A hashtag criada e difundida por FratresInUnum.com em vários tuítaços chegou ao O Antagonista.
A figura envolvida não poderia ser outra: D. Leonardo Ulrich Steiner, o lamentável secretário geral da CNBB, a quem nenhum católico leva a sério.
Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 29-6-2016 | Tradução: FratresInUnum.com: O referendo inglês de 23 de junho (Brexit) chancela o colapso definitivo de um mito: o sonho de uma “Europa sem fronteiras”, construída sobre a ruína dos Estados nacionais.
O projeto europeísta, lançado com o Tratado de Maastricht de 1992, continha as sementes de sua autodissolução. Era inteiramente ilusório pretender realizar uma união econômica e monetária antes de uma união política. Ou, pior ainda, imaginar servir-se da integração monetária para impor a unificação política. Porém, tanto e ainda mais ilusório era o projeto de chegar a uma unidade política extirpando as raízes espirituais que unem os homens em torno de um destino comum.
A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, aprovada pelo Conselho Europeu em Nice, em dezembro de 2000, não só elimina todas as referências às raízes religiosas da Europa como constitui uma negação visceral da ordem natural cristã. O seu artigo 21º, introduzindo a proibição de discriminação relativa à “orientação sexual”, contém, em germe, a legalização do pseudo-casamento sexual e a criminalização da “homofobia”.
O projeto de “Constituição”, elaborado entre 2002 e 2003 pela Convenção sobre o futuro da Europa, foi rejeitado por dois referendos populares, um na França, em 29 de maio de 2005, e o outro nos Países Baixos, três dias depois. Mas os eurocratas não desistiram. Após dois anos de “reflexão”, em 13 de dezembro de 2007, foi aprovado pelos Chefes de Estado e de Governo da União Europeia o Tratado de Lisboa, que deveria ser ratificado exclusivamente por via parlamentar. A Irlanda, o único país obrigado a expressar-se por meio de referendo, rejeitou o Tratado em 13 de junho de 2008. Mas como era necessária a unanimidade dos Estados signatários, foi imposto aos irlandeses um novo referendo, que graças à fortíssima pressão econômica e midiática, deu finalmente resultado positivo.
Na sua curta vida, a União Europeia, incapaz de definir uma política externa e de segurança comum, se transformou numa tribuna ideológica, produzindo resoluções e diretrizes para compelir os governos nacionais a se livrarem dos valores familiares e tradicionais. Dentro da UE, a Grã-Bretanha, em vez de pisar no freio para retardar o plano franco-alemão de um “superestado europeu”, pisou pelo contrário no acelerador, a fim de difundir em escala europeia as suas “conquistas civis”, do aborto à eutanásia, das adoções homossexuais às manipulações genéticas. Essa deriva moral foi acompanhada na Inglaterra por uma embriaguez multicultural, culminando com a eleição, em maio de 2016, do primeiro prefeito muçulmano de Londres, Sadiq Khan.
Mas já em 2009, o então prefeito conservador, Boris Johnson, convidou todos os londrinos a participar, pelo menos por um dia, do jejum do Ramadã e entrar em uma mesquita ao pôr do sol. Mais recentemente, o primeiro-ministro David Cameron, polemizando com o candidato à presidência americana Donald Trump, definiu-se como “orgulhoso por representar um dos países multirraciais, multirreligiosos e multiétnicos mais bem-sucedidos do mundo” (“HuffPost Politics”, 15 de maio, 2016).
O Brexit representa certamente um sobressalto de ufania de um povo com longa história e antiga tradição. Mas a identidade e a liberdade de um povo se fundam no respeito à lei divina e natural, e nenhum gesto político pode restaurar a liberdade de um país que a perde por causa de sua decadência moral.
O “não” à União Europeia foi um protesto contra a arrogância de uma oligarquia que pretende decidir, sem o povo e contra o povo, quais são os interesses do povo. Mas os poderes fortes que impõem as regras burocráticas de Bruxelas são os mesmos que desfazem as regras morais do Ocidente. Quem aceita a ditadura LGBT, perde o direito de reivindicar o próprio Independence Day, porquanto já renunciou à sua identidade. Quem renuncia a defender as fronteiras morais de uma nação, perde o direito de defender as suas fronteiras, porque já aceitou o conceito “líquido” da sociedade global. Sob este aspecto, o itinerário de autodissolução da Grã-Bretanha segue uma dinâmica que o Brexit não pôde parar, e da qual pode vir de fato a constituir mais uma etapa.
A Escócia já ameaça com um novo referendo para deixar o Reino Unido, seguida da Irlanda do Norte. Além disso, quando a Rainha, que tem 90 anos, deixar o trono, não é de se excluir que alguns países da Commonwealth declarem a independência. Alguém disse que a rainha Elizabeth foi coroada imperatriz do British Empire e talvez morra à frente de uma Little England. Mas este itinerário de desunião política tem como resultado final a republicanização da Inglaterra.
