Felix Sit Annus Novus!

O Fratres in Unum deseja um Santo Ano de 2018!

Entramos em um pequeno recesso e retornamos na segunda quinzena de janeiro. Até lá!

 

A seguir, os posts de 2017 mais lidos:

  1. Niterói: gravíssimo ataque a Nosso Senhor e a Sacerdote durante Missa Tradicional.
  2. Bispo de Caicó, RN: Homossexualismo é dom dado por Deus.
  3. Explosivo – Antonio Socci: Cardeais da Cúria que elegeram Francisco querem convencê-lo a renunciar.
  4. Aos pés de Buda.
  5. Mons. João Clá renuncia a posto de Superior Geral dos Arautos do Evangelho.
  6. Roma fará visita apostólica aos Arautos do Evangelho e comissão já está sendo formada.
  7. Geo-estrategista italiano alimenta debate sobre a renúncia do Papa Bento XVI.
  8. Editorial: Francisco humilha Sarah. O apogeu da Babel litúrgica.
  9. Editorial – Um único pecado: corrigir Papa Francisco.
  10. Boff: Ajudei o papa a escrever a ‘Laudato si’. Haverá uma grande surpresa. Talvez padres casados ou mulheres diáconos.

 

 

Coluna do Padre Élcio: “José e Maria maravilhavam-se das coisas que se diziam de Jesus”.

Explicação do Evangelho do Domingo dentro da Oitava do Natal.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com

S. Lucas II, 33-40
“José e Maria, Mãe de Jesus, maravilhavam-se das coisas que se diziam d’Ele. Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe: Eis que este (Menino) está posto para ruína e para ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada trespassará a tua alma, a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos nos corações de muitos. Havia também uma profetisa, (chamada) Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; estava em idade muito avançada, tinha vivido sete anos com seu marido, desde a sua virgindade, e (permanecido) viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações. Ela também sobrevindo nesta mesma ocasião, louvava a Deus,  falava dele a todos os de Jerusalém, que esperavam a redenção. Depois que cumpriram tudo, segundo o que mandava a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. O Menino crescia e se fortificava cheio de sabedoria, e a graça de Deus era com ele.”

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

José e Maria maravilhavam-se das coisas que se diziam de Jesus. Mas esta admiração não datava deste dia somente. Maria, santíssima Mãe de Jesus, já havia admirado  a anunciação do Anjo, a saudação de sua prima Isabel, a demonstração de alegria do Precursor nos seio de sua mãe, os transportes de alegria de Zacarias no nascimento de seu filho João.

Que a Sagrada Família de Nazaré proteja as famílias brasileiras.

José e Maria juntos já haviam admirado a alegria dos Anjos, e seus santos cânticos no nascimento do Salvador, a visita dos pastores, as adorações dos Reis Magos e enfim maravilharam-se neste momento, a chegada inesperada do Velho Simeão e o testemunho que acabava de dar do Cristo. Realmente quantos motivos de admiração: “uma virgem concebe, uma mulher estéril dá à luz, um mudo fala, Isabel profetiza, João salta de alegria no seio materno, os Magos adoram, uma viúva O confessa, um justo espera” (Cf. Amb. L. II, in Luc.). Simeão os abençoa: É óbvio que não abençoa Jesus porque é o justo Simeão desejava ser abençoado por Ele. Abençoa, portanto, José e Maria. Embora Maria e José  o ultrapassavam em santidade, Simeão possuía a dignidade sacerdotal que lhe dava o direito de abençoar o povo.

Caríssimos, meditemos profundamente naquela profecia de Simeão. Aqui este idoso justo se dirige só à Maria  porque Maria somente era verdadeiramente a mãe de Jesus, e José era apenas seu pai adotivo, portanto, pai só de nome. Quando Simeão prediz que o Menino será ruína para muitos, certamente já era a ponta da espada de dor a ferir o imaculado Coração de Maria! Deus quer que todos os homens se salvem (Cf. 1 Tim., II, 4). O velho Simeão, é obvio, não quis dizer que Jesus seria causa da ruína de muitos (seria blasfêmia dizê-lo); queria sim dizer que seria ocasião. Antes já o havia explicado o profeta Isaías: “E será para vós um motivo de santificação, ao passo que servirá de pedra de tropeço, e de pedra de escândalo às duas casas de Israel; de laço e de ruína aos habitantes de Jerusalém” (Isaías VIII, 14 e 15). S. Paulo também o diz em Romanos IX, 33: “Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma pedra de escândalo; e todo aquele que crê nela, não será confundido”. O próprio Jesus explicá-lo-á: “Se eu não tivesse vindo e não lhes tivesse falado, não teriam culpa, mas agora não têm desculpa de seu pecado” (S. João XV, 22). Jesus Cristo é o único Salvador; mas muitos O odiaram sem motivo. E rejeitar o Salvador é atrair para si a ruína.

Mas quando o Velho Simeão diz à Maria que Jesus foi estabelecido para a ressurreição de muitos, ele quer dizer que Jesus é a causa, e não somente a ocasião de sua salvação. Ele é a causa geral da salvação de todos os homens, pelo benefício da Redenção; Ele é a causa particular da salvação dos justos pela Sua graça. Ele nos abre a porta do céu pela sua Paixão e Morte. Ele nos mostra o caminho pela Sua lei, Ele nos guia pelos seus exemplos. Ele nos sustenta na graça pelos seus socorros. Nossa salvação vem d’Ele, enquanto nossa condenação vem de nós: “A tua perdição, ó Israel, vem de ti mesmo, só em mim está o teu
auxílio” (Oséias XIII, 9).

Assim, Jesus Cristo foi a ressurreição de uns e a ruína de outros entre os filhos de Israel. O que Ele foi para o tempo em que viveu e para a nação que O possuiu, Ele não cessa de ser para as idades seguintes e para a universalidade do gênero humano. Nosso Senhor Jesus Cristo é a ressurreição de todos aqueles que escutam sua voz, que crêem em sua palavra, que observam sua lei e todos aqueles que confiam n’Ele como o único Mestre divino. Por outro lado, Ele é ruína para aqueles que não querem ouvir sua doutrina, que recusam crer n’Ele e rejeitam seus ensinamentos e desobedecem seus preceitos.

