é uma obrigação tão grave para os clérigos da Igreja Latina, constituídos  em Ordens maiores que, se a ela faltarem, serão por isso mesmo réus de sacrilégio (Cod. Jur. Can., c. 132, § 1). E, se esta lei não obriga em todo o seu rigor aos clérigos da Igreja Oriental, ainda entre eles é tido em honra o celibato eclesiástico; e em certos casos, – particularmente, tratando dos supremos graus da Hierarquia – é um requisito necessário e obrigatório.

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66. Que esta virtude convém ao ministério sacerdotal, basta a simples luz da razão humana para o demonstrar, pois: “sendo Deus espírito” (Jo 4, 24), parece de toda a conveniência que quem se consagra ao divino serviço, em certo modo “se despoje do corpo”. Já os antigos Romanos tinham visto esta conveniência: porquanto, citando o maior dos seus oradores esta lei antiquíssima: “Dos deuses aproximai-vos castamente”, comenta-a com estas palavras: “Manda a lei aproximar-se dos deuses castamente, isto é, com a alma casta, da qual tudo depende; não exclui, porém, a castidade do corpo; mas isto deve entender-se assim: sendo a alma muito superior ao corpo, se se deve conservar a pureza dos corpos, muito mais se deve guardar a das almas” (M. T. Cícero, De leg. lib., II, c. 8 e 10). E no Antigo Testamento, a Aarão e a seus filhos fora ordenado por Moisés em nome de Deus que durante a semana em que se realizasse a sua consagração, não saíssem do Tabernáculo, e portanto guardassem continência durante aqueles dias (Cf. Lev. 8, 33-35).

67. Ora ao Sacerdote na Nova Lei, tão superior ao da Antiga, sem dúvida que se exige maior pureza e castidade. Os primeiros traços do celibato eclesiástico são-nos descritos na cânon 33 do Concílio de Elvira (Com Eliberit., cân. 33; Mansi, t. II, col. 11), celebrado nos princípios do século IV, quando ainda ardia o fogo da perseguição do nome cristão; o que certamente prova que esta prática já há muito estava em uso. E esta prescrição da lei não faz mais, por assim dizer, do que dar força de obrigação a um como postulado que se deriva do Evangelho e da pregação apostólica.

68. O ter o Divino Mestre, a quem chamamos num hino “flor da Virgem Mãe” (Cf. Brev. Rom. Hymn. ad Laudes in festo SS. Nom. Jesu), mostrado tão grande estima do dom da castidade, que o exaltou como coisa superior à virtude comum dos homens (Cf. Mt 19, 11); o ter querido ser educado desde os mais tenros anos na casa de Nazaré com Maria e José, ambos eles virgens; o ter amado com especial predileção as almas puras e virginais de João Batista e João Evangelista; o ouvir enfim o Apóstolo das gentes, aquele fiel intérprete da lei evangélica e da doutrina de Cristo, apregoar as excelências inestimáveis da virgindade, em ordem sobretudo ao serviço de Deus mais cuidadoso: “Quem está sem mulher, está solícito das coisas que são do Senhor, de como há de agradar a Deus” (1 Cor 7, 32): tudo isto, Veneráveis Irmãos, não podia deixar de dar em resultado que os sacerdotes da Nova Aliança não somente sentissem a atração celestial desta virtude tão privilegiada, mas se esforçassem por ser contados em o número daqueles “a quem foi dado compreender esta palavra” (Cf. Mt 19, 11), e se impusessem espontaneamente a si mesmos a observância desta continência sacerdotal, o que em seguida foi sancionado, em toda a Igreja Latina, por gravíssimo preceito da autoridade eclesiástica. Porquanto, já ao fim do século quarto, faz esta exortação o Concílio de Cartago: “a fim de que também nós guardemos o que os Apóstolos ensinaram e toda a antiguidade observou” (Conc. Carthag., can. 2; cf. Mansi, Collet. Conc., t. III, col, 191).

69. Não faltam testemunhos, nem sequer dos mais ilustres Padres orientais, que exaltam a excelência do celibato eclesiástico e atestam que ainda neste ponto havia então acordo entre a Igreja Latina e a Oriental naquelas regiões onde estava em vigor disciplina mais rigorosa. E assim,  –  para aduzirmos os exemplos mais ilustres   – S. Epifânio, ao fim do mesmo quarto século, afirma que o celibato se estendia já aos subdiáconos: “Aquele que vive ainda ao matrimônio e tem que atender a seus filhos, posto que seja marido duma só mulher, de forma alguma o admite [a Igreja] à ordem de diácono, presbítero, bispo ou subdiácono, mas tão somente aquele que se houver separado da sua única consorte, ou for viúvo; disciplina esta que sobretudo se guarda nos lugares onde se observam com exatidão os cânones eclesiásticos” (S. Epifânio, Adversus haeres, 59, 4; Migne, P G, XLI, col. 1024).