O ano de 2017 marca o terceiro centenário da fundação da Grande Loja de Londres, a mãe da Maçonaria moderna. Mas a Maçonaria, que nos séculos XVIII e XIX se serviu da Inglaterra protestante e deísta para difundir no mundo o seu programa revolucionário, parece hoje determinada a afundar a monarquia britânica, na qual vê um dos últimos símbolos ainda sobreviventes da ordem medieval.
Após o Brexit, cenários de desintegração podem também abrir-se no resto da Europa. Na Grécia, pela explosão da crise econômica e social; na França, onde as periferias urbanas estão ameaçadas por uma guerra civil jihadista; na Itália, pelas consequências de uma irrefreável invasão migratória; na Europa Oriental, onde Putin está pronto para aproveitar a fraqueza das instituições europeias para assumir o controle do território oriental da Ucrânia e exercer sua pressão militar sobre os Estados Bálticos.
O general britânico Alexander Richard Shirreff, ex-vice-comandante da OTAN de 2011 a 2014, previu, na forma de romance (2017 War with Russia. An Urgent Warning From Senior Military Command – “Guerra em 2017 com a Rússia. Um aviso urgente do Alto Comando Militar” – Coronet, Londres 2016), a explosão de uma guerra nuclear entre a Rússia e o Ocidente, em maio de 2017, uma data que para os católicos lembra algo. Como podemos nos esquecer, no primeiro centenário de Fátima, das palavras de Nossa Senhora, segundo as quais muitas nações serão aniquiladas e a Rússia será o instrumento do qual Deus se servirá para punir a humanidade impenitente?
Diante dessas perspectivas, os próprios partidos conservadores europeus estão divididos. Se Marine Le Pen na França, Geert Wilders na Holanda e Matteo Salvini na Itália, exigem a saída de seus países da União Europeia e confiam em Putin, bem diversas são as posições do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban e do líder polonês Jaroslaw Kaczynski, que veem na UE e na NATO uma barreira contra o expansionismo russo.
Em 1917 foi publicado Der Untergang des Abendlandes (“O declínio do Ocidente”), de Oswald Spengler (1880-1936). Cem anos mais tarde, a profecia do escritor alemão parece começar a se cumprir. “Ocidente”, mais do que um espaço geográfico, é o nome de uma civilização. Esta civilização é a Civilização Cristã, herdeira da cultura clássica greco-romana que a partir da Europa se difundiu para as Américas e para as ramificações longínquas da Ásia e África. Ele teve seu batismo na noite do sonho de São Paulo, quando Deus deu ao Apóstolo a ordem de virar as costas para a Ásia a fim de “ir para a Macedônia” anunciar a Boa Nova (Atos 16, 6-10) . Roma foi o local do martírio de São Pedro e São Paulo e o centro da civilização que nascia.
Spengler, convencido do inexorável declínio do Ocidente, lembra uma frase de Sêneca: Ducunt volentem fata, nolentem trahunt ( “O destino guia os que lhe obedecem e arrasta consigo os que se lhe opõem”). Mas à visão relativista e determinista de Spengler nós opomos aquela de Santo Agostinho que, enquanto os bárbaros sitiavam Hippona, anunciava a vitória da Cidade de Deus na história, sempre guiada pela Divina Providência. O homem é artífice de seu próprio destino e, com a ajuda de Deus, o ocaso de uma civilização pode transformar-se na aurora de uma ressurreição. As nações são mortais, mas Deus não morre, e a Igreja não tem ocaso.
Grande colaboradora deste blog com suas traduções, Gercione Lima está passando por uma provação, com problemas de saúde. Não se esqueça dela e de sua família nas orações.
Comunicado oficial da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Por FSSPX | Tradução: FratresInUnum.com: No final da reunião dos Superiores Maiores da Fraternidade São Pio X, que foi realizada na Suíça, entre os dias 25 a 28 de junho de 2016, o Superior Geral fez o seguinte comunicado:
O propósito da Fraternidade São Pio X é principalmente a formação de sacerdotes, condição essencial para a renovação da Igreja e para a restauração da sociedade.
Em meio à grande e dolorosa confusão que atualmente reina na Igreja, a proclamação da doutrina católica exige a denúncia de erros que penetraram em seu seio e, infelizmente, são encorajados por um grande número de pastores, incluindo o próprio Papa.
A Fraternidade São Pio X, no presente estado de grave necessidade, que lhe dá o direito e o dever de administrar o auxílio espiritual para as almas que se voltam para ela, não busca primariamente o reconhecimento canônico a que tem direito enquanto obra católica. Ela tem apenas um desejo: fielmente levar a luz da Tradição bimilenar que mostra a única rota a seguir nesta época de escuridão na qual o culto do homem substitui o culto a Deus, tanto na sociedade como na Igreja.
