Coluna do Padre Élcio: “Fazei tudo o que meu Filho disser”.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo! Celebraram-se umas bodas em Caná de Galileia, e achava-se ali a Mãe de Jesus. E também Jesus foi convidado, com seus discípulos, para as bodas.

bodasLogo após o Batismo e os 40 dias de recolhimento, oração e penitência numa montanha perto de Jericó, depois de permitir ao demônio que O tentasse por três vezes, Jesus Cristo inicia sua vida pública que vai prolongar-se por três anos apenas. Já tinha em torno de si alguns discípulos, levados a Ele pelo testemunho de Seu Precursor, João Batista. Estando assim nos inícios de sua carreira evangélica, não havia feito ainda nenhum milagre para atestar sua missão. Jesus começa na pequena aldeia de Caná, perto de Nazaré, a série brilhante e ininterrupta de milagres que doravante encherá sua vida, e oferecerá ao mesmo tempo sólidos fundamentos à nossa fé e úteis instruções para nossos costumes.

Caríssimos, a fim de melhor acolher e compreender os ensinamentos destanarração evangélica, consideremos sucessivamente os diversos personagens desta cena de Caná.

Primeiramente consideremos os ESPOSOS. Sua conduta é inteiramente digna de elogio. Pois convidam a Jesus e Maria para seu casamento. Hoje, infelizmente são raríssimos os noivos que convidam Jesus e Maria para suas núpcias. Em se tratando de algo tão sério, tão importante do qual depende a sorte da vida inteira e até de gerações futuras, quantos são aqueles noivos que levam em conta os conselhos, os mandamentos e a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo? O Divino Mestre santificou a virgindade ao abraçá-la Ele mesmo e nascendo de uma virgem. Santificou, outrossim, o matrimônio elevando-o à dignidade de sacramento, honrando-o com Sua presença e com o seu primeiro milagre, com o qual aliás, mostra o poder de intercessão de sua Mãe Santíssima, e confirma seus primeiros discípulos na fé. Com a presença de Jesus e Maria, tudo nestas bodas é inteiramente puro, calmo, digno e santo.

Nada de enfeites imodestos, nada de modas imorais, nada de palavras licenciosas, nada de gritos desordenados, nada de danças, nada de dissipação extravagante. Tudo transcorre com ordem, paz e caridade. Os convivas sabem que Jesus e Maria estão lá, vêem-Nos, ouvem sua voz e se edificam com Sua conversação. Mas nos casamentos em que Jesus e Maria são simplesmente banidos, reina, ao invés, o espírito pagão e assim, como aconteceu com os sete primeiros esposos de Sara, filha de Raguel, quem tem todo poder é o Asmodeu, inimigo das almas.

Consideremos agora, MARIA SANTÍSSIMA. O que nela aparece em primeiro lugar é sua bondade, bondade esta que brilha  com uma espontaneidade e um desvelo admiráveis. Sem que ninguém disso se advertisse, Maria percebe onde se encontra a necessidade e conseqüente vexame dos noivos. E sem que ninguém o peça, solícita, bondosa, compassiva, volta-se para seu Filho e Lhe diz ao ouvido estas palavras: “Não têm vinho”.

Jesus deixa claro que não é ainda chegada a hora de Ele começar a fazer milagres: “Mulher (em aramaico: ‘já mara’ que quer dizer SENHORA) que temos Eu e tu com isso? (Outra expressão tipicamente hebraica e que se encontra em várias passagens do Antigo Testamento). E assim poder-se-ia traduzir: “Senhora, que motivo nos leva a ti e a mim a falar deste assunto?’ E devemos levar em conta o gesto, o tom de voz e outras circunstâncias que a completavam, os quais desconhecemos, mas podemos supor. Aliás, pela ordem que Maria dá aos serventes logo em seguida, mostra que ela bem entendeu que seu Filho iria fazer o milagre. Quem melhor poderia penetrar no Coração de Jesus senão sua Mãe Santíssima?!. O fato é que não podemos concordar com aqueles protestantes que concluem que o próprio Jesus tratava Maria como uma mulher como as outras. Isto constitui inclusive uma grande ofensa ao próprio Jesus: sendo Deus não foi Ele que deu os dez mandamentos, inclusive o quarto? Infelizmente o desconhecimento da língua hebraica e aramaica da parte da maioria dos protestantes aumenta o perigo de falsas interpretações da Bíblia. Por outro lado as palavras de Jesus foram ditas com toda certeza para fazer sobressair o poder de intercessão de sua Mãe amabilíssima. No Templo depois de recordar os direitos do Pai celeste, Jesus obedece aos pais terrenos; aqui, depois de recusar atender ao apelo de Sua Mãe, antecipa sua hora e faz o milagre, transformando a água em vinho. A primeira vista parece haver uma contradição entre  o que o Menino Jesus disse à sua Mãe lá no Templo e o que realiza aqui. É óbvio que não pode haver contradição no falar e agir de Jesus. O fato é que Jesus, como Ele mesmo declarou alhures, nunca fazia sua própria vontade mas sim a de Seu Pai Eterno. Assim a explicação é que o Pai havia determinado deste toda eternidade que Jesus não deveria negar nada à sua Mãe Santíssima.