O Velho Simeão acrescenta que Jesus será um sinal de contradição. Esta profecia se realizou completamente na vida de Jesus. Que espécie de contradição tenha lhe faltado? Contradição à Sua pessoa, pois, não teve onde repousar a cabeça; contradição às Suas ações cujos motivos foram deturpados; contradição em Seus milagres que foram atribuídos a Belzebu; contradição às Sua palavras, que foram julgadas com intenções pérfidas; contradição da parte dos fariseus que O caluniaram; da parte dos doutores que O desprezaram; da parte dos sacerdotes que O perseguiram; da parte do povo que, logo após querer aclamá-Lo rei, quis apedrejá-LO; mesmo da parte dos Apóstolos cuja ignorância e ridículas pretensões  Jesus se viu obrigado a suportar. E nestes dois mil anos e hoje especialmente, Jesus é alvo de contradição, objeto de ofensas pelas heresias e impiedades. Quantos Judas Iscariotes!…

Quantos hierarcas eclesiásticos negam a Jesus diante dos inimigos, muitos dos quais estão inclusive infiltrados dentro da Igreja! Pelos conhecimentos das profecias Messiânicas e agora sobretudo pela profecia do Velho Simeão, Maria Santíssima contemplava o seu Filho e tinha diante dos olhos aquela imagem que fora mostrada no céu, por uma revelação divina, a S. João Evangelista: “Vi um Cordeiro que estava de pé, parecendo ter sido imolado” (Cf. Apoc. V, 6). O Cordeiro divino imolado pela salvação do mundo! E que dor  para Maria saber que o Sangue deste Cordeiro (que é o sangue de seu Coração Imaculado) será sem utilidade para muitos: “Quae utilitas in sanguine meo?” E sua dor era naturalmente em proporção com seu amor. Ora, ela amava Jesus não somente como seu Filho, mas também como seu Deus. Mas estas dores de Maria, estes tormentos e esta morte de Jesus teriam por efeito manifestar os corações de muitos. É nestas circunstâncias, com efeito, que se revelarão e se descobrirão as secretas disposições dos Judeus a respeito de Jesus; é, então, que aparecerão seus verdadeiros discípulos e que se farão conhecer seus inimigos. A tentação tem portanto esta utilidade de separar a palha do bom grão e os justos dos pecadores. A perseguição faz aparecer os mártires e patenteia os apóstatas; a heresia e o cisma colocam de um lado os filhos dóceis da Igreja e de outro, seus adversários. As seduções do mundo arrastam os fracos no caminho do mal, mas confirmam o fortes na senda do bem. As lutas presentes, as quais assistimos durante algum tempo, estes combates encarniçados do erro contra a verdade, estes ataques violentos a Jesus Cristo, à Igreja, ao sacerdócio, aos dogmas obrigam os indecisos a se pronunciarem. E aí deles se não o fizerem! Na verdade, os maus tornam-se piores, mas os bons se tornam melhores. E grande número de indiferentes saem do sono de sua tibieza e alguns chegam mesmo a ser campeões da fé.

E havia também uma profetiza chamada Ana etc.: Caríssimos, grande número de pessoas habitavam o Templo, muito mais ilustres e mais elevados em dignidade que Simeão e Ana: sacerdotes, escribas, doutores. Jesus não se manifesta a eles. O Evangelho nos faz entender que foram as virtudes de Ana que lhe atraíram esta grande dita: sua vida de oração, penitência e pureza. Sobretudo esta última: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (S. Mat. V, 8).

Caríssimos e amados irmãos, devemos crescer sem cessar, progredir sempre na piedade, na virtude e na graça de Deus. É o preceito que nos dá o primeiro Chefe visível da Igreja: “Crescei em graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro III, 18). Amém!

As ameaças de um Papa à Cúria – um histórico inédito –, o escândalo Maradiaga e o endurecimento do controle no Vaticano. Bom Natal.

Por Marco Tosatti[1], Stilum Curiae, 21 de dezembro de 2017. Tradução: André Sampaio | FratresInUnum.com[2] A usual série de censuras que o pontífice reinante endereça à Cúria Romana [por ocasião da apresentação dos votos natalinos, n.d.t.] foi, este ano[3] [21 de dezembro], marcada por uma escolha de tempo – eventual, ou pretendida, não sabemos – particularmente infeliz. De fato, exatamente enquanto o soberano vaticano falava da “reforma em curso” e dizia “A propósito da reforma, vem-me à mente a frase simpática e significativa de Dom Frédéric-François-Xavier de Mérode: ‘Fazer reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egito com uma escova de dentes’”, Emiliano Fittipaldi revelava [no jornal L’Espresso] que um dos homens mais próximos do pontífice, o cardeal Oscar Maradiaga[4], combatente da Igreja pobre para os pobres, está envolvido em casos financeiros muito controversos de milhões de euros.

Francisco à Cúria Romana, na apresentação dos augúrios natalinos de 2017

No momento, Oscar Maradiaga é um dos principais conselheiros do papa; seu resoluto defensor; e é coordenador do famoso grupo de nove cardeais (o C9) que por anos vem trabalhando na reforma da Cúria, a qual, até agora, deu à luz o minúsculo bebê da unificação de alguns conselhos pontifícios em organismos maiores, e uma reforma dos meios de comunicação à qual definir como clara – ao menos nesta fase – representaria exagero.

Mas o pontífice se lançava, em seu discurso, contra outros: “Permitam-me aqui proferir duas palavras sobre outro perigo, que é o dos traidores da confiança ou dos que se aproveitam da maternidade da Igreja; ou seja, o perigo das pessoas que são selecionadas cuidadosamente para dar maior vigor ao corpo e à reforma, mas – não compreendendo a alçada da sua responsabilidade – se deixam corromper pela ambição ou pela vanglória e, quando são delicadamente afastadas, se autodeclaram falsamente mártires do sistema, do “papa desinformado”, da “velha guarda”, em vez de recitar o mea-culpa. A par dessas pessoas, há depois outras que ainda trabalham na Cúria, às quais se concede todo o tempo para retomarem o caminho certo, na esperança de que encontrem na paciência da Igreja uma oportunidade para se converterem, e não para se aproveitarem. Isso certamente sem esquecer a esmagadora maioria de pessoas fiéis que nela trabalham com louvável empenho, fidelidade, competência, dedicação e também grande santidade”.

“Delicadamente” é o advérbio que o papa Bergoglio usou sem hesitação; para definir as demissões sem motivo, as pressões mais ou menos claras exercidas sobre pessoas PARA fazê-las ir embora; se não… para definir as demissões que foram extorquidas com o “estímulo” da obediência e com prevaricações. Delicadamente!

Tudo isso enquanto o controle sobre e-mails, sobre telefones fixos, e – dizem-me – agora também sobre alguns tipos de celular, está atingindo um nível de fazer inveja a qualquer Coreia do Norte. Dizer que as palavras do pontífice parecem ameaçadoras (“às quais se concede todo o tempo para retomarem o caminho certo…”) é dizer pouco; não seriam diferentes se pronunciadas nos anos 70 por um secretário do Partido Comunista Chinês. Elas são também, por outro lado, um sinal evidente de que o grau de desconforto na Cúria cresce – à parte, obviamente, estão os vértices dos dicastérios, já quase completamente nomeados pelo papa Bergoglio ou homologados segundo o seu regime –; e, para responder a isso, se deve recorrer a ameaças explícitas, certamente jamais ouvidas da boca de um Vigário de Cristo. Bom Natal.