A “restauração de todas as coisas em Cristo” almejada por São Pio X, seguindo São Paulo (cf. Ep.h 1:10), não pode acontecer sem o apoio de um Papa que concretamente favoreça o retorno à Sagrada Tradição. Enquanto esperamos por esse dia abençoado, a Fraternidade São Pio X tem a intenção de redobrar os seus esforços para estabelecer e difundir, com os meios que a Providência Divina nos dá, o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Fraternidade São Pio X reza e faz penitência pelo Papa, para que ele possa ter a força de proclamar a Fé Católica e a moral em sua totalidade. Desta forma, ele apressará o triunfo do Coração Imaculado de Maria, o que sinceramente desejamos que aconteça na medida em que vamos nos aproximando do centenário das aparições em Fátima.
Dom Bernard Fellay, Superior Geral da Sociedade de São Pio X
Ecône, 29 de junho de 2016
Festa de São Pedro e São Paulo
Por Pe. Élcio Murucci | FratresInUnum.com
Textos e comentários extraídos do livro “A Igreja, a Reforma e a Civilização”, livro escrito pelo célebre, seguro e erudito Padre Leonel Franca, S. J.
“Não é meu intuito humilhar aqui os protestantes. Quisera tão somente iluminá-los. Verdades que amargam são muitas vezes verdades que salvam.
Lutero inaugura a sua missão com o gravíssimo pecado do sacrilégio e da apostasia. Jovem, era livre. Um dia, enamorado do ideal evangélico de perfeição, desejoso de seguir de perto a Cristo, estende espontaneamente a mão sobre o altar e pronuncia os votos religiosos de pobreza, obediência e castidade. Passam os anos (dois). Raia o dia do seu sacerdócio. Ainda uma vez, quando o crisma sagrado lhe ungia as mãos, o neo-levita renova a consagração do religioso. Mais tarde, que faz Lutero de todas estas promessas firmadas com a santidade inviolável do juramento? Quebra a fé empenhada, rasga os seus compromissos, atira o burel do religioso às urtigas e enxovalha a candura da estola sacerdotal no lodo de um casamento duplamente sacrílego!
O orgulho fizera o fedífrago, o orgulho cegou o doutor. Na sua autossuficiência, dir-se-ia que esqueceu não só a humildade evangélica, mas as reservas da modéstia mais elementar. Até ao aparecimento do seu Evangelho, ninguém soubera quem era Cristo, que eram sacramentos, que era a fé, quem era Deus e a sua Igreja. Os Santos Padres, os Apóstolos, os Concílios, a Igreja toda errou! Sua doutrina é a única verdadeira. “Muito embora, escreve Lutero, a Igreja, Agostinho e os outros doutores, Pedro e Apolo e até um anjo do céu ensinem o contrário, minha doutrina é tal que só ela engrandece a graça e a glória de Deus e condena a justiça de todos os homens na sua sabedoria”. (Cf. Weimar, XL, 1 Abt., 132). Que demência de soberba!
Mais ao vivo ainda se revela o frenesi desta inteligência decaída, nestas palavras que não têm semelhantes nos fastos do despotismo e do orgulho humano: “Quem não crê como eu, escreve Lutero, é destinado ao inferno. Minha doutrina e a doutrina de Deus são a mesma coisa. Meu juízo é o juízo de Deus”. (Cf. Weimar, X, 2 Abt., 107). “Tenho certeza que meus dogmas vêem do céu… eles hão de prevalecer e o Papa há de cair a despeito de todas a portas do inferno, a despeito de todos os poderes dos ares, da terra e do mar” (Cf. Weimar, X, 2 Abt., 184). “Não devemos ceder aos ímpios papistas… Nossa soberba contra o Papa é necessária… Não havemos de ceder nem a todos os anjos do céu, nem a Pedro, nem a Paulo, nem a cem imperadores, nem a mil papas, nem a todo o mundo… a ninguém, “cedo nulli”. (Cf. Weimar, XV, 1Abt., 180-1). “Este Lutero nos vos parece um homem extravagante? Quanto a mim penso que ele é Deus. Senão, como teriam os seus escritos e o seu nome a potência de transformar mendigos em senhores, asnos em doutores, falsários em santos, lodo em pérolas”. (Cf. Ed. Wittemb. 1551, t. IV, pág. 378). Orgia de orgulho satânico ou caso de patologia mental?
