Reflexão sobre o Evangelho do Segundo Domingo da Quaresma (S. Mateus XVII, 1-9)
Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 24 de fevereiro de 2018
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo! No Evangelho do domingo último passado, vimos o Filho de Deus no deserto, entre os animais selvagens, em luta com o espírito das trevas.
Hoje, o Evangelho já nos mostra Jesus num Monte muito alto, com os três apóstolos prediletos, Pedro, que seria o primeiro Chefe visível da Igreja, João, o discípulo que Jesus mais amava, Tiago, que seria o primeiro apóstolo a morrer mártir. Hoje, vemos Jesus entre Moisés e Elias. Hoje o Pai, do alto dos céus proclama: “Este é meu Filho bem amado no qual pus toda minha complacência, ouvi-O”.
Caríssimos, estes dois evangelhos representam a imagem dos dois estados aos quais somos chamados, e que devem ocupar nossa existência: um estado de sofrimento, de luta, de trabalho aqui em baixo; um estado de alegria, de repouso, de glória lá em cima. Aqui os jejuns, as penitências, os combates contra a luxúria, o orgulho e a avareza; combate renhido e diuturno contra o demônio, príncipe deste mundo que está nele colocado. Aqui em baixo os desejos que não podem ser nunca satisfeitos, um deserto árido, os animais selvagens, isto é, os vícios, os crimes, as monstruosidades no meio dos quais somos obrigados a viver e que nos causam medo e repugnância. Lá no alto, muito ao contrário, teremos as delícias inalteráveis, a satisfação perfeita de toda nossa ânsia de felicidade, uma sociedade santa onde gozar-se-á um doce entretenimento com os profetas, com Jesus e com Deus. Ah! caríssimos, que os gozos deste segundo estado nos dêem forças para passarmos intrépidos e ilesos pelo primeiro!
Aquele primeiro estado, tomado num círculo mais restrito, é a santa quaresma: são os jejuns, as abstinências, as orações, os santos ofícios aos quais a Santa Igreja nos convida durante este tempo, as lutas às quais nos exorta contra nós mesmos, contra nossas más inclinações, contra o amor dos prazeres, contra nossos hábitos viciosos, contra o orgulho da vida, contra a sede das riquezas. Com a graça de Deus, suportamos valorosamente esta luta, jejuamos, rezamos, escutamos a palavra de Deus, fazemos violência à nossa carne corrompida, reprimimos nossas concupiscências, domamos nosso coração.
E assim fazendo, como Deus não se deixa vencer em generosidade, recompensa nossa correspondência à Sua graça e, depois deste curtos esforços, nos dá as alegrias da Ressurreição, as festas pascais, durante as quais nós veremos Jesus transfigurado, Jesus na glória, e nós mesmos, purificados pelo combate, pela penitência, lágrimas e pelo sacramento da Confissão, nos ajoelharemos à mesa da comunhão e seremos alimentados pelo próprio Jesus e nos entreteremos familiarmente com Deus.
Caríssimos, retomando nossa ideia primeira, devemos observar que, para chegarmos ao estado de felicidade perfeita na Pátria do repouso eterno, mister se faz passar pelo primeiro estado de sofrimentos e tentações aqui na terra. Se Jesus, porque tomou sobre Si os nossos pecados, disse que foi necessário sofrer antes de entrar na Glória, como vamos pretender chegarmos ao Céu, sem passar pelos sofrimentos, sem lutarmos, nós que somos os pecadores? Não podemos, como S. Pedro, querer permanecer para sempre no Monte Tabor, sem antes passarmos pelo Monte Calvário. Se para se chegar à glória mesmo aqui em baixo, chegar à posse dos bens terrestres, estes bens perecíveis, estes bens de um dia, é preciso trabalhar, lutar e sofrer; com infinita mais razão é preciso sofrer, lutar e trabalhar para se chegar à Glória celestial. Devemos observar que outro evangelista (S. Lucas IX, 31) diz que Jesus na Transfiguração falava com Moisés e Elias sobre Sua próxima “saída deste mundo que ia se realizar em Jerusalém”, o que significa que o Divino Mestre comentava sobre Sua Paixão e Morte.