70. Mas nesta matéria sobre todos parece eloquente S. Efrém Sírio, Diácono de Edessa e Doutor da Igreja universal, “chamado com razão cítara do Espírito Santo” (Brev. Rom., d. 18 de jun. lect 6). Dirigindo-se a Abraão, Bispo amigo seu, assim lhe diz nestes versos: “Bem acreditais o nome que tens, Abraão, porque também tu foste feito pai de muitos; mas, porque tu não tens esposa, como Abraão teve Sara, eis que a tua grei é a tua esposa. Educa os seus filhos na tua verdade, sejam para ti filhos do espírito e filhos da promessa, a fim de que venham a ser herdeiros no Éden. Ó fruto formoso da castidade, em que se compraz o Sacerdócio!… A âmbula transbordante do óleo sagrado ungiu-te, a mão sacerdotal pousou sobre ti e escolheu-te, a Igreja desejou-te e amou-te” (Carmina Nisibaena, carm. 19). E noutro lugar: “Não basta ao Sacerdote e ao seu bom nome, enquanto oferece o corpo vivo [de Cristo], purificar a alma e a língua, lavar as mãos e conservar limpo todo o corpo, mas deve ser completamente puro em todo o tempo, porque está posto como mediador entre Deus e o gênero humano. Seja louvado Aquele que purificou os seus ministros” (Ibid., carm. 18). Igualmente afirma S. Crisóstomo que “o que exerce o sacerdócio deve ser tão puro, como se estivesse colocado nos céus entre as Potestades” (De sacerd., I, III, c. 4; Migne, PG, XLVIII, 642).

71. Demais, a mesma sublimidade do Sacerdócio cristão e, para empregar a expressão de S. Epifânio, a sua “inacreditável honra e dignidade”, que acima sumária e concisamente acenamos, demonstra a suma beleza do celibato e a oportunidade da lei que o impõe aos ministros sagrados do altar: quem desempenha um ofício superior, em certo modo, ao dos
espíritos celestiais “que estão na presença do Senhor” (Cf. Tob 12, 49; 1 Cor 7, 32), não é razão que leve, quanto possível, uma vida celestial? Quem tem obrigação de estar inteiramente “nas coisas que são do Senhor” (Cf. Lc 2, 49; 1 Cor 7, 32), não é justo que viva
separado das coisas terrenas e tenha “a sua conversação nos céus”? (Cf. Filip 3, 20). Quem há de tão solicita e constantemente andar empregado na salvação eterna das almas que continue por sua parte a obra divina do Redentor, não é conveniente que tenha a alma livre e desembaraçada dos cuidados duma família própria, que absorveriam grande parte da sua atividade?

72. Grande, na verdade, e digno da mais comovida admiração é o espetáculo, que tão frequentemente se repete na Igreja Católica: ver os jovens levitas, que, antes de receberem a ordem do Subdiaconato, isto é, antes de se consagrarem absolutamente ao serviço e ao culto de Deus, espontânea e jubilosamente prometem renunciar aos gozos e satisfações que em outro gênero de vida honestamente se poderiam permitir. Espontânea e jubilosamente, dizemos; portanto, se, depois de recebida a Ordem sacra, já lhes não é permitido contrair núpcias terrenas, para a ordenação contudo avançam sem a menor coação de qualquer lei ou pessoa, mas sim movidos por sua própria vontade (Cf. Cod. Jur, Can., Can. 971).

73. Não obstante o que até aqui levamos dito em favor do celibato eclesiástico, não queremos que seja interpretado, como se tivéssemos intenção de desaprovar e censurar em certo modo a disciplina diversa, que legitimamente foi introduzida na Igreja Oriental: de fato, a nossa única intenção é exaltar aquela verdade, que não somente consideramos como uma das glórias mais preclaras do Sacerdócio católico, mas também nos parece corresponder mais digna e convenientemente aos desígnios e desejos do Sacratíssimo Coração de Jesus acerca das almas sacerdotais”.

Entrevista de Dom Bernard Fellay, superior geral da FSSPX, ao National Catholic Register.

Entrevista de Dom Bernard Fellay, Superior da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) a Edward Pentin, do National Catholic Register, em 13 de maio de 2016. Parte 1.

Ver parte 2 e 3. Créditos ao amigo Fabiano Rollim pelas legendas.

“Um ministério ampliado”. A íntegra do discurso explosivo de Dom Gänswein.

Bento XVI, o fim do velho, o início do novo: a análise de Georg Gänswein

IHU – Publicamos aqui o discurso de Dom Georg Gänswein (na foto, à esquerda), na apresentação do livro de Roberto Regoli,Oltre la crisi della Chiesa. Il pontificato di Benedetto XVI [Além da crise da Igreja. O pontificado de Bento XVI]. A apresentação foi realizada na Pontifícia Universidade Gregoriana, no dia 20 de maio passado, em Roma. Também participou da apresentação o historiador italiano Andrea Riccardi (na foto, à direita), fundador da Comunidade de Santo Egídio.

