Coluna do Padre Élcio: “Agora estais tristes, mas outra vez vos verei; então alegrar-se-á o vosso coração; e ninguém vos há de tirar a vossa alegria”.

Comentário ao Evangelho do 3º Domingo depois da Páscoa – Preparação para a Ascensão – S. João XVI, 16-22

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 21 de abril de 2018

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Ainda um pouco, e já não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver, porque vou ao Pai’. Disserem, então, alguns dos seus discípulos entre si: ‘Que é isto, que Ele nos diz?: Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver, porque vou para o Pai?’ Diziam, pois: ‘Que quer dizer com isso: ‘Um pouco de tempo’? Não sabemos o que Ele quer dizer’. Conheceu, porém, Jesus que eles O queriam interrogar, e disse-lhes: ‘Sobre isso discutis entre vós, porque eu disse: Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver. Em verdade, em verdade eu vos digo: Haveis de chorar e vos lamentar, enquanto o mundo há de alegrar; vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em gozo. Uma mulher, quando dá à luz, tem tristeza, porque veio a sua hora, mas logo que a criança nasce, já não se lembra da aflição, pela alegria por haver nascido ao mundo um homem. Assim vós outros, agora estais tristes, mas outra vez vos verei; então alegrar-se-á o vosso coração; e ninguém vos há de tirar a vossa alegria’.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Com o Santo Evangelho de hoje a Santa Madre Igreja já vai nos preparando para a festa da Ascensão de Jesus ao Céu. Este Evangelho é tirado do sermão que Jesus fez aos Apóstolos na tarde de última Ceia, com o fim de os preparar para a Sua volta para o Céu, tendo que passar antes pela Sua Paixão, Morte e Sepultura, Ressurreição e depois então de ainda  40 dias aqui na terra, realizar Sua Ascensão aos Céus.

ascensão do senhorAssim, no sentido literal, “aquele pouco de tempo” significava que Jesus no outro dia iria morrer, e seria sepultado, e assim seus discípulos ficariam três dias incompletos sem poder vê-Lo. Depois deste pouco de tempo novamente o veriam ressuscitado e se alegrariam. Ainda ficaria com eles mais um pouco de tempo, isto é, 40 dias e não o veriam mais porque subiria para o Céu, voltando para o Seu Pai.

Ainda no sentido literal podemos dizer que “aquele pouco de tempo” também significava o tempo do resto da vida deles, e morrendo iriam também para o Céu, onde voltariam a ver a Jesus, e agora, não mais o deixariam de ver, e ninguém poderia tirar-lhes este gozo. É a felicidade eterna.

Estiveram tristes e acabrunhados na Paixão, Morte e Sepultura do Divino Mestre, mas se alegraram grandemente em vê-lo ressuscitado. Ficaram novamente tristes em ver Jesus se separando deles e subindo para o Céu. O mundo os perseguiu. E eles tudo sofreram por amor a Jesus. E estes mesmos sofrimentos, estas mesmas tristezas se transformaram em merecimentos que lhes proporcionaram um maior gozo no céu na beatífica Visão de Deus. Agora ninguém lhes poderá tirar esta alegria perfeita, pois é eterna.

Num sentido moral,  o Santo Evangelho se aplica também a nós. Na verdade, a nossa vida, por mais longa que seja é “um pouquinho de tempo” em comparação da eternidade para a qual caminhamos. Se agora fizermos penitência, renunciarmos a nós mesmos, morrermos para à nossas paixões desregradas, todas as virtudes, enfim tudo isto de que o mundo zomba, se converterá em alegria, em maiores merecimentos que nos proporcionarão também uma glória maior no Céu, por toda a eternidade. Ninguém no-la poderá tirar. Por um pouquinho de sofrimento, um peso imenso de glória por toda a eternidade.

Ó Jesus, ajudai-nos a trabalhar e a sofrer de bom coração agora por amor a Vós, e, depois das fatigas e lágrimas deste exílio, depois deste pouquinho de tempo que vai do berço ao túmulo, concedei-nos o repouso e a alegria dos santos no Céu. Assim seja!

Um comentário sobre “Coluna do Padre Élcio: “Agora estais tristes, mas outra vez vos verei; então alegrar-se-á o vosso coração; e ninguém vos há de tirar a vossa alegria”.

  1. A reflexão de que todos os sofrimentos e alegrias desta vida são passageiras e muito pequenas em relação à Glória do Paraíso nos enche de esperança mas também são um fator de moderação para nossos apetites. Na medida em que estamos felizes, lembramos que esta felicidade poderá dar lugar a uma tribulação, e assim não nos acomodamos, e o mesmo pode-se dizer quando estamos atribulados e confusos. Assim, conscientes da inconstância desta vida e firmados na esperança do Paraíso, podemos cultivar a virtude da temperança, da paciência, e isso resulta em um belo testemunho de equilíbrio emocional para nossos semelhantes.

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