Assim não podemos separar estes dois montes, o do Tabor e o do Calvário. Devemos estar profundamente convencidos do que disse o próprio Jesus: ” O Reino dos Céus sofre violência e só os violentos o poderão arrebatar”. O caminho do Céu é o caminho da cruz! “Enquanto Pedro ainda falava com Jesus, “uma nuvem brilhante os envolveu, e da nuvem soou uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha complacência; ouviu-O”. Esta nuvem luminosa que envolve ao mesmo tempo a Jesus, Moisés, Elias e os apóstolos, é a Fé. Ela, pois, expande sua doce luz nos nossos espíritos, uma luz que não é isenta de toda sombra. Ela é luz, mas é também sempre nuvem. Por esta luz vemos Deus, Jesus Cristo, os profetas, os apóstolos, mas não totalmente descobertos. Na verdade, só no Céu não haverá mais nuvem; pois, veremos a Deus face a face e sem véu. Agora, pela fé O vemos como em enigma ou como num espelho embaçado. Mas, mesmo assim a Fé é suficiente para alumiar o nosso caminho e nos guiar até às eternas moradas de luz indefectível.
Por isso, disse o Pai Eterno: “este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha complacência; ouviu-O”. Deus não poderia dar Seu Filho aos homens como Mestre de uma maneira mais brilhante e solene! É em presença de Moisés que representava a Lei, é em presença de Elias, que representava as Profecias, é em presença dos apóstolos, isto é, em presença do Antigo e do Novo Testamento: “ESTE É MEU FILHO BEM-AMADO, OUVI-O”.
Deus até então havia falado aos homens por meio de Moisés, dos Patriarcas e dos Profetas, mas agora no Novo Testamento fala pelo Seu próprio Filho. É o Filho de Deus feito Homem que devemos agora ouvir como o Mestre por excelência: “Ipsum audite” (= ouvi-O). É portanto uma coisa solidamente estabelecida, uma coisa certíssima: Jesus Cristo é o nosso Mestre! “Eu estarei convosco até a consumação dos séculos”. Jesus nos falou, fala e falará até o fim do mundo através de sua verdadeira Igreja, que nunca poderá deixar de pregar o mesmo que pregou o Divino Mestre: “Jesus é o caminho, a verdade, a vida”. E Ele, que é a própria verdade, não muda; Ele é sempre o mesmo, ontem, hoje e sempre”. Eis porque S. Paulo na mais rigorosa lógica, conclui: ” Portanto rejeitai toda doutrina nova e estranha”. E Jesus Cristo, Filho deleto do Pai, não somente nos fala, mas dá-nos a força de O seguir: ensina-nos a Verdade e nos ajuda a crer; nos ordena a prática do bem e nos dá a graça para o realizar.
Caríssimos, que outro mestre poderíamos seguir se Nosso Senhor Jesus Cristo é o Filho bem-amado de Deus? Estes outros “mestres” são homens fracos, ignorantes, malgrado o alarde orgulhoso de sua ciência. Estes não podem ser nem o caminho, nem a verdade e nem a vida. Só devem ser ouvidos aqueles pregadores que foram chamados por Jesus e pregam com toda fidelidade o que Ele ensinou. Estes verdadeiros ministros de Jesus Cristo dão testemunho da Verdade que é o próprio Divino Mestre.
Eles procuram destruir os preconceitos, os erros e as diatribes deles decorrentes. É absolutamente necessário que ouçamos o Divino Mestre através dos Santos Evangelhos pregados com toda fidelidade pelos Seus verdadeiros discípulos. Estes, sim, no meio desta geração adúltera e pecadora, não se envergonham da doutrina do Evangelho de Jesus, mas dele dão testemunho intrépido e constante.