O discurso foi publicado no sítio da agência ACI Stampa, 21-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

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A crise da Igreja à luz do Segredo de Fátima.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 25-05-2016 | Tradução: FratresInUnum.comO ano do centenário de Fátima (2016-2017) foi aberto no dia de Pentecostes com uma notícia que suscitou clamor. O teólogo alemão Ingo Dollinger referiu ao site “OnePeterFive” que após a publicação do Terceiro Segredo de Fátima, o cardeal Ratzinger lhe teria confiado: “Das ist noch nicht alles!” – “Isto ainda não é tudo”. A Sala de Imprensa do Vaticano interveio com um desmentido imediato, no qual se diz que “o Papa emérito Bento XVI comunica ‘não ter falado com o Prof. Dollinger sobre Fátima’ e afirma claramente que as frases atribuídas ao Prof. Dollinger sobre este tema ‘são puras invenções, absolutamente não verdadeiras’ e reitera decididamente: ‘A publicação do Terceiro Segredo de Fátima é completa’.”

pastorinhos_09O desmentido não convence aqueles que, como Antonio Socci, sempre sustentaram a existência de uma parte não revelada do segredo, que falaria do abandono da fé por parte dos líderes da Igreja. Outros estudiosos, como o Dr. Antonio Augusto Borelli Machado, julgam integral e tragicamente eloquente o segredo divulgado pela Santa Sé. Com base nos dados à nossa disposição, hoje não se pode afirmar com certeza absoluta nem que o texto do Terceiro Segredo seja integral, nem que seja incompleto. No entanto, o que parece absolutamente certo é que a profecia de Fátima ainda não foi cumprida e que sua realização diz respeito a uma crise sem precedentes na Igreja.

A este propósito deve-se recordar um importante princípio hermenêutico. O Senhor, através de revelações privadas e profecias que nada acrescentam ao depósito da fé, oferece às vezes uma “direção espiritual” para nos orientar nos períodos mais negros da História. Mas se é verdade que as palavras divinas projetam luz sobre as épocas tenebrosas, o contrário também é verdade: em seu desenvolvimento dramático,os eventos históricos nos ajudam a compreender o significado das profecias.

Quando, em 13 de Julho de 1917, Nossa Senhora anunciou em Fátima que se a humanidade não se convertesse a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, estas palavras pareciam incompreensíveis. Foram os fatos históricos que desvendaram o seu significado. Após a Revolução bolchevique de outubro 1917, ficou claro que a expansão do comunismo era o instrumento do qual Deus queria Se servir para punir o mundo pelos seus pecados. Entre 1989 e 1991, o império do mal soviético aparentemente se desintegrou, mas o desaparecimento do invólucro político permitiu uma maior difusão mundial do comunismo, que tem o seu núcleo ideológico no evolucionismo filosófico e no relativismo moral. A “filosofia da práxis”, que de acordo com Antonio Gramsci resume a revolução cultural marxista, tornou-se o horizonte teológico do novo pontificado, traçado por teólogos como o cardeal alemão Walter Kasper e o arcebispo argentino Dom Víctor Manuel Fernández, inspiradores da Exortação Apostólica Amoris Laetitia.

Nesse sentido, não é do segredo de Fátima que devemos partir para compreender a existência de uma tragédia na Igreja, mas da crise na Igreja para compreender o significado último do segredo de Fátima. Uma crise que data dos  anos sessenta do século XX, mas que com a abdicação de Bento XVI e o pontificado do Papa Francisco conheceu uma impressionante aceleração.

Enquanto a Sala de Imprensa se apressava para acalmar o caso Dollinger, outra bomba explodia com um fragor bem maior. Durante a apresentação do livro do Prof. Don Roberto Regoli, Oltre la crisi della Chiesa. Il pontificato de Benedetto XVI [Além da crise da Igreja. O pontificado de Bento XVI] (Lindau, Torino 2016), realizada no auditório da Pontifícia Universidade Gregoriana, Mons. Georg Gänswein enfatizou o ato de renúncia do Papa Ratzinger ao pontificado com estas palavras:

“A partir de 11 de fevereiro de 2013 o ministério papal não é mais aquele de antes. Ele continua a ser o fundamento da Igreja Católica; e, entretanto, é um fundamento que Bento XVI transformou profunda e duravelmente no seu pontificado excepcional”. – De acordo com o arcebispo Gänswein, a renúncia do Papa teólogo “marcou época”, porque introduziu na Igreja Católica a nova instituição do “Papa emérito”, transformando o conceito de munus petrinum (“ministério petrino”):