Disse sua Mãe aos servidores: Fazei tudo o que Ele (Jesus) vos disser. Maria Santíssima quer nos ajudar com seus pedidos e com seu crédito junto de seu Filho. Ela quer mesmo prevenir muitas vezes, nossos pedidos, mas com uma condição: que façamos tudo o que o Seu Filho mandar, isto é, que executemos Sua vontade. E o que Ele quer é que façamos tudo que depende de nós, que nos apliquemos à obra de nossa salvação o concurso de nossa fraqueza, que coloquemos  nas talhas de nossos corações, nestes corações de pedra (como os chama a S. Escritura) a água de nossas lágrimas, a água insípida da mortificação, do trabalho constante, do dever obscuro. E esta água transformar-se-á em vinho, e esta fraqueza será transformada em força, e nós mesmos, como os convivas de Caná, ficaremos admirados de encontrar em nós, em lugar de nossa miséria e de nossa covardia , uma fortaleza e uma generosidade das quais nunca nos julgaríamos capazes.

Além da bondade, vemos em Maria um poder extraordinário junto ao Coração de seu Filho. Ela pede um milagre de primeira ordem e para simplesmente livrar os esposos de Caná de um vexame. Pede sem ansiedade, sem inquietação, mesmo sem insistência, tão segura está do poder e do beneplácito de Seu Filho para com ela. Na verdade, Nossa Senhora não pede propriamente, apenas demonstra o desejo que tem em ver o seu Filho operar um milagre para livrar de um embaraço os neo-esposos de Caná.

Em Caná, além da bondade e poder, vemos brilhar em Maria a sua glória. Assim, não é pelo pedido de Maria que Jesus, escondido durante trinta anos na obscuridade de uma vida humilde e comum, se mostra enfim o que é, e manifesta este poder divino que estava até então tão cuidadosamente oculto n’Ele? Não é, pois, pelo prece de Maria que Ele começa as funções de seu ministério público; deste ministério que vai se tornar tão fecundo em ensinamentos e prodígios; que Ele estabelece sua missão, que Ele ganha a confiança de seus discípulos e os prende definitivamente à sua pessoa?

Agora, caríssimos, contemplemos JESUS! Aqui nas Bodas de Caná Jesus nos ensina uma coisa, a maior, a mais bela, a mais augusta que possamos aprender: é que Ele é Deus, Filho de Deus. Com efeito, tudo em seu semblante, em suas palavras, em sua conduta, atesta Deus todo poderoso e a própria sabedoria. Ele diz: “Minha hora não é ainda chegada”. Se faz o milagre é, como ficou explicado acima, é para obedecer a um decreto do Pai, isto é, que nada negasse à Sua Mãe. Fala com calma e dignidade: “Enchei de água estas talhas até às bordas e levai-a ao mestre-sala. Jesus queria que seus milagres provassem a sua missão divina e contribuíssem para a estabelecer aos olhos dos homens.

Para tanto Ele dá ao milagre de Caná todas as garantias e toda autenticidade de que é susceptível. Ele espera para que a necessidade seja bem constatada. Ele faz encher as talhas de água até às bordas, afim de que a água apareça aos olhares dos convivas; Ele ordena aos servidores que busquem a água e a levem ao mestre-sala. A este último, com efeito, é que pertence o direito de constatar oficialmente a qualidade do licor que o poder de Jesus tinha substituído à água das talhas, e atestar assim solenemente o milagre.

Caríssimos, o milagre de Caná figura o milagre mais retumbante e sobretudo mais cheio de amor que nos oferece a Eucaristia. Nela Jesus opera a mais maravilhosa mudança, pois transforma o pão e o vinho em seu Corpo e em seu Sangue, e isto sem que Ele visivelmente coloque a mão, mas pelo ministério de seus servidores e de seus padres.

Onipotente e eterno Deus, que governais igualmente o céu e a terra, com a vossa Providência, escutai, benigno, as súplicas de vosso povo, e concedei às famílias de  nossos tempos, a vossa paz; e que a indissolubilidade que estabelecestes para o sacramento do matrimônio não seja destruída pelos homens. Amém!

