Por FratresInUnum.com – 20 de setembro de 2017
Em sua recente viagem à Colômbia, Papa Francisco dirigiu contundentes palavras à diretoria do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), nas quais reapresentou de modo forte o seu modelo de Igreja em saída.
“Muito se falou sobre a Igreja em estado permanente de missão. Sair, partir com Jesus é a condição desta realidade. (…) Trata-se de ir dia após dia trabalhar no campo, lá onde vive o Povo de Deus que vos foi confiado. Não é lícito deixar-nos paralisar pelo ar condicionado dos escritórios, pelas estatísticas e pelas estratégias abstratas. É necessário dirigir-se à pessoa na sua situação concreta; não podemos afastar o olhar dela. A missão realiza-se num corpo a corpo”.
Enquanto isso, porém, a CNBB lançava a sua campanha para arrecadação de dinheiro em prol da reforma de sua sede, em Brasília. Papa Francisco prega uma Igreja em saída, mas a CNBB prefere as entradas das Igrejas: com a coleta nacional, todas as ofertas de todas as comunidades católicas realizadas nas celebrações do domingo, 10 de setembro passado, foram totalmente destinadas a esta finalidade.
De norte a sul, os bispos mais afoitos para conseguirem uma promoção a patentes maiores, mobilizam-se para mostrar serviço.
Já há algum tempo que alguns bispos tentam empurrar em todas as comunidades o livreto “Igreja em oração”, que as Edições CNBB lançaram em concorrência com a “Liturgia Diária”, da editora Paulus, e com o “Deus conosco”, da editora Santuário. Em termos de mercado, é impressionante como, a despeito de seu discurso socialista, a CNBB se engaja nas violentas leis da concorrência capitalista!
Por praticamente todas as dioceses do Brasil, aliás, as mitras diocesanas cada dia mais se assemelham ao departamento financeiro de verdadeiras empresas multinacionais. Só pensam em dinheiro, só falam em dinheiro, só punem por dinheiro! Não existe mais moral, nem doutrina. Existe apenas Mamon!
Uma fonte que trabalha numa determinada Cúria Diocesana referiu à nossa equipe que nunca se viu tanto controle financeiro e que o próprio clero se sente sufocado com o absurdo de tanta voracidade econômica. “As paróquias estão se tornando uma espécie de caça-níqueis”, disse-nos.
Ele mesmo nos contava de um bispo bastante panfletário, do interior do Estado do Rio de Janeiro, que cobra espórtulas de cada crismando e até das crianças para as quais administra a Primeira Comunhão. Boatos?! Tomara!
É espantoso que alguns prelados sejam tão ávidos por dinheiro com a desculpa de construirem catedrais horripilantes e, mais ainda, que tenham horror a qualquer coisa que lembre a tradição da Igreja, mas fiquem excitados com cultos ecumênicos e palestras em lojas maçônicas. Se bem que os maçons têm muito dinheiro…
Longe de nós imaginar que a nunciatura apostólica considere o montante das contas das dioceses como critério para promoções episcopais! Tampouco imaginamos nossos veneráveis bispos se exibindo mutuamente ao descortinarem os saldos de suas dioceses. Seria vergonhoso, seria digno de Judas, que se perdeu por causa de umas moedas de prata (no idioma de Francisco, chama-se o dinheiro de la plata). Mas os nossos sucessores dos apóstolos não são, em definitivo, sucessores de Judas. Seria absurdo!
Francisco, aliás, dizia ao CELAM: “a Igreja também não pode ser reduzida a uma organização dirigida, com modernos critérios empresariais, por uma casta clerical”.
Nossa referida fonte dizia que ouviu de um bispo que “a desgraça do Papa Francisco são os padres jovens, todos conservadores”.
Não! Definitivamente, não! A desgraça do Papa que queria “uma Igreja pobre e para os pobres” são os seus defensores mais apaixonados, que o desmentem com suas atitudes.
Alguém crê, seriamente, que nosso episcopado esteja preocupado com a conversão de alguém a Deus, com a evangelização corpo-a-corpo, com a acolhida de casais feridos, mesmo a destes recasados que tanto defendem? Na Alemanha, pelo menos (e desgraçadamente), os bispos querem angariar o dízimo dos adúlteros. No Brasil, como o mesmo não é diretamente tributado pelo governo do salário e repassado para a Conferência Episcopal, seria o sacrilégio o único interesse?
Papa Bergoglio auspicia uma Igreja em saída, mas os bispos não crêem nisso, eles creem numa Igreja de entradas.
Entendemos agora por que o projeto de Francisco já nasceu fracassado e permanecerá exatamente assim para sempre? Ninguém crê nele. Todos sabem que se trata apenas de um discurso, um grande teatro!