Não é, pois, de maravilhar que este homem assim enfatuado de sua ciência, depois de haver negado a infalibilidade do Papa e proclamado a liberdade de exame para legitimar os próprios excessos, se tenha arvorado em cátedra inerrante de fé, constrangendo os seus sequazes a curvarem submissos a fronte ante os arestos inapeláveis de suas decisões infalíveis. Não houve tirania mais insuportável nem arrogância mais impetuosa que a deste pregador do livre exame. Todos os seus correligionários gemem sob o peso de seu jugo de ferro. Münzer dizia: “há dois papas: o de Roma e Lutero, e esse mais duro”. Ao seu confidente Bulinger escrevia Calvino: “já não é possível suportar os arrebatamentos de Lutero; cega-o a tal extremo o amor próprio que não vê os próprios defeitos nem tolera que o contradigam”; e a Melanchton dizia Calvino: “com que impetuosidade fulmina o vosso Pericles! Singular exemplo deixamos à posteridade quando preferimos abrir mão de nossa liberdade a irritar com a menor ofensa um homem só! Dizem que é de gênio arrebatado, de movimentos impetuosos, como se esta violência não se exaltasse com lhe comprazerem os outros em tudo. Ousemos ao menos soltar um gemido livre”. (Calvini Opera, XII, 99). “Vivo na escravidão, como no antro de Cyclope”, murmura por sua vez Melanchton. (Bossuet, Hist, des variations, 1. 5, n. 15 e16). Contra Carlostadt, seu antigo mestre, que em tirar as conclusões da nova doutrina foi além do que pretendia o reformador, obteve o decreto de expulsão da Saxônia e não o readmitiu senão com a promessa de “não defender em público, por palavra ou por escrito, suas opiniões contrárias às de Lutero”. (Weimar, XVIII, 86 sgs). A Münzer, por motivo análogo, cassou a liberdade de palavra apesar do “verbum Dei non est alligatum”, que ele tantas vezes invocara contra a Igreja Católica. Assim entendia Lutero o livre exame!
Ao ver esta prepotência com que o chefe da Reforma impunha despoticamente as suas opiniões, crê toda a gente sensata que nada mais firme, nada mais assentado e maduramente refletido que a nova doutrina. Erro. O inculcado emissário divino que modestamente se prefere a todos os doutores do céu e da terra, que blasona de inspirado do Espírito Santo, que recebeu “os seus dogmas do céu”, hesita, retrata-se, contradiz-se, assenta e destrói dogmas pelos motivos mais fúteis, muda de opinião como um ator de roupa.
NB.: Entre os inúmeros exemplos apresentados pelo Padre Leonel Franca, cingir-me-ei apenas a alguns, para não cansar meus caríssimos leitores.
“Quanto à origem e legitimidade de sua missão, em pouco mais de 15 anos, Lutero mudou pelo menos 14 vezes de parecer. (Cf. Döllinger, Die Reformation, III, 205 ss.)
Em 1519, Lutero escreve: “Confesso plenamente o supremo poder da Igreja Romana; fora de Jesus Cristo, Senhor Nosso, nada no céu e na terra se lhe deve preferir”. (Cf. De Wette, I, 234). “Esta Igreja é a predileta de Deus; não pode haver razão alguma, por mais grave, que autorize a quem quer que seja a apartar-se dela e, com o cisma, separar-se da sua unidade”. (Cf. Weimar, II, 72.). Em 1520, na sua Epístola Luterana tece os mais rasgados encômios a Leão X, louva-lhe a vida intemerata superior a qualquer ataque. (De Wette, I, 498). Nesse mesmo ano já, Leão X é o Anticristo e a igreja romana “uma licenciosa espelunca de ladrões, o mais impudente dos lupanares, o reino do pecado, da morte e do inferno” ( De Wette, I, 498).
… Em 1523 escrevia: “Se acontecesse que um, dois, mil ou mais concílios decidissem que os eclesiásticos pudessem contrair matrimônio, preferiria, confiado na graça de Deus, perdoar a quem, por toda a vida, tivesse uma, duas ou três meretrizes, do que, consoante à decisão conciliar, tomasse mulher legítima e sem tal decisão não a pudesse tomar”. (Cf. Weimar, XII, 237).
A obra do autor mais citado pelo Padre Leonel Franca é: “D. Martin Luthers, Werke. Kritische Gesmtausgabe, 1883 ss. Desta Edição crítica, que até 1914 contava 50 volumes, é que o Pe. Leonel Franca mais freqüentemente se serviu.
Cidade do Vaticano (Rádio Vaticano) – O Papa Francisco conduziu nesta terça-feira (28/06), na Sala Clementina do Vaticano, a celebração solene de comemoração dos 65 anos de Ordenação sacerdotal do Papa emérito Bento XVI.
“Hoje, festejamos a história de um chamado iniciado há 65 anos com a sua Ordenação sacerdotal ocorrida na Catedral de Frisinga em 29 de junho de 1951”, disse Francisco a Bento XVI.
“Em uma das mais belas páginas que o senhor dedica ao sacerdócio, sublinha como, na hora do chamado definitivo de Simão, Jesus, olhando para ele, no fundo pergunta-lhe somente uma coisa: ‘Me amas?’. Como é bonito e verdadeiro isto! Porque é aqui, o senhor nos diz, é neste “me amas” que o Senhor funda o apascentar, porque somente se existe amor pelo Senhor Ele pode apascentar por meio de nós”, frisou ainda o Pontífice.
“É esta a nota que domina uma vida inteira dedicada ao serviço sacerdotal e à teologia que o senhor não por acaso definiu como a ‘busca do amado’; é isto que o senhor sempre testemunhou e testemunha ainda hoje: que a coisa decisiva nos nossos dias – de sol ou de chuva – a única com a qual vem também todo o resto, é que o Senhor esteja realmente presente, que o desejemos, que interiormente sejamos próximos a ele, que o amemos, que realmente acreditemos profundamente nele e acreditando o amemos verdadeiramente. É este amar que realmente nos preenche o coração, este acreditar é aquilo que nos faz caminhar seguros e tranquilos sobre as águas, mesmo em meio à tempestade, precisamente como acontece a Pedro; este amar e este acreditar é o que nos permite de olhar ao futuro não com medo ou nostalgia, mas com alegria, também nos anos já avançados de nossa vida.”
Testemunho
“E assim, precisamente vivendo e testemunhando hoje em modo tão intenso e luminoso esta única coisa realmente decisiva – tendo o olhar e o coração voltado a Deus – o senhor, Santidade, continua servindo a Igreja, não deixa de contribuir realmente com o vigor e a sabedoria para o crescimento dela”, disse Francisco que acrescentou:
“E o faz daquele pequeno Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano, que se revela desta forma ser bem outra coisa do que um daqueles cantinhos esquecidos nos quais a cultura do descarte de hoje tende a relegar as pessoas quando, com a idade, as suas forças começam a faltar. É bem ao contrário; e isto permite que o diga com força o seu Sucessor que escolheu chamar-se Francisco!”.
“Porque o caminho espiritual de São Francisco iniciou em São Damião, mas o verdadeiro lugar amado, o coração pulsante da ordem, lá onde o fundou e onde no final rendeu sua vida a Deus foi a Porciúncula, a ‘pequena porção’, o cantinho junto à Mãe da Igreja; junto a Maria que, pela sua fé tão firme e pelo seu viver tão inteiramente do amor e no amor com o Senhor, todas as gerações chamarão bem-aventurada. Assim, a Providência quis que o senhor, caro irmão, chegasse a um lugar por assim dizer propriamente ‘franciscano’ do qual emana uma tranquilidade, uma paz, uma força, uma confiança, uma maturidade, uma fé, uma dedicação e uma fidelidade que me fazem tão bem e dão força para mim e para toda a Igreja”.
Palavras de Bento XVI
E o Papa Francisco concluiu: “Que o senhor, Santidade, possa continuar sentido a mão do Deus misericordioso que o sustenta, que possa experimentar e nos testemunhar o amor de Deus; que, com Pedro e Paulo, possa continuar exultando de alegria enquanto caminha rumo à meta da fé.”
A seguir, o Papa emérito Bento XVI, em um breve discurso improvisado de agradecimento, recordou que sua vida sacerdotal foi marcada desde o início pela palavra grega “Eucharistomen” e suas tantas dimensões.
“Ao final, queremos nos incluir neste obrigado do Senhor e, assim, receber realmente a novidade da vida e ajudar a transubstanciação do mundo, que seja um mundo não de morte, mas de vida – um mundo no qual o amor venceu a morte.”
(JE/MJ/RB)
Informações sobre o ultraje aqui.
Francisco a todo vapor no vôo da Armênia: “Bento XVI é Emérito, mas o Papa é um só”. “Depois do Brexit, é necessário uma União Europeia menos maciça”. E responde ainda aos ataques de Ancara: “Os armênios? Eles não conheciam outra palavra senão genocídio.”
Por La Repubblica | Tradução: FratresInUnum.com: “Pedimos perdão por termos marginalizado os gays. Martinho Lutero foi um reformador. Bento é Emérito, mas o Pontífice é um só”. É um Papa a todo vapor aquele que se entretém com os jornalistas no vôo da Armênia. Francisco encontra tempo para falar até da União Europeia após o referendo sobre Brexit e para voltar ao tema do genocídio armênio, que causou a forte reação da Turquia. E são todas as palavras destinadas a causar controvérsia.
“A Igreja pede perdão aos gays e não apenas a eles”.”Eu acredito que a Igreja não só deve pedir perdão aos gays, mas deve pedir perdão também aos pobres, às mulheres estupradas, as crianças exploradas no trabalho, deve pedir perdão por ter abençoado tantas armas. Os cristãos devem pedir perdão por terem acompanhado tantas escolhas erradas”. Assim Papa Francisco, no vôo de regresso de Yerevan, respondeu quando perguntado se ele concorda com o cardeal Reinhard Marx, que em uma conferência internacional em Dublin disse que a Igreja deveria pedir perdão à comunidade gay. “Eu disse em minha primeira viagem e repito, aliás repito o Catecismo da Igreja Católica – disse o Papa -: os homossexuais não devem ser discriminados, devem ser respeitados, acompanhados pastoralmente. Se pode condenar qualquer manifestação ofensiva aos outros, mas o problema é que, com uma pessoa com aquela condição, que tem boa vontade e que busca a Deus, quem somos nós para julgar? Devemos fazer um bom acompanhamento – acrescentou – é o que diz o Catecismo. Então, em alguns países e tradições, existe outra mentalidade, alguns que tem uma visão diferente sobre este problema “.