Assistimos com grandíssima tristeza a apostasia de muitos e muitos; e uma das causas desta derrocada na fé, é porque os homens na sua maioria procuram novidades que agradam e afastam os ouvidos da verdade para os aplicarem às fábulas que o mundo com seus possantes meios de divulgação, apresentam às estas pobres almas. Por isso, caríssimos e amados irmãos, procuremos estar bem presos ao Nosso Divino Mestre, porque só Ele tem palavras de vida eterna.
Somente Suas palavras permanecem para sempre: “IPSUM AUDITE!” Amém!
O pior da atualidade com relação ao IPSUM AUDITE é que entre nós estão nossos piores inimigos, os mais deleterios e perigosos – os não poucos socializadores dos folhetos dominicais e homilias – os de fora pouco ou nada nos assustam se inexistisse franca colaboração de muitos altos membros da Igreja – além de diversos deles estariam encastelados até mesmo dentro do Vaticano e contra eles haverem insuficientes reações de desapoio!
Dias atrás, a escandalosa Celebração da S Missa presidida por varios bispos tendo como participantes os material-ateístas das falanges vermelhas, “concelebrada” com pastoras hereges protestantes presentes outros mais importantes membros do zoo relativista seria motivo de nem os contemplar com ela, ainda depois profanando a S Comunhão á vista de todos, tratando-A como um pão qualquer, senão um péssimo exemplo comportamental daqueles que deveriam ser modelos de uma fé consistente.
A CNBB, como sempre, não se manifesta contrariamente a tenebrosos eventos como desse sincretismo religioso, portanto, colaborando com os globalistas da NOM para instauração da igreja do anticristo via deturpação das mentes para o relativismo.
Os bispos que são contra a CNBB deveriam se organizar – hoje em dia é tão fácil – manifestar e dar um voto público de descrédito a ela, mesmo que houvesse um racha – seria tão saudável – pois não se manifestarem em contrario daria impressão de conivencia e os que a comandam mostram-se destemidos e dispostos como os seus comparsas esquerdistas a imporem suas normas, dando a falsa impressão de representar os bispos do Brasil!
“Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem”. Mt 7, 6, assim pareceriam desconsiderar o texto sagrado.
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Agradeço ao senhor, Padre Élcio, pela excelente pregação. Por favor, continue com esse trabalho tão útil para a alma que não quer dispersar com tantas ilusões e fardos desnecessários( fardos esses, às vezes, entendidos e impostos como “a religião”). Suas pregações me acordam, fazem a alma vibrar. Mais uma vez sou-lhe grato.
Vossa benção.
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Caríssimo comentador R. C., que Deus o abençoe copiosamente! Jesus disse que quem gosta de ouvir a palavra de Deus é porque é de Deus. Dizia S. Dionísio que, de todas as obras divinas, a mais divina é cooperar com Nosso Senhor para salvar almas. Caríssimo, você não pode imaginar a alegria que sinto quando alguém dá este testemunho, por ver que, embora insignificante e indigno instrumento, Deus se serve deste Seu ministro para ajudar a salvar almas PELAS QUAIS JESUS MORREU NA CRUZ!
Peço suas orações e das minhas pode ficar ciente. Deus lhe pague por me dar esta alegria e este incentivo. TUDO PARA MAIOR GLÓRIA DE DEUS!
AGRADEÇO TAMBÉM AO “FRATRES IN UNUM”.
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Padre, nós é que agradecemos e somos honrados por tê-lo como nosso fiel colunista.
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Realmente é um balsamo sobre as feridas dolorosas que alguns que se dizem membros da igreja tem deixado em nossa almas, suas homilia nesse site tem dado conforto e claridade em meio a tanta confusão generalizada, Deus abençoe e faça com que muitos sacerdotes se levantem para conduzir e cuidar da ovelhas de Cristo, nós agradecemos a Deus por sua vocação paz e bem, padre.
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