“Antes e depois de sua renúncia, Bento entendeu e ainda entende seu dever como uma participação a tal ‘ministério petrino’. Ele deixou o trono pontifício e, entretanto, com o passo de 11 de fevereiro de 2013, não abandonou absolutamente esse ministério. Em vez disso, integrou o ofício [petrino] pessoal com uma dimensão colegial e sinodal, quase um ministério em comum (…). Desde a eleição de seu sucessor Francisco, em 13 de março de 2013, não há em absoluto dois Papas, mas de fato um ministério expandido – com um membro ativo e um membro contemplativo. É por isso que Bento XVI não renunciou nem ao seu nome, nem à batina branca. Por isso o tratamento correto que se lhe aplica ainda hoje é ‘Santidade’; é também por isso que ele não se retirou para um mosteiro isolado, mas [permaneceu] dentro do Vaticano – como se tivesse dado apenas um passo de lado para abrir espaço ao seu sucessor e a uma nova etapa na história do papado. (…) Com um ato de extraordinária audácia, ele, pelo contrário, renovou esse ofício (mesmo contra a opinião de conselheiros bem-intencionados e sem dúvida competentes), e com um esforço final o tem fortalecido (como espero). Isto, é claro, somente a história poderá demonstrar. Mas na história da Igreja permanecerá que no ano de 2013 o célebre ‘Teólogo no Trono de Pedro’ tornou-se o primeiro ‘Papa emeritus’ da história “.

Este arrazoado tem um caráter perturbador, demonstrando por si só como estamos não “além”, mas mais do que nunca “dentro” da crise da Igreja. O Papado não é um ministério que pode ser “expandido”, porque é um “cargo” concedido pessoalmente por Jesus Cristo a um único Vigário e a um único sucessor de Pedro. O que distingue a Igreja Católica de qualquer outra igreja ou religião é a própria existência de um princípio unitário e indivisível encarnado na pessoa do Sumo Pontífice. O discurso de Mons. Gänswein, que não se entende aonde quer chegar, sugere uma Igreja bicéfala e acrescenta confusão a uma situação já demasiadamente confusa.

Uma frase liga a segunda e a terceira parte do Segredo de Fátima: “Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé”. Nossa Senhora se dirige aos três pastorinhos portugueses e lhes assegura que seu País não perderá a fé. Mas onde se perderá a fé? Sempre se pensou que Nossa Senhora estivesse se referindo à apostasia de nações inteiras, mas hoje parece cada vez mais claro que a maior perda da fé está ocorrendo entre os homens da Igreja. Um “bispo vestido de branco” e “vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas” estão no centro do Terceiro Segredo, sobre um fundo de ruína e de morte, que é legítimo imaginar não só material, mas também espiritual. Confirma-o a revelação que a Irmã Lúcia teve em Tuy no dia 3 de janeiro de 1944, antes de escrever o Terceiro Segredo, e que está, portanto, indissociavelmente ligada a ele. Após a visão de uma catástrofe cósmica terrível, a Irmã Lúcia diz que sentiu em seu coração “o eco de uma voz suave que dizia: – No tempo, uma só fé, um só batismo, uma só Igreja, Santa, Católica Apostólica. Na eternidade, o Céu!”.

Essas palavras representam a negação radical de todas as formas de relativismo religioso, às quais a voz celestial contrapõe a exaltação da Santa Igreja e da Fé católica. A fumaça de Satanás pode invadir a Igreja na história, mas quem defende a integridade da Fé contra os poderes do inferno verá, no tempo e na eternidade, o triunfo da Igreja e do Coração Imaculado de Maria, a chancela definitiva da trágica, mas entusiasmante profecia de Fátima.

“Amoris Laetitia” tem um escritor fantasma. Chama-se Víctor Manuel Fernández.

Impressionantes semelhanças entre as passagens-chave da exortação do Papa Francisco e dois textos de dez anos atrás de seu principal conselheiro. Um duplo sínodo para uma solução que já estava escrita.

Por Sandro Magister, Roma, 25 de maio de 2016 | Tradução: FratresInUnum.com:  São os parágrafos-chave da exortação pós-sinodal “Amoris Laetitia”. E são também os mais deliberadamente ambíguos, como evidenciado pelas interpretações múltiplas e conflitantes e aplicações práticas que elas imediatamente tiveram.

jpg_1351304São os parágrafos do oitavo capítulo, que de fato dão sinal verde à comunhão para divorciados novamente casados.

Que é era isso que o Papa Francisco queria chegar, agora ficou claro para todos. E além disso, era o que ele já fazia quando era arcebispo em Buenos Aires.

Mas agora descobre-se que algumas formulações-chave de “Amoris laetitia” tem uma pré-história Argentina, modeladas a partir de artigos de 2005 e 2006 escritos por Víctor Manuel Fernández, desde então e ainda hoje o pensador de referência do Papa Francisco e escritor fantasma de seus maiores textos.

Abaixo são comparadas algumas passagens de “Amoris laetitia” com frases dos dois artigos de Fernández. A semelhança entre um e outro é fortíssima.

Mas, antes, é necessário enquadrar todo o conjunto da obra.

* * *

Naqueles anos, Fernández era professor de teologia na Universidade Católica Argentina de Buenos Aires.

E, na mesma universidade, foi realizada em 2004 uma conferência teológica internacional para o aprofundamento da “Veritatis Splendor”, a encíclica de João Paulo II “sobre algumas questões fundamentais do ensinamento moral da Igreja”, decididamente uma crítica da ética “de situação”, a corrente do relativismo já presente entre os jesuítas do século XVII e hoje mais do que nunca generalizada na Igreja.