[1] http://www.marcotosatti.com/2017/12/21/le-minacce-di-un-papa-alla-curia-un-inedito-storico-lo-scandalo-maradiaga-e-linasprirsi-dei-controlli-in-vaticano-buon-natale/

[2] https://fratresinunum.com/

[3] http://w2.vatican.va/content/francesco/it/events/event.dir.html/content/vaticanevents/it/2017/12/21/curia-romana.html

[4] https://fratresinunum.com/2017/12/21/explode-um-novo-escandalo-no-vaticano-o-braco-direito-pontificio-de-35-mil-euros-por-mes/

“A homilia de Francisco parece estar inspirada mais em George Soros que em Jesus Cristo”.

O ataque do filósofo Diego Fusaro ao Papa Francisco: “A sua homilia pelo Jus soli foi inspirada por Soros”.

Por LiberoQuotidiano.it, 26 de dezembro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: A homilia de Papa Francisco na Noite de Natal desencadeou ferventes polêmicas entre os intelectuais e comentaristas. Ao ataque de Antonio Socci, que apontou o dedo no Facebook contra a “obsessão política” de Bergoglio, juntou-se também o filósofo Diego Fusaro, que acusa o Papa de continuar fazendo propaganda pelo Jus soli, que já foi derrotado no parlamento [ver aqui].

Segundo Fusaro, Bergoglio já começa mal, por causa de sua discordância em relação ao seu predecessor: “O Papa Ratzinger tinha coragem de criticar a mundanização e o desenraizamento capitalista. Papa Francisco, lamento recordar, está sempre se colocando ao serviço disso”.

A propósito da comparação feita por Papa Francisco de “Maria e José” com os imigrantes, Fusaro esclarece, ao seu modo: “Lei do coração (Hegel) e batee coração pela humanidade (ainda Hegel) não servem para nada, sem considerar os objetivos e relações de força: os quais nos dizem que dar a cidadania a todos é o primeiro passo para aniquilar o conceito de cidadania e tornar-nos todos escravos sem estado e migrantes”.

Em suma, a suspeita do filósofo é que o pontífice, a este ponto, não se inspire mais nos textos sagrados e na teologia da Igreja Católica, mas em outros e obscuros pontos de referência, tão atuais quanto inquietantes: “Em suma, a homilia de Francisco, desta vez, parece estar inspirada mais em George Soros que em Jesus Cristo”.

Resposta ao Prof. Peters.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza romana, 18-12-2017 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com: O Prof. Edward Peters é um erudito de comprovada ortodoxia, desejoso de limitar os danos da Exortação pós-sinodal Amoris laetitia do Papa Francisco através das armas do direito canônico, em particular do cânon 915 do novo Código, que diz: “Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto” (cf. E. Peters, Three ways to not deal with Canon 915 (Três maneiras de não lidar com o cânon 915), em “The Catholic World Report”, 24 de janeiro de 2017 e Some remarks on the de Mattei interview (Algumas observações sobre a entrevista de de Mattei, em “The Catholic World Report”, 13 de dezembro de 2017, na qual critica minha entrevista ao “Onepeterfive” em 11 de dezembro de 2017). Para este fim, ele tenta minimizar o “Rescriptum ex audientia SS.mi”, de 5 de junho de 2017, tornando praticamente irrelevantes no plano teológico e canônico os dois documentos anexados a ele (cf.  On the appearance of the pope’s letter to the Argentine bishops in the Acta Apostolicae Sedis (Sobre a publicação da carta do Papa aos bispos argentinos na Acta Apostolicae Sedis), em In the Light of the Law – A Canon Lawyer’s Blog, 4 de dezembro de 2017).

Vou tentar explicar por que essa posição, embora conduzida com boas intenções, parece-me fraca e perigosa.

No tocante ao direito canônico, reporto-me ao estudo de um resoluto jurista italiano (http://www.scuolaecclesiamater.org/2017/12/risposta-ai-dubia-o-eresia-conclamata.html) que se oculta sob o pseudônimo de Augustinus Hipponensis. Ele observa que, quando o cânon 915 menciona “outros que obstinadamente perseveram em pecado grave manifesto”, se refere não só aos divorciados recasados, mas a um grupo maior de pessoas que inclui, por exemplo e como recordou em um ensaio o cardeal Burke, até mesmo políticos que apoiam publicamente regulamentos sobre o aborto ou a eutanásia (Canon 915: The Discipline Regarding the Denial of Holy Communion to Those Obstinately Persevering in Manifest Grave Sin,  in “Periodica de re canonica” (2007), pp. 3-58).

A intenção do Papa Bergoglio não é modificar completamente o cânon 915, mas apenas expulgar dele uma categoria de pessoas (divorciadas e recasadas). Para fazer isso, não era necessário, nem mesmo lógico, mudar a regra geral. O decreto papal pretende mexer somente na proibição particular e específica (aos divorciados recasados), deixando a disposição geral intacta. O cânon 20 do novo Código em vigor, permite ao legislador revogar uma disciplina canônica anterior, mesmo tácita ou implicitamente, quando a lei posterior é incompatível com a anterior, ou quando sejam novamente reorganizadas as matérias abrangidas pela lei anterior. No nosso caso, parece indubitável que, do ponto de vista legislativo, a proibição consagrada na Familiaris Consortio e o direito divino já tinha sido revogada após a Exortação Amoris laetitia. “Hoje, certamente está revogada –  escreve o canonista Italiano –, já que que o Bispo de Roma, fazendo seus  os Critérios básicos (dos bispos argentinos) e elogiando-os como a única hermenêutica possível de sua Exortação, tencionou admitir a categoria dos divorciados recasados ​– ou, melhor dizendo, dos adúlteros – à Comunhão, prevendo para eles uma admissão gradual ao sacramento. Portanto, a proibição – outrora absoluta – não seria mais considerada tão rigorosa. É claro que, como afirma o Conselho Pontifício para os Textos Legislativos na Declaração de 2000, se trata de uma proibição do direito divino. Não há dúvida. E, portanto, surge um conflito indubitável entre o direito humano e o direito divino, o qual deve ser constatado, sem tentar iludi-lo, alegando uma suposta irrelevância dos dois documentos, nem evitando tirar as consequências teológicas e canônicas lógicas”.

