Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 20-06-2017 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com: Os quatro cardeais autores dos “dubia” sobre a Exortação Amoris laetitia tornaram público, através do blog do vaticanista Sandro Magister, um pedido de audiência apresentado pelo cardeal Carlo Caffarra ao Papa em 25 de abril passado, uma vez que os “dubia” não obtiveram resposta. O silêncio deliberado do Papa Francisco – que, no entanto, recebe personalidades muito menos relevantes em Santa Marta para discutir questões muito menos importantes para a vida da Igreja – é a razão da publicação do documento.
No pedido filial de audiência, os quatro cardeais (Brandmüller, Burke, Caffara e Meisner) fazem saber que gostariam de explicar ao Pontífice as razões dos “dubia” e expor a situação de grave confusão e perplexidade em que se encontra a Igreja, especialmente no que diz respeito a pastores de almas, em particular os párocos.
Na verdade, no ano que transcorreu a partir da publicação da Amoris laetitia, “foram dadas em público interpretações de alguns passos objetivamente ambíguos da Exortação pós-sinodal, não divergentes do, mas contrárias ao permanente Magistério da Igreja. Conquanto o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé tenha declarado mais de uma vez que a doutrina da Igreja não mudou, apareceram numerosas declarações de bispos, cardeais e até mesmo de conferências episcopais, que aprovam o que o Magistério da Igreja jamais aprovou. Não apenas o acesso à Santa Eucaristia daqueles que objetiva e publicamente vivem numa situação de pecado grave, e pretendem nela continuar, mas também uma concepção da consciência moral contrária à Tradição da Igreja. Sucede assim – oh, e quão doloroso é vê-lo! – que o que é pecado na Polônia é bom na Alemanha, o que é proibido na Arquidiocese de Filadélfia é lícito em Malta, e assim por diante. Vem-nos à mente a amarga constatação de B. Pascal: ‘Justiça do lado de cá dos Pirenéus, injustiça do lado de lá; justiça na margem esquerda do rio, injustiça na margem direita’ ”.
Não há escândalo nem transgressão no fato de os colaboradores do Papa pedirem uma audiência privada, e que no pedido descrevam, com parrhesia mas objetivamente, a divisão que a cada dia cresce na Igreja. O escândalo é a recusa do Sucessor de Pedro em ouvir aqueles que pedem para ser recebidos. Tanto mais quanto o Papa Francisco quis fazer do “acolhimento” a marca registrada de seu pontificado, afirmando em um de seus primeiros sermões em Santa Marta (25 de maio de 2013) que “os cristãos que pedem nunca devem encontrar portas fechadas”. Por que recusar audiência a quatro cardeais que não fazem senão cumprir o seu dever de conselheiros do Papa?
As palavras dos cardeais são filiais e respeitosas. Pode-se supor que a intenção deles seja de procurar “discernir” melhor, em uma audiência privada, as intenções e os planos de Papa Francisco, e eventualmente de fazer ao Pontífice uma correção filial in camera caritatis. O silêncio do Papa Francisco em relação a eles é obstinado e descortês, mas expressa em sua teimosia a conduta daqueles que vão adiante em seu caminho com determinação. Dada a impossibilidade de uma correção privada, pela inexplicável recusa de uma audiência, também os cardeais deverão prosseguir com decisão em seu caminho, se quiserem evitar que na Igreja o silêncio seja mais forte que suas palavras.
Que os cardeais passem para sequencia nas ações após a recusa do papa Francisco, por seus apelos desprezados de pedido de audiencia para se esclarecerem determinados pontos da A laetitia, especialmente no cap VIII, para os quais pareceria não ter de como os esclarecer a contento, se levados comparativamente à tradição e à doutrina de sempre da Igreja.
Ter-se-ia a impressão que o modelo atual proposto pelo papa Francisco estaria dispersando o rebanho católico, pois favoreceria interpretações as mais diversas, assim facilitaria que o relativismo tomasse as redeas da exegese católica!
Será que não daria contas dos danos à fé de estar mal assessorado? Pessimamente, de fato está, rodeado de varios depravados que supostamente seriam infiltrados maçons da NOM – autênticos piratas, reedições de Judas Iscariotes! Ou procederia de propósito?
Dessa forma, mantendo-se pendencias, daí para frente os ensinamentos da Igreja nem tanto mais seriam universais, no entanto, obedeceriam a uma serie de fatores dos quais até as ideologias tanto têm se valido para se justificarem e se disseminar, usando como plataforma a doutrina cristã, a qual a socializam em laboratorios de engenharia social!
Todo o embuste acima se trata de pregação do marxismo sob aparente doutrina cristã, visando desvirtuarem as mentes – caso da esquerdista TL – agindo de modo nem tanto perceptível em seus ensinamentos “católicos”!
Idem no quesito “opção preferencial pelos pobres,” hoje sabidamente sendo os utilitaristas das esquerdas usando os incautos para ascensão ao poder.
Que prossigam para a etapa seguinte, a de correção pública!
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Fico pensando: se, no lugar de Bergoglio, tivesse sido eleito algum dos 4 Cardeais, e agora fosse Bergoglio a pedir uma audiência – como será que ele gostaria de ser tratado?…
Pelo visto, até a Regra de Ouro Evangélica do “Faze aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”, está sendo abandonada por Francisco…
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Precisamos tentar entender a situação, em vez de lamuriar.
Distintamente dos atuais ocupantes da Santa Sé, a ação dos quatro cardeais é inteligentíssima. É claro que eles já perceberam que não serão recebidos nem pelo ascensorista do elevador de serviço. E com isso, saem ganhando. Suponha que houvesse a tal audiência. De que serviria? Ver Bergoglio fazer carão e chamá-los, no melhor estilo dos anos 1970, de “legalistas” e “fariseus”? É muito fermento velho…
Não serem eles recebidos, os cardeais, isso é ótimo. Passam-se alguns meses, e voltam à carga, reafirmando publicamente a fé da Igreja ao mesmo tempo em que, implicitamente, apontam a defecção e a prevaricação dos da seita de Kasper, o embolorado. Há ainda o efeito, secundário, de servirem de exemplo para o seguimento de outros prelados.
“E Jesus disse-lhes: Acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus 11 Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. 12 Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da DOUTRINA dos fariseus e dos saduceus. (Mt 16.6,11-12).
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Segundo o próprio cardeal Burke,em palestra numa igreja estadunidense,a correção formal,que existe,segundo ele,na Tradição da Igreja,prosseguiria da seguinte maneira:se o Sumo Pontífice não respondesse às questões propostas pelos cardeais,esses deduziriam uma resposta a partir do ensinado pela Igreja desde os seus primórdios,tornando,portanto,as declarações de Alemanha e outros países sobre a recepção da comunhão para os divorciados/recasados,inúteis,tal como o capítulo VIII de Amoris Lætitia.Em outra declaração,disse que esta dar-se-ia após o Natal de 2016,pois bem,já passamos até pela Páscoa de 2017 e nenhum sinal da correção.Ora,tendo em vista a ojeriza que o Papa nutre para uma reunião com esses,e que nunca os receberá,já passou da hora dos cardeais fazerem algo para dissipar esse tempo tenebroso de dúvidas que grassa a Igreja,uma vez que o “dulcem et pastorem” dessa fica inerte,o encargo natural de dissipa-lo passa aos Príncipes da Igreja,não importando o número desses que,corajosamente,insurgiram.
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