“As intenções de Lutero não eram erradas”. “Eu creio que as intenções de Martinho Lutero não eram erradas. Ele foi um reformador”. Estas são as palavras do Papa Francisco no vôo de regresso da capital armênia, Yerevan, e responde também a uma pergunta sobre a viagem que o Papa fará a Lund, Suécia, para o 500º aniversário da Reforma Protestante. “Talvez – continuou o Papa – os métodos foram errados. Mas a Igreja não era nenhum modelo a ser imitado: havia corrupção, mundanismo, lutas de poder”. Respondeu ele dando um passo adiante para criticá-la. “Em seguida, verificou-se que ele não estava sozinho pois Calvino e os príncipes alemães queriam o cisma. Devemos colocar-nos na história desse tempo, não é fácil de compreender hoje – continua o Papa – buscamos retomar a estrada para nos encontrarmos novamente depois de 500 anos. Rezar juntos e trabalharmos em conjunto para os pobres. Mas isso não é suficiente. O dia da plena unidade, dizem alguns, é o dia depois da vinda do Filho do Homem. No entanto, nós temos que orar, dialogar e trabalhar em conjunto por tantas coisas, como na luta contra a exploração das pessoas.No plano teológico, finalmente, estamos de acordo com os luteranos sobre o tema da Justificação. O documento conjunto sobre esta questão é um dos mais claros. Os irmãos -assim, concluiu o Papa- se respeitam, se amam”.
“Há apenas um Papa, Bento é Emérito”. “Há apenas um Papa. O outro, Bento XVI é um papa emérito, uma figura que antes não existia e que ele, com coragem, oração, ciência, e até mesmo teologia, abriu o caminho. Eu nunca esqueci o discurso que ele fez aos cardeais em 28 de fevereiro, há três anos atrás: “entre vocês com certeza está o meu sucessor, a ele eu prometo obediência”. E assim o fez.”. Assim Papa Francisco respondeu aos repórteres sobre as declarações de Mons. Georg Gaenswein sobre o ministério petrino, que agora seria compartilhado entre dois papas, um ativo e outro contemplativo. “Eu não li as declarações, eu não tive tempo para ver essas coisas”, assim disse Francisco. “Bento é o Papa emérito – disse ele. – Ele disse claramente naquele 11 de fevereiro, que sua demissão seria efetiva em 28 de fevereiro, que se retirava para ajudar a Igreja com a oração. E Bento XVI está no seu mosteiro, rezando. Eu fui vê-lo, eu de vez enquanto falo com ele ao telefone. Outro dia mesmo ele me escreveu uma cartinha, com aquela assinatura sua, desejando-me boa viagem à Armênia. Mais de uma vez- recordou o Pontífice- eu disse que é um graça ter em casa um sábio. Até disse isso pra ele e ele riu. Ele pra mim é o Papa emérito e o avô sábio, é o homem que sustenta as costas e a coluna com a sua oração. Depois eu ouvi falar, pois me contaram, mas eu não sei se é verdade, porém se encaixa bem com seu caráter, que alguns foram lá para se queixar de mim com ele: “… mas este Papa … ‘, e ele os expulsou de lá…no melhor estilo bávaro, educado, mas os expulsou. Este homem é assim, um homem de palavra, é um homem reto, reto. É o Papa Emérito “.
“A Europa após Brexit precisa de uma união menos maciça.” “Há um ar de divisão, não só na Europa. Dentro dos próprios países:.. a Catalunha e a Escócia no ano passado. Há algo errado nesta União ‘enorme’: talvez seja necessário pensar em uma nova forma de união, mais livre. Mas não se deve jogar fora o bebê com a água suja do banho “. Assim o Papa, no vôo de Yerevan respondeu sobre Brexit e os perigos de desintegração da Europa. “Essas divisões – disse o Papa – não digo que são perigosas, mas precisamos estudá-las bem e antes de tomar um passo adiante conversarmos bem entre nós, e buscar soluções viáveis”. Francisco disse que ele não havia estudado o “porque o Reino Unido quis tomar essa decisão. Mas há divisões por independência, que são feitas para a emancipação, como os dos Estados que eram colônias, e há secessões. Um passo que, no caso da União Europeia, deve ser dado para recuperar a força de suas raízes, um passo de criatividade, e até mesmo de saudável “desunião”, dar mais liberdade aos países da UE pensar uma outra forma de União”. “Seja criativo – afirmou ele- em postos de trabalho, na economia, é impensável que em países como a Itália, há tantos jovens fora do mercado de trabalho. Há algo errado nesta União ‘maciça’. Mas não vamos deitar fora o bebê com a água do banho.Precisamos recriar – concluiu – Recriar é algo que sempre precisa ser feito. E isso dá vida e vontade de viver. Dá fecundidade. Para a União Europeia, na minha opinião há duas palavras-chave: criatividade e fecundidade…”
“Os armênios? Não conhecem outra palavra senão genocídio”. “Na Argentina, sempre que se fala sobre o extermínio dos Armênios se usava a palavra genocídio. Não conheci outra. Só que quando eu vim para Roma ouvi outra palavra, o” grande mal “, a terrível tragédia … E me disseram que a outra era ofensiva “. Assim disse o Papa respondendo sobre a reação turca às suas declarações sobre a perseguição do povo armênio. “Por causa do meu passado com esta palavra, por já tê-la usado publicamente, seria muito estranho se eu não a tivesse usado na Armênia. Mas eu nunca falei com espírito de ofensa. Eu sempre falei de três genocídio no século passado..: o primeiro Armênio, o segunda o de Hitler e o último, o de Stalin. Houveram outros, como na África, mas estes foram os que aconteceram no âmbito de duas grandes guerras “, disse o pontífice. “Eu me perguntava porque há alguns que acham que este não foi um verdadeiro genocídio. Um advogado me disse algo que me impressionou muito, que” genocídio “é um termo técnico, tem sua tecnalidade, não é sinônimo de extermínio. Pode-se dizer extermínio, mas o genocídio implica que são necessárias ações de reparação”.
A agonia não apagou o sorriso desta carmelita, seu último desejo comove as redes
BUENOS AIRES, 25 Jun. 16 / 06:00 am (ACI).- A irmã Cecilia Maria partiu para a Casa do Pai depois de uma difícil luta contra o câncer. Milhares compartilharam nas redes sociais as imagens de sua agonia, período no qual nunca perdeu a paz nem a alegria.
Graduou-se em enfermagem e aos 26 anos de idade fez seus primeiros votos como carmelita descalça, em 2003 fez sua profissão perpétua. Há seis meses, foi diagnosticada com câncer de língua e a doença fez metástase pulmonar. Morreu na última quarta-feira, 22, durante a madrugada. Tinha 43 anos.
Vivia no Monastério de Santa Teresa e São José, em Santa Fé, Argentina. Dedicava-se à oração e à vida contemplativa, tocava violino e era conhecida pela sua doçura e permanente sorriso.
Nas últimas semanas, sua doença se agravou e foi hospitalizada. No seu leito, não deixou de rezar e oferecer seus sofrimentos com a certeza de que seu encontro com Deus estava próximo.
Em um pedaço de papel escreveu seu último desejo: “Estava pensando como queria que fosse meu funeral. Primeiro, com um momento forte de oração e, depois, uma grande festa para todos. Não se esqueçam de rezar e também de celebrar!”.
Seu testemunho e as fotos de seus últimos dias falam por si mesmos e dezenas de pessoas compartilham nas redes sociais como a agonia da irmã Cecilia está tocando os corações.
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Assim anunciaram sua morte as carmelitas descalças: “Jesus! Apenas duas linhas para avisar que nossa queridíssima irmãzinha dormiu brandamente no Senhor, depois de uma doença tão dolorosa levada sempre com alegria e entrega a seu Divino Esposo. Manifestamos todo nosso carinho agradecido pelo apoio e pela oração durante todo este tempo tão doloroso, mas ao mesmo tempo tão maravilhoso. Acreditamos que foi diretamente ao Céu, mas mesmo assim rogamos que não deixem de encomendá-la em suas orações, que ela os recompensará do Céu. Um abraço grande de suas irmãs de Santa Fé”.
“O Filho do Homem veio salvar o que se tinha perdido” (Mt 18, 11).
“Sou Eu, não temais” (Lc 24, 36).
Por Padre Élcio Murucci | FratresInUnum.com
Continuação da Conferência do Pe. Mateo Crawlei-Boevey SS. CC.
“Para consolo vosso, observai que o amor com que Jesus vos ama não é perfeitamente o mesmo amor com que ama a sua Mãe, toda pura, santa, perfeita, imaculada, única. Ele é, poderíamos dizer, um amor à parte. Nem tão pouco se trata do mesmo amor com que ama aos seus anjos, espíritos perfeitos, sempre fiéis, puríssimos. Lembrai-vos de que o Verbo deixou-os, os noventa e nove fidelíssimos, pela… ovelhinha desgarrada que és tu que estás lendo isto.
E há mais: o amor de que te falo não é, em certo sentido, aquele com que amou ao grupinho de almas de neve e fogo, almas-lírios, criaturas privilegiadas, que foram e serão sempre na Igreja o oásis do Coração de Jesus, o “rebanhozinho pequenino” que O segue, cantando um cântico que mais ninguém poderá cantar… (Apc 14, 3). Estas almas, preciosas por sua fidelidade heróica e constante, por sua pureza sem mácula, mereceram as carícias do Rei de Amor.