Quanto ao aspecto teológico da questão, permito-me definir como errônea, ou pelo menos minimalista, a concepção que o Prof. Peters parece ter do Magistério da Igreja. O magistério ordinário, exercido diariamente pela Igreja, compreende encíclicas, decretos, cartas pastorais e discursos do Papa e bispos de todo o mundo. Quase todo o ensinamento de Pio XII sobre a regulação dos nascimentos foi expresso em discursos, como aqueles feitos às parteiras ou aos médicos católicos, aos quais, a se aplicar a visão redutora do Prof. Peters, se deveria negar o valor do Magistério autêntico. As centenas de documentos da Igreja recolhidos no Enchiridion Symbolorum definitionum declarationum et de rebus fidei et morum Heinrich Denzinger (1819-1883), atualizado ainda hoje, incluindo constituições, bulas, breves, motu proprio, decretos, encíclicas, exortações e cartas apostólica de todo tipo e em conjunto constituem o depósito da fé da Igreja. Poucos destes atos são per se infalíveis. Mas o próprio magistério ordinário pode se tornar infalível quando é universal, no sentido de ser constantemente repetido.

A Nota doutrinal explicativa da fórmula conclusiva da Professio fidei, da Congregação para a Doutrina da Fé, de 18 de maio de 1998 (AAS, 90 (1998), pp. 542-551), insiste em que uma doutrina deve ser entendida como proposta infalivelmente quando, embora não haja nenhuma definição formal, “essa doutrina, pertencente ao patrimônio do depositum fidei, é ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (n. 9). Magistério ordinário universal que, como explica a Congregação para a Doutrina da Fé, para ser considerado infalível deve ser “entendido em sentido dicrônico, e não necessariamente apenas sincrônico” (id., ibid. Nota 27). Portanto, “nas encíclicas Veritatis Splendor, Evangelium Vitae e na própria Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, o Romano Pontífice pretendeu, embora não de forma solene, confirmar e reafirmar doutrinas que pertencem ao ensinamento do Magistério ordinário e universal, e que, portanto, devem ser mantidas de modo definitivo e inequívoco” (Cardeal Tarcísio Bertone, “A proposito della recezione dei documenti del magistero e del dissenso pubblico”, Osservatore Romano de 20-12-1996). 

Em 2 de dezembro de 2017, o Vaticano anunciou que no dia 5 de junho deste ano o Papa Francisco conferiu o status de “magistério autêntico” à carta enviada em 5 de setembro de 2016 aos bispos da região de Buenos Aires. O texto da Carta, juntamente com os Criterios básicos elaborados pelos bispos argentinos, foram publicados em forma de Epístola Apostólica na Acta Apostolicae Sedis, o registro oficial da Sé Apostólica (fascículo 10, do ano 2016, pp. 1071-1074). Os dois documentos foram promulgados com um reescrito ex audientia SS.mi, assinado pelo Secretário de Estado, D. Pietro Parolin, que, além de organizar a publicação dos dois atos acima mencionados, qualificou-os como uma expressão do Magistério Autêntico (Summus Pontifex decernit ut duo Documenta quae praecedunt edantur para publicação em in situ electronico Vatican et in Actis Apostolicae Sedis, velut Magisterium authenticum).

Este documento, como a Exortação Apostólica Amoris laetitia, pertence certamente ao Magistério ordinário da Igreja. Como bem nota o Pe. Brian Harrison, em um texto apresentado por outro erudito distinto, Prof. Paul Pasqualucci (http://chiesaepostconcilio.blogspot.it/2017/12/crisi-della-chiesa-un-intervento-del.html), as Epistulae apostolicae são de grau superior às Litterae apostolicae, aos Motu Proprios e até mesmo às Constituições Apostólicas, como aquela com a qual João Paulo II promulgou o Catecismo da Igreja Católica. João Paulo usou uma Epístola Apostólica para promulgar o que é considerado uma definição ex cathedra proclamando uma verdade infalível da segunda categoria (tenenda definitiva); isto é, que apenas os homens podem ser sacerdotes ordenados (Ordinatio Sacerdotalis, 1994). O caráter infalível não deriva naturalmente da forma da epístola apostólica, mas do fato de que o ensinamento do Papa confirmou aquele plurissecular da Igreja. Portanto, não erroneamente, o cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho dos Textos Legislativos, declarou 5 de dezembro ao “Catholic News Service”: “O fato de o Papa solicitar que suas cartas e as interpretações dos bispos de Buenos Aires sejam publicadas no AAS significa que Sua Santidade deu a esses documentos uma qualificação particular que os eleva ao nível de ser ensinamentos oficiais da igreja”. “Embora o conteúdo da própria carta do Papa não contenha ensinamentos sobre fé e moral, ele aponta para as interpretações dos bispos argentinos e as confirma como autenticamente refletindo sua própria mente”, disse o cardeal. “Assim, juntos, os dois documnetos se tornaram o autêntico magistério do Santo Padre para toda a Igreja”.

A Epístola do Papa Francisco desmancha qualquer tentativa de “hermenêutica da continuidade”, afirmando com autoridade que a única interpretação correta do cap. 8 da Exortação Apostólica Amoris laetitia é aquela apoiada pelos bispos de Buenos Aires em sua carta pastoral de 5 de setembro de 2016 (“No hay otras interpretaciones”). No artigo 6 dessa carta, os bispos afirmam que “caso se chegue a reconhecer que em um caso concreto há limitações que atenuam a responsabilidade e a culpabilidade (cf. 301-302), especialmente quando uma pessoa considere que cairia em uma posterior falta, prejudicando os filhos da nova união, Amoris Laetitia abre a possibilidade do acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia”.

Segundo Peters, os dois documentos do Papa Francisco não conteriam declarações sobre fé e moral, mas apenas disposições disciplinares. Mas um ato normativo, com caráter disciplinar em matéria de fé ou moral, é sempre um ato do Magistério. O Denzinger está cheio de disposições disciplinares ou pastorais, como as respostas de Nicolau I (858-867) “Ad consulta vestra” aos búlgaros de 13 de novembro de 866, que devem ser considerados atos de Magistério autênticos. No caso da Epístola do Papa Francisco, não estamos diante de uma regra de caráter disciplinar, mas de um novo ensinamento em matéria moral, que procura claramente admitir os adúlteros à Comunhão, prevendo para eles uma admissão gradual ao Sacramento.

A “hermenêutica da continuidade”, ou seja, a tentativa de interpretar documentos ambíguos ou errôneos à luz da Tradição da Igreja, funcionou mal mesmo quando um Papa como Bento XVI a promoveu. Não é ilusório pretender utilizá-la quando é o próprio Papa que propõe a hermenêutica da descontinuidade? Não é mais simples e lógico recordar que pode haver erro inclusive em atos do Magistério ordinário não infalível? Magistério autêntico não significa de fato “dogmático”, e se o fiel, após ter estudado cuidadosamente a questão, constata de maneira razoavelmente evidente uma oposição clara entre um texto deste Magistério e a lei divina da Igreja, ele pode licitamente suspender ou negar seu assentimento ao documento papal. Esta doutrina é encontrada nos teólogos mais conceituados, como o padre Hugo von Hurter (1832-1914), que afirma: “Se a mente dos fiéis apresenta razões graves e sólidas, especialmente teológicas, contra decisões do magistério autêntico [= não infalível] , tanto episcopal quanto pontifício, será lícito rejeitar o erro, assentir condicionalmente, ou mesmo suspender o assentimento” (Theologiae Dogmaticae Compendium, Wagneriana-Bloud et Barral, Innsbruck-Paris, 1883, vol. I, p. 492).