Atenção. A “Veritatis Splendor” não é um encíclica menor. Em março de 2014, em um de seus raros e meditadíssimos escritos como Papa emérito, Joseph Ratzinger, ao indicar na sua opinião, quais eram as encíclicas “mais importantes para a Igreja” entre as quatorze publicada por João Paulo II, citou primeiramente quatro, com poucas linhas cada, mas, em seguida, acrescentou uma quinta, que era justamente a “Veritatis Splendor”, à qual dedicou uma página inteira, chamando-lhe de “realidade inalterada” e concluindo que “estudar e assimilar esta encíclica continua a ser um grande e importante dever.”

Na “Veritatis Splendor”, o Papa emérito via restituída à moral Católica o seu fundamento metafísico e cristológico, o único capaz de vencer a pragmática deriva da “moralidade atual”, segundo a qual não existe mais o que é realmente errado e o que é verdadeiramente bom , mas apenas aquilo que, do ponto de vista, é melhor ou pior.

Bem, essa conferência em 2004, em Buenos Aires, dedicada em especial à teologia da família, moveu-se na mesma direção pontilhada por Ratzinger. E foi em reação a essa conferência que Fernández escreveu os dois artigos citados aqui, quase que em defesa da ética da situação.

Também por causa desses dois artigos, a Congregação para a Educação Católica bloqueou a candidatura de Fernández para reitor da Universidade Católica Argentina, mas, em seguida, teve que se dobrar, em 2009, ao então Arcebispo de Buenos Aires Jorge Mario Bergoglio, que abriu fogo e chamas para obter o nada obsta para a promoção de seu pupilo.

Em 2013, apenas recém-eleito papa, Bergoglio deu a Fernández até mesmo as insígnias da ordem episcopal, com o título da extinta Sé metropolitana de Tiburnia, enquanto mantém confinado na Biblioteca Apostólica Vaticana o principal responsável pela rejeição de Fernández, o teólogo dominicano Jean-Louis Brugues, sem fazê-lo cardeal, como é tradição para todos os bibliotecários da Santa Igreja Romana.

E desde então Fernández passa mais tempo em Roma do que em Buenos Aires, ocupadíssimo com a tarefa de escritor-fantasma de seu amigo papa, sem que, entretanto, tenha crescido as suas credenciais como um teólogo, já muito longe de ser uma estrela brilhante.

O primeiro livro, na verdade, que revelou ao mundo o gênio de Fernández foi: “Cura-me com a tua boca, a arte de beijar”, publicado em 1995, na Argentina, com esta apresentação ao leitor feita pelo próprio autor:

Eu deixo claro que este livro não foi escrito com base na minha própria experiência, mas na vida de pessoas que se beijam. Nestas páginas, quero resumir o sentimento popular, o que as pessoas sentem quando pensam em um beijo, o que sentem os mortais quando se beijam. É por isso que eu falei longamente com muitas pessoas que têm muita experiência nessa matéria, e mesmo com tantos jovens que aprendem a beijar em sua própria maneira. Eu também consultei muitos livros e eu queria mostrar como os poetas falam do beijo. Assim, a fim de sintetizar a imensa riqueza da vida saíram essas páginas em favor do beijo, que, espero, irá ajudá-los a beijar melhor, que espero incentivá-los a liberar em um beijo o melhor do seu ser “.

No tocante à consideração que Fernandez tem de si mesmo, vale a pena observar uma citação de um ano atrás em uma entrevista ao “Corriere della Sera”, onde Fernández manifesta seu desprezo pelo Cardeal Gerhard L. Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e examinador prévio dos projetos de textos papais – mas que há três anos vem sendo isolado:

Eu li que alguns dizem que a Cúria Romana é uma parte essencial da missão da Igreja, ou que um prefeito do Vaticano é a bússola segura que impede a Igreja de cair no pensamento ‘light’, ou que esse prefeito garante a unidade da fé e garante ao pontífice uma teologia séria. Mas os católicos, ao lerem o Evangelho, sabem que Cristo garantiu uma guia e uma iluminação especial para o papa e para todos os bispos ligados a ele, e não a um prefeito ou a outra estrutura. Quando se ouve dizer coisas desse tipo parece quase que se o Papa fosse apenas um representante deles, ou mesmo um que veio para perturbá-los e que deve ser controlado. […] o Papa está convencido de que o que já foi dito ou escrito por ele não pode ser punido como um erro. Portanto, todos podem repetir essas coisas sem medo de receber sanções no futuro“.

Esse, então, é o personagem que Francisco mantém ao lado como seu pensador de referência, o homem que escreveu grande parte do “Evangelii Gaudium”, o programa de seu pontificado, a “Laudato si,” a encíclica sobre o meio ambiente e, finalmente, a “Amoris Laetitia”, a exortação pós-sinodal sobre a família.

