Por Roberto de Mattei, Corrispondenza romana, 27 de setembro de 2017 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com: A “correção filial” dirigida ao Papa Francisco por mais de 60 estudiosos e pastores da Igreja Católica teve um extraordinário impacto em todo o mundo. Não faltou quem quisesse tentar minimizar a iniciativa afirmando que o número de signatários “é limitado e marginal”. Mas se a iniciativa é irrelevante, por que as repercussões estão sendo tão amplas em toda a mídia dos cinco continentes, inclusive em países como a Rússia e a China? Uma pesquisa no Google News –– observa Steve Skojec no Onepeterfive –– resultou em mais de 5.000 notícias, enquanto mais de 100.000 foram as visitas ao site http://www.correctiofilialis.org em 48 horas. A adesão nesse site está aberta, embora apenas algumas assinaturas sejam visíveis.
É necessário admitir que o motivo dessa repercussão mundial não é senão um: a verdade pode ser ignorada ou reprimida, mas quando se manifesta com clareza, tem uma força intrínseca própria e está destinada a difundir-se. O principal inimigo da verdade não é o erro, mas a ambiguidade. A causa da propagação de erros e de heresias na Igreja não deve ser atribuída à força desses erros, mas ao silêncio culposo daqueles que deveriam defender a verdade do Evangelho de viseira erguida.
A verdade anunciada pela “correção filial” é que o Papa Francisco, através de uma longa série de palavras, atos e omissões, “apoiou, direta ou indiretamente, e propagou dentro da Igreja, com um grau de consciência que não procuramos julgar, tanto por ofício público como por ato privado”, pelo menos sete “proposições falsas e heréticas”. Os signatários insistem com respeito que o Papa “rejeite publicamente essas proposições, cumprindo assim o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro e, através dele, a todos os seus sucessores até o fim do mundo: ‘Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos’”.
Nenhuma resposta foi dada até agora ao mérito da correção. Houve apenas uma inábil tentativa de desqualificar ou dividir os signatários, concentrando o foco sobre alguns dos mais conhecidos, como o ex-presidente do IOR [o “banco do Vaticano”], Ettore Gotti Tedeschi. Na verdade, como o próprio Gotti Tedeschi declarou em entrevista com Marco Tosatti em 24 de setembro, os autores da Correctio fizeram um ato de amor à Igreja e ao Papado.
Tanto Gotti Tedeschi quanto outro ilustre signatário, o escritor alemão Martin Mosebach, foram aplaudidos no dia 14 de setembro no Angelicum por um público de mais de 400 sacerdotes e leigos, incluindo três cardeais e vários bispos, por ocasião do simpósio sobre os dez anos do motu proprio Summorum Pontificum. Dois outros signatários, os professores Claudio Pierantoni e Anna Silva, expressaram as mesmas ideias da Correctio no simpósio “Fare chiarezza” [Esclarecer], organizado em 23 de abril pela Nuova Bussola Quotidiana com o apoio de outros purpurados, entre os quais o falecido cardeal Carlo Caffarra.
Muitos outros signatários do documento ocupam ou ocuparam cargos importantes em instituições eclesiásticas. Outros ainda são eminentes professores universitários. Se, dentro do mundo católico, os autores da Correctio fossem isolados, seu documento não teria tido o eco que teve.
A Correctio filialis é apenas a ponta de um vasto iceberg de descontentamento pela desorientação em que se encontra hoje a Igreja. Uma Súplica filial ao Papa Francisco foi assinada em 2015 por aproximadamente 900.000 pessoas em todo o mundo, e uma Declaração de fidelidade ao ensinamento imutável da Igreja sobre casamento, apresentada em 2016 por 80 personalidades católicas, coletou 35 mil assinaturas.
Um ano atrás, quatro cardeais formularam dubia sobre a exortação Amoris laetitia. Enquanto isso, escândalos de caráter econômico e moral minam o pontificado do Papa Francisco, cuja difícil posição foi posta em relevo pelo vaticanista norte-americano John Allen, de orientação não tradicional, em seu site Crux no dia 25 de setembro.
Entre as acusações mais ridículas feitas aos signatários do documento está a de serem “lefebvristas”, por causa da assinatura do bispo Bernard Fellay, Superior da Fraternidade São Pio X. A adesão de Mons. Fellay a um documento desse gênero é um ato histórico que esclarece sem sombra de dúvida a posição da Fraternidade em relação ao novo pontificado. Mas o “lefebvrismo” é uma etiqueta que joga nos lábios dos progressistas o mesmo papel que o termo “fascismo” tinha para os comunistas nos anos setenta: desacreditar o adversário sem discutir as razões.
A presença de Mons. Fellay é, além do mais, tranquilizadora para todos os signatários da Correctio. Como imaginar que o Papa não tenha em relação a eles a mesma compreensão e benevolência que demonstrou nos últimos dois anos para com a Fraternidade São Pio X?
