Por Hermes Rodrigues Nery
Pela primeira vez, em toda a história da Igreja Católica Apostólica Romana, em nosso País, a Virgem Maria Santíssima, Nossa Senhora Padroeira do Brasil será tema de um samba-enredo do Carnaval, sob o pretexto de homenagem aos 300 anos da aparição da imagem nas águas do rio Paraíba. E mais: a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida entrará no Sambódromo paulista, nas primeiras horas do sábado, dia 25 de fevereiro, sob as bênçãos do clero.
O fato tem escandalizado os fiéis, chocados não apenas com a omissão, mas com o próprio endossamento de tal profanação. O Cardeal-Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer, em entrevista na Rádio Vaticano, buscou justificar a iniciativa, dizendo que “o samba-enredo respeitará Nossa Senhora Aparecida”.[http://br.radiovaticana.va/news/2017/02/10/cardeal_scherer_samba-enredo_respeitar%C3%A1_ns_aparecida/1291647 ] Disse ainda que a controvérsia parte de grupos conservadores minoritários, e, de modo algum reconhece o sacrilégio e a profanação do ingresso da imagem de Nossa Senhora no sambódromo, palco da maior festa pagã do País.
O fato em si contraria a distinção feita por Nosso Senhor Jesus Cristo: “dai a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”. A Virgem Maria Santíssima, por ser Imaculada, em toda a sua inteireza, não poderia jamais ser profanada, isto é, estar inserida num evento profano, diferente, por exemplo, quando os fiéis católicos levam a imagem de Nossa Senhora, sob um andor, em procissão religiosa pelas ruas, como expressão pública de devoção e fé. A anuência do clero de tal sacrilégio é gravíssima, percebida pelas pessoas mais simples, mesmo os que não são católicos. Os que aprovam tal iniciativa desconhecem o sentido do sagrado, “não sabem o que fazem”, como muitos daqueles que Jesus fez menção quando estava na cruz. Mas o clero deveria saber o que faz, sim. Pois são ordenados a zelar pelo sagrado, a dedicar as suas vidas, nesse sentido.
Num momento em que o Brasil mais precisa de orações, penitências e jejuns dos fiéis, para superar a grave crise em que vive (econômica, política, cultural e profundamente moral), o clero paulista deveria exortar o povo á oração, às práticas de piedade e devoção, especialmente em atos inclusive públicos que honrassem Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Mas o que vemos, no entanto, é o clero paulista anuir com o pecado, pois pecam gravemente ao expor a imagem de Nossa Senhora numa festa pagã, profanando-a. E levam os fiéis católicos (cada vez mais confusos com a extensão do relativismo) a pecar. Por isso, é preciso, enquanto leigos católicos, expressarmos publicamente tal equívoco, reforçando nossas orações pela conversão daqueles que assumiram o compromisso de defender a fé e salvaguardar a sã doutrina.
Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida.