Reflexões da Sagrada Escritura: Jesus na Eucaristia fomenta várias outras virtudes.

Por Padre Élcio Murucci | FratresInUnum.com

“Aquele que come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (S. João VI, 55).

“Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor até que ele venha” (1 Cor. XI, 26).

“Visto que há um só pão, nós, embora muitos, formamos um só corpo, nós todos que participamos de um mesmo pão” (1 Cor. X, 17). 

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NB: Dando continuidade à Encíclica “MIRAE CARITATIS” do Papa Leão XIII.

A esperança

A Santa Missa13. Eis aqui outro efeito deste sacramento: ele fortifica maravilhosamente assim a esperança dos bens imortais como a confiança no socorro divino. De feito, o desejo da felicidade, natural a todas as almas e inato nelas, é cada vez mais aguçado pela falsidade dos bens terrenos, pelas injustas violências de homens infames, enfim por todas as outras dores físicas e morais. Ora, o augusto sacramento da Eucaristia é ao mesmo tempo a causa e o penhor da felicidade e da glória, não para a alma somente, mas também para o corpo. Porquanto, enriquecendo as almas da abundância dos bens celestes, eles as inundam de alegrias dulcíssimas bem superiores aos que os homens imaginam e esperam: ampara-os na adversidade, dá-lhes forças no combate pela virtude, guarda-os para a vida eterna, e a ela os conduz fornecendo-lhes de alguma sorte os víveres necessários à viagem.

Quanto ao corpo frágil e sem força, essa divina Hóstia comunica-lhe o germe da ressurreição futura: o corpo imortal de Cristo infunde-lhe uma semente de imortalidade que, um dia, germinará e dará seus frutos. Que esta dupla sorte de bens deva daí resultar para a alma e para o corpo, sempre o ensinou a Igreja, conformemente à afirmação de Cristo:

“Aquele que come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia (Jo VI, 55).

A penitência

14. O nosso assunto leva-nos a considerar, e é isto para nós de grande interesse, que a Eucaristia, instituída por Nosso Senhor como um memorial eterno da sua paixão, demonstra ao cristão a necessidade de emendar-se eficazmente (S. Tomás de Aquino, Opusc. LVIII, Ofício da festa do SS. Sacramento). Jesus disse, efetivamente, aos seus primeiros sacerdotes: Fazei isto em memória de mim (S. Lucas, XXII, 19); quer dizer, fazei-o para recordar minhas dores, minhas amarguras, minhas angústias, minha morte na cruz. É por isso que este sacramento – e esse sacrifício   –  é uma exortação constante a fazer penitência em todo tempo, e a suportar os maiores sofrimentos; é também uma grave e severa condenação desses prazeres que homens sem pudor tanto gabam e exaltam: Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor até que ele venha (1 Cor XI, 26).

A caridade do próximo

15. Além disso, se investigarmos seriamente as causas dos males presentes, veremos que eles decorrem de haver a caridade dos homens entre si esmorecido ao mesmo tempo que se lhes arrefecia o amor a Deus. Eles se esqueceram de que são filhos de Deus e irmãos em Jesus Cristo; não se preocupam senão com seus interesses pessoais; quanto aos negócios alheios, não somente os descuram, mas não raras vezes os atacam e deles se apossam. Daí, entre as diversas classes de cidadãos, distúrbios e frequentes conflitos: a arrogância, a dureza e as fraudes, entre os poderosos; entre os pequenos, a miséria, a invejas e as divisões. Debalde se procura remediar esses males por leis previdentes pelo temor do castigo e pelos conselhos da prudência humana. Como já mais de uma vez e mais detidamente lembramos, é preciso preocupar-se e esforçar-se por obter que, por uma permuta de bons ofícios, as diversas classes de cidadãos contraiam entre si uma união de que Deus seja o princípio, e que produza  obras conformes ao espírito fraterno e à caridade de Jesus Cristo. Trouxe Cristo à terra essa virtude e quis que todos os corações sejam abrasados dela, a única capaz de proporcionar, mesmo para a vida presente, um pouco de felicidade assim para a alma como para o corpo: por ela, com efeito, o amor imoderado de si é refreado no homem;  por ela é reprimido o desejo ardente das riquezas, que é a raiz de todos os males (1Tim VI, 10). Se bem que, em verdade, se devam fazer observar todas as prescrições da justiça nas relações das diversas classes de cidadãos, todavia é principalmente com o socorro e os temperamentos da caridade que se poderá enfim obter a realização e a mantença, na sociedade humana, dessa igualdade aconselhada por São Paulo (2 Cor. VIII, 14).

16. Instituindo esse augusto sacramento, Cristo quis excitar o amor a Deus e, por esse mesmo fato, reaquecer o afeto mútuo entre os homens. Evidente é, com efeito, que este deriva naturalmente daquele, e que dele decorre como que espontaneamente. É  impossível que ele venha a faltar no quer que seja; muito mais, ele será necessariamente ardente e vigoroso se os homens considerarem seriamente nesse sacramento o amor de Cristo a eles: aí, o poder e a sabedoria de Cristo manifestam-se com esplendor, e as riquezas do seu divino amor aos homens aí são como que derramadas (Conc. Trid. ss. XIII. De Euchar., cap. II). À vista do exemplo insigne de Cristo prodigalizando-nos todos os seus bens, quanto não devemos nós amar-nos e ajudar-nos mutuamente, nós que estamos unidos por laços fraternos cada dia mais estreitos! Acrescentemos que os sinais constitutivos desse sacramento são, por sua vez incitamentos muito apropriados a essa união. A este respeito, S. Cipriano escreve: Enfim, os próprios sacrifícios do Senhor afirmam a universal união dos cristãos entre si por uma caridade firme e indissolúvel. Com efeito, quando o Senhor chama “seu corpo” ao pão formado por um conjunto de grãos, indica a união do nosso povo; e quando chama “seu sangue” ao vinho espremido desses milhares de cachos ou bagos de uva e formando uma só quantidade líquida, designa também o nosso rebanho formado pelo mistura de uma multidão de homens reunidos (Ep. 69, ad Magnum, n. 5). Do mesmo modo, nestes termos reproduz o Doutor angélico o pensamento de Agostinho (Trat. XXVI, in Joan., n. 13, 17): Nosso Senhor confiou seu corpo e seu sangue a essas substâncias que são formadas de múltiplos elementos reduzidos a um só corpo; primeiramente é o pão, composto de numerosos grãos reunidos; e em seguida é o vinho, proveniente de bagas inúmeras; e é por isso que Agostinho diz noutro lugar: Ó sacramento de piedade, ó sinal de unidade, ó vínculo de caridade! (Sum. Theol., III p., q. 79).

17. Essa doutrina é confirmada pelo Concílio de Trento, que ensina haver Cristo deixado à Igreja a Eucaristia “como o símbolo da sua unidade, e da caridade pela qual Ele quis que todos os cristãos fossem unidos e ligados entre si…; o símbolo desse corpo único de que Ele foi a cabeça, e ao qual quis que estejamos intimamente presos, como membros, pelos laços estreitíssimos da fé, da esperança e da caridade” (Sessão XIII, De Euchar., c. II). É também o que São Paulo ensinara: Por sermos um só pão, um só corpo, apesar do número, nós todos, que participamos de um só pão (1 Cor X, 17). E, certamente, belíssimo e dulcíssimo exemplo de fraternidade cristã e de igualdade social é ver se comprimirem indistintamente em torno dos altares o patrício e o homem do povo, o rico e o pobre, o sábio e o ignorante, participando todos igualmente do mesmo banquete celeste. E se, merecidamente, nos anais dos seus primórdios, cabe à Igreja uma glória especial de que a multidão dos crentes não tivesse senão um só coração e uma só alma (Atos IV, 32), não há dúvida alguma de que esse resultado tão precioso era devido à frequentação da mesa divina. Lemos, com efeito, a respeito dos primeiros cristãos: Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão da fração do pão (Atos II, 42).

Papa Francisco: “A moral da ‘Amoris laetitia’ é tomista”.

Criticas a Amoris Laetitia: ‘Comentários respeitáveis mas errados’ diz o Papa

“A moral da ‘Amoris laetitia’ é tomista”

(ZENIT – Cidade do Vaticano, 29 Set. 2017).- O Papa Francisco reiterou a validade da exortação ‘Amoris Laetitia’, em resposta às críticas recebidas no ultimo domingo de um grupo de académicos que fizeram publica uma carta enviada ao Santo Padre, na qual contestam uma alegada “propagação de heresias” por parte do Pontífice.

A exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’, resultou das duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família, em 2014 e 2015.

“Ouço muitos comentários respeitáveis, porque são ditos por filhos de Deus, mas errados sobre a exortação apostólica pós-sinodal”, disse o Papa num encontro a 10 de setembro, com os jesuítas durante a viagem pontifícia à Colômbia e que foi divulgado esta quinta-feira, na mais recente edição da revista ‘La Civiltà Cattolica’.

“Alguns sustentam que sob a ‘Amoris Laetitia’ não há uma moral segura. Em relação a isto quero repetir, com clareza, que a moral da ‘Amoris laetitia’ é tomista, a do grande Tomás [de Aquino]”, confirmou.

Francisco criticou depois os que julgam que a moral é “pura casuística” e convidou todos a aprofundar a “grandíssima riqueza” do trabalho de São Tomás de Aquino, doutor da Igreja.

O método de descer do geral para o particular, acrescentava então, é o “método moral usado no Catecismo da Igreja Católica”, sem que isso implique que “o princípio deva mudar”.

A carta que indica ser uma “correção fraterna”, foi assinada por 62 pessoas de 20 países, que depois de uma semana chegaram a menos de 200, questiona as posições apresentadas na exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’, e outras “palavras, atos e omissões” do Papa, e de manter “sete posições heréticas referentes ao casamento, à vida moral e à receção dos sacramentos”.

Entre os signatários estão monsenhor Bernard Fellay, superior-geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por D. Marcel Lefèbvre.

Correctio Filialis: um documento histórico, relevantíssimo.

Por Hermes Rodrigues Nery

FratresInUnum.com – 29 de setembro de 2017: Ao apresentar e comprovar sete heresias, os signatários da Correctio Filialis expuseram, acertadamente, que certas palavras, atos e omissões do papa Francisco, bem como certas passagens da Amoris Laetitia, podem contribuir para a propagação de proposições falsas e heréticas. É fato.

2c5d0b7d-7991-4281-8119-909d73860730A feliz e corajosa iniciativa de católicos movidos por profundo amor à Igreja, soma-se às outras ações, nesse sentido, como a Súplica Filial dirigida ao papa Francisco antes do Sínodo da Família (2014-2015) e os Dubia dos quatro Cardeais.

Urge, portanto, agora que o papa Francisco (advertido publicamente de tais heresias), faça as devidas correções, para não ter de sofrer uma acusação canônica, caso haja pertinácia no erro.

