Coluna do Padre Élcio: Festa de Corpus Christi.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 31 de maio de 2018

Sabemos que Deus nunca pode ser atingido em sua Felicidade por causa dos pecados dos homens. Para receber humilhações, sofrer e morrer, é que Se fez Homem o Filho de Deus. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo quis continuar conosco na Eucaristia, como Deus e Homem. Não podemos, porém, esquecer que Jesus ressuscitou imortal e impassível, e assim está presente na Eucaristia. Portanto não pode sofrer nem morrer.

corpuschristi10Mas, sendo Deus, na sua Paixão e Morte já sofreu por todos os pecados desde Adão e Eva até a última blasfêmia do Anti-Cristo, até ao ultimo pecado que será cometido sobre a face da terra. À vista deste cortejo fúnebre de pecados que foi passando diante de seus olhos apavorados, e neste cortejo horripilante estavam os pecados cometidos contra a Eucaristia desde a sua instituição,  Jesus Cristo sentiu no Getsêmani uma tristeza mortal a ponto de suar sangue em tanta quantidade que chegou a correr pela terra. O Salvador viu aí todas as profanações do Santíssimo Sacramento  e do Santíssimo Sacrifício do Altar. Se não nos comovermos diante deste amor de Jesus instituindo a Santíssima Eucaristia mesmo prevendo as profanações e sacrilégios de que seria alvo, que mais nos poderá causar compaixão e amor?!

O que mais nos admira nesta “memória das maravilhas de Deus” (Cf. Salmo 110, 4), são as humilhações a que o Filho de Deus se sujeitou; e o que mais nos comove é o amor que nos mostra. Mas a ingratidão dos homens é tamanha que à estas humilhações que são da escolha de Jesus e que nos obtêm os maiores bens, acrescentamos ainda outras, que são fruto do nosso crime, e nos atraem horríveis desgraças, como doenças, incapacidades na alma e no corpo e mortes, como afirma S. Paulo em 1ª aos Coríntios XI, 30: “Examine-se, pois, a si mesmo o homem e assim coma deste pão e beba deste cálice, porque aquele que o come e bebe indignamente, come e bebe para si a condenação, não distinguindo o corpo do Senhor [do pão comum]”. É por isso que há entre vós muitos enfermos e sem forças(em latim” imbeciles” = sem força na alma e no corpo) e muitos que dormem (morrem)”.

Caríssimos, que faz então a Santa Madre Igreja? Preocupada com estas duas classes de humilhações, ela esforça-se hoje por nos fazer honrar as humilhações escolhidas por Jesus por nosso amor, justamente com um amor agradecido; e por nos fazer reparar as humilhações que fazemos a Jesus por nossos crimes, com um amor penitente.

1. Na verdade, em nenhum de seus mistérios Jesus Cristo é tão humilhado como na Eucaristia. Em qualquer outra parte, se a sua divindade se encobre, revela-se também de alguma maneira. Por exemplo no Calvário, por entre os opróbrios do Homem moribundo, se divisa o Filho de Deus: há uma tempestade e terremoto e as pedras do Calvário se fendem e muitos exclamam: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus”. Pelo contrário na Eucaristia, nem mesmo tem semelhança com o homem. Embora opere milagres, no entanto, são invisíveis e só muito raramente se manifestam como em Lanciano. Enquanto que os prodígios que se manifestaram no Nascimento de Jesus, durante a Sua vida e na Sua morte, eram destinados a patentear as suas grandezas, os que multiplica neste sacramento, são empregados em rodeá-las de uma obscuridade impenetrável. É um grande prodígio ficar a substancia do Corpo, Sangue, Alma e até a Divindade debaixo das aparências humildes do pão. Nem sequer estas aparências tomam alguma qualidade da Carne de Jesus como por exemplo a cor e o gosto. São puramente os acidentes ou aparências de pão comum e não do Pão descido do Céu! Caríssimos, se estas humilhações nos confundem, quanto nos deve comover o amor que as causa?

Na verdade, em nenhum dos outros mistérios Nosso Senhor Jesus Cristo se humilhou tão profundamente; e estas humilhações eram necessárias para o cumprimento dos seus desígnios a nosso respeito. Queria estar conosco, comunicar-se a nós com toda a efusão da amizade mais confiante, renovar incessantemente o seu sacrifício por nós, identificar-se, por assim dizer, conosco, dando-nos a sua própria Carne como comida e o seu Sangue como bebida. E cada um destes favores, máxime o último, obrigava-O a descer até a este abismo de humilhação, onde só a fé O reconhece. E, caríssimos, este mistério não é a humilhação das humilhações, senão porque é, segundo S. Bernardo, o amor dos amores. E aí temos a razão da Festa de Corpus Christi: quanto mais o Filho de Deus, na Eucaristia, se abate por causa de nós a sua infinita grandeza, tanto mais devemos exalçá-la com o nosso culto . Daí este triunfo público, universal, brilhante, que a Igreja Lhe tributa nesta
solenidade.

2.  Mas a Igreja reconhece que esta só reparação não basta: a festa do Santíssimo Sacramento, não é somente um triunfo conferido a seu divino Esposo; é também a penitência pública de seus filhos. A Igreja emprega esta pompa pública e extraordinária para reavivar a  nossa fé, pondo-nos de alguma maneira diante dos olhos aquela Majestade santíssima e tremenda, para nos incitar a aplacá-la, humilhando-nos na sua presença. Os padres zelosos não deixam de citar e levar o povo a meditar na terrível advertência do Apóstolo na sua Primeira Epístola aos Coríntios XI, 30, já supracitada. Não podemos ignorar que estão reservados os mais terríveis castigos aos que têm pisado aos pés o mesmo filho de Deus, e profanado o seu Sangue: “Imaginai vós quanto maiores tormentos merecerá o que tiver considerado como profano o sangue do testamento, com que foi santificado” (Hebr. X, 29).

Os verdadeiros adoradores devem aproveitar esta ocasião para honrar a Jesus Sacramentado; contribuir para a pompa do seu triunfo, alegrar-se das adorações que recebe, e forcejar para reparar as ofensas que Lhe são feitas principalmente nestes anos lúgubres e sem fé em que vivemos. Aproveitando o ensejo, não poderia deixar de agradecer do íntimo de minha alma, às mulheres e aos homens que por vários dias vêm trabalhando aqui no Carmelo, na preparação da procissão de Corpus Christi com dedicação, amor e alegria sobrenaturais. Que Deus lhes pague! A Santa Missa será às 12:00 h e logo após haverá a Procissão de Corpus Christi com três Bênçãos do Santíssimo Sacramento. Amém!

CNBB divulga nota sobre o momento nacional.

Por CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se solidariza com os caminhoneiros, trabalhadores e trabalhadoras, em manifestação em todo território nacional, em nota divulgada nesta quarta-feira, 30 de maio. Preocupada com as duras consequências que sempre recaem sobre os mais pobres, no texto a entidade conclama toda a sociedade para o diálogo e para a não violência. “Reconhecemos a importância da profissão e da atividade dos caminhoneiros”, pontua.

Confira, abaixo, a nota na íntegra:

NOTA DA CNBB SOBRE O MOMENTO NACIONAL
“Jesus entrou e pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco”(Jo 20,19)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, solidária com os caminhoneiros, trabalhadores e trabalhadoras, em manifestações em todo território nacional, e preocupada com as duras consequências que sempre recaem sobre os mais pobres, conclama toda a sociedade para o diálogo e para a não violência. Reconhecemos a importância da profissão e da atividade dos caminhoneiros.