Recordando as palavras de São Paulo: Mas, se nós mesmos ou um anjo do céu vos anunciar outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1, 8), São Vicente de Lérins comenta: “Mas porque ele diz se nós mesmos e não se eu também? Porque isso significa que, mesmo que Pedro, André, João ou todo o colégio dos apóstolos vos pregassem um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja anátema. Que rigor tremendo! Para afirmar sua fidelidade à fé primitiva, ele não poupou a si mesmo nem aos outros apóstolos” (Commonitorium, capítulo VIII, 2). A possibilidade da infidelidade à Tradição de uma assembleia de bispos, e do próprio Pedro, por mais raro que seja, não é de se excluir. Fechar os olhos para a realidade equivale a embrenhar-se num beco sem saída. A razão e o sensus fidei impõem resistir, mesmo publicamente, a um Papa que sustenta e promove erros e heresias dentro da Igreja.

 

Um Santo e Feliz Natal!

A mensagem de Natal deste ano de FratresInUnum.com é o relato de nossa valorosa combatente Gercione Lima. Deo Gratias!

gercione

Queridos amigos!

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a todos vocês pela generosidade de suas orações, missas e novenas na minha intenção!

Esse ano foi um ano cheio de altos e baixos na minha luta contra o câncer de ovário em estágio IV. Como os médicos já disseram, a essa altura a doença se torna uma doença crônica com alto índice de recidivas.

E eu tive a minha primeira recidiva após apenas 4 meses livre da doença. Tornei-me aquilo que chamam “paciente resistente à carbo-platina” (um do medicamentos da quimioterapia-padrão), o que caracteriza minha doença como bem agressiva.

Mas o bom Deus nunca me abandonou! Em maio desse ano fui indicada e graças a Deus selecionada para o meu primeiro “clinical trial”. Ou seja, selecionada como “rato-de-laboratório” para testar um novo medicamento contra meu tipo de câncer. Até por isso tenho que ser agradecida, pois nem todos tem a mesma chance.

Inicialmente parecia promissor, mas esse é um dos altos-e-baixos da luta contra o câncer: nem tudo funciona igualmente para todos e depois de vários meses nesse “clinical trial” meu marcador tumoral foi para as nuvens.

Para vocês terem uma idéia, o marcador tumoral CA125 é considerado “normal” abaixo de 34 U/ml mas em Julho estava em 234 U/ml e agosto 1232 U/ml. Eu havia atingido a casa dos 4 dígitos! Nada parecia estar funcionando! Cheguei a pensar que o bom Deus queria mesmo me levar desse mundo e rápido!

Inicialmente minha recidiva se caracterizou pelo aparecimento de 3 nódulos linfáticos na região abdominal e eles pareciam crescer rápido. Mas para piorar a situação, apareceram mais dois na região do pescoço.

Como o primeiro “clinical trial” foi um fracasso, minha oncologista e eu resolvemos parar o tratamento e foi nesse intervalo que viajei para a peregrinação a Fátima e Lourdes para o Centenário de Fátima.

Em Fátima, eu ofereci todo o sofrimento dessa doença pela situação da Igreja e em Lourdes não pedi pela minha cura, mas supliquei à Virgem na gruta Massabielle e à Bernadette Soubirous que me ajudassem a encontrar um tratamento que desse algum resultado.

Quando retornei, minha oncologista me propôs um novo “clinical trial” que consiste numa espécie de quimioterapia padrão com Paclitaxel alternando com umas cápsulas orais de AZD. Muitos efeitos colaterais, alguns internamentos, mas enfrentei!

Inicialmente, não coloquei muita fé nessa quimioterapia oral, mas por incrível que pareça depois de um mês, os nódulos do pescoço desapareceram completamente e depois de dois meses fiz outra tomografia computadorizada e foi revelado que os nódulos do abdome reduziram em 75% de tamanho.

Ontem, ao fazer novamente meu exame de sangue para avaliar o meu marcador tumoral,  tive uma grata surpresa que me deixou extremamente feliz e esperançosa! Como por um milagre meu índice tumoral caiu para 8 U/ml que é pra lá de normal. Pela primeira vez tenho um único dígito em meu marcador tumoral!! Tenho outra tomografia marcada para o dia 11 de janeiro e se o bom Deus quiser, estarei N.E.D (No evidence of Disease) ou seja, “nenhuma evidência da doença”.

Continuem rezando para que eu possa ficar um longo tempo sem qualquer manifestação dessa doença, porque os tratamentos são exaustivos e debilitantes. Estou muito feliz porque poderei passar esse Natal sem quimioterapia.

Desde já desejo a todos um feliz e santo Natal e que o bom Deus nos dê fortaleza para enfrentarmos firmes na fé tudo que 2018 nos reserva!

Que Deus lhes abençoe!

Coluna do Padre Élcio: “Ó Jesus, que o vosso amor encha o vale de meu coração; que a humildade aplaine as colinas e os montes de meu orgulho”.

Explicação do Evangelho do 4º Domingo do Advento.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com

S. Lucas III, 1-6
1. No ano décimo quinto do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galileia, Filipe, seu irmão, tetrarca da Itureia e da província da Traconítides e Lisânias tetrarca da Abilínea, 2. sendo pontífices  Anás e Caifás, o Senhor falou a João, filho de Zacarias, no deserto. 3. E ele foi por toda a terra do Jordão, pregando o batismo de penitência para remissão dos pecados, 4.  como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas: 5.  Todo o vale será terraplanado, e todo o monte e colina serão arrasados; os caminhos tortuosos tornar-se-ão direitos, e os escabrosos planos;  6. e todo o homem verá a salvação de Deus”.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Observamos, em primeiro lugar o cuidado particular que o Evangelista, inspirado pelo Espírito Santo, tem de precisar a época, os lugares e as pessoas. Sua intenção é colocar os contemporâneos em condições de reconhecer a exatidão da narração evangélica, e assim, também impedir que no futuro os incrédulos  neguem os fatos aí contados.

natal - veni emannuelDevemos notar, outrossim, que S. Lucas nomeia, não somente os príncipes, os magistrados judeus, mas também os príncipes e governadores pagãos, como Tibério e Pôncio Pilatos. Porque, na verdade a religião deveria ser pregada também aos gentios e não somente aos judeus.