* * *

E aqui seguem as passagens da “Amoris laetitia” em que são evidentes as formulações de Fernández de dez anos atrás.

É útil para ler tendo em mente o que foi dito recentemente por Robert Spaemann, um grande filósofo e teólogo com quem Fernández não pode sequer ser colocado em comparação:

“O verdadeiro problema é uma influente corrente de teologia moral,  já presente entre os jesuítas no século XVII, que reivindica uma mera ética situacional. João Paulo II desafiou a ética da situação e a condenou na sua encíclica “Veritatis Splendor”.’ Amoris Laetitia ‘também rompe com este documento magisterial “.

__________

Comparação entre a “Amoris Laetitia ” e dois dos artigos Víctor Manuel Fernández de dez anos atrás.

Os textos com as respectivas abreviaturas:

AL – Francisco, Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, 19 de março de 2016.

Fernández 2005 – V. M. Fernández, “El sentido del carácter sacramental y la necesidad de la Confirmación” em “Teologia” 42 n. 86, 2005, pp. 27-42.

Fernández 2006 – V. M. Fernández, “dimensão trinitária de la moral II Profundización de Aspecto Ético a la luz de ‘Deus caritas est’..”, Em “Teologia” 43 n. 89, 2006, pp. 133-163.

Eles são indicadas de cada vez, ao lado da abreviatura de “Amoris laetitia”,  o número dos parágrafos e para os artigos de Fernández as páginas.

“AMORIS LAETITIA” 300

(AL: 300)

Evita-se o risco de que um determinado discernimento particular, leve a pensar que a Igreja sustenta uma dupla moral.

(Fernández, 2006: 160)

Não se propõe, assim, uma dupla moral ou uma “moral de situação.”

“AMORIS LAETITIA” 301

(AL: 301)

301. Para se entender adequadamente por que é possível e necessário um discernimento especial nalgumas situações chamadas «irregulares», há uma questão que sempre se deve ter em conta, para nunca se pensar que se pretende diminuir as exigências do Evangelho. A Igreja possui uma sólida reflexão sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes. Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão numa situação chamada «irregular» vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante..

(Fernández, 2005: 42)

Tendo em conta as restrições que limitam ou suprimem a atribuição (CEC cf. 1735), há sempre a possibilidade de que uma situação objetiva de pecado coexista com a vida da graça santificante.

(AL: 301)

Os limites não dependem simplesmente dum eventual desconhecimento da norma. Uma pessoa, mesmo conhecendo bem a norma, pode ter grande dificuldade em compreender «os valores inerentes à norma»[339] ou pode encontrar-se em condições concretas que não lhe permitem agir de maneira diferente e tomar outras decisões sem uma nova culpa..

[Nota 339: João Paulo II, Apostólica. AP. “Familiaris Consortio”, 22 de novembro de 1981, 33: AAS 74 (1982), 121].

(Fernández, 2006: 159)

Quando o sujeito histórico não se encontra em condições subjetivas para agir de forma diferente ou compreender “os valores inerentes à norma” (cf. FC 33C), ou quando “um compromisso sincero em relação a uma norma determinada podem não levar imediatamente a aceitar o cumprimento desta disposição “[Nota 45].

[Nota 45: B. Kiely, ” Veritatis Splendor’ y la moralidad pessoal”, de G. Del Pozo abejón, “Comentários à la” Veritatis Splendor “, Madrid, 1994, p (ed.). 737].

(AL: 301)

Como bem se expressaram os Padres sinodais, «pode haver fatores que limitam a capacidade de decisão».[340] E São Tomás de Aquino reconhecia que alguém pode ter a graça e a caridade, mas é incapaz de exercitar bem alguma das virtudes,[341] pelo que, embora possua todas as virtudes morais infusas, não manifesta com clareza a existência de alguma delas, porque a prática exterior dessa virtude está dificultada: «Diz-se que alguns Santos não têm certas virtudes, enquanto experimentam dificuldade em pô-las em acto, embora tenham os hábitos de todas as virtudes».[

[Nota 341: Veja Summa Theologica I-II, q. 65, um. 3, a 2; De malo, q. 2, uma. 2].

[Nota 342: Ibid., No 3].

(Fernández, 2006: 156)

São Tomás reconhecia que qualquer um pode ter a graça e a caridade, mas sem poder exercer bem qualquer uma das virtudes “propter aliquas dispositiones contrarias” (ST I-II 65, 3, ad 2). (ST I-II 65, 3, ad 2). Isso não significa que ela não possua todas as virtudes, mas que nem sempre podem manifestar claramente a existência de qualquer uma delas porque o ato externo desta virtude encontra dificuldade por causa das disposições em contrário: “Diz-se que alguns santos não têm certas virtudes, devido às dificuldades que sentem nos atos delas, embora eles têm o hábito de todas as virtudes “(ibid., ad 3).