A crise é grave e pede soluções justas. Contudo, “qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça” (CNBB, 10/03/2016). Nenhuma solução que se utilize da violência ou prejudique a democracia pode ser admitida como saída para a crise.

Não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. “O dinheiro é para servir e não para governar” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 58). 

É necessário cultivar o diálogo que exige humilde escuta recíproca e decidido respeito ao Estado democrático de direito, para o atendimento, na justa medida, das reivindicações.

As eleições se aproximam. É preciso assegurar que sejam realizadas de acordo com os princípios democráticos e éticos, para restabelecer nossa confiança e nossa esperança. Propostas que desrespeitam a liberdade e o estado de direito não conduzem ao bem comum, mas à violência.

Celebramos a Solenidade do Corpus Christi, fonte de unidade e de paz. Quem participa da Eucaristia não pode deixar de ser artífice da unidade e da paz. O Pão da unidade nos cure da ambição de prevalecer sobre os outros, da ganância de entesourar para nós mesmos, de fomentar discórdias e disseminar críticas; que desperte a alegria de nos amarmos sem rivalidades, nem invejas, nem murmurações maldizentes (cf. Papa Francisco, Festa do Corpus Christi, 2017). O Pão da Vida nos motive a cultivar o perdão, a desenvolver a capacidade de diálogo e nos anime a imitar Jesus Cristo, que veio para servir, não para ser servido.

Conclamamos, por fim, todos à oração e ao compromisso na busca de um Brasil solidário, pacífico, justo e fraterno. A paz é um dom de Deus, mas é também fruto de nosso trabalho.

Nossa Senhora Aparecida interceda por todos!

 

Cardeal Sergio da Rocha                                      

              Arcebispo de Brasília     

Presidente da CNBB        

                                         

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador

        Vice-Presidente da CNBB

  

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM

Bispo Auxiliar de Brasília

Secretário-Geral da CNBB

Ainda mais sobre o caso do bispo casado elevado a cardeal por Papa Francisco

Nota da edição: ainda ontem, o site VaticanInsider publicou um desmentido à notícia de AdelanteLaFe, traduzida por nossa equipe, desqualificando o blog como sensacionalista, a publicação como fake news e atribuindo tudo aos inimigos do papa argentino. Abaixo, publicamos a reafirmação final de AdelanteLaFe.

Toribio Ticona
O recém eleito cardeal, devidamente paramentado em sua circunscrição eclesiástica.

AdelanteLaFe – Tradução: FratresInUnum – 30 de maio de 2018 – A Conferência Episcopal boliviana divulgou uma mais que previsível carta de D. Ticona, na tentativa de desmentir a informação publicada, na qual se denunciava que teve uma relação concubinária com filhos.

Diante disso, precisamos os seguintes pontos:

  • A informação é totalmente verídica e, diga-se de passagem, é de domínio público em todos os níveis da Diocese de Oruro, e isso há muitos anos.
  • A Nunciatura na Bolívia tem, desde há alguns dias, uma detalhada denúncia, sob juramento, de duas páginas, onde estão pormenorizados todos os tipos de nomes de testemunhas, domicílios onde vivia o casal e inclusive o colégio dos filhos. Não se trata de falatórios, mas de testemunhas primárias, incluindo vizinhos. Para dar apenas alguns detalhes deste informe: os filhos de Ticona estudaram no Colégio La Salle de Oruro; durante um tempo, a “família” morou na casa no 6 do Bairro El Progresso, ruas 6 de Outubro e Santa Cruz de Oruro, de propriedade do então Vigário Geral da Diocese de Oruro, Padre Tomás Valencia Tellería. A Senhora R.R. (não colocamos o nome por questão de confidencialidade) – farmacêutica – testificou como a “esposa” comprava com frequência na referida farmácia, emitindo a fatura em nome da Prelazia de Corocoro e ela mesma dizia ser a “mulher do bispo de Patacamaya”. Quer mais dados, D. Ticona?
Denúncia à nunciatura
Parte da denúncia sob juramento apresentada à Nunciatura Apostólica na Bolívia, com o carimbo de “recebido”. Não se coloca aqui a denúncia por inteiro por motivos de confidencialidade.
  • Desde o momento em que esta informação se tornou pública, produziram-se todo tipo de movimentações na sombra, destinadas a silenciar testemunhas e deter a notícia, para que o seu íntimo amigo, Evo Morales, não fique sem o seu cardeal “do povo”. Ignoramos, pois, o caminho que poderão seguir para fabricar desmentidos e contra-notícias. Não entraremos mais no assunto. O que aqui foi dito é a verdade e somente a verdade, doa a quem doer.

Aprovação do aborto na Irlanda, consequência direta do pontificado de Francisco.

Por FratresInUnum.com, 30 de maio de 2018 – No último final de semana, a Igreja sofreu um dos golpes mais terríveis das últimas décadas: com uma maioria de quase 70% dos votos, através de um referendo, os irlandeses derrubaram o art. 8o. da sua Constituição, que fora aprovado em 1983 como consequência da visita de do Papa João Paulo II ao seu país e que defendia a vida humana desde a concepção, abrindo, assim, as portas para uma futura descriminalização e legalização do aborto. O fato não foi apenas a expansão daquilo que o pontífice polonês chamava com propriedade de cultura da morte, mas foi o sepultamento de um dos últimos bastiões fortes do catolicismo no velho continente europeu (além de Malta e da Polônia).

irlanda
Irlandeses comemoraram resultado da votação que abriu as portas do país ao aborto.

Tal como o “grito silencioso” de uma criança abortada, o golpe não foi protestado e, isso, graças ao anestesiamento voluntário, pelo qual a Igreja Católica Irlandesa deliberadamente sucumbiu.

A Association of Catholic Priests of Ireland, a maior associação de sacerdotes do país, manifestou-se “contra usar o púlpito para a campanha pró-vida”, pois isto seria “inapropriado e insensível”, além de um “abuso da Eucaristia”. Embora teoricamente endossando a posição da Igreja, a associação afirmou que “a vida humana é complexa, abundando situações que são mais variações de cinza que propriamente branco-e-preto, e que exigem de nós uma abordagem pastoral delicada e sem preconceitos”.

Ademais, o grupo afirmou que, como “homens solteiros e sem filhos próprios, não estamos em condições adequadas para sermos tão dogmáticos nesta questão” e, portanto, “não queremos indicar a ninguém como se deve votar”, pois, “um voto expresso de acordo com a consciência de cada pessoa, seja qual for o resultado, merece o respeito de todos”.

Como notou uma reportagem da TV chilena Tele13, “a Irlanda era um dos países mais restritivos contra o aborto na Europa, não permitindo o procedimento nem sequer em caso de inviabilidade do feto, estupros ou incesto”. De fato, “era um dos últimos bastiões da tradição católica e o resultado é fruto da pouca participação da Igreja em manifestações contra o aborto… Com esta última mudança na Constituição, a Irlanda termina de desfazer-se da influência da Igreja”.

Pois bem, esta atitude flagrantemente entreguista, abstencionista, não é senão a reprodução do desprezo que o Papa Francisco reserva aos temas relacionados com a defesa da vida. Na famosa entrevista ao seu confrade jesuíta, o Pe. Antonio Spadaro, em agosto de 2013, Francisco afirmou:

“Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente. Os ensinamentos, tanto dogmáticos como morais, não são todos equivalentes. Uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a impor insistentemente”.

O resultado está aí: quando a Igreja se recusa a ser militante, é derrotada. E a consequência será o extermínio de milhões de bebês.

A percepção de João Paulo II era fundamentalmente outra, marcada por uma consciência nítida do problema, como deixou claramente registrado na Encíclica Evangelium Vitae, n. 28: “Este horizonte de luzes e sombras deve tornar-nos, a todos, plenamente conscientes de que nos encontramos perante um combate gigantesco e dramático entre o mal e o bem, a morte e a vida, a ‘cultura da morte’ e a ‘cultura da vida’. Encontramo-nos não só ‘diante’, mas necessariamente ‘no meio’ de tal conflito: todos estamos implicados e tomamos parte nele, com a responsabilidade iniludível de decidir incondicionalmente a favor da vida”.

Justamente a atitude cinzenta é a que favorece a “cultura da morte” e é esta passividade que permite aos inimigos avançarem e vencerem. É preciso entender que não há como abortar crianças sem abortar o Evangelho e a Igreja juntamente com elas, de tal modo que precisamos gritar para sermos ouvidos. Basta com este “grito silencioso”!

No Brasil, graças a Deus, o povo é beligerante e decididamente contra o aborto, a despeito da atitude morna do clero. Por isso, temos vencido e, queira Deus, continuaremos vencendo.

ESCÂNDALO: Papa Francisco nomeia como cardeal um bispo “casado” e com filhos

AdelanteLaFe [Confira também em RorateCaeli] | Tradução: FratresInUnum – 29 de maio de 2018 – O Papa Francisco anunciou no dia 20 de maio de 2018 que, no consistório de 29 de junho deste mesmo ano, festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, nomeará como cardeal ao bispo Toribio Ticona, Titular de Timici, Prelado Emérito de Corocoro, Bolívia. O bispo de 81 anos nasceu em 25 de abril de 1937, foi ordenado sacerdote em 1967 e sagrado bispo Titular de Timici e Auxiliar de Potosí, Bolívia, em 31 de maio de 1986, e em 1992 foi nomeado Prelado de Corocoro, tornando-se emérito em 2012.

Em suas reiteradas visitas a Oruro, no início do seu episcopado, sendo então bispo de Oruro, o futuro cardeal terceiromundista, Julio Terrazas Sandoval, CSsR, gostava de visitar o bispo de Oruro, que o chamava de seu “padrinho”, já que afirmava que devia a Terrazas sua promoção ao episcopado, devido a que este assumiu várias vezes a posição de Presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, sendo evidentemente muito influente entre os demais bispos e a Nunciatura Apostólica.

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Em sua conta no Twitter, o ditador Evo Morales, escreveu ainda: “Uma grata surpresa, justo e acertada designação. Meu respeito e admiração pelo irmão bispo Toribio Ticona, agora cardeal, a quem conheci como grande servidor, não apenas da fé religiosa, mas do povo esquecido na pobreza. Continuaremos trabalhando juntos”.

Ticona assistiu a duas visitas Ad Limina, em 2008 e 2017. Desempenhou as funções de “prefeito”, segundo usos e costumes de uma comunidade de 12 pessoas na Bolívia. Durante a década como Bispo Prelado de Ticona, na Prelazia de Corocoro, os fieis católicos passaram de 94,6% para 87,6%, dando crescimento às seitas protestantes. É de conhecimento público que, enquanto exercia em Corocoro, ao mesmo tempo, o bispado de Oruro, mantinha vida marital com uma mulher. A senhora e os filhos se orgulhavam de chamar-se esposa e filhos do “Bispo de Patacamaya”, como é também conhecido o bispo Toribio Ticona.

A família do “Bispo de Patacamaya”, D. Toribio Ticona, morou em três diferentes casas na cidade de Oruro.

Desde a “era de ferro” do pontificado, nos séculos IX e X, não há notícia certas e confirmadas de que um bispo concubinário tenha sido “premiado” com o cardinalato. Ser príncipe da Igreja leva consigo uma importante responsabilidade, pois o seu serviço se faz diretamente ao Ministério Petrino.

Portanto, a promoção de um cardeal concubinário leva consigo duas mensagens: 1. o desejo do Papa Francisco de suprimir o celibato sacerdotal; e 2., a mais grave, que é ter um “bode expiatório” com o qual deseja dobrar os bispos da Bolívia. Dois arcebispados e três circunscrições eclesiásticas serão renovadas na Bolívia este ano. Não duvidamos que o caso Barros se repita na Bolívia, com o que, o Papa Francisco, tendo o apoio de Evo Morales, teria o controle sobre Igreja Boliviana que seria de matriz esquerdista.

Adelante la Fe

P.S.: Empregamos o termo “casado” porque a sua mulher fala propriamente do “seu esposo”.

Histórica homilia do Cardeal Sarah em Chartres: “Acordai! Escolham a luz! Renunciem às trevas!”

Peregrinação de Nossa Senhora da Cristandade 2018.

Homilia da Missa de Segunda-feira de Pentecostes.

Catedral Nossa Senhora de Chartres.

Segunda-feira 21 de maio de 2018.

Permitam-me em primeiro lugar agradecer calorosamente Sua Excelência D. Philippe Christory, bispo de Chartres pela seu acolhimento nesta maravilhosa Catedral.

Queridos peregrinos de Chartres,

A luz veio ao mundo,” diz-nos hoje o evangelho, “e os homens preferiram as trevas.

E vocês, queridos peregrinos, acolheram a única luz que não engana? Acolheram a luz de Deus? Vocês caminharam por três dias. Rezaram, cantaram, sofreram debaixo do sol e da chuva… Acolheram a luz em vossos corações? Renunciaram realmente às trevas? Escolheram seguir o Caminho, seguindo Jesus que é a luz do mundo?

sarah chartres

Queridos amigos, permitam-me fazer essa pergunta radical, porque se Deus não é a nossa luz, tudo o resto se torna inútil. Sem Deus tudo é escuridão.

Deus veio até nós, e se fez homem. Revelou-nos a única verdade que salva, foi morto para nos resgatar do pecado, e no Pentecostes, deu-nos o Espírito Santo e ofereceu-nos a luz da fé… mas nós preferimos as trevas!

Olhemos ao nosso redor! A sociedade ocidental decidiu organizar-se sem Deus. Ela está agora entregue às luzes cintilantes e enganadoras da sociedade do consumismo, do lucro a qualquer preço, do individualismo sem medida.

Um mundo sem Deus é um mundo de trevas, de mentiras, e de egoísmo.

Sem a luz de Deus a sociedade ocidental tornou-se como um barco sem rumo na noite! Ela já não tem amor para receber os filhos, para os proteger desde o seio materno, para os preservar da agressão da pornografia.

Privada da luz de Deus, a sociedade ocidental já não sabe respeitar os seus idosos, nem acompanhar no caminho da morte os seus doentes, nem dar lugar aos mais pobres e aos mais fracos.

Ela foi entregue às trevas do medo, da tristeza e do isolamento. Não tem mais do que um vazio e um nada para oferecer. Deixa proliferar as ideologias mais loucas.

Uma sociedade ocidental sem Deus pode tornar-se o berço de um terrorismo ético e moral mais viral e mais destrutivo do que o terrorismo dos islamistas. Lembrem-se que Jesus nos disse: “Não temais aqueles que matam o corpo e não podem matar a alma, antes tenham medo Daquele que pode fazer perecer a alma e o corpo no inferno.” (Mt 10, 28)

Queridos amigos, perdoem-me esta descrição, mas é preciso ser claro e realista. Se eu vos falo assim, é porque no meu coração de padre, de pastor, eu sinto muito por tantas almas perdidas, tristes, inquietas e sozinhas!

Quem as conduzirá à luz?

Quem lhes mostrará o caminho da verdade, o verdadeiro caminho da liberdade que é o caminho da Cruz?

Vamos deixá-las entregar-se ao erro, ao niilismo sem esperança ou ao islamismo agressivo sem fazer nada?

Nós devemos gritar ao mundo que a nossa esperança tem um nome: Jesus Cristo, o único Salvador do mundo e da humanidade!

Queridos peregrinos da França, vejam esta catedral! Os vossos antepassados construíram-na para proclamar a sua fé!

Tudo, desde a sua arquitetura, a sua escultura, os seus vitrais, proclama a alegria de ser salvo e amado por Deus. Os vossos antepassados não eram perfeitos, eles não estavam livres de pecado. Mas eles queriam deixar a luz da fé iluminar as suas trevas!

Hoje também vós, povo da França, acordai!

Escolham a luz! Renunciem às trevas!

Como?

O evangelho nos responde: “Aquele que agir segundo a verdade vem para a luz”. Deixemos a luz do Espírito Santo iluminar as nossas vidas concretamente, simplesmente, e até às regiões mais íntimas de nosso ser profundo.

Agir segundo a verdade é em primeiro lugar colocar Deus no centro da nossa vida, como a Cruz é o centro desta catedral.

Meus irmãos, escolhamos voltarmo-nos para Ele todos os dias!

Agora, assumimos o compromisso de reservar todos os dias alguns minutos de silêncio para nos voltarmos a Deus, para lhe dizer: “Senhor reina em mim! Eu Te entrego a minha vida!”

Queridos peregrinos, sem silêncio não há luz. As trevas alimentam-se do barulho incessante do mundo, que impede-nos de nos voltarmos para Deus.

Tomemos como exemplo a liturgia de hoje. Ela nos leva à adoração, ao temor filial e amoroso perante a grandeza de Deus.

Ela culmina na consagração, onde todos juntos, voltados para o altar, o olhar fixo na Eucaristia, na cruz, comunicamos em silêncio, no recolhimento e na adoração.

Queridos irmãos, amemos essas celebrações litúrgicas que nos fazem saborear a presença silenciosa e transcendente de Deus e nos fazem voltar para o Senhor.

Queridos irmãos padres, eu quero dirigir-me especialmente a vós. O Santo Sacrifício da Missa é o lugar onde vocês encontrarão a luz para o vosso ministério. O mundo em que vivemos pede a nossa atenção sem cessar. Nós estamos constantemente em movimento, sem nos preocuparmos de parar para tomar o tempo de procurar um lugar deserto e descansar um pouco, na solidão e no silêncio, na companhia do Senhor. Grande seria o perigo de nos encontramos somente como “trabalhadores sociais”. Então, nós não daríamos mais a luz de Deus mas a nossa própria luz, que não é aquela que os Homens esperam. Aquilo que o mundo espera dos padres é Deus e a Luz da sua Palavra proclamada sem ambiguidade nem falsificação.

Saibamos voltar-nos para Deus numa celebração litúrgica recolhida, cheia de respeito, de silêncio e marcada pela sacralidade.

Não inventemos nada na liturgia, recebamos tudo de Deus e da Igreja.

Não procuremos nela o espetáculo ou o sucesso. A liturgia ensina-nos: Ser sacerdote não é, em primeiro lugar, fazer muito, mas sim estar com o Senhor na cruz!

A liturgia é o lugar onde o homem encontra Deus cara a cara. A liturgia é o momento mais sublime onde Deus nos ensina a “reproduzir em nós a imagem do seu filho Jesus Cristo para que ele seja o primogénito de uma multidão de irmãos” (Rm 8, 29). Ela não é nem deve ser uma ocasião de rutura, de luta ou de disputa.

Na forma ordinária, assim como na forma extraordinária do rito romano, o essencial é voltarmo-nos para a Cruz, para Cristo, nosso Oriente, nosso Tudo e nosso único Horizonte! Seja de que forma for, ordinária ou extraordinária, saibamos sempre celebrar como neste dia, segundo ensina o Concílio Vaticano II: Com uma nobre simplicidade, sem sobrecargas inúteis, sem estética fictícia e teatral, mas com o sentido do sagrado, a preocupação primeira da glória de Deus, e com um verdadeiro espírito de filhos da Igreja de hoje e de sempre!

Queridos irmãos sacerdotes, guardem sempre esta certeza: estar com Cristo na cruz, é isso que o celibato sacerdotal proclama ao mundo! O projeto, de novo proposto por alguns, de desamarrar o celibato do sacerdócio conferindo o sacramento da ordem aos homens casados (os viri probati) por, dizem eles, “razões ou necessidades pastorais” teria graves consequências, na verdade, de romper com a tradição apostólica. Nós fabricaríamos um sacerdócio à nossa medida humana, mas não perpetuaríamos, não prolongaríamos o sacerdócio de Cristo, obediente, pobre e casto. De facto, o sacerdote não é somente um “alter Christus” mas ele é verdadeiramente “Ipse Christus”, ele é o próprio Cristo!

E é por isso que o caminho para seguir a Cristo e a Igreja será sempre um sinal de contradição!

A vocês queridos cristãos leigos, comprometidos na vida da Cidade, eu quero dirigir-me com força: “não tenham medo! Não tenham medo de levar a esse mundo a luz de Cristo!”

O vosso primeiro testemunho deve ser sempre o vosso exemplo: Ajam segundo a verdade! Nas vossas famílias, na vossa profissão, nas vossas realidades sociais, económicas, políticas, que seja Cristo a vossa Luz!

Não tenham medo de testemunhar que a vossa alegria vem de Cristo!

Eu vos peço, não escondam a fonte da vossa esperança! Pelo contrário, proclamem, testemunhem, Evangelizem! A Igreja precisa de vós! Lembrem a todos que somente “Cristo crucificado revela o sentido autêntico da liberdade!” (São João Paulo II, Veritatis Splendor, 85).

Com Cristo, libertem a liberdade hoje acorrentada pelos falsos direiros humanos, todos orientados para a autodestruição do Homem.

A vós, queridos pais, quero dirigir uma mensagem bem particular. Ser pai e mãe de família no mundo de hoje é uma aventura cheia de sofrimentos, de obstáculos e preocupações.  A Igreja vos diz: obrigada! Sim, obrigada pela doação generosa de vós mesmos!

Tenham a coragem de educar o vossos filhos na luz de Cristo. Terão às vezes que lutar contra os ventos dominantes, suportar a zombaria e o desprezo do mundo. “Nós proclamamos um Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos.” (1 Cor 1, 23-23)

Não tenham medo! Não renunciem! A Igreja, pela voz dos Papas – especialmente todos desde a Encíclica Humanae Vitae, vos  confia uma missão profética: testemunhar perante todos a nossa alegria e confiança em Deus que fez de nós Guardiões Inteligentes da ordem natural. Vocês anunciam aquilo que Jesus nos revelou com a sua própria vida: “a liberdade realiza-se no amor, isto é, na doação de si mesmo.”

Queridos pais e mães de família, a Igreja vos ama! Amem também vós a Igreja! Ela é a vossa Mãe. Não se misturem com quem dela faz troça porque eles somente vêm as rugas do seu rosto envelhecido pelos séculos de sofrimentos e provas. Ainda hoje, Ela é bela e brilha de santidade.

Por fim, quero agora dirigir-me a vocês, os mais jovens, que estão aqui em tão grande número!

No entanto, peço-vos que escutem um “velho” que tem mais autoridade do que eu: o evangelista São João. Para além do exemplo da sua vida, São João deixou também uma mensagem escrita aos mais jovens. Na sua primeira carta, nós encontramos estas palavras emocionantes de um velho aos jovens das igrejas que ele tinha fundado, escutem a sua voz cheia de vigor, de sabedoria e de calor: “Eu escrevi para vós, jovens: vocês são fortes, a palavra de Deus permanece em vós, vocês venceram o Mal. Não amem o mundo, nem aquilo que está no mundo”  (1 Jo 2, 14-15).

O mundo que nós não devemos amar, comentava o padre Raniero Cantalamessa na sua homilia da sexta-feira Santa de 2018, é aquele ao qual não nos devemos conformar; não é, como sabemos, o mundo criado e amado por Deus, não são as pessoas do mundo para quem, pelo contrário, devemos sempre ir, especialmente aos pobres e aos últimos dos pobres para amá-los e servi-los humildemente… Não! O mundo que não devemos amar é outro: o mundo tal como ele se tornou sob o domínio de Satanás e do pecado. O mundo das ideologias que negam a natureza humana e destroem as famílias… as estruturas como a das Nações Unidas, que impõem uma nova ética mundial têm um papel decisivo e tornaram-se hoje um poder avassalador que chega às massas através das possibilidades ilimitadas da tecnologia.  Em muitos países ocidentais, hoje é um crime rejeitar submeter-se a essas ideologias horríveis. É a isso que chamamos a adaptação ao espírito do tempo, o conformismo. Um grande poeta britânico, crente do século passado, Thomas Stearnus Eliot escreveu três versos que dizem muito mais do que livros inteiros: “Num mundo fugitivo, aquele que vai na direção oposta terá sido visto como um desertor.”

Queridos jovens cristãos, se é permitido a um “velho”, como o foi São João, dirigir-se diretamente a vocês, também eu vos exorto, e digo-vos: vocês venceram o Mal. Combatam toda a lei contrária à natureza que hoje querem impor, oponham-se a toda lei contra a vida, contra a familia. Sejam aqueles que tomam a direção contrária! Atrevam-se a ir contra a corrente! Para nós cristãos, a direção contrária não é um lugar, é uma Pessoa, é Jesus Cristo nosso Amigo e nosso Redentor. Uma tarefa é confiada muito particularmente a vocês: salvar o amor humano da trágica deriva na qual ele caiu. O amor que já não é a doação de si mesmo, mas possuir o outro quase sempre violenta e tiranicamente. Na cruz, Deus revelou-se como «agape» isto é, como amor que se entrega a si mesmo até a morte.

Amar verdadeiramente é morrer pelo outro, como esse jovem policial francês Coronel Arnaud Beltrame!

Queridos jovens, vocês experimentam sem dúvida, nas vossas almas, a luta das trevas e da luz. Vocês são às vezes seduzidos pelos prazeres fáceis do mundo.

De todo o meu coração de padre, eu digo-vos, não estejam divididos! Jesus vos dará tudo! Seguindo-o para serem Santos, vocês não perdem nada! Vocês ganham a única alegria que não dececiona nunca!

Queridos jovens, se hoje Cristo vos chama a segui-l’O como sacerdote, religioso ou religiosa, não hesitem! Digam «Fiat»! Um “Sim” entusiasta e sem condições.

Deus quer precisar de vocês! Que graça, que alegria!

O Ocidente foi evangelizado pelos Santos e pelos Mártires. Vocês, jovens de hoje, vocês serão os santos e os mártires que as nações esperam para uma nova evangelização! As vossas pátrias tem sede de Cristo , não as dececionem! A Igreja confia em vocês!

Eu rezo para que muitos de vocês respondam, hoje, nesta missa ao chamamento de Deus para segui-l’O, a deixar tudo por Ele, pela sua Luz.

Queridos jovens, não tenham medo, Deus é o único amigo que não faltará nunca.

Quando Deus chama ele é radical, isso quer dizer que ele vai até o fim, até à raiz. Queridos amigos, nós não somos chamados a ser cristãos medíocres! Não, Deus chama-nos inteiramente até ao fim, à doação total, até ao martírio do corpo ou do coração.

Querido povo da França, tem sido os mosteiros os que fizeram a civilização do vosso país! Tem sido os homens e mulheres que aceitaram seguir Jesus radicalmente até o fim que construiram uma civilização bela e pacífica, como esta catedral.

Povo da França, povos do Ocidente, vocês não encontrarão a paz e a alegria se não buscarem somente a Deus! Voltem à Fonte! Voltem aos mosteiros! Sim, vocês todos atrevam-se a passar alguns dias num mosteiro! Neste mundo de tumulto, fealdade e tristeza, os mosteiros são oásis de beleza e alegria. Verão que é possível colocar Deus no centro de toda a nossa vida. Experimentarão a alegria que não passa!

Queridos peregrinos, renunciemos às trevas. Escolhamos a luz!

Peçamos à Santíssima Virgem Maria que nos ensine a dizer «Fiat», a dizer Sim plenamente como ela, que saibamos acolher a luz do Espírito Santo como ela. Neste dia em que graças às disposições do Santo Padre, o Papa Francisco, nós festejamos Maria mãe da Igreja, pedimos a essa Mãe Santíssima que tenhamos um coração ardente para anunciar aos homens a Boa Nova, um coração generoso, um coração grande como o de Maria, com as dimensões da Igreja, com as dimensões do Coração de Jesus!

Que assim seja.

Robert Cardinal Sarah

 

 

EXCLUSIVO: A mãe de um rapaz abusado em 2002 acusa o Papa Francisco: “Ele estava por dentro da denúncia”

O artigo original estranhamente desapareceu da página de Marco Tosatti poucas horas depois da publicação. Desconhecemos as motivações do “silenciamento”. O artigo em italiano pode ainda ser encontrado aqui.

Beatriz Varela e Gabriel
Beatriz Varela e seu filho, Gabriel, abusado sexualmente em 2002. “O Papa encobriu o padre que abusou do meu filho”, afirmou ao jornal “Publico”.

Marco Tosatti – Tradução: FratresInUnum.com – 26 de maio de 2018 – O jornal espanhol “Publico” publicou há dois dias o testemunho de uma mulher argentina, Beatriz Varela, que, depois de quase onze anos, obteve da magistradura argentina uma sentença sem precedentes, que responsabilizou a Igreja argentina pelos abusos cometidos por um sacerdote contra o seu filho, Gabriel, que na época tinha quinze anos. Beatriz Varela, em seu testemunho, chama em causa Jorge Mario Bergoglio, na época, arcebispo da capital.

A Câmara de Apelo do município de Quilmes, na província de Buenos Aires, confirmou a sentença de um tribunal que, em dezembro passado, condenou a diocese ao pagamento de 155.600 pesetas (mais de 23 mil euros) pelas despesas do tratamento psicoterápico e pelos danos morais provocados ao rapaz e à sua mãe.

Os fatos aconteceram em 15 de agosto de 2002. Beatriz Varela convidou para uma visita em sua casa o Padre Ruben Pardo, de 50 anos, a fim de que instruísse os seus dois filhos rapazes sobre os preceitos religiosos. Segundo o relato do jornal argentino, o sacerdote pediu depois à mãe a permissão para que Gabriel passasse a noite na Casa de Formação na qual morava, para continuar o diálogo e fazê-lo servir à missa do dia seguinte.

Gabriel contou depois aos juízes que o padre convidou-o a dormir com ele, gesto que o jovem interpretou como uma atitude paterna. O padre aproveitou a ocasião para abusar sexualmente dele. “Sabia que estava me violentando, mas eu não conseguia pensar no que eu poderia fazer para impedi-lo, porque tinha muito medo e estava chocado”. O padre adormeceu e Gabriel correu pra casa e contou tudo para a sua mãe.

Beatriz Varela foi falar imediatamente com o bispo de Quilmes, que, depois da consternação inicial, não deu a impressão de querer fazer nada; tentou minimizar o fato, falando de compreensão e de momentos de fraqueza. Varela, que trabalhava em uma escola da diocese, foi submetida a pressões, mas continuou. “Bergoglio estava por dentro da denúncia. O seu compromisso é da boca pra fora”.

Varela procurou o tribunal eclesiástico, “cujo presidente não quis acolher a denúncia”, e onde, em seguida, foi levada à parte por quatro sacerdotes, submetida a “um interrogatório humilhante, com perguntas lascívas e tendenciosas”, e isso não obstante o responsável já tivesse confessado ao bispo. Beatriz Varela foi, depois, à cúria metropolitana, residência do arcebispo Bergoglio, de onde foi expulsa pelo pessoal da segurança. Na Catedral, adjacente à Cúria, descobriu que o padre abusador tinha sido alojado em uma casa do Vicariato, no bairro de Flores, dependente do arcebispado de Buenos Aires.

Varela é muito áspera: “Na Igreja, todos sabem e todos calam e, assim, são todos cúmplices. Bergoglio estava por dentro da denúncia. Ninguém se instala num vicariato sem a autorização do arcebispo. Este é o compromisso de Bergoglio: da boca pra fora”, ataca Beatriz, que acusa a Igreja argentina em geral a fazer pouco ou nada para impedir os abusos e cita outros casos, atuais, nos quais os sacerdotes acusados de abuso estão ainda em seus cargos, em contato com jovens.

O sacerdote que abusou do seu filho morreu de AIDS em 2005. Quem sabe espanhol, pode ler o artigo original em Publico, neste link.

Marco Tosatti

Coluna do Padre Élcio: Um só Deus em três Pessoas.

O Mistério da Santíssima Trindade – Um só Deus em três Pessoas.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 26 de maio de 2018

Evangelho de S. Mateus  XXVIII, 18-20
“Disse Jesus a seus discípulos: Todo poder me foi dado no céu e na terra. Ide, pois, ensinai a todos os povos, e batizai-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinai-lhes a observar tudo o que vos mandei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.

Dizendo Jesus: “Batizai-os EM NOME (e não no plural, NOS NOMES) está a indicar 1 SÓ DEUS; ao dizer: DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, estar afirmando claramente que são 3 Pessoas distintas. Mas estas três Pessoas divinas são iguais, ou seja, têm a mesma natureza, o mesmo poder, a mesma sabedoria. O “e” entre elas indica a distinção. São distintas (isto é, uma não é a outra);  o Pai é a primeira Pessoa, o Filho é a segunda Pessoa; o Espírito Santo é a Terceira Pessoa. Pois, o Pai tem a Paternidade, o Filho tem a Filiação; o Espírito Santo tem a Procedência do Pai e do Filho.  E estas três Pessoas são igualmente eternas: Desde toda a eternidade o Pai gera o Filho por via de inteligência, e, deste toda eternidade o Pai e o Filho se amam e deste amor procede o Espírito Santo. Deus é o único Ser que existe por si mesmo e É eterno, isto é, não teve princípio e nem terá fim; é o único ser que deve ser adorado (culto de LATRIA).

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“A festa de hoje leva-nos a louvar e a engrandecer a Santíssima Trindade, não só pelas imensas misericórdias que tem concedido aos homens, mas também e sobretudo em Si mesma e por Si mesma. Pelo Seu Ser supremo que jamais teve princípio e jamais terá fim; pelas Suas perfeições infinitas, pela Sua majestade, beleza e bondade essenciais; pela sublime fecundidade de vida, pela qual o Pai incessantemente gera o Filho e do Pai e do Filho procede o Espírito Santo (todavia o Pai não é anterior nem superior ao Verbo, nem o Pai e o Verbo são anteriores ou superiores ao Espírito Santo, mas as três Pessoas divinas  são coeternas e iguais entre Si); pela Divindade e por todas as perfeições e atributos divinos que são únicos e idênticos no Pai, no Filho e no Espírito Santo. O que pode dizer e compreender o homem em face de um tão sublime mistério? Nada! No entanto, aquilo que sabemos é certo, porque o mesmo Filho de Deus ‘o Unigênito que está no seio do Pai, Ele mesmo é que o deu a conhecer’ (Jo. 1, 18); mas o mistério é tão sublime e superior à nossa compreensão que não podemos senão inclinar a cabeça e adorar em silêncio’. ‘Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus; quão incompreensíveis são os Seus juízos e imperscrutáveis os Seus caminhos!’, exclama São Paulo na Epístola do dia (Rom. 11, 33-36), ele que ‘tendo sido arrebatado ao terceiro céu’ não soube nem pôde dizer outra coisa senão que ouviu ‘palavras inefáveis que não é lícito a um homem proferir’ (II Cor. 12, 2-4). Em presença do altíssimo mistério da Trindade, sente-se realmente que o mais belo louvor é o silêncio da alma que adora, reconhecendo-se incapaz de exprimir um louvor adequado à Majestade divina” (P. Gabriel de Sta M. Madalena, L. INTIMIDADE DIVINA).

Há pagãos que pensam haver mais que um Deus. Adoram pedras, animais, ou os reis do país, como se fossem deuses. Assim, no tempo do profeta Daniel, o rei orgulhoso mandou que ninguém adorasse a outro Deus senão a ele mesmo. Daniel não quis adorar o rei, mas só o único e verdadeiro Deus, Criador do céu e da terra. O rei, então, mandou lançá-lo numa cova  profunda, onde havia leões. No outro dia o rei foi à cova e viu Daniel sossegado no meio dos leões. Imediatamente mandou que tirassem Daniel da cova e que todos adorassem o grande Deus, que tinha livrado Daniel das garras dos leões. O rei compreendeu o milagre e acreditou que HÁ UM SÓ DEUS. Pois Daniel quis adorar a um Deus só, e Deus o livrou dos leões para nos ensinar que há um só Deus.

Há também pagãos que dizem que não há Deus nenhum. Dizem isto ou porque são maus ou porque nunca foram ao catecismo, e seus pais não lhes ensinaram a Religião. Um destes infelizes foi uma vez à casa de um grande sábio, chamado Atanásio. Atanásio tinha mandado fazer um lindo globo, com o mapa do mundo, onde se viam desenhados os mares, as terras, os rios e as cidades. O pagão perguntou quem tinha feito aquele globo tão bonito. O sábio Atanásio respondeu, sorrindo: “Ninguém fez este globo; este globo fez-se a si mesmo.” O pagão não acreditou. Então o sábio disse: “O senhor tem razão em não acreditar. Pois, é impossível que este globo se tenha feito a si mesmo. Mas, como o senhor, então, pode pensar que este grande mundo veio assim por si mesmo, sem ser feito por um DEUS sábio e poderoso?” O pagão pensou algum tempo e começou a crer em DEUS.

Embora ímpio, eis o que disse com palavras semelhantes, Voltaire: “Como pode haver um relógio marcando exatamente as horas, os minutos e os segundos, e não haver alguém que o tenha feito?”. O UNIVERSO é um relógio maravilhoso e imenso!!! Olhemos só o Sol. Se você penetra numa mata  e lá vê uma vela acesa, logo, mesmo sem vê ninguém, você
conclui, alguém esteve aqui a acendeu esta vela. Quem acendeu e colocou nos espaços infindos o Sol diante do qual o Terra é um pontinho?! Quem terá criado estes milhões de estrelas que só agora depois de tantos séculos a ciência (NASA) está conseguindo ver?

“Ninguém jamais viu a Deus; o Unigênito que está no seio do Pai, ele mesmo é que o deu a conhecer” (S. João I, 18). Nada mais racional que sujeitarmos a nossa pequenina inteligência à fé, porque temos o testemunho do Filho Unigênito. Não podemos desejar mais para crer no maior mistério de nossa fé, no que há de mais inacessível ao entendimento humano. Devemos, sim, alegrarmo-nos de sacrificar a Deus a nossa razão, e de Lhe dizer: Creio, Senhor, tudo o que revelastes a respeito deste profundo mistério. Minha razão por si mesma se sente inteiramente impotente, mas sacrifico-a à Vossa glória. Sinto prazer em reconhecer a minha ignorância, para honrar a vossa suprema sabedoria, e digo com Jó: “Deus é grande e ultrapassa toda nossa ciência” (Jó XXXVI, 26).
“Perscrutar este mistério seria da minha parte uma temeridade; admiti-lo, confiando na vossa palavra, é um efeito da minha piedade; conhecê-lo plenamente, vê-lo às claras, será a minha eterna felicidade” (S. Bernardo). Caríssimos, devemos estar dispostos a dar a vida pela fé neste mistério. Assim como são três pessoas no Céu, o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, assim também, aqui na terra, devemos estar bem dispostos para dar à Santíssima Trindade os três testemunhos: da minha fé, das minhas obras e do meu sangue. Este mistério, que exige tanto sacrifício da parte do entendimento, na verdade, enche de consolações o coração. Encontramos nele as nossas delícias. Isto porque na Santíssima Trindade encontramos todos os benefícios divinos em seu princípio: a Criação, a Encarnação, a Igreja, os sacramentos, todos os favores pessoais que recebemos. Como não vibrar o coração de amor e de júbilo ao meditar nestas palavras divinas: “Eu amei-te [diz o Senhor] com amor eterno, por isso, compadecido de ti, te atraí a Mim” (Jeremias XXXI, 3). Não é pois sem razão, que a Igreja, na festa deste dia, primeiro domingo após o Pentecostes, nos conduz à fonte cujos arroios nos mostrou nas diferentes festas do ano; descobre-nos esse imenso mar, donde derivam todas as bênçãos que se derramam sobre nós. Quer que sejamos gratos a esta adorável Trindade, que achando em si toda a felicidade, cuida eternamente da nossa. Desde a criação do mundo que o Pai nos escolheu para seus filhos, o Filho para seus irmãos e o Espírito Santo para mostrar em nós as riquezas da sua graça: “A fim de mostrar aos séculos futuros as abundantes riquezas da sua graça, por meio da sua bondade para conosco em Jesus Cristo” (Efésios II, 7).

É por isso, caríssimos que a Santa Madre Igreja nos recorda continuamente a Santíssima Trindade. No começo, no decurso e no fim de seus ofícios, nas preces que faz,  nos sacramentos que administra, não cessa de exprimir a sua crença no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Não canta um Salmo, um hino sem os concluir glorificando a adorável Trindade. A Igreja quer que seus ministros repitam muitas vezes no dia: “Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto”. Caríssimos, duas coisas adoramos neste mistério: a unidade de natureza, e a trindade de pessoas. Quem é espiritual esforça-se por imitar uma e outra: a unidade pela união, amando sinceramente todos os homens, a trindade pela comunicação, fazendo-lhes todo o bem que puder. S. Paulo desejava ver esta união em todos os cristãos: “Com toda humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros por caridade, solícitos em conservar a unidade do espírito pelo vínculo da paz” (Efésios IV, 2 e 3).

Assim como em Deus a Trindade só subsiste por inefáveis comunicações, derramando o Pai todos os tesouros da sua essência no seio de seu Filho, dando o Pai e o Filho ao Espírito Santo toda a sua divindade; assim também devemos tornar perfeita a nossa união, fecundando-a com as obras de caridade. Ouçamos o Salvador: “Sede misericordiosos, com o vosso Pai é misericordioso” (S. Lucas VI, 36).

Deus é o Ser infinitamente amável, infinitamente amante, infinitamente amado. Deus é o Ser infinitamente feliz: “Ó meu Deus, Pai sem princípio, Filho unigênito do Pai, Espírito Consolador, Trindade santa e uma, com todo o fervor de nosso coração, com toda a força de nossa voz, nós vos confessamos, nós vos louvamos, nós vos bendizemos: glória a Vós em todos os séculos”. Amém! (Ofício da SS. Trindade).

Padre João Batista: “Pedimos perdão por termos causado sentimento ruim nas pessoas”, mas assegura que cumpriu “a missão do Santuário”.

Entrevista releva verdadeiro caos na mente do reitor do Santuário Nacional de Aparecida.

‘Se fosse por convicção política, não faria’, diz reitor do Santuário após pedido de desculpa em ‘caso Lula’

Reitor do Santuário Nacional de Aparecida, padre João Batista de Almeida explica por que pediu desculpas após críticas à missa com participação de romaria pró-Lula

Por Xandu Alves, O Vale, 24 de maio de 2018: Após a tempestade de críticas nas redes sociais à missa com participação de romaria do PT, no último domingo, o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, padre João Batista de Almeida, recuou e pediu desculpas aos devotos.

A polêmica começou com errônea atribuição ao reitor de frase dita por leitor da equipe do Santuário, que pede que Nossa Senhora abençoe o ex-presidente Lula, dizendo: “Que se faça a verdadeira justiça, e que ele possa estar entre nós”.

Para ele, mesmo que a missão do Santuário seja acolher independentemente do matiz político, o clima reinante no país o levou a pedir desculpas. “Existe uma situação de intolerância muito grande entre os vários grupos políticos, religiosos, e essa intolerância está chegando a quase ódio. E achamos por bem pedir perdão pelo constrangimento, pela dor que causamos.”

João Batista negou que tenha agido por interesse político. “Me sinto tranquilo. Não fiz por convicção política, senão estaria totalmente contrário àquilo. Fiz por uma missão evangelizadora. Tenho obrigação de receber todos os romeiros”.

Ele admite que a frase sobre Lula foi o estopim, mas não só. “Se não tivesse esse ponto, teria outro. O que está posto é essa insatisfação, intransigência, essa maneira de achar que o mundo é do jeito que eu olho somente”.

Segundo João Batista, por mais que estivesse em sua atribuição, o Santuário optou por recuar e desculpar-se.

“Trabalhamos num lugar que tem como princípio acolher para evangelizar. Fiz uma reflexão [na homilia] de que somos uma comunidade e precisamos nos unir apesar das diferenças. Parece que a palavra que foi dita e a nossa função não surtiu efeito”.

Questionado sobre se as desculpas não reforçam a intolerância, o reitor discordou. “Reconhecemos que, embora cumprimos a missão do Santuário, esse nosso gesto causou sofrimento, constrangimento e insatisfação”.