Importantíssimo também foi a apresentação do documento antes de outubro de 2017, cuja passagem dos 500 anos da Reforma Protestante suscita hoje acentuar ainda mais o movimento de descatolização da Igreja, iniciado com o Modernismo, “síntese de todas as heresias”, como tão bem definiu São Pio X.

Enganam-se os que pensam que a Correctio Filialis será olvidada, pelo contrário, trata-se de um documento histórico, relevantíssimo, cuja força está na verdade anunciada e testemunhada por Nosso Senhor Jesus Cristo, luz do mundo. Inicia-se assim o Movimento querido por tantos católicos, no mundo inteiro, por confirmar Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, como sempre a Igreja fez em sua história bimilenar.  Os seus signatários se dispõem ao bom combate na defesa da fé católica, de sã doutrina, conscientes do deserto e da cruz, e também do martírio, pela fidelidade ao Evangelho.

Correctio Filialis, portanto, requererá do Sumo Pontífice a humildade e a contrição necessárias para reparar os erros. Por isso rezamos mais intensamente e filialmente pela correção indicada de modo tão elucidativo por essa carta que confirma, na caridade, o compromisso com a verdade.

Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida e um dos signatários da Correctio Filialis.

Aquilo que fez e que quer fazer o “Papa Jesus II”, o Demolidor.

Por Antonio Socci, 24 de setembro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: Nenhum papa até agora tinha ousado atribuir-se o nome de São Francisco de Assis, o “outro Cristo”. Bergoglio o fez. Mas ele – no livro entrevista que acaba de ser publicado, com Dominique Wolton, “Politique et societé – como uma “excusatio non petita” (porque ninguém lhe havia pedido) diz em tom de brincadeira que não foi um ato de soberba, mas, ao contrário, de humildade, porque teria podido chamar-se “Jesus II”. Obviamente, sublinha que está brincando (também Arlecchino se confessou estava brincando…) [ndt.: em italiano, Socci faz referência ao Arlequim, personagem teatral que usava máscaras para dizer, em forma de piada, as verdades que não podiam ser ditas doutro modo. Em português soa como “toda brincadeira tem um fundo de verdade”].

Mas descortina piadas sobre a presunção dos argentinos (“Sabe qual é o melhor negócio? Comprar um argentino pelo seu valor e vendê-lo pelo valor que ele pensa ter”). Acrescenta que um argentino se suicida jogando-se do alto do seu Ego…

Em suma, exibe muita auto-ironia sobre o Ego dos argentinos, e assim tenta dar a entender que ali existe um problema. Talvez um problemão, aquele que há muitos anos tentou – inutilmente – resolver com a psicanalista.

Talvez seja este o seu modo, inclusive, de pedir ajuda. Mas, a essa altura, o homem parece ser um prisioneiro da máquina de guerra que se chama Ego-latria na forma de uma papolatria planetária.

O característico deste pontificado é, de fato, a enormidade das ambições.

Bergoglio parece querer “refundar” a Igreja e quase propor-se, de verdade, como um “papa Jesus II”, coisa que significa, porém, dispensar o próprio verdadeiro Fundador, Cristo, o qual – conhecendo os seus – percebeu que as suas palavras e os seus mandamentos permenecem para sempre e não mudam com o tempo (Mt 24,35).

Jesus chegou a fulminar o primeiro papa chamando-o de “satanás”, quando Pedro se pôs a raciocinar “segundo os homens e não segundo Deus” (Mc 8, 33). O risco sempre existe. Assistimos hoje a refundação bergogliana que “corrige” o próprio Jesus, adequando-o aos tempos e aos homens.

Em Amoris Laetitia, pretende, de fato, ser mais misericordioso que Cristo (que era um rigorista, ao contrário dos fariseus, que eram “bergoglianos”) [ndt.: aqui, Socci se refere ao fato, já comentado anteriormente, que os fariseus defendiam o segundo casamento, aferrados à casuística, enquanto Cristo aboliu o divórcio em todos os casos]. 

A ambição do papa argentino foi, inclusive, declarada por um dos seus mais estreitos colaboradores, em uma entrevista ao “Corriere della sera”, em 10 de maio de 2015.

IRREVERSÍVEIS 

O seu braço direito, Dom Victor Manuel Fernández, disse textualmente: “É necessário saber que ele (Bergoglio) pretende reformas irreversíveis”. 

Uma frase que pode ter uma interpretação muito revolucionária e heterodoxa para a Igreja.

De fato, a Igreja pertence a Jesus Cristo, não ao papa. Os papas são apenas os seus custódios temporários, não os proprietários: não têm um poder que se estende pelos séculos dos séculos, como Cristo.

Por definição, “irreversívelé apenas a Lei de Deus, que está nas Sagradas Escrituras e no magistério constante da Igreja. 

Os papas estão submetidos a esta lei, não são os donos dela. Estes devem ser como os motoristas do carro que leva a Esposa (a Igreja, a propósito) ao encontro do Esposo (o próprio Cristo).

Se um motorista se apropriasse da Esposa mudando o seu destino e o fizesse de modo irreversível, quer dizer que se colocaria como substituto do verdadeiro Esposo. Como se fosse um “Jesus II”.

Mas isso não é permitido ao motorista da Esposa. “Jesus é um esposo ciumento”, dizia o Cardeal Biffi.

De fato, o mandato que Jesus deu a Pedro e a todos os seus sucessores não é efetivamente o de “mudar” a Igreja (e muito menos de modo “irreversível”), mas – ao contrário – de “guardá-la” (guardar o “depositum fidei” confirmando os irmãos na fé).

