Francisco recebeu em São Damião esta mensagem: reconstruir a Igreja que está em ruínas. Hoje, estamos em um rigoroso inverno, e o próprio castelo que os dois últimos papas criaram está em ruínas. E agora um novo papa vem de fora dos muros de Roma, quase dos confins do mundo, como ele mesmo disse, externo àqueles círculos de poder. E eu acredito que, acima de tudo, ele trabalhará internamente à Cúria para resgatar a credibilidade da Igreja, manchada pelos imbróglios, pelos escândalos dos pedófilos e do banco vaticano… E depois fará uma abertura ao mundo moderno, porque tanto Bento XVI quanto João Paulo II interromperam o diálogo com a modernidade.
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A nossa Igreja [latino-americana] não é mais o espelho da Igreja europeia. É uma Igreja fonte, que desenvolveu um rosto e uma teologia próprias, uma pastoral com raízes nas culturas locais. Francisco trará essa vitalidade à Igreja universal, para acabar com o inverno rigoroso e entrar em uma perspectiva de primavera. Bergoglio oferece essa esperança, e a promessa de que o papado possa ser vivido de forma diferente.
Leonardo Boff em entrevista ao jornal Il Manifesto, 15/03/2013
Na imagem, a basílica de São Pedro ontem, 26 de fevereiro de 2018, ainda a aguardar a tal “primavera” da era Francisco. Há anos não havia tamanha nevasca em Roma.