O amor, no entanto, com que ama cumula a imensa maioria de pecadores, miseráveis e ingratos, é o Amor Misericordioso, quer dizer, uma condescendência infinita. É o Verbo, Deus-Salvador, que baixou ao pântano para converter o lodo em estrelas contanto que a lama se humilhe e creia na misericórdia do Senhor. Já compreendeis por que estabelecemos as diferenças acima, pois era preciso pôr em relevo aquilo que Teresinha chama o Amor Misericordioso de Jesus, e fazê-lo apreciado, quanto possível, no seu valor exato. São de fato duas coisas diferentes, uma o amor, que doura e diviniza a neve com dardo de fogo, e outra o amor que em torrentes de sangue purifica e embeleza a baixeza do lodo.
Com que e quando merecemos nós essa condescendência do Amor Misericordioso? Nunca! Pecamos, agimos iniquamente, crucificamos e matamos, com maior culpa que os próprios verdugos, o Senhor da vida… Todos nós Lhe deitamos as nossas mãos tintas com Seu Sangue. Todos nós! E Ele estende-nos os braços, oferece-nos Seu perdão, Sua amizade, Seu
Coração! Não é o cúmulo dos cúmulos, a loucura das loucuras do amor de um Deus? Por essa razão é inconcebível o pecado do temor, da desconfiança. Quase diria que é imperdoável. É possível que seu Coração busque o nosso com afã – atração dos abismos – e que nós, afogados em nossa miséria moral, nos neguemos, por falta de confiança, a dar entrada Àquele que quer, pede e suplica que o deixemos preencher o nosso abismo de morte com o seu Coração, abismo de perdão e vida?
Às Suas insistências, respondemos com o argumento tocado de indignidade e respeito, como se Ele ignorasse a verdade ao presentear com o tesouro de Suas ternuras, como se Ele fosse monopólio dos justos, ou dos que se crêem merecedores de Suas graças. Dir-se-ia que estes tais pretendem chamar à razão a um Deus que parece exagerar (!) querendo confundir Sua vida imortal com a nossa. E então, quando Ele se achega, estas almas retrocedem. Quando diz: “Vinde todos”, elas parecem repetir com o endemoninhado do Evangelho, “Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos?” (Mt 8, 29). Infelizes, fogem! Esquecem-se os pobres que entre o Pai Justiceiro e nós rebeldes, interpõe-se o Filho Misericordioso, como ponte de esperança pela qual culpados e perdoados teremos acesso ao Pai de Clemência.
“Passai, meus filhinhos, diz, passai por esta ponte que Sou o Crucificado. Não temais, passai, porque Eu sou o Caminho. Por que tremeis? Passai meditando em minha Cruz, em meu Calvário, em minha Eucaristia. Avançai em paz e com plena confiança, Eu quero replenar o abismo do vosso pânico com o da minha ternura. Mas, por favor, meus filhinhos, não caveis o abismo de distâncias e receios que Eu mesmo suprimi com minha Encarnação e minha Eucaristia”.
Almas pusilânimes e de pouca fé, não percebeis que a maior de vossas faltas, que a fonte de muitas delas e que a que mais ofende ao Senhor é vossa falta de confiança!
A quantas de vós, almas assustadiças, que jamais ficais satisfeitas com vossas confissões, que estais sempre duvidando do perdão de pecados cem vezes acusados, poder-se-ia aplicar a história que segue: Uma dessas tantas almas que parecem considerar a Jesus um tirano, prepara-se para fazer uma confissão geral pela centésima vez. Inquieta, perturbadíssima, passa o seu retiro escrevendo os pecados de toda a sua vida. Não medita, não reza, está inteiramente engolfada num exame que a sufoca. Chega, por fim, ao confessionário. Lê, acusa, repete dez vezes, explica sempre a tremer transtornada…
Quando imagina que tenha terminado, ouve o confessor dizer-lhe em voz suave e bem triste:
– Esqueceste uma coisa muito importante.
– Bem que desconfiava, replica ela em sobressalto, dispondo-se a voltar atrás para recomeçar a leitura das suas laudas…
– Não, diz então o confessor, não está nos teus papéis, e me entristece muito mais do que os que acusaste. Acusa sobretudo tua falta de confiança!
Levanta-se; a voz comoveu-a. Quer certificar-se se realmente é a de seu confessor. Mas o confessionário está vazio, Jesus viera dar-lhe uma lição SUPREMA. Não censuramos, é claro, as confissões gerais, muito proveitosas em determinadas ocasiões, e sim a falta de confiança, o sobressalto sistemático, o temor exagerado que é um ultraje à bondade do Salvador.
Semelhante mentalidade desfigura a Nosso Senhor, diminuindo-O. Se os cegos, os leprosos e paralíticos curados por Jesus tivessem raciocinado dessa forma, e houvessem duvidado de sua cura por acharem-se indignos, teriam merecido, certamente, recair em suas enfermidades, e com maior gravidade, como castigo de sua ingratidão e orgulho a que se reduz sempre no fundo o pecado de desconfiança.
(A conferência continua no próximo artigo).