O papa – por definição – pode ser apenas “conservador”, de outra forma não é mais papa. O seu ministério é guardar íntegra a fé da Igreja. Não fazer dela uma prostituta a serviço do mundo.

COMO UMA ONG DE GEORGE SOROS

Por fim, vamos às mudanças “irreversíveis” do bergoglianismo. A mais vistosa é a transformação da Igreja – aos olhos do povo –, de uma realidade sobrenatural que conduz à salvação eterna, a uma agência humanitária que professa uma religião totalmente social e política, centrada nas migrações de massa como se fossem o Sumo Bem, no ecologismo catastrofista e no abraço acrítico com o Islã. A Igreja bergogliana, centrada sobre estes “direitos humanos”, notava há alguns dias Ernesto Galli della Loggia no “Corriere della sera”, “se soprepõe a outras presenças organizativas, ideológicas e políticas, que não têm nada a ver com a tradição. A começar, obviamente, pelas grandes organizações internacionais como a ONU ou a FAO”.

Galli afirma ainda que “uma análoga e ampla sobreposição existe, ademais, em relação aos componentes, por assim dizer, laico-progressistas, próprios do universo ideológico dos Países ocidentais, componentes que, também estes, nada têm a ver com a tradição católica” e que têm programas, especialmente em matéria de costumes, “que decerto são estranhos” à “Igreja de Roma”.

Galli della Loggia prossegue advertindo que os temas da Igreja bergogliana se sobrepõem também àquela ideologia humanitária “que hoje anima a transbordante presença pública de algumas riquíssima e influentíssimas figuras de ‘filantropos mundialistas’ – não teria outro modo de chamá-los: como Soros, Zuckerberg ou Bezos – já erigidos a nível de verdadeiros profetas midiáticos: também estes não apenas estranhos, mas ostensivamente hostis ao cristianismo católico”.

Uma tal transformação da Igreja era auspiciada há tempos por todos os seus inimigos. Como Ludwig Feuerbach, que escreveu que para “matar o cristianismo” não serviria recorrer à “perseguição”, a qual “ainda mais o alimenta e reforça”. A sua destruição pode acontecer apenas de outro modo: “Será através a irreversível transformação interna do Cristianismo em humanismo ateu com a ajuda dos próprios cristãos, guiados por um conceito de caridade que nada terá a ver com o Evangelho”. 

DEMOLIÇÃO 

Então, aqui estamos. Mas, antes é preciso acabar de abater a catedral bimilenar da Igreja Católica.

Depois de Amoris Laetitia que – segundo cardeais e bispos católicos – mina três sacramentos fundamentais (a confissão, a eucaristia e o matrimônio), uma outra matança se deu com o recente Motu proprio sobre as traduções dos livros litúrgicos, feito à revelia do Cardeal Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino. 

Segundo muitos, abre-se o caminho para legitimar um ataque final à Eucaristia e ao sacerdócio. Corremos o risco de caminhar rumo a uma progressiva fusão com os ritos protestantes, que seria “a abolição do sacrifício” e o fim da própria Igreja Católica (a propósito, entre os bergoglianos, já se tornou normal definir “a Reforma protestante como uma bênção para a Igreja”).

Mas em Santa Marta circulam também outras ideias “revolucionárias” (o adjetivo que Scalfari aplica sempre a Bergoglio). Uma das quais é, inclusive, a abolição do próprio Estado do Vaticano, que permitiria ao papa argentino passar para a história como aquele que definitivamente varreu com um só toque a Cúria vaticana e o “poder temporal” da Igreja (argumento a que o próprio Scalfari sempre retorna em seus colóquios com Bergoglio).

É um objetivo muito difícil. Mas, como toda esta revolução está tumultuando e pondo em guerra boa parte do mundo católico e é previsível que leve a uma sublevação no colégio cardinalício, Bergoglio está fazendo estudar-se, nas lacunas do direito canônico, a excepcionalidade de situações que permitiriam que ele mesmo nomeasse o seu sucessor, desautorizando os cardeais e tornando verdadeiramente “irreversível” a sua revolução.

No fundo, Dom Fernandez já prefigurava algo do gênero na sua entrevista ao Corriere: “os próprios cardeais podem desaparecer, no sentido de que não são essenciais. Essenciais são o Papa e os bispos”.

E ainda: “A Cúria vaticana não é uma estrutura essencial. O Papa poderia, inclusive, ir morar fora de Roma, ter um dicastério em Roma e outro em Bogotá, e talvez conectar-se por videoconferência com os especialistas em liturgia, que morariam na Alemanha” (ndt.: essa mesma ideia já havia sido cogitada por, nada mais, nada menos que, Leonardo Boff, num artigo seu de 2013).

Será assim a Igreja do Papa Jesus II?

Antonio Socci, “Libero”, 24  de setembro de 2017.