“AMORIS LAETITIA” 302

(AL: 302)

302. A propósito destes condicionamentos, o Catecismo da Igreja Católica exprime-se de maneira categórica: «A imputabilidade e responsabilidade dum acto podem ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência, o medo, os hábitos, as afeições desordenadas e outros fatores psíquicos ou sociais».[343] E, noutro parágrafo, refere-se novamente às circunstâncias que atenuam a responsabilidade moral, nomeadamente «a imaturidade afetiva, a força de hábitos contraídos, o estado de angústia e outros fatores psíquicos ou sociais».[344] Por esta razão, um juízo negativo sobre uma situação objetiva não implica um juízo sobre a imputabilidade ou a culpabilidade da pessoa envolvida.[345].

[Nota 343: No. 1735].

[Nota 344: Ver ibid, 2352;. Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração. “Iura et bona” sobre eutanásia, 5 de maio de 1980, II: AAS 72 (1980), 546. João Paulo II, criticando a categoria de “opção fundamental”, reconheceu que “sem dúvida, podem existir situações muito complexas e obscuras sob o aspecto psicológico, que influenciam a culpabilidade subjetiva do pecador “(Reconciliatio e paenitentia”, 02 de dezembro de 1984, 17 ibid, n.. “: AAS 77, 1985, 223)].

[Nota 345: Cf. Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, a Declaração sobre a admissibilidade da comunhão aos divorciados novamente casados, 24 de junho de 2000, 2].

(Fernández, 2006: 157)

Isso aparece de forma explícita no Catecismo da Igreja Católica: “A imputabilidade ou responsabilidade de uma ação pode ser diminuída ou anulada pela ignorância, violência, medo, hábito, afeições desordenadas, e outros fatores psíquicos ou sociais “(CIC 1735). O Catecismo faz referência igualmente à imaturidade afetiva, a força do hábito adquirido, o estado de angústia (cf. CCE 2352). Ao aplicar esta convicção, o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, afirma, referindo-se à situação dos divorciados novamente casados, que só se fala de “pecado grave, entendido objetivamente, porque (p. 158) sobre a imputabilidade subjetiva, o ministro da Comunhão não poderia julgar “[Nota 42].

[Nota 42: Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, a Declaração de 24 de Junho de 2000, n.º 2].

(Fernández, 2005: 42)

Por outro lado, uma vez que não se pode julgar a situação subjetiva das pessoas [Nota 23] e tendo em conta os condicionamentos que limitam ou suprimem a culpabilidade (CEC cf. 1735), há sempre a possibilidade de que uma situação objetiva do pecado coexista com a vida da graça santificante.

[Nota 23: Sobre este ponto algumas intervenções recentes do Magistério não deixam margem para dúvidas. O Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, diz, referindo-se à situação dos divorciados que voltaram a casar, que  se fala de “pecado grave, entendido objetivamente, porque quanto à imputabilidade subjetiva o ministro da Comunhão não poderia julgar”: Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, a Declaração de 24 de Junho de 2000, ponto 2-A. Da mesma forma, em uma notificação recente da Congregação para a Doutrina da Fé, argumenta-se que para a doutrina católica “existe uma avaliação precisa da moralidade objetiva das relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo”, e “o grau de culpabilidade moral subjetiva que estas relações podem ter em cada caso individual é uma questão que aqui não está em questão “: Congregação para a doutrina da fé, Notificação sobre os escritos de Rev.do P. Marciano Vidal, 22 de fevereiro de 2001 2b,. Evidentemente, a base destas afirmações é como defende o Catecismo da Igreja Católica no ponto de 1735, citado no final do texto deste artigo].

“AMORIS LAETITIA” 305

AL: 305

Por causa dos condicionalismos ou dos fatores atenuantes, é possível que uma pessoa, no meio duma situação objetiva de pecado – mas subjetivamente não seja culpável ou não o seja plenamente –, possa viver em graça de Deus, possa amar e possa também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso a ajuda da Igreja.[351] O discernimento deve ajudar a encontrar os caminhos possíveis de resposta a Deus e de crescimento no meio dos limites.

[Nota 351: Em alguns casos, também pode ser a ajuda dos sacramentos …].

(Fernández, 2006: 156)

Este dinamismo trinitário que reflete a vida íntima das pessoas divinas também pode ser realizado mesmo dentro de uma situação objetiva do pecado (p. 157), desde que, devido ao peso dos condicionamentos, não sejam subjetivamente culpados.

(Fernández, 2006: 159)

… Uma  “realização  de valor dentro dos limites da capacidade morais do sujeito” [Nota 46]. Há, então, “possíveis objetivos” para este objeto condicionado, ou “etapas intermediárias” [Nota 47] na implementação de um valor, ainda que sejam sempre orientadas para o cumprimento da norma.

[Nota 46: G. Irrazabal, “La ley de la gradualidad Como cambio de paradigma”, no “Moralia” 102/103 (2004), p. 173].

[Nota 47: Cf. G. Gatti, “Educação moral”, em AA.VV., “Nuevo Diccionario de Teologia moral”, Madrid, 1992, p. 514].