O arcebispo de Chieti, Dom Bruno Forte, ex-secretário especial do Sínodo dos Bispos sobre a Família, declarou que a Correctio representa “uma atitude preconceituosamente fechada ao espírito do Concílio Vaticano II que o Papa Francisco está encarnando tão profundamente” (Avvenire, 26 de setembro de 2017 ). O espírito do Vaticano II encarnado pelo Papa Francisco, escreve por sua vez Mons. Giuseppe Lorizio no mesmo quotidiano da Conferência Episcopal Italiana, consiste no primado da pastoral sobre a teologia, ou na subordinação da lei natural à experiência da vida, porque, explica ele, “a pastoral compreende e inclui a teologia”, e não vice-versa.
Mons. Lorizio ensina Teologia na mesma faculdade da Universidade Lateranense da qual foi decano Mons. Brunero Gherardini, falecido em 22 de setembro, na véspera da Correctio, que ele não pôde assinar devido às precárias condições de sua saúde. O grande expoente da escola teológica romana mostrou em seus últimos livros a que resultado calamitoso conduz o primado da pastoral anunciado pelo Vaticano II e propagado por seus hermeneutas ultraprogressistas, entre os quais o próprio Dom Forte e o teólogo improvisado Massimo Faggioli que, com Alberto Melloni, estão se distinguindo por seus inconsistentes ataques à Correctio.
Dom Forte acrescentou em Avvenire que o documento é uma iniciativa que não pode ser compartilhada por “por quem é fiel ao sucessor de Pedro, no qual reconhece o pastor que o Senhor deu à Igreja como o guia da comunhão universal. A fidelidade é sempre dirigida ao Deus vivo, que hoje fala na Igreja através do Papa”. Chegamos, portanto, ao ponto de definir o Papa Francisco como “Deus vivo”, esquecendo que o fundamento da Igreja é Jesus Cristo, de Quem o Papa é o representante na Terra, e não o divino proprietário. O Papa não é, como escreveu corretamente Antonio Socci, um “segundo Jesus” (Libero, 24 de setembro de 2017), mas o 266º sucessor de Pedro. Seu mandato não é para mudar ou “melhorar” as palavras de Nosso Senhor, mas para conservá-las e transmiti-las da maneira mais fiel. Se isso não acontecer, os católicos têm o dever de reprová-lo filialmente, seguindo o exemplo de São Paulo em relação ao Príncipe dos Apóstolos, Pedro (Gal. II, 11).
Finalmente, ele se impressiona pelo fato de os cardeais Walter Brandmüller e Raymond Leo Burke não terem assinado o documento, ignorando, como ressalta Rorate Coeli, que a Correção dos sessenta possui um caráter puramente teológico, enquanto a dos cardeais, quando ocorrer, terá uma autoridade e um alcance bem diversos, inclusive no plano canônico. A correção do nosso próximo, prevista pelo Evangelho e pelo atual Código de Direito Canônico (artigo 212, parágrafo 3º), pode ter expressões diferentes. “Este princípio de correção fraterna dentro da Igreja –– declarou Dom Athanasius Schneider em recente entrevista com Maike Hickson –– sempre foi válido, inclusive em relação ao Papa, e, portanto, deve ser válido mesmo em nosso tempo. Infelizmente, quem quer ouse em nossos dias falar a verdade –– mesmo quando o faz com respeito aos Pastores da Igreja –– é classificado como um inimigo da unidade, como aconteceu com São Paulo, quando ele declarou: ‘Tornei-me, acaso, vosso inimigo, porque vos disse a verdade?’” (Gálatas 4:16).
O apoio recente–e o que ainda por decerto virá–da Correctio são prova que o cardeal Hummes estava redondamente enganado ao dizer que do lado oposto do Papa estavam apenas os quatro cardeais das Dubia.
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“Número irrisório” de signatários ??? O que dizer de um homem que pregou só por três “irrisórios” anos e mudou o mundo?
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É! Francisco não quer calçar as sandálias da humildade! Como todo bom progressista, está acima de tudo e de todos!
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Saudades do meu amigo, professor Orlando Fedeli !!!
como ficam agora os padres, bispos e leigos que se ocupavam em ridiculariza-lo quando dizia que o Papa pode ser criticado?
Agora que milhares de vozes na Igreja são obrigadas a se expor para defender aquilo que o senhor sempre dizia, como ficam agora os legalistas de conveniência que tanto insultaram o senhor por fazer críticas mais do que fundamentadas contra o CV II e seus desdobramentos horríveis?
Descanse em Paz nos braços da Virgem Maria, professor !
Sua luta não foi em vão e o tempo provou que o senhor estava certo!
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Começam a tornar-se perceptíveis, entre fiéis ” comuns” , rumores sobre condutas equivocadas, ou mesmo erradas, emanadas do atual Papado.
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É possível que o sínodo do ano que vem exija outra “dubia” dos cardeais, e outra correção filial? Tenho ouvido falar pouco deste sínodo, só sei que o tema será sobre os jovens. É possível que ponham em discussão novamente os temas polêmicos rejeitados no sínodo anterior, tentando novamente a sua aprovação? Por que se isso ocorrer o cisma será inevitável.