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Nota da Tradução: ao completar-se 1 ano do pontificado Papa Francisco, nosso brilhante padre Cristóvão escreveu uma coluna em que citou a fala de Mario Staderini, secretário do Partido Radical italiano, em entrevista a uma rádio, dias depois da renúncia de Bento XVI, 25 dias antes da eleição de Jorge Mario Bergoglio. Vale a pena recordá-la, dado o seu caráter impressionantemente “programático”:

O verdadeiro desafio para o próximo Papa será o de libertar a Igreja do poder temporal, daquele imenso poder econômico e político que deriva de ser ela a maior proprietária imobiliária do mundo e de ter alguns impérios financeiros e econômicos. Daquele poder que determinou as lutas pelo controle, um poder que está em grau de condicionar os Estados, de corromper os Estados, mas sobretudo à própria Igreja. Por isso, creio que o próximo papa deva se chamar Francisco I, como São Francisco, o pobrezinho de Assis, que se libertou de todas as suas posses para viver melhor segundo o Evangelho, ao invés de viver segundo a Igreja de Roma. Francisco I teria este significado e creio que seja o auspício máximo que se possa fazer neste momento. Haverá também um motivo pelo qual há 800 anos após a morte de São Francisco nenhum papa tenha decidido chamar-se Francisco, e o entendo também porque seria difícil andar por aí com o nome do símbolo da pobreza enquanto se continua a ser o maior proprietário de coisas. Creio que este, então, será o desafio do próximo Papa, e este não é tampouco algo irrealizável. Por exemplo, se poderia converter todo o patrimônio do Vaticano em um grande fundo para benefícios universais, a ser confiado eventualmente à ONU em forma de depósito, no sentido de que, se a ONU se comportasse mal, seria retomado, segundo as regras do direito internacional; um grande fundo que tenha como objetivo garantir o direito humano a viver sem a miséria, e creio que ninguém melhor que a Igreja poderia dar início a isso, com a condição, porém, de se separar daquela que foi nestes anos a verdadeira causa que destruiu a própria possibilidade de se ocupar da religiosidade, antes que simplesmente continuar a falar de moral e sobre a vida das pessoas. Creio que seja este um desafio importante que poderia, depois, ter reflexos positivos sobre os Estados. Façamos um exemplo: todos sabem o que penso do “oito por mil” (quota dos impostos que o Estado redistribui, à escolha do contribuinte, às instituições religiosas, ndt), mas, de Francisco I, eu esperaria que dissesse ao Estado Italiano que este dinheiro alimente diretamente este fundo. Antes, melhor ainda: a garantia será que, se o Estado continuar dando-o à Igreja Católica, esta se ocupará de depositá-lo neste fundo. Então, bem-vindo, eu espero Francisco I”.

 

O impacto mundial e o significado da ‘Correctio filialis’.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza romana, 27 de setembro de 2017 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com:   A “correção filial” dirigida ao Papa Francisco por mais de 60 estudiosos e pastores da Igreja Católica teve um extraordinário impacto em todo o mundo. Não faltou quem quisesse tentar minimizar a iniciativa afirmando que o número de signatários “é limitado e marginal”. Mas se a iniciativa é irrelevante, por que as repercussões estão sendo tão amplas em toda a mídia dos cinco continentes, inclusive em países como a Rússia e a China? Uma pesquisa no Google News ––  observa Steve Skojec no Onepeterfive –– resultou em mais de 5.000 notícias, enquanto mais de 100.000 foram as visitas ao site http://www.correctiofilialis.org em 48 horas. A adesão nesse site está aberta, embora apenas algumas assinaturas sejam visíveis.

É necessário admitir que o motivo dessa repercussão mundial não é senão um: a verdade pode ser ignorada ou reprimida, mas quando se manifesta com clareza, tem uma força intrínseca própria e está destinada a difundir-se. O principal inimigo da verdade não é o erro, mas a ambiguidade. A causa da propagação de erros e de heresias na Igreja não deve ser atribuída à força desses erros, mas ao silêncio culposo daqueles que deveriam defender a verdade do Evangelho de viseira erguida.

A verdade anunciada pela “correção filial” é que o Papa Francisco, através de uma longa série de palavras, atos e omissões, “apoiou, direta ou indiretamente, e propagou dentro da Igreja, com um grau de consciência que não procuramos julgar, tanto por ofício público como por ato privado”, pelo menos sete “proposições falsas e heréticas”. Os signatários insistem com respeito que o Papa “rejeite publicamente essas proposições, cumprindo assim o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro e, através dele, a todos os seus sucessores até o fim do mundo: ‘Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos’”.

Nenhuma resposta foi dada até agora ao mérito da correção. Houve apenas uma inábil tentativa de desqualificar ou dividir os signatários, concentrando o foco sobre alguns dos mais conhecidos, como o ex-presidente do IOR [o “banco do Vaticano”], Ettore Gotti Tedeschi. Na verdade, como o próprio Gotti Tedeschi declarou em entrevista com Marco Tosatti em 24 de setembro, os autores da Correctio fizeram um ato de amor à Igreja e ao Papado.

Tanto Gotti Tedeschi quanto outro ilustre signatário, o escritor alemão Martin Mosebach, foram aplaudidos no dia 14 de setembro no Angelicum por um público de mais de 400 sacerdotes e leigos, incluindo três cardeais e vários bispos, por ocasião do simpósio sobre os dez anos do  motu proprio Summorum Pontificum. Dois outros signatários, os professores Claudio Pierantoni e Anna Silva, expressaram as mesmas ideias da Correctio no simpósio “Fare chiarezza” [Esclarecer], organizado em 23 de abril pela Nuova Bussola Quotidiana com o apoio de outros purpurados, entre os quais o falecido cardeal Carlo Caffarra.

Muitos outros signatários do documento ocupam ou ocuparam cargos importantes em instituições eclesiásticas. Outros ainda são eminentes professores universitários. Se, dentro do mundo católico, os autores da Correctio fossem isolados, seu documento não teria tido o eco que teve.