9 comentários sobre “Coluna do Padre Élcio: “Fazei tudo o que meu Filho disser”.

  1. Obrigado, padre Élcio, por mais esse valioso artigo em prol do matrimônio cristão (bodas de Caná).
    Parabéns!!!
    Lamentavelmente, a chaga do erro (divórcio) adentrou nas fileiras da Igreja, que se difundiu como um câncer tenebroso, ameaçando inclusive o depósito da verdade.
    Mas a irmã Lucia, vidente de Fátima, alertou:
    “A batalha final entre o Senhor e o reino de Satanás será sobre o matrimônio e a família”, em uma longa carta enviada ao Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha (Itália), na qual advertiu também sobre os ataques que confrontarão quem defender estas duas instituições naturais.

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  2. Certa ocasião entrei num restaurante para almoçar. Como sempre, acompanho as minhas refeições com cerveja ou vinho.
    Perguntou-me o garçom, que era o dono do restaurante, o que eu iria beber e pedi uma cerveja bem gelada, no que ele retrucou que ali ele não servia bebida alcoólica.
    Questionado pela razão de tal procedimento, disse-me que era por razões religiosas, pois era evangélico.
    Respondi que era cristão, católico, portanto também evangélico e perguntei se conhecia o milagre da transformação de água em vinho nas bodas de Canaã, descrito nos Evangelhos.
    Olhou-me espantado, como se o desconhecesse. Nada falou, todavia.
    Acrescentei: – leia o final do milagre e a reclamação do dono da festa querendo saber por que razão serviram o melhor vinho no final, atestando obviamente a presença de álcool.
    Dois meses depois, retornei ao restaurante e fui servido de um bom vinho.

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  3. Ferreti, acho que valeria a pena a tradução para colocar no site: http://www.catholicculture.org/commentary/the-city-gates.cfm?id=1544
    O cardeal Roger Mahony foi recentemente escolhido por Francisco para ser seu enviado especial em uma celebração. Sim, o mesmo cardeal que foi retirado de todos os encargos em Los Angeles pelo próprio sucessor, por ter acobertado casos de pedofilia.
    Imagina se Bento XVI escolhesse um enviado com um currículo assim…

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  4. Segue tradução:
    “No dia em que o Papa embarcou no seu voo para o Chile, o Vaticano anunciou que o cardeal Roger Mahony atuaria como enviado pessoal do Papa na celebração do 150º aniversário da diocese de Scranton, na Pensilvânia. Este é o mesmo cardeal Mahony que, no início de 2013, foi liberado de todos os deveres públicos na arquidiocese de Los Angeles pelo seu sucessor, o arcebispo José Gomez, por causa de sua má manipulação do escândalo de abuso sexual. É extremamente improvável que o arcebispo Gomez tenha feito esse anúncio sem consultar o Vaticano. Mas alguns dias depois que o arcebispo Gomez tomou essa ação dramática, as coisas mudaram em Roma; O Papa Bento XVI anunciou sua aposentadoria. Em apenas mais algumas semanas, o Cardeal Mahony voltou a agir, participando do conclave, explicando que “as pessoas mais altas do Vaticano” queriam que ele participasse. Desde então, ele recebeu toda a dignidade que normalmente é desfrutada por um Príncipe da Igreja – e no caso de você não ter notado, o Arcebispo de Gómez ainda não tem um chapéu vermelho”.

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    1. “Vaticano anunciou que o cardeal Roger Mahony atuaria como enviado pessoal do Papa na celebração do 150º aniversário da diocese de Scranton, na Pensilvânia”

      Ao que tudo indica, a ordem que os atuais ocupantes da Santa Sé receberam das Lojas é a seguinte: “todo o qualquer fato (ou pessoa) que possa desmoralizar a Igreja deve ser tratado como prioridade absoluta”.