O Senhor falou a João no deserto: Estas palavras significam que S. João Batista recebeu positivamente de Deus, por inspiração ou pelo ministério dum Anjo, a ordem de anunciar o advento do Messias, e de Lhe preparar os caminhos, pregando a penitência. Ninguém, com efeito, pode profetizar e pregar, nem tão pouco exercer o sacerdócio, sem ter recebido de Deus um apelo positivo ou um missão especial: “Nenhum se arroga esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Aarão”. Em Jeremias XXIII, 16 e segs; em Ezequiel XIII Deus queixa-se em termos severos dos pregadores sem missão, que ousam, por sua própria e ilegítima autoridade, assumir o ministério da Palavra: “Eu não enviava
estes profetas e eles corriam; não lhes dizia nada e eles profetizavam”… “Eis que venho contra os profetas que sonham mentiras, diz o Senhor, que as contam e enganam o meu povo com suas mentiras e os seus milagres” (Jeremias XXXIII, 21 e 32).

João estava então no deserto, para onde se tinha retirado na mais tenra idade: “Ora, o menino crescia e se fortificava no espírito; e habitava nos desertos até ao dia da sua manifestação” (S. Lucas I, 80). Ali se preparou para a missão divina com uma vida de recolhimento, de penitência e de oração. A Santa Igreja  instituiu os Seminários como “desertos” abençoados com esta mesma finalidade de preparar os chamados por Deus para a pregação de Sua palavra e o exercício da administração de Seus Mistérios: “Logo, nós desempenhamos as funções de embaixadores por Cristo, como exortando-vos Deus por meio de nós” (2 Cor. V, 20).

Mas, caríssimos, que prega João Batista? A penitência. Esta é, na verdade, a primeira virtude do Cristianismo. À exemplo do divino Mestre, João primeiramente praticou e só depois ensinou aos outros: “Começou a fazer e a ensinar” (Cf. Atos I, 1). Jesus havia praticado a penitência nas intempéries duma estrebaria, na austeridade da pobreza em Nazaré e no jejum de quarenta dias no monte dentro do deserto.

Mas, por que a penitência? Qual era afinal a sua necessidade? Ah! caríssimos, nesta época,  o mundo estava cheio de iniquidade. “Toda carne tinha corrompido seu caminho”. Os pagãos adoravam em seus deuses os crimes mais revoltantes e as paixões mas ignominiosas. Os próprios Judeus, extraviados pela superstição, uniam a um rigorismo na observação exterior da lei, um extremo relaxamento na prática do bem real. Era necessário lavar estas manchas pela penitência e preparar assim as almas para recepção da graça da Redenção.

Mas que dizer da penitência nos dias atuais? Caríssimos, quem não vê que o pecado inundou o mundo? Assim, as palavras de Jesus: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis”, valem também para nós. Nossa Senhora em Lourdes e depois em Fátima pediu penitência; e mais de cem anos depois, só vemos mais pecados e menos penitência. A cidade de Nínive teria sido destruída caso o povo não tivesse feito penitência. E esta humanidade adúltera e pecadora se não fizer penitência, será também destruída. A quantidade de crimes: impiedade, blasfêmia, sensualidade, libertinagem, vícios das drogas, doutrinas perversas, ultrajes feitos Nosso Senhor Jesus Cristo, à Santíssima Virgem Maria e aos demais santos, menosprezo pela Sagrada Tradição, deturpação das Sagradas Escrituras, menosprezo pela Santa Madre Igreja. E os crimes mais horrorosos de nosso tempo é o ódio contra Deus e os sacrilégios contra a Santíssima Eucaristia. Têm prevalecido na Igreja doutrinas que negam o queda original do homem, que legitimam os instintos perversos dos homens, que reabilitam a carne, e olham a penitência como uma fraqueza e uma loucura. Portanto, reinam soberanos no mundo o materialismo, o panteísmo, o naturalismo e o subjetivismo. Constatamos em nossos tempos pagãos os vícios, as desordens de que o Cristianismo havia libertado o homem. Se entrarmos nas clausuras dos conventos, será que, pelo menos aí, ainda encontraremos penitência? Não queremos generalizar, mas podemos afirmar sem medo de errar, que, cada dia, dilui-se o espírito de penitência. Então, caríssimos, mais do que nunca, devemos pregar como o Batista: “Fazei dignos frutos de penitência… porque o machado já está posto à raiz das árvores .Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo” (S. Lucas III, 8 e 9).

“Que todo vale seja enchido”: Que significam estas palavras? O vale é símbolo das almas pusilânimes e dos corações relaxados e apegados as coisas baixas do mundo. Portanto, S. João Batista pregava a penitência para que as almas se tornassem corajosas e as vontades, adestradas na renúncia de si mesmas; os corações deveriam se desprender das coisas terrestres e dos sentimentos vis, e se afeiçoarem à coisas nobres e celestiais. “Sursum corda!” Corações ao alto! Os corações abatidos pelas desilusões da terra, devem se elevar para o céu. Os que estão apegados à terra como sapos, para usar a expressão de S. Luiz Grignon de Montfort, se elevem como águias para o Altíssimo. O Céu é nossa Pátria, lá devem estar nossas esperanças; lá sim, encontraremos a nossa eterna felicidade!

Caríssimos, aproveitemos o Advento para enchermos nossas deficiências com o amor de Deus e do próximo! “E toda montanha seja abaixada”: Isto é, os espíritos soberbos, os orgulhosos e ambiciosos deverão ser rebaixados e humilhados, porque o Deus que vai descer até a nossa miséria e ao nosso nada, resiste aos soberbos e dá porém, sua graça aos humildes. Na verdade, um coração cheio de amor próprio e de soberba, não pode estar cheio de Deus. “Os caminhos tortuosos tornar-se-ão retos”: Esta comparação é para indicar os corações cheios de desígnios perversos, corações que tenham sido entortados pela injustiça, pela dissimulação, pela hipocrisia, pela mentira e por toda espécie de vícios. Deverão, então, ser endireitados pelas normas da justiça, da verdade, da sinceridade e da pureza.

“Os caminhos ásperos serão aplainados”: Isto é, as almas violentas e duras, que se deixam levar da ira, do rancor, da vingança, voltarão à doçura, à mansidão e à caridade pela influência da penitência que, juntamente com a oração, atrai as graças celestes.

“E todo homem verá a salvação de Deus”: O homem assim preparado verá o Salvador e participará dos seus méritos e da sua glória. Caríssimos, se nós queremos que Jesus venha a nós, se manifeste à nossa alma, lhe faça sentir as doces influências da sua divina
presença, nos comunique verdadeiramente a sua vida e as suas virtudes, preparemo-nos seriamente para bem O receber, limpemos o nosso coração de tudo o que é indigno d’Ele, de tudo o que poderia contristá-Lo. Despojemo-nos do homem velho, e revistamo-nos do Novo, procurando assim levar uma vida digna de Jesus.