A Correctio filialis é apenas a ponta de um vasto iceberg de descontentamento pela desorientação em que se encontra hoje a Igreja. Uma Súplica filial ao Papa Francisco foi assinada em 2015 por aproximadamente 900.000 pessoas em todo o mundo, e uma Declaração de fidelidade ao ensinamento imutável da Igreja sobre casamento, apresentada em 2016 por 80 personalidades católicas, coletou 35 mil assinaturas.

Um ano atrás, quatro cardeais formularam dubia sobre a exortação Amoris laetitia. Enquanto isso, escândalos de caráter econômico e moral minam o pontificado do Papa Francisco, cuja difícil posição foi posta em relevo pelo vaticanista norte-americano John Allen, de orientação não tradicional, em seu site Crux no dia 25 de setembro.

Entre as acusações mais ridículas feitas aos signatários do documento está a de serem “lefebvristas”, por causa da assinatura do bispo Bernard Fellay, Superior da Fraternidade São Pio X. A adesão de Mons. Fellay a um documento desse gênero é um ato histórico que esclarece sem sombra de dúvida a posição da Fraternidade em relação ao novo pontificado. Mas o “lefebvrismo” é uma etiqueta que joga nos lábios dos progressistas o mesmo papel que o termo “fascismo” tinha para os comunistas nos anos setenta: desacreditar o adversário sem discutir as razões.

A presença de Mons. Fellay é, além do mais, tranquilizadora para todos os signatários da Correctio. Como imaginar que o Papa não tenha em relação a eles a mesma compreensão e benevolência que demonstrou nos últimos dois anos para com a Fraternidade São Pio X?

O arcebispo de Chieti, Dom Bruno Forte, ex-secretário especial do Sínodo dos Bispos sobre a Família, declarou que a Correctio representa “uma atitude preconceituosamente fechada ao espírito do Concílio Vaticano II que o Papa Francisco está encarnando tão profundamente” (Avvenire, 26 de setembro de 2017 ). O espírito do Vaticano II encarnado pelo Papa Francisco, escreve por sua vez Mons. Giuseppe Lorizio no mesmo quotidiano da Conferência Episcopal Italiana, consiste no primado da pastoral sobre a teologia, ou na subordinação da lei natural à experiência da vida, porque, explica ele, “a pastoral compreende e inclui a teologia”, e não vice-versa.

Mons. Lorizio ensina Teologia na mesma faculdade da Universidade Lateranense da qual foi decano Mons. Brunero Gherardini, falecido em 22 de setembro, na véspera da Correctio, que ele não pôde assinar devido às precárias condições de sua saúde. O grande expoente da escola teológica romana mostrou em seus últimos livros a que resultado calamitoso conduz o primado da pastoral anunciado pelo Vaticano II e propagado por seus hermeneutas ultraprogressistas, entre os quais o próprio Dom Forte e o teólogo improvisado Massimo Faggioli que, com Alberto Melloni, estão se distinguindo por seus inconsistentes ataques à Correctio.

Dom Forte acrescentou em Avvenire que o documento é uma iniciativa que não pode ser compartilhada por “por quem é fiel ao sucessor de Pedro, no qual reconhece o pastor que o Senhor deu à Igreja como o guia da comunhão universal. A fidelidade é sempre dirigida ao Deus vivo, que hoje fala na Igreja através do Papa”. Chegamos, portanto, ao ponto de definir o Papa Francisco como “Deus vivo”, esquecendo que o fundamento da Igreja é Jesus Cristo, de Quem o Papa é o representante na Terra, e não o divino proprietário. O Papa não é, como escreveu corretamente Antonio Socci, um “segundo Jesus” (Libero, 24 de setembro de 2017), mas o 266º sucessor de Pedro. Seu mandato não é para mudar ou “melhorar” as palavras de Nosso Senhor, mas para conservá-las e transmiti-las da maneira mais fiel. Se isso não acontecer, os católicos têm o dever de reprová-lo filialmente, seguindo o exemplo de São Paulo em relação ao Príncipe dos Apóstolos, Pedro (Gal. II, 11).

Finalmente, ele se impressiona pelo fato de os cardeais Walter Brandmüller e Raymond Leo Burke não terem assinado o documento, ignorando, como ressalta Rorate Coeli, que a Correção dos sessenta possui um caráter puramente teológico, enquanto a dos cardeais, quando ocorrer, terá uma autoridade e um alcance bem diversos, inclusive no plano canônico. A correção do nosso próximo, prevista pelo Evangelho e pelo atual Código de Direito Canônico (artigo 212, parágrafo 3º), pode ter expressões diferentes. “Este princípio de correção fraterna dentro da Igreja –– declarou Dom Athanasius Schneider em recente entrevista com Maike Hickson –– sempre foi válido, inclusive em relação ao Papa, e, portanto, deve ser válido mesmo em nosso tempo. Infelizmente, quem quer ouse em nossos dias falar a verdade –– mesmo quando o faz com respeito aos Pastores da Igreja –– é classificado como um inimigo da unidade, como aconteceu com São Paulo, quando ele declarou: ‘Tornei-me, acaso, vosso inimigo, porque vos disse a verdade?’” (Gálatas 4:16).

Editorial: Apoie a Correção Filial!