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  5. “Fazei tudo que ele vos disser”, Jo 2,5, eis o que podermos abordar doutra forma, pois a partir do Supremo Pastor de Jesus nesse mundo, o Pontífice de Roma, o atual papa Francisco, não se poderia, como sugeriu o post daqui anterior: “De fato, este não é um papa que se leve a sério! Isto não é pontificado, mas, sim, uma confusão, uma bagunça *despropositada.
    Sigamos o exemplo de Bergoglio e desprezemos o seu próprio “magistério”.
    Se formos narrar a serie de pronunciamentos, especialmente entrevistas do papa Francisco levados à luz dos ensinamentos anteriores da Igreja até ao presente, medidas que propõe e que de certo modo as revogaria adiante, a começar dos antecessores, perceberemos que parte deles não poderia senão se enquadrar no “politicamente correto”, caso mesmo da A laetitia.
    Confiramos as diferenças que os globalistas de forma vilipendiosa tratavam o saudoso papa Bento XVI e de como estão agora afeitos à Igreja, não por se interessarem em se converter, mas por a igreja que passariam a incensar ou erigirem se assemelharia àquela com que os globalistas-ONU-NOM pleiteavam há décadas erguerem, uma igreja pluralista na qual o relativismo é o carro-chefe.
    ** “É difícil acreditar que o Papa Bento XVI renunciou livremente ao seu ministério como sucessor de Pedro.
    “… ***Fica cada vez mais evidente que o Vaticano, através da sua Secretaria de Estado tomou a estrada do “politicamente correto”.
    Estou ciente de possíveis reações à minha carta aberta. Mas, ao mesmo tempo, a voz da minha consciência não me permite permanecer em silêncio enquanto a obra de Deus está sendo vilipendiada. Jesus Cristo fundou a Igreja Católica e nos mostrou em palavras e atos como se deve cumprir a vontade de Deus. Os apóstolos, a quem Ele conferiu autoridade na Igreja, cumpriram com zelo o dever que lhes foi confiado, sofrendo por amor à verdade, a qual tinha que ser pregada, já que eles “obedeciam a Deus ao invés dos homens.”
    Infelizmente, em nossos dias, está ficando cada vez mais evidente que o Vaticano, por meio da Secretaria de Estado, tomou a estrada do politicamente correto.
    ****Pode-se observar em todos os níveis da Igreja uma diminuição evidente do espírito do “sacrum”. O “espírito do mundo” alimenta os pastores. Os pecadores é que dão à Igreja as instruções de como ela tem que servi-los. Constrangidos, os Pastores se calam sobre os problemas atuais e abandonam o rebanho, enquanto cuidam de alimentar apenas a si mesmos. O mundo é tentado pelo demônio e se opõe à doutrina de Cristo. Não obstante, os pastores são obrigados a ensinar toda a verdade sobre Deus e os homens “em bons tempos e maus tempos”.

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  6. ***** O primeiro se refere à disputa em relação ao Capítulo oitavo de Amoris Laetitia. Não necessito compartilhar minhas próprias preocupações sobre seu conteúdo. Outros, não só teólogos, mas também cardeais e bispos, já o fizeram. A preocupação principal é vossa maneira de ensinar. Em Amoris Laetitia, vossas indicações parecem às vezes intencionalmente ambíguas, convidando tanto a uma interpretação tradicional do ensinamento católico sobre o matrimônio e o divórcio, como também a uma interpretação que parece levar consigo uma mudança neste ensinamento. Como Vós mesmo, com grande sabedoria, observa, os pastores devem acompanhar e animar às pessoas que se encontram em matrimônios irregulares; mas a ambiguidade persiste em relação ao significado real desse “acompanhamento”. Ensinar com uma falta de clareza pode inevitavelmente levar a pecar contra o Espírito Santo, o Espírito da verdade. O Espírito Santo foi entregue à Igreja e sobretudo a Vós, para dissipar o erro, não para fomentá-lo. Além disso, só onde há verdade pode haver verdadeiro amor, porque a verdade é a luz que liberta os homens e as mulheres da cegueira do pecado, uma obscuridade que mata a vida da alma. No entanto, Vós pareceis censurar e inclusive ridicularizar aqueles que interpretam o Capítulo oitavo de Amoris Laetitia segundo a Tradição da Igreja, rotulando-os de fariseus apedrejadores representantes de um rigorismo sem misericórdia. Este tipo de calúnia é alheia à natureza do Ministério Petrino. Parece que alguns de seus conselheiros se dedicam lamentavelmente a este tipo de atitude. Este comportamento dá a impressão de que vosso ponto de vista não pode sobreviver a um escrutínio teológico, e por isso deve ser sustentado mediante argumentos ad hominem.
    ******A se tomar do que falou, nem o papa Francisco teria certeza do que diz, heresia, nem ele saberia discernir…
    *D Thomas J Tobin disse que o papa Francisco agiria de forma proposital.
    *Claire Chretien – LifeSiteNews | Tradução Sensus fidei: PROVIDENCE, Rhode Island, 08/07/2016.
    ** *** ****https://fratresinunum.com/2015/02/10/carta-aberta-de-um-arcebispo-sobre-a-crise-na-igreja/.
    *****https://fratresinunum.com/2017/11/01/um-teologo-escreve-ao-papa-ha-um-caos-na-igreja-e-o-senhor-e-uma-causa/.
    ****** https://novusordowatch.org/2015/05/spanish-original-heresy/
    A Follow-Up on Francis’ Candid Remark… Spanish Original shows Francis admitted his Teaching is “perhaps a Heresy, I don’t know”…

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