Nas aparições de Garanbadal que aguardam a aprovação da Igreja está previsto um sínodo e um cisma como sinal da proximidade do “Grande Aviso”.
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E se Bento XVI assinasse a correctio…
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A questão do papa Francisco atualmente acusado até de propalar ambiguidades e/ou imprecisões doutrinarias, provaveis heresias e aderir aos esquerdistas é analisar seus antecedentes pregressos quando ainda cardeal em B Aires, como após uma celebração da S Missa permitiu o casal *Ángel Zavaleta-Graciela Scuri, essa com roupas de boite dançarem um tango bem à frente do altar; suas ligações com os rotarianos pára-maçônicos e reconhecido rotariano desde 1999.
Suas celebrações ditas infantis ruidosas, com dancinhas tipo shows, além doutros comportamentos que, quando escolhido para o papado, as esquerdas regozijaram-se, desde a TL via escabroso L Boff até à euforia dos grão-mestres maçons pressentindo até se sintonizarem doravante com a Igreja católica, assim como em sua primeira apresentação como papa justamente aparecerem na sacada o enigmático cardeal Daneels da suposta mafia de S Gallen e nada confiável Dom Hummes, amigo particular e permitindo a auto comunhão do satano-comunista Lula!
As correções propriamente ditas enumeram as passagens da Amoris laetitia em que as posições heréticas seriam insinuadas, apoio ao heresiarca Lutero etc., e encorajadas, como na questão de deixarem certos decisões a criterio do confessor, comportamento esse que pouco ou nada se diferiria de consultarem pastores(as) protestantes e ver a opinião de cada um, até particularizadamente julgar qual deles seria mais correto ou conveniente ao caso pessoal…
Os eventuais equívocos atuais se atrelariam aos acima, embora em franca ascensão em novas frentes e com os modernistas-midia globalista jamais o questionando, mau sinal.
*https://www.youtube.com/watch?v=DrX9KPBurzI
.
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Dúvida: Bento XVI ainda tem poder de decisão em alguma coisa lá dentro?
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Certos nomes – Roberto de Mattei e Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira – dessa movimentação vindicativa da honra da Igreja são bem conhecidos. E dois nomes também conhecidos se erguem silenciosos: um clérigo, D. Antônio de Castro Mayer; um leigo, Plínio Corrêa de Oliveira.
A história que não aconteceu…E se D. Antônio tivesse aderido à apostasia do Vaticano II e se aposentado confortavelmente? E se PCO tivesse simplesmente advogado a vida inteira e tido uma vida anônima de católico de paróquia?
Monsenhor Lefebvre não contou com o apoio das inciativas de ambos, D. Antônio e Plínio, durante o Concílio? Quem montou em Roma um escritório para divulgar a doutrina católica, com papeis mimeografados – o pouco, então, que se podia fazer para resistir à quadrilha que dominou o Concílio sob o olhar gélido e sinistro de Paulo VI? Quem montou esse escritório?
Então, escolhas certas, mesmo que pontuais, mas providenciais, podem ter um alcance realmente imprevisível e duradouro.
Nunca quis me envolver com grupo nenhum. Nunca vi PCO. Tenho idade para isso, e, no entanto, não deixo de me perguntar quem é essa figura enigmática. Curioso: tenho dezenas de folhas datilografadas, amarelas de velhas, de conferências transcritas e de estudos de metafísica e de religião. À margem das folhas, correções e apontamentos do próprio PCO. E eu nunca quis ouvi-lo pessoalmente.
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Curiosamente, PCO, mesmo já falecido, está entrando nessa guerra por mais de um ‘front’, se assim se pode dizer.
Primeiro pela influência formadora que teve em mentes como Roberto de Mattei e o Cônego José Luis Villac – signatários da correctio.
Por outro lado, também é mentor dos Arautos, que em recentes refregas com possessos andaram ouvindo que ‘Francisco é guiado pelo diabo’ – afirmação chocante que sem dúvidas trouxe problemas eclesiásticos para os Arautos, mas que teve um impacto terrível junto ao grande público, minando a confiança cega que muita gente depositava no até então intocável papa argentino. Bergoglio já deve ter sonhado com Dr Plinio…
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Infelizmente existem duas petições correndo paralelamente. O ideal seria que apenas a do lifepetitions fosse usada.
http://www.change.org/p/petition-support-by-the-catholic-laity-for-the-filial-correction-of-pope-francis
lifepetitions.com/petition/petition-support-the-filial-correction-of-pope-francis-for-propagating-heresies
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Bruno, Salve Maria. De fato, Bento XVI não tem poder decisão nenhum, mas a sua assinatura só depende do seu juízo.
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o pastor sagrado sofre uma inércia ou uma dormência espíritual ,não se sabe exatamente o que esta havendo com o papa francisco e muitos padres . o que está acontecendo meu Deus com nossa igreja com esses representantes da igreja católica.é o fim dos tempos e o cujo anjo das trevas já esta dominando o mundo. devemos rezar muito irmãos e irmãs em nosso senhor jesus cristo. já é a nova era em conjunto com a nova ordem mundial.
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