Por FratresInUnum.com – 26 de setembro de 2017

Durante o recente Ano da Misericórdia, Papa Francisco nos convidava a praticar as obras de misericórdia, dentre as quais está “corrigir os que erram”. Pois bem, chegou a hora de praticá-la. Já não é mais possível negar o evidente. A confusão doutrinal causada pela Exortação Amoris Laetitia está dilacerando a Igreja. Conferências Episcopais ensinam coisas contraditórias, defendem ideias opostas e o clima de desorientação resultante torna-se cada dia mais insuportável. Nas palavras do finado Cardeal Caffarra, ‹‹ sucede assim – oh, e quão doloroso é vê-lo! – que o que é pecado na Polônia é bom na Alemanha, o que é proibido na Arquidiocese de Filadélfia é lícito em Malta, e assim por diante. Vem-nos à mente a amarga constatação de B. Pascal: “Justiça do lado de cá dos Pirenéus, injustiça do lado de lá; justiça na margem esquerda do rio, injustiça na margem direita” ››.

Quatro cardeais apresentaram ao Papa há cerca de um ano cinco dubia referentes à interpretação autêntica da Exortação Apostólica. Francisco nada respondeu.

Agora, um grupo de católicos notáveis resolveu quebrar a espiral do silêncio e resgatou um uso legitimamente aplicado na história da Igreja: uma correção filial ao Romano Pontífice.

A última vez que tal fato aconteceu foi em 1333, quando o Papa João XXII foi instado pelos fiéis mais doutos a se retratar acerca de seu juízo sobre a visão beatífica dos justos depois da morte.

Não se trata de um ato de rebeldia ou de rejeição ao Santo Padre. Ao contrário de um ato revolucionário, a correctio filialis tem por finalidade conduzir o Papa ao exercício do seu soberano ofício de confirmar a fé católica e garantir a unidade da Igreja.

Num momento em que a hierarquia se cala, é chegada a hora de os fiéis leigos se manifestarem. Sabemos que há muitos bons sacerdotes e bispos que quereriam erguer sua voz, mas não podem fazê-lo por causa de represálias às quais estão sujeitos por causa de sua dependência hierárquica.

Pedimos aos leigos que difundam a correção filial e a expliquem a todas as pessoas que puderem.

Ultimamente, todos somos invadidos por um impetuoso sentimento de impotência ante o desmonte da fé católica, o qual não gostaríamos de assistir passivamente. Agora é possível fazer algo! Apoie a correctio filialis!

Clérigos e fiéis com reconhecida capacidade teológica podem subscrevê-la diretamente aqui.

Já os fiéis comuns podem assinar a petição apoiando a iniciativa.

Aos padres e bispos impedidos de fazer publicamente alguma coisa, pedimos que difundam entre seus fiéis a correção filial. Diante de Deus, isto já servirá de grande mérito e será uma manifestação de não-conivência com a destruição que testemunhamos dolorosamente em nossos dias.

Viva Cristo Rei!

Reações: Bispo americano se une à “Correção filial”.

FratresInUnum.com, 25 de setembro de 2017 | Com informações de LifeSiteNews – Um bispo católico do Texas acrescentou seu nome à recente declaração que acusa o Papa de propagar várias heresias contra a Fé Católica e busca corrigí-las.

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Dom Rene Henry Gracida, bispo emérito da Diocese de Corpus Christi (foto), postou uma mensagem em seu blog, no domingo, reproduzindo um email que enviou aos organizadores da “correção”, parabenizando-os por sua ação e pedindo que seu nome fosse acrescentado à lista de signatários.

“Estendo meus cumprimentos e gratidão aos criadores da Correção e desejo ter meu nome acrescentado à lista daqueles que concordam com o conteúdo da Correção e desejam se identificar com ela”, escreveu Gracida em seu blog, Abyssus Abyssum Invocat.

Gracida também está encorajando os fiéis católicos a acrescentarem  seus próprios nomes na petição apoiando a Correção.

Gracida é o primeiro bispo em situação canônica regular na Igreja Católica a se associar à declaração. O único bispo até então era Dom Bernard Fellay, superior da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que está (ou ao menos estava) em tratativas para regularização junto à Santa Sé.

Cuba, Coreia do Norte ou Vaticano?

Totalitarismo assumido oficialmente pela corte bergogliana? 

Vaticano bloqueou site que acusa Papa de heresia

Observador – A secretaria de comunicação da Santa Sé bloqueou esta segunda-feira o acesso à página a partir da qual se adere à iniciativa que acusa o Papa Francisco de sete heresias. Dentro do Vaticano, já não é possível aceder à página, promovida por dezenas de teólogos, padres e académicos conservadores. Todavia, fora do Vaticano, é acessível através deste link. “O acesso à página da Web que você está tentando visitar foi bloqueado de acordo com as políticas de segurança institucionais”, lê-se nos computadores dentro do Vaticano.

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O porta-voz da Santa Sé, Greg Burke, por sua vez, negou o bloqueio, afirmando hoje pela manhã, em conferência de imprensa, tratar-se de um sistema automatizado de segurança: “São filtros que são automaticamente acionados para diversos tipos de conteúdo online”.

Primeiras reações.

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Primeiras reações à “Correção filial“:

“A direita e os fundamentalistas atacando de frente o papa Francisco. Estão contra o Evangelho, a doutrina do magistério. Porque: para defender os bancos e a exploração“.

Fernando Altemeyer Junior, ex-padre esquerdista, professor da PUC-SP, recém convertido em arauto do magistério e da obediência pontifícia (só a partir de Francisco, pois com João Paulo II e Bento XVI…).

 

 

Urgente – Correção filial ao papa Francisco.

Comentário introdutório de FratresInUnum.com – Com uma iniciativa que não acontecia há 700 anos, acaba de ser apresentada uma correção filial ao Papa Francisco. Seria uma iniciativa preparatória à correção formal a ser apresentada pelos cardeais do dubia, da qual falou repetidas vezes o Cardeal Burke?