Caríssimos, coisa tristíssima, constatamos hoje: comunhões mal feitas, sem a mínima melhora na vida espiritual. Muitos comungam e temos a impressão de que não sentem Jesus, não recebem os frutos de salvação e de santidade que Ele traz consigo! Por que? É porque a sua preparação deixa a desejar; esses não trabalham na sua conversão, na correção dos seus defeitos, não se importam da recomendação de Isaías e da Santa Madre Igreja: “Preparai o caminho do Senhor…” E vejam que não me refiro aqui a comunhões sacrílegas, que infelizmente são muitas… falo das almas que comungam estando em estado de graça, mas comungam sem a devida preparação, por rotina e com tibieza.

Por isso, terminemos  voltando-nos para Jesus: Ó Jesus, que o vosso amor encha o vale de meu coração; que a humildade aplaine as colinas e os montes de meu orgulho. Destruí, ó Senhor, com a chama ardente do Vosso amor todo o meu orgulho, soberba e vaidade, arrancai toda fibra do meu coração que não seja Vossa ou que esteja envenenada pelo amor próprio. Também eu quero diminuir-me, ó Senhor, para que possais crescer em mim, para que no dia do Vosso nascimento possais encontrar o meu coração completamente vazio e livre e portanto pronto para uma total invasão do Vosso amor. Amém!

Explode um novo escândalo no Vaticano: o braço direito pontifício de 35 mil euros por mês.

O amigo e primeiro conselheiro de Francisco, Oscar Maradiaga, pregava o pauperismo, mas obtinha meio milhão [de euros] por ano de uma Universidade de Honduras. Bergoglio quis que se realizasse uma investigação inclusive sobre os investimentos milionários e os comportamentos inadequados do bispo Pineda, fidelíssimo do purpurado. E hoje mesmo o papa falou de “traidores e aproveitadores na Igreja”. A investigação completa será no “Expresso”, no próximo domingo.

Por Emiliano Firripaldi, L’Espresso, 21 de dezembro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com – Quando terminou de ler a investigação do visitador apostólico que ele mesmo havia mandado a Honduras em maio, Papa Francisco colocou as mãos no solidéu (ndt. pequeno chapéu em forma de circunferência que os eclesiásticos usam).

Cardeal Maradiaga

Tinha acabado de descobrir que o seu amigo e primeiro conselheiro – o poderoso cardeal Oscar Maradiaga, inflamado sustentador de uma Igreja pobre e pauperista, e, em 2013 promovido pelo próprio Bergoglio como coordenador do Conselho dos cardeais – recebeu por anos cerca de 35 mil euros por mês (ao que se acrescentava um 13o. salário de 54 mil euros em dezembro) da Universidade Católica de Tegucigalpa.

Bergoglio não podia nem imaginar que várias testemunhas, tanto eclesiásticos como leigos, acusasariam Maradiaga de fazer alguns investimentos milionários, em sociedades londrinas, que depois desapareceriam no nada, nem que o Tribunal de Contas do pequeno país da América Central estivesse investigando acerca da utilização de enormes somas de dinheiro dadas pelo governo hondurenho à “Fundação para a educação e a comunicação social” e à “Fundação Suyapa”, ambas sob a responsabilidade da Igreja local e, portanto, do próprio Maradiaga.

“O papa está triste e dolorido, mas também muito determinado a descobrir a verdade”, explicam agora na Casa Santa Marta. Não apenas sobre a utilização final dos pagamentos vertiginosos obtidos pelo cardeal (só em 2015, se lê num relatório interno da Universidade, revisado pelo “Espresso”, o purpurado recebeu quase meio milhão de euros, cifra que segundo algumas fontes teria embolsado por uma década, como “Grão-chanceler” do ateneu); mas também por outros detalhes muito desagradáveis contidos na instrutória dirigida pelo bispo argentino Jorge Pedro Casaretto. Um homem de confiança de Francisco que colocou preto no branco graves acusações trazidas por muitas testemunhas (foram ouvidas umas cinquenta, entre pessoal administrativo da diocese e da universidade, sacerdotes, seminaristas, além do motorista e do secretário do cardeal), também o bispo auxiliar de Tegucipalga Juan José Pineda, fidelíssimo de Maradiaga e de fato aquele que fazia suas funções na América Central.

Francisco, tendo estudado o dossiê que lhe chegou até as mãos há seis meses, chamou para si a decisão final.

Maradiaga, salesiano somo o ex-secretário de Estado, Tarcísio Bertone, nasceu em Honduras há 75 anos. O seu aniversário será em 29 de dezembro e depois de alguns dias deverá entregar as suas demissões sobre a escrivaninha de Francisco, que decidirá ou não se lhe confirmará em seus encargos.

Professor primário e professor de matemática no ensino médio, o purpurado é um homem cultíssimo, fala corretamente cinco línguas, é especialista em teologia moral e filosofia, e é um grande apaixonado por música. Tornou-se célebre na América Latina como inimigo jurado da corrupção e paladino dos mais indigentes, em 2013, Francisco, que aprecia os seus dotes intelectuais e de governo, quis que ele fosse chefe do grupo dos conselheiros que está executando a reforma da cúria romana.

As acusações são muitas. “Há despesas para amigos íntimos de Pineda, como um mexicano que se faz chamar de ‘frei Erick’, mas que nunca professou votos”, explica um missionário. “O personagem chama-se Erick Cravioto Fajardo e viveu por anos em um apartamento adjacente ao do cardeal, em Villa Iris. Recentemente, Pineda, que viveu com ele debaixo do mesmo teto, comprou para ele um apartamento no centro e um carro. Tememos que o dinheiro venha do caixa da Universidade ou da Diocese. Denunciamos este relacionamento próximo e mal falado também no Vaticano. O papa sabe de tudo”.

As testemunhas ouvidas pelo visitador Casaretto falaram também de investimentos milionários catastróficos: Maradiaga teria lançado somas imensas da diocese em algumas sociedades financeiras de Londres, como a Leman Wealth Management (cujo titular, ao lerem-se os registros da Company House da Inglaterra e Gales, é alguém chamado Youssry Henien), e agora parte do dinheiro dado como crédito (e depositados em contas de institutos alemães) teria desaparecido.

Não apenas. No relatório de Casaretto levanta-se a hipótese de importantes buracos no império midiático posto em pé pelo arcebispado e controlado pela Fundação Suyapa (que gerencia jornais e televisões da diocese), enquanto o bispo Pineda foi recentemente indicado pelos jornalistas locais como o dirigente de operações financeiras seguras e como o destinatário de fundos públicos (parece que um milhão de euros) para ostensivos projetos destinados “à formação dos valores dos fieis e à compreensão das leis e da vida social”. Despesas que, segundo os acusadores, nunca foram sustentadas por justificativas válidas.