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

O que causou o pedido de desculpas?
Existe no país uma situação de intolerância muito grande entre os vários grupos políticos, religiosos, e essa intolerância está chegando a quase ódio. E achamos por bem pedir perdão pelo constrangimento, pela dor que causamos.

Mas que dor vocês causaram? Foi a frase que pediu a liberdade do Lula na missa, dita por um leitor do Santuário?
Se não tivesse esse ponto, teria outro. O que está posto é essa insatisfação, intransigência, essa maneira de achar que o mundo é do jeito que eu olho somente. Estamos vivendo esse momento. Por isso é que a Igreja tem que levar esperança e precisamos fazer o caminho contrário. É o que nós temos feito. Em 2017, uma escola de samba homenageou Nossa Senhora e fomos levar a imagem. Também levamos a imagem a um templo budista. Promovemos oração pela paz com representantes de todas as religiões. Tivemos Congresso Mariológico com participaram de um sheik e de um pastor, que vieram dar palestra. Precisamos promover atos e situações que levem às pessoas ao congraçamento.
Infelizmente, não fomos nós que promovemos a romaria. Nós fomos procurados e os romeiros vieram rezar naquela intenção, e aí é que apareceu a situação de intolerância. Hoje não se não convive com o outro. Ele não pensa como eu penso. Entendemos o sentimento das pessoas e elas têm razão até. Diante da situação toda do país, os governantes estão como os culpados dessa situação. Entendemos todo mundo. Não conseguimos interferir no sentimento da pessoa. Pedimos perdão pelo sentimento que você está tendo.

Nesse aspecto, o Santuário não teria sido vítima dessa intolerância?
Trabalhamos num lugar que tem como princípio acolher para evangelizar. Como evangelizar sem acolher? Na missa, fiz uma homilia de 22 minutos e no final da celebração pessoas que não são petistas vieram parabenizar pela homilia. Foi uma reflexão de que somos uma comunidade e precisamos nos unir apesar das diferenças que há entre nós. Parece que a palavra que foi dita e a nossa função não surtiu efeito nenhum. Nesse momento, as pessoas estão machucadas com os fatos e pode prejudicar em vez de ajudar.

Mas pedir perdão não reforça a divisão?
Entendemos que não. Pedimos perdão por termos causado sentimento ruim nas pessoas. Estamos reconhecendo que, embora tenhamos cumprido a missão do Santuário, não importa de onde elas vêm e o que vêm rezar, esse nosso gesto causou sofrimento, constrangimento e insatisfação em muitas pessoas. Há aqueles que concordam conosco, mas não se manifestam. Alguém tem que assumir a responsabilidade. E foi por isso que celebrei a missa. A responsabilidade é minha. Não poderia simplesmente colocar outro padre.

Ficou surpreso com a reação?
Já esperava a reação contrária. Na novena de 2016, tivemos a participação de grupo afro que entrou trazendo a imagem de Nossa Senhora e tivemos mais de 600 mil acessos e boa parte deles era criticando, achando que não deveria ser. Não foi a prece em si, mas o fato de o pessoal estar dentro da igreja. Quando acolhemos as congadas de São Benedito algumas pessoas se sentem muito mal. Fugimos da nossa rotina diária e isso causou esse constrangimento todo. É normal e a gente não pode tirar a razão das pessoas que estão sentindo isso. Não temos direito de falar quem está errado. Não podemos não cumprir a nossa missão.
Já estávamos esperando uma reação contrária. Quando anunciou a romaria e já se fez um movimento contrário. Os telefones do Santuário congestionaram com reclamações. Existe movimento para insuflar.

Acolher a romaria não foi evangélico?
Sim, mas é hora de acalmar os ânimos e dizer pela intolerância, mas não tivemos sucesso, e as pessoas não entenderam assim. Precisamos agora continuar a nossa missão com aqueles que acreditarem nela, e a maioria acredita. O Santuário sempre teve muita credibilidade diante dos peregrinos.

O Santuário poderia proibir se grupos neonazistas quisessem fazer uma romaria, por exemplo?
Não tivemos nenhum caso assim, de extremos. Toda romaria organizada que procura o Santuário a gente senta, conversa e estabelecemos normas e princípios, e é por isso que a situação não foi pior. Essa questão da prece foi uma concessão dentre tantas coisas que a romaria [do PT] pedia. Dissemos a eles que seria uma missa não só para a romaria, que já constava no calendário dominical, e que não iríamos dirigir unicamente a eles. E é o que falamos para todos que vêm aqui organizadamente. Numa situação de extremistas, tem que conversa e discutir. Estabelecer os limites da celebração. A impressão que eu tenho é que estava esperando acontecer e qualquer coisa serviria de motivo.

É uma pré-intolerância?
Ela já está posta e só precisa de uma chama. Existe uma crítica contra a CNBB, contra determinada ações contra da Igreja, como em Londrina no começo do ano [participantes de um encontro promovido pela Igreja levaram cartazes pró-Lula, causando muitas críticas], e está aí e não tem como. Há um grau de intolerância tão grande que precisa se destruir o outro. Isso acaba explodindo no coração das pessoas.

A romaria do PT teve alguma postura inadequada durante a missa?
Não percebi. Tínhamos combinado tudo isso antes. A equipe de organização segurou tudo isso. As pessoas queriam se manifestar e gritar. O que houve é próprio de romaria e as pessoas se manifestam, e isso acontece com todas as romarias grandes, com mais de 500 pessoas. Quando fala o nome é normal. Quando falei o nome e a saudação a elas, é normal [ter a reação], não poderia ignorá-las, de jeito nenhum. Boa parte das pessoas são de Igreja e de comunidade que frequentam missa, e por isso a coisa foi tranquila. E não vi nada de problema. Estávamos preparados para caso houvesse alguma coisa fora do padrão.

Qual o ensinamento que fica?
É muito cedo para tirar conclusões. Mas no momento, me sinto tranquilo diante daquilo que eu fiz. Não fiz por convicção política, senão estaria totalmente contrário àquilo. Fiz por uma missão evangelizadora, tenho obrigação de receber todos os romeiros que vêm, e fico triste porque muitas pessoas se sentiram indignadas, não posso tirar o sentimento delas e voltar e fazer a história diferente. Vamos ter que aguardar os acontecimentos. O Santuário tem metodologia de trabalho, os redentoristas há 126 anos trabalham aqui e existe um compromisso com a Igreja do Brasil, com a Igreja do mundo. Oferecemos para todos indistintamente. Todos serão acolhidos com alegria e o que vierem buscar, oferecemos.

Além das críticas nas redes sociais, houve algum outro reflexo contrário?
Não houve reflexos. Está mesmo com essa situação de insatisfação dos devotos. Eu espero que haja uma paz apesar de não poder desfazer o fato em si, mas pelo menos àqueles que têm espírito cristão que coloquem em prática o que Jesus pede: ame os seus inimigos e rezem por aqueles que vos perseguem. Amar e rezar.

O sr. foi muito criticado pela frase pedindo a liberdade de Lula, mas não foi o sr. quem a disse. Como fica essa situação?
Não adianta dizer que não foi o padre quem falou. Na verdade, não querem explicação e querem extravar o sentimento. Recebi uma ligação de uma senhora que me colocou lá embaixo. É o que ela queria dizer. Não quer saber o que aconteceu e esse é o problema, não há explicação para o fato, as pessoas não querem explicação.