O último caso ocorrido na história remonta a 1333, quando o Papa João XXII ensinou opiniões heréticas e foi corrigido por seus súditos.

Agora, uma carta de 25 páginas assinada por 40 clérigos católicos e leigos eruditos foi entregue ao Papa Francisco no dia 11 de agosto. Como nenhuma resposta foi recebida, a missiva foi divulgada neste domingo.

A carta, que está aberta a novos signatários, tem agora o nome de 62 clérigos e estudiosos leigos de 20 países.

Recebeu o título latino: “Correctio filialis de haeresibus propagatis” (literalmente, “Uma correção filial sobre a propagação de heresias”).

O documento afirma que o papa, por meio da Exortação Apostólica _Amoris laetitia_, e por outros atos magisteriais declarou 7 proposições heréticas acerca do casamento, da vida moral e da recepção dos sacramentos, facilitando a propagação de heresias a Igreja Católica.

Entre os signatários, dois brasileiros, Arnaldo Xavier da Silveira e Mons. José Luiz Villac. Destaque para a assinatura de dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Abaixo, publicamos o resumo extraído do site oficial da iniciativa e o link para a íntegra do documento.

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Por Correctiofilialis – Uma carta de vinte e cinco páginas, assinada por 40 clérigos católicos e acadêmicos leigos, foi enviada ao Papa Francisco no dia 11 de agosto último. Como até o momento o Santo Padre não deu qualquer resposta, o documento é tornado público hoje, 24 de setembro de 2017, Festa de Nossa Senhora das Mercês e da Virgem de Walsingham (Norfolk, Inglaterra, 1061).

Com o título latino“Correctiofilialis de haeresibuspropagagatis” (literalmente, “Uma correção filial em relação à propagação de heresias”), a carta ainda está aberta à adesão de novos signatários, já tendo sido firmada até o momento por 62 clérigos e acadêmicos de 20 países, representando também outros que não carecem da liberdade de expressão necessária.

Nela se afirma que o Papa, através de sua Exortação apostólica Amorislaetitia, bem como de outras palavras, atos e omissões a ela relacionados, manteve sete posições heréticas referentes ao casamento, à vida moral e à recepção dos sacramentos,resultando na difusão dasmesmas no interior da Igreja Católica. Essas sete heresias são expostas pelos signatários em latim, a língua oficial da Igreja.

Esta carta de correção contém três partes principais. Na primeira, os signatários explicam a razão pela qual lhes assiste, como fiéiscatólicos praticantes, o direito e o dever de emitir tal correção ao Sumo Pontífice. –– Porque a lei da Igreja exige das pessoas competentes que elasrompam o silêncio ao verem que os pastores estão desviando o seu rebanho. Isso não implica nenhum conflito com o dogma católico da infalibilidade papal, porquanto a Igreja ensina que, para que as declarações de um Papa possam ser consideradas infalíveis, ele deve antes observar critérios muito estritos.

O Papa Francisco não observou esses critérios. Não declarou que essas posições heréticas constituem ensinamentos definitivos da Igreja, nem afirmou que os católicos devem acreditar nelas com o assentimento próprio da fé. A Igreja ensina que nenhum Papa pode declarar que Deus lhe revelou qualquer nova verdade nas quais os católicos deveriam acreditar.

A segunda parte da carta é fundamental, uma vez que contém a própria “correção”. Nela se enumeram as passagens em que Amorislaetitiainsinua ou encoraja posições heréticas, e depois as palavras, atos e omissões do Papa Francisco que mostram, além de qualquer dúvida razoável, que ele deseja que os católicos interpretem essas passagens de uma maneira que é, de fato, herética. Em particular, o Pontífice apoiou direta ou indiretamente a crença de que a obediência à Lei de Deus pode ser impossível ou indesejável e que a Igreja deve às vezes aceitar o adultério como um comportamento compatível com a vida de um católico praticante.

A última parte, chamada “Nota de Esclarecimento”, discute duas causas desta crise singular. Uma delas é o “Modernismo”. Teologicamente falando,o Modernismo é a crença de que Deus não dotou a Igreja com verdades definitivas, as quais Ela deve continuar a ensinar exatamente do mesmo modo até o fim dos tempos. Os modernistas afirmam que Deus se comunica apenas com as experiências humanas sobre as quais os homens podem refletir, de modo a fazerem asserções diferentes sobre Deus, a vida e a religião; mas essas declaraçõessão apenas provisórias, e nunca dogmas imutáveis. O Modernismo foi condenado pelo Papa São Pio X no início do século XX, mas renasceu em meados desse século. A grande e contínua confusão causada pelo Modernismo na Igreja Católica obriga os signatários a descrever o verdadeiro significado de “fé”, “heresia”, “revelação” e “magistério”.

Uma segunda causa da crise é aaparente influência das ideias de Martinho Lutero sobre o Papa Francisco. A carta mostra como Lutero, fundador do protestantismo, teve ideias sobre o casamento, o divórcio, o perdão e a lei divina que correspondem às que o Papa promoveu através de suas palavras, atos e omissões. A Correctiofilialis também destaca oselogios explícitos e sem precedentes que o Papa Franciscofez do heresiarca alemão.

Os signatários não se aventuram a julgar o grau de consciência com que o Papa Francisco propagou as sete heresias que enumeram,mas insistem respeitosamente para que condene tais heresias, as quais elesustentou direta ou indiretamente.

Os signatários professam sua lealdade à Santa Igreja Católica, assegurandoao Papa suas orações e solicitando-lhe a Bênção apostólica.

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