(Fernández, 2006: 158)

Não há dúvida de que o Magistério Católico  já admitiu claramente que um ato objetivamente mau, como é o caso de uma relação pré-marital ou o uso de um preservativo em uma relação sexual, não necessariamente levam a perder a vida da graça santificante , a partir do qual se origina o dinamismo da caridade.

(Fernández, 2005: 42)

Por outro lado, uma vez que não se pode julgar a situação subjetiva das pessoas e tendo em conta os condicionamentos que limitam ou suprimem a culpabilidade (CEC cf. 1735), há sempre a possibilidade de que uma situação objetiva de pecado coexista com a vida de graça santificante.

(Fernández, 2005: 42)

Isso não justifica então a administração do batismo e confirmação para adultos que se encontram em uma situação objetiva do pecado, cuja culpa subjetiva não se pode emitir juízo?

Unisal – Campus Pio XI abriga conspiração de Lula e movimentos de esquerda.

Por Catarina Maria B. de Almeida | FratresInUnum.com – No último sábado, 21, alguns leitores de FratresInUnum.com viram o ex-presidente Lula nas imediações da Universidade Salesiana, Campus Pio XI, em São Paulo. Descrentes do que estavam vendo, foram conferir e lhes informaram que o ex-sindicalista investigado pela Operação Lava Jato estava reunido no recinto com “movimentos sociais”. Eis do que se tratava:

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Publicação na página da Frente Brasil Popular no Facebook: “A Frente Brasil Popular conta a participação de mais de 60 entidades do movimento social e sindical e discute hoje (21) o calendário e estratégia de luta para o próximo período”.

A reunião não foi divulgada para além de seus próprios participantes e a publicação na página da Frente Brasil Popular sequer cita o local em que ocorreu.

São fotos de pessoas lá presentes que corroboram o testemunho de nossos leitores:

Talvez os próprios salesianos temam eventuais reações de seus paroquianos na nobre região paulistana do Alto da Lapa, onde não optaram preferencialmente pelos pobres ao decidirem onde atuar. Se a Lava Jato já chegou num padre do Distrito Federal, esperamos que os salesianos  não entrem para a lista de investigados…

Já Dom Bosco havia profetizado a infestação de todos os espaços da sociedade pelos comunistas, identificando a nefasta ideologia com cavalo vermelho de que fala capítulo 6º do Livro do Apocalipse: “Partiu então outro cavalo, vermelho. Ao que o montava foi dado tirar a paz da terra, de modo que os homens se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada”. Assim contam as memórias do Santo fundador dos salesianos:

No sonho de Dom Bosco parece que o cavalo representasse o comunismo, que procedendo furiosamente contra a Igreja avançava conspirando contra a ordem social, sem deter-se nem um só passo; impunha-se aos governos, nas escolas, nos municípios, nos tribunais, desejando realizar a obra destruidora começada com o apoio e cumplicidade das autoridades constituídas, em prejuízo da sociedade religiosa e de todo piedoso instituto e do direito de propriedade.

Dom Bosco disse:

— Seria necessário que todos os bons e nós em nossa pequenez procurássemos com zelo e entusiasmo pôr um freio a esta besta que irrompe em qualquer parte aloucadamente.

Rezemos, pois, a Maria Auxiliadora, pedindo-lhe hoje, dia de sua grande festa, que fulmine a besta comunista que, ao que parece, infiltrou-se inclusive entre os filhos de Dom Bosco.

Não deixemos, todavia, de manifestar o nosso repúdio às autoridades eclesiásticas pelo aparelhamento das estruturas da Igreja para fins contrários à Lei de Deus e ao Magistério:

NUNCIATURA APOSTÓLICA

Excelência Reverendíssima Dom Giovanni D’Aniello, Núncio Apostólico
Av. das Nações, Quadra 801 Lt. 01/ CEP 70401-900 Brasília – DF
Cx. Postal 0153 Cep 70359-916 Brasília – DF
Fones: (61) 3223 – 0794 ou 3223-0916
Fax: (61) 3224 – 9365
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ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

Eminência Reverendíssima Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer
Facebook: http://www.facebook.com/domodiloscherer 
Twitter: http://twitter.com/DomOdiloScherer
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VIGÁRIO EPISCOPAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO PARA A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE 

Excelência Reverendíssima Dom Carlos Lema Garcia

E-mail:  – Twitter: https://twitter.com/vicariatoeduca

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RETTORE MAGGIORE DELLA CONGREGAZIONE SALESIANA (Superior geral)

Reverendíssimo Padre Ángel Fernández Artime
E-mail: 

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INSPETORIA SALESIANA NOSSA SENHORA AUXILIADORA (SP)

Reverendíssimo Pe. Edson Donizete Castilho – Chanceler da Unisal e Inspetor Salesiano de São Paulo

E-mail: 

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CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Eminência Reverendíssima Dom Gerhard Ludwig Müller
Palazzo del Sant’Uffizio, 00120 Città del Vaticano
E-mail:  – Tel. 06.6988-3438 Fax: 06.6988-5088