No Vaticano estão preocupados também pela abertura, por parte do Tribunal de Contas de Honduras, de uma investigação contábil da Diocese entre os anos de 2012-2014: os juízes do Tribunal superior de Contas querem entender se as dezenas de milhões de lempiras doadas a cada ano pelo governo em favor da Fundação para a Educação e a Comunicação social, cujo representante é ainda Maradiaga, foram usadas para os objetivos previstos pela lei. Até agora, a Igreja não entregou – lê-se em uma carta dos magistrados obtida pelo “Espresso” – os ativos e os passivos, e as várias justificativas de despesa.

Logo entenderemos se Bergoglio considerará as pesadas acusações como críveis ou não.

Atribuem créditos ao Papa Francisco por ter ajudado a aprovar lei da eutanásia na Itália.

LifeSiteNews, Roma, 19 de dezembro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com – A eutanásia finalmente chegou à Itália e tanto os ativistas jubilantes do direito-de-morrer como os Católicos desconsolados estão atribuindo ao Papa Francisco parte do crédito. Além do mais, a nova legislação não garante aos médicos que quiserem recusar a participação o direito à objeção de consciência.

Na quinta-feira passada, o governo Italiano passou a lei que permite aos adultos determinar o tipo de cuidados médicos de fim-de-vida, incluindo as circunstâncias em que podem recusar o tratamento. Os Italianos agora poderão escrever “testamentos vivos”, nos quais eles poderão recusar não apenas tratamento médico, mas também hidratação e nutrição.

De acordo com a doutrina Católica, a retirada de nutrição e hidratação é uma forma de eutanásia passiva.

Essa lei Italiana sobre o fim da vida, também conhecida como “lei do biotestamento”, já havia sido introduzida trinta anos atrás, mas encontrou vigorosa oposição por parte de políticos pró-vida que bloquearam sua passagem sugerindo mais de três mil emendas. No entanto, na quarta-feira, todas essas emendas foram revogadas e a lei foi votada 180 contra 71, com 6 abstenções.

A nova legislação entrará no registro oficial no 40º aniversário da aprovação da lei Italiana que permite o aborto.

Críticos alegam que a resistência dos políticos Católicos contra essa lei foi enfraquecida depois do discurso do Papa Francisco à Pontifícia Academia para a Vida, quando ele disse que as pessoas podem recusar longos tratamentos médicos para prolongar a vida, mas deixou de mencionar que a administração de nutrição e alimentação são cuidados básicos humanitários, e não tratamento médico. De acordo com o jornal La Repubblica, da Itália, e o New York Times, muitos dos apoiadores da lei, e também muitos Católicos, viram no discurso de Francisco um “sinal verde” para a aprovação da nova lei.

“As palavras do Papa Francisco, no dia 16 de novembro, à Pontifícia Academia para a Vida sobre questões relativas ao final da vida, foram interpretadas como uma porta aberta à forma de eutanásia que é o chamado biotestamento”, escreveu Roberto de Mattei, historiador Católico e diretor da Fundação Lepanto da Itália.

Segundo Corrado Augias, do jornal La Repubblica, “as palavras do Papa foram necessárias para quebrar a última resistência de alguns Católicos e provavelmente — para convencer pelo menos um grupo entre eles a dar o seu consentimento [à lei pró-eutanásia ]”.

O defensor do “direito de morrer” Marco Cappato, membro do “Partido Radical” de extrema esquerda da Itália, elogiou Francisco imediatamente após seu discurso à Academia da Vida sobre o cuidado com os doentes terminais. Francisco, segundo ele, estaria do lado da nova lei.

“Que estava faltando uma lei que pelo menos respeitasse os direitos do doente terminal é algo que agora foi questionado até pelo próprio Papa”, escreveu ele naquele momento. “Quem sabe se agora os clericalistas no no Parlamento, que se acham mais Católicos que o Papa, não tomarão um momento para repensar seu obstrucionismo… sobre o biotestamento”.

Evidentemente que eles acabaram repensando.

O Papa Francisco, em seu discurso à Academia para a Vida disse: “(I)  é moralmente lícito decidir não adotar medidas terapêuticas ou descontinuá-las, quando seu uso não atende mais aos padrões éticos e humanitários que poderia ser chamado mais tarde “devidas proporções no uso de remédios” … permitindo assim que a decisão seja moralmente qualificada como retirada de “tratamento excessivo”.

O Papa Francisco pediu “discernimento” quando se trata de prolongar a vida, mas sem mencionar o cerne da questão, a saber, a retirada de nutrição e hidratação. Suas palavras para todos efeitos indicam um apoio à lei Italiana.

“Para determinar se uma intervenção médica clinicamente apropriada é de fato proporcional,  uma regra geral não é suficiente , disse o Papa.

“É necessário que haja um discernimento cauteloso do objeto moral, das circunstâncias presentes e das intenções dos envolvidos”, continuou ele.

“O paciente, primeiramente e antes de tudo, tem o direito, obviamente em diálogo com os profissionais médicos, de avaliar os tratamentos propostos e julgar se é realmente proporcional à sua realidade concreta e necessariamente recusá-lo se julgar que tal proporcionalidade lhe falta”, acrescentou ele.

De Mattei disse ao site LifeSiteNews que a Conferência dos Bispos Italianos também não falou contra a nova legislação.

Em uma entrevista ao La Repubblica, o aposentado Cardeal Ruini, de 86 anos, ex-presidente da Conferência Episcopal Italiana, lamentou a aprovação do projeto de lei. “Esta lei”, disse ele, “abre a porta para a eutanásia, sem, no entanto, nomeá-la”.

“É um método bastante hipócrita de se proceder, muito semelhante ao que usaram para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sem no entanto chamá-lo casamento e falando em união civil quando no final tem toda a substância de um casamento”, disse ele.

Ruini já havia sido duramente atacado há onze anos atrás por ter recusado o funeral Católico para o ativista pelo direito- de- morrer e membro do Partido Radical, Piergiorgio Welby.

O cardeal Ruini disse que a “falta de provisão para objeção de consciência por parte de médicos e outros profissionais médicos” é um dos mais sérios defeitos da lei.

Entre os ativistas Italianos pelo “direito-de-morrer” que foram fotografados enquanto comemoravam a aprovação da “lei do Biotestamento” estava a pioneira da lei do aborto do Partido Radical ” Emma Bonino. Ela estava sentada na câmara do Senado com a viúva de Piergiorgio Welby, Mina Welby, quando os resultados da votação foram exibidos. Bonino é famosamente considerada pelo Papa Francisco como uma entre os “grandes